DE BOTAS & BOTAS
Se se pressente que a bota a
comprar vai magoar o pé (ou o povo) a solução melhor será afastar a oferta e,
mesmo que o sortido na sapataria não
mostre de momento botas confiáveis, escolher outro modelo de sapato sob as
condições de calçar bem e de se admitir poder preencher as necessidades de uso .
Desconfie-se da ideia de que uma “calçadeira remedial” pode sempre solucionar a questão, com o argumento
de que bota apertada depois se acomoda ao pé - pois que isso é algo que só se comprova, se se
comprovar mesmo, com a bota já calçada e
o calo do pé (ou do povo) já sofrido. “Calçadeiras remediais” sempre houve
muitas na história ou na experiência de cada comprador: afastamento de pares melhores ou menos maus por induções seletivas para que seja vendido o par de botas que se mostra, utilização (abusiva ou não) de calamidades vinculantes [1] ou de lesões atribuíveis a botas por outros vendidas,
garantias securitárias de haver sempre disponibilidade no mercado de fôrmas e formas de acomodação para calcantes apertados... mas, quando a bota é mesmo dura,
todas acabaram por levar à inevitável necessidade
de alívio traduzida num descalçar final, com sofrimento sofrido, perda
completa de tempo e de fazenda, quando não de valores maiores, e aumento da longueza mal (ou não) trilhada ... e tudo isso por mor
de um calçado que se pudera logo farejar de impróprio.
- - - - - - - - - - - - - - - - - - - -
[1] Lubbe, 1933