segunda-feira, 26 de dezembro de 2011
sábado, 24 de dezembro de 2011
segunda-feira, 19 de dezembro de 2011
Os cartões da mala
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Emigrantes, Santa Apolónia, 1960 [?].
Eduardo Gageiro, Lisboa no Cais da Memória...
Eduardo Gageiro, Lisboa no Cais da Memória...
com vénia a "Bic Laranja"
pela postagem de 1 de Agosto de 2009
Subscrevo as palavras de Manuel Alegre, em palavras muito claras e objectivas.
Dos outros, as palavras ditas claras e objectivas [1], ouvi e não pasmei.
Por mim, não estariam lá; por outros [2] estão.
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[1] Deve ser gralha, engano ou presunção.
[2] Incluindo muitos que de Esquerda se arrogavam ser. E para quem invoque a diferença de tempos e condições, cabe perguntar se se inovou e preparou a Pátria para recomendar a mesma sangria em diferentes tempos e condições. Inviabilidade de quem?
sexta-feira, 16 de dezembro de 2011
Festas felizes, enquanto existem
Da minha mesa de trabalho, são os votos que se dirijo a todos os que pacientemente acompanham este blogue.
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Está na memória familiar a história de uma velha parente que tínhamos em Braga. Monárquica que era e de cepa rija, vinha sofrendo silenciosa desde 1910 as agruras que a República lhe trouxera. Acompanhava-a uma velha empregada que até à morte lhe chamaria "Menina" e que lhe vinha contar as desditas políticas e sociais que dia a dia encontrava na rua, na feira, no caminho do mercado. E a velha Senhora ouvia e só sabia dizer àquele volver das coisas que não era o que tinha como fé: "Deus super omnia! Deus super omnia"!. E eis que, atravessada a guerra e a aventura sidonista, chega a Monarquia do Norte - e a Maria que saíra normalmente com as duas ceiras para a sua habitual rotina, recebe a noticia, corre a casa, galga como pode as escadas e grita em desvairo: "Menina! Menina! Deus supranou! Deus supranou!" . E eu, que não sou monárquico mas sou Português e Europeu, olho para este País e para esta Europa que está novamente a ser raptada entre os cornos de touro dos "mercados" e da inépcia dos seus desmanteladores e espero bem que, num sentido idêntico mas com objectivo diverso, possamos dizer a Deus que se digne pelo menos "supranar".
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Está na memória familiar a história de uma velha parente que tínhamos em Braga. Monárquica que era e de cepa rija, vinha sofrendo silenciosa desde 1910 as agruras que a República lhe trouxera. Acompanhava-a uma velha empregada que até à morte lhe chamaria "Menina" e que lhe vinha contar as desditas políticas e sociais que dia a dia encontrava na rua, na feira, no caminho do mercado. E a velha Senhora ouvia e só sabia dizer àquele volver das coisas que não era o que tinha como fé: "Deus super omnia! Deus super omnia"!. E eis que, atravessada a guerra e a aventura sidonista, chega a Monarquia do Norte - e a Maria que saíra normalmente com as duas ceiras para a sua habitual rotina, recebe a noticia, corre a casa, galga como pode as escadas e grita em desvairo: "Menina! Menina! Deus supranou! Deus supranou!" . E eu, que não sou monárquico mas sou Português e Europeu, olho para este País e para esta Europa que está novamente a ser raptada entre os cornos de touro dos "mercados" e da inépcia dos seus desmanteladores e espero bem que, num sentido idêntico mas com objectivo diverso, possamos dizer a Deus que se digne pelo menos "supranar".
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terça-feira, 13 de dezembro de 2011
E por cá, todos bem?
Da escritora brasileira Urda Alice Klueger recebo um texto muito interessante e oportuno, assinado pela jornalista Raquel Moysés, que me leva a formular a pergunta acima. E, por isso, o texto e a imagem anunciadora, com a devida vénia e agradecimento à autora e a quem m'o transmitiu e máilo meu interrogativo "e por cá, todos bem?", aqui ficam todinhos, no exacto dia da apresentação da anunciada obra:
Crime
de imprensa, um retrato da mídia brasileira murdoquizada
Autores
de Honoráveis Bandidos lançam novo livro em
Florianópolis
Por
Raquel Moysés - jornalista
“No
aniversário do maldito ai-5 venha celebrar a bendita liberdade de expressão. A
celebração vai ser na Barca dos Livros, às 20 horas, em frente aos
trapiches da Lagoa da Conceição, Florianópolis. O dia é
13 de dezembro do ano da graça de 2011, 189º da independência
e 33º do fim do a-i 5.”
O
convite é não usual. O livro também. E promete contar, nas suas 140 páginas,
de tudo, menos repetir a farsa que
se reproduziu, de norte a sul do Brasil, nas manchetes, títulos e conteúdos da
imprensa nacional, sobre o cenário das eleições presidenciais de 2010. E é
porque revelam pequenos e grandes golpes dos meios de comunicação em Crime
de Imprensa – Um retrato da mídia brasileira murdoquizada, que os
autores Mylton Severiano e Palmério Dória avisam: Os que
comparecerem à noite de autógrafos vão conhecer um livro sobre
o qual não ninguém vai ler uma só linha, ouvir um só
segundo de comentários nas rádios e tevês dos ‘Grandes Irmãos’.
É
um livro – eles anunciam – para se entender como o jornalismo
das grandes corporações usa seu poder para tentar impor ao povo a verdade
“deles”. E se ao ler a expressão “murdoquizada alguém pensou
no magnata Rupert Murdoch, “que grampeia as pessoas e falseia
os fatos em vários continentes, inclusive o nosso, você acertou,” esclarecem
enfim.
Mylton
Severiano e Palmério Dória, jornalistas que passaram pela redação
de publicações que fizeram história no jornalismo brasileiro,
já são autores de uma
façanha editorial. Outro livro que
publicaram em coautoria, Honoráveis
Bandidos - Um retrato do Brasil na era Sarney
(Geração Editorial, 2009), mesmo sem
emplacar qualquer resenha nos grandes jornais, despontava,
no ano de sua publicação, na lista dos mais vendidos,
naqueles mesmos meios de comunicação que se negavam a falar
da obra. No lançamento, na capital do Maranhão, em novembro daquele ano, sobrou
pancadaria, como denunciaram os autores em carta à Federação Nacional dos
Jornalistas e à Associação Brasileira de Imprensa.
Na
noite de autógrafos, em São Luís, os jornalistas tiveram que pedir proteção, e a
expectativa de violência se confirmou quando um grupo se manifestou aos socos e
berros, jogando bolinhas de papel molhado, ovos e até pedras
em direção à mesa em que estavam os autores. Não
adiantou: mais de mil pessoas compareceram ao lançamento no sindicato dos
bancários e quinhentas saíram com o livro nas mãos. Em
2009, Honoráveis Bandidos figurou no “ranking” da Veja e
Folha de São Paulo como o terceiro livro de não-ficção mais vendido no
Brasil. Severiano lembra que foram mais de
100 mil exemplares vendidos, em apenas três meses.
Agora,
com a nova obra escrita pela dupla, não vai sobrar pedra sobre pedra. Ou, como
diz Severiano, em linguagem jornalística,
“não vai ficar lauda sobre lauda”. Crime de Imprensa –
Um retrato da mídia brasileira murdoquizada (Plena Editorial) é um livro
reportagem, em que os autores dão “nome aos bois”. Todos os personagens reais
são citados nominalmente e aparecem, em ordem alfabética, no final do livro.
“As peças do quebra-cabeça estavam espalhadas. Nós pegamos os
cacos e os juntamos, para criar um mosaico
que serve para fazer entender o papel da mídia corporativa, que nós chamamos
de ‘Grandes Irmãos’.
A
história da bolinha de papel que atingiu a cabeça do então candidato à
presidência José Serra inaugura a narrativa do livro, o primeiro a esmiuçar
aspectos midiáticos das eleições presidenciais de 2010. No texto, os autores
contam porque o anônimo cidadão que atirou a bolinha,
“exerceria, sobre os leitores brasileiros, que 11 dias depois escolheriam
Dilma Rousseff a primeira presidente da República, mais influência do que toda a
mídia reunida, do que as congregações religiosas conservadoras, do que as
entidades de direita, do que o próprio papa”.
Por
causa do teor das denúncias, foi difícil conseguir quem publicasse o livro, como
já ocorrera com Honoráveis bandidos.
Crime de imprensa
já fora rejeitado por três editoras, e os autores até pensavam em uma edição
digital, quando a Plena Editorial (SP) acabou assumindo a publicação da obra,
que surpreende já na apresentação. O prefácio, os autores extraíram da obra
Recordações do Escrivão Isaías Caminha, de Lima Barreto. Trata-se de uma
conversa, entre dois amigos do personagem principal da obra, sobre a imprensa do
século 20. O diálogo de preocupante realidade, como assinala o título do
prefácio, começa assim: “- A Imprensa! Que quadrilha! Fiquem vocês sabendo
que, se o Barba Roxa ressuscitasse, agora com os nossos velozes cruzadores, e
formidáveis couraçados, só poderia dar plena expansão a sua atividade, se se
fizesse jornalista. Nada há tão parecido como o pirata antigo e o jornalista
moderno...”
Severiano
faz notar que os conglomerados de comunicação, os ‘Grandes
Irmãos’, usam seus veículos de imprensa
para servir aos seus interesses de classe e aos seus
negócios. Na capa do livro, os autores citam Mino Carta,
diretor de Carta Capital, que afirma: “- Na maioria
dos casos a mídia é ponta-de-lança para grandes negócios”.
Para
o autor, ainda vivemos a herança maldita da ditadura militar. “FHC é só uma das
consequências. Foi a ditadura que tirou a
filosofia e a música do currículo escolar. Os ditadores vieram para ‘burrificar’
o país. E, para agravar isso, os estudantes são bombardeados
dia e noite pela mídia.” Para exemplificar o que diz, ele conta: “Outro dia,
viajando para Pitanga, no Paraná, parei de manhãzinha em um bar para tomar café.
O que se via na tevê era um programa policial de baixíssimo nível, um terror de
sangue e violência. Depois, lá pelas dez da manhã, vêm os
programas infantis. Crianças, ainda com chupeta na boca, ficam vendo aquele
horror. Nem precisa olhar, basta ouvir o áudio para entender o que elas estão
assistindo..É só pancada, berro, personagem que grita, com aquela voz horrenda:
- Você não me vencerá...! O horário da tarde,
então, é só besteira. E toda a
programação, o tempo todo, servindo para a venda de produtos, o
merchandising mais descarado...E quando o governo fala de discutir um
marco regulatório para a comunicação, os ‘Grandes
Irmãos’ e os ‘Irmãos Menores’ começam a gritar:
Censura!”
No
jornalismo dos ‘Grandes Irmãos’, lembra Severiano, “não há o outro lado, o que
já é uma farsa, pois um acontecimento pode ter 200 mil lados...” E prossegue: “O
que eles querem, é a mamata. No governo Lula, até houve
alguma democratização na propaganda estatal, que foi um pouco
melhor dividida, mas isso é uma gota no oceano.” Os
‘Grandes Irmãos’ tentam barrar os avanços sociais, se
possível dar marcha à ré na roda da história, como tentaram em 1954 e
conseguiram em 1964, avisam os autores na contracapa do livro. E Severiano
acrescenta: - No império dos ‘Grandes Irmãos’ reina a barbárie , e eles querem
dar o golpe midiático a qualquer hora.
No
final do livro, os autores fazem uma observação: - Aos leitores poderá
parecer que os autores votaram em Dilma Rousseff. Assim é se lhes parece. Foi um
voto bastante por exclusão: não havia ninguém melhor do que Dilma na lista dos
candidatos em 2010 para governar. Não somos dilmistas, muito menos petistas. O
mais adequado sufixo ‘ista’ que se pode aplicar aos autores
se encontra na palavra ‘jornalista’” .