Mensagem de Fim de Ano a mim mesmo
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"Na pesquisa o horizonte move-se quando progredimos. E [por isso] a pesquisa estará sempre incompleta."
Transcrito no Relatório "Our Creative Diversity" da UNESCO
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Cândido PORTINARI (pintor brasileiro, 1903-1962)
Minerando ouro / Bateando ouro - Painel (1941-1942)
Sala de Leitura Hispânica da Livraria do Congresso dos EUA
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É difícil ler as letras pequeninas sem ampliação? Pois é: mas vou ajudar, transcrevendo seguidamente o texto, com o aviso prévio de que pode afectar pessoas sensíveis (se é que ainda existem). Aí vai:
Três notas a propósito:"Pronto a esfolar:
Comprar gato por marta está na moda. Em muitos países, trinta gatos chegam e sobram para fazer um casaco de pele de marta e ninguém nota a diferença. Excepto os próprios gatos que, tal como as martas, são eletrocutados pelo ânus ou sufocados com uma mangueira de água na boca para que não resistam enquanto são esfolados vivos, mantendo intacta a qualidade da pele. Depois, os animais esperam que a morte lhes acabe de vez com o sofrimento, enquanto as peles seguem o seu destino e vão forrar casacos, malas, luvas e botas. Moral da história?Nenhuma.
Peles: o último grito da moda?"
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1. Numa das "minhas prendas" recebi, como ornamento do natalício embrulho, uma carta de jogar com a Dama de Espadas. Certamente que, na loja que de tal se lembrou, nunca ninguém leu Pushkin! .
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2. O sinal de que, em matéria de prendas natalícias, não passo de um contribuinte bruto é o facto de ainda estupidamente me manter na classe dos contribuintes líquidos. Mas algo de positivo resta nisso, nesta época em que os lugares vazios começam a ser muitos.
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3. Duas filhas próximo de Londres, uma filha "radioactiva" no Porto, onde acorremos os restantes a compartilhar o jantar de consoada. Esboço de diáspora familiar!
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4. Legenda-piropo lida em parede na Senhora da Hora, Matosinhos: "Só tu és capaz de por sol num dia nublado"!
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5. Aprende-se sempre: Quando o título "Google" está ornamentado, em alusão a qualquer coisa, pode clicar-se no motivo . Geralmente aparece uma explicação interessante.
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6. A "Grande Reportagem", ao que me consta com os dias (eu digo mesmo os dias!) efectivamente contados, traz - texto e imagem - uma visita aos homens que, nesta época, se vestem de Pais Natais. Um Natal triste.
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7. As duas miudinhas de Gaia / Vila d'Este deixadas pelos pais em casa, num cenário de "lumpen", e que morreram num fogo do apartamento. Um Natal trágico.
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8. O motorista do TIR marroquino, rodando imperturbável na A1, sentido norte-sul. O que será de facto o Natal?
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9. Nâo vou ao funeral dos meus amigos. Assim, para mim, nunca morreram. A única diferença que nestes dias sinto é que não posso mandar-lhes Boas-Festas.
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10. A joia única no Mundo, pedra de zircão, pedra de granada, hastes entrelaçadas em ramo de hipérbole, de ouro para a primeira e de ouro branco para a segunda, e única, sim, porque fui eu que a desenhei directamente num envelope da empresa, anos atrás em Moçambique. Não me arrependo que tenha ficado com dona, porque destinada a teve sempre, desde que em imaginação parida.
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11. Retorno de surpresa a um velho achaque. Mau doseamento do remédio? Amanhã veremos.
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12. O "Bourbon" reencontrado no regresso. Jim Bean, na falta do Jack Daniels. Único aspecto em que continuo a ser "bourbónico", um verdadeiro bourbónico em termos de bebida.
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13. Jesus não teria nascido a 25 de Dezembro. Mas ajustar a celebração aproximadamente ao solstício de Inverno - em que as sombras ao meio-dia são mais longas - fez jeito, não haja dúvidas! Como pôr o S.João, ou o "Midsummer's night" a bater no solstício de Verão. A propósito: os dias já começaram a crescer! O Verão vem aí!
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14. O ano dos antigos era sem dúvida mais inteligente. Começava com a Primavera, acabava no Inverno e assim como que descrevia a vida. Setembro, Outubro, Novembro e Dezembro ganham disso a recordação de respectivamente o mês sete, oito, nove e dez que lhe deu origem ao nome. Por que se inventou Janeiro como 1º mês do ano?
Ladainha dos póstumos Natais
Mulher frente a um espelho (1841)
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Notas do bloguista:
[1] Sem esquecer o velho e impiedoso aforismo americano : "the second winner is the first looser" [o segundo a ganhar é o primeiro a perder]
[2]Jogadores infinitos, ou seja, jogadores de jogos infinitos (e não infinitos jogadores!). "Mutatis mutandis" para jogadores finitos.
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É um poema de Blaise Cendrars mas não é a isso que me refiro. É também um porto artificial, inaugurado no tempo do rei D.Carlos e destinado a compensar as dificuldades, frequentemente assassinas, do acesso ao Porto e ao tráfego do Norte do País pela Barra do Douro, ainda á espera de obras definitivas. A norte do mesmo, já em Leça tão conhecida de António Nobre (tanta poesia hoje!), ergue-se, nada poética mas útil, uma refinaria de petróleo. Sobre esta escrevia eu há dias neste blogue uma escassa linha ou nem isso, pedindo atenção para a mesma. Mal saberia eu que coisas inesperadas e sortidas se passariam logo depois, anunciadas parangonamente nos ditos mídia e agitando ondas nas areias leixonenses ou propondo novos e maiores badalos em torres sineiras. Em suma: se parece terem-se modificado algumas das circunstâncias que contextualizavam aquele desabafo, mantém-se ou até se reforça toda a oportunidade deste.
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1 - "Filologia barranquenha" ou há coisas que inesperadamente surgem
A outra compra foi o "Gente Rústica" do Brito Camacho. Nome e descritivo que me levam outra vez a Aljustrel, ao Monte das Mesas que encavalita a grande reserva de sulfuretos que se chama o Gavião, à falha da Messejana a passar perto, à A2 - que então não existia e que hoje anda também por ali, ao malacate do Poço Viana, ao caminho de Vald'Oca, à chaminé da Transtagana que conheci inteira mas que hoje está derruída de si mesma por descalçada a fundação que tinha, a instalação "piloto" que já não existe. O Faria já não está connosco há muito tempo [1]. A memória pergunta-me se as corujas ainda ressonarão em pleno dia nas palmeiras da Casa da Horta? E se, quando se sai da mina e reencontra a luz do dia, ainda parecerá que "o ar cheira a sabão" [2].
2 - Museu Nacional de Etnologia
Recomenda-se a exposição temporária de máscaras do Mali (região de Segu, sobretudo)
3 - Visita incontornável a caminho da sugestão anterior... mas desde 1837 ali
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