sábado, 8 de setembro de 2018

DE BOTAS & BOTAS


Se se pressente que a bota a comprar vai magoar o pé (ou o povo) a solução melhor será afastar a oferta e, mesmo que o sortido  na sapataria não mostre de momento botas confiáveis, escolher outro modelo de sapato sob as condições de calçar bem e de se admitir poder preencher as necessidades de uso . Desconfie-se da ideia de que uma “calçadeira remedial”  pode sempre solucionar a questão, com o argumento de que bota apertada depois se acomoda ao pé -  pois que isso é algo que só se comprova, se se comprovar mesmo,  com a bota já calçada e o calo do pé (ou do povo) já sofrido. “Calçadeiras remediais” sempre houve muitas na história ou na experiência de cada comprador:  afastamento de pares melhores ou menos maus por induções seletivas para que seja vendido o par de botas que  se mostra, utilização (abusiva ou não) de calamidades vinculantes [1] ou de lesões atribuíveis  a botas por outros vendidas, garantias securitárias de haver sempre disponibilidade no mercado de  fôrmas e formas de  acomodação para calcantes apertados... mas, quando a bota é mesmo dura, todas acabaram por levar  à inevitável necessidade de alívio traduzida num  descalçar final, com sofrimento sofrido, perda completa de tempo e de fazenda, quando não de valores maiores, e aumento da longueza mal (ou não) trilhada ... e tudo isso por mor de um calçado que se pudera logo farejar de impróprio.
- - - - - - - - - - - - - - - - - - - - 
[1] Lubbe, 1933