Notas soltas por conta (1)
O ritmo da vida tem impedido que faça as publicações como deveriam ser. Anoto-as, registo-as, escrevo-as mesmo em pedacitos de papel. Acabo por não as colocar aqui. Vou mudar novamente o sistema - juntando-as todas em pacote e lançando-as de uma só vez. Não fica bem, eu sei, mas o que fica bem hoje?
Hungria e designações:
Sob a epígrafe "Divulgação: O regresso do autoritarismo" o Público de 8 de Janeiro analisa o que se passa na Hungria, num excelente artigo assinado por Luís Miguel Queirós. Dele retiro uma frase de Manuel Loff, aliás posta em destaque: "Omitir a designação de República é uma estratégia típica dos anos 30." Observação certeira e oportuna quando a moda consiste no logotipo "Governo de Portugal", de bandeira enrolada e, para os que o usam em papel de escrita, em trazer a mesma desenrolada na lapela - modelo "States"... ou "Sargentão".
A similitude ou dissimilitude das situações que se vivem faz com que alguns nos coloquem nos anos 30, outros em 1913 pre-Serajevo. Nenhuma destas hipóteses prima por tranquilizadora, digamos mesmo.
Pontapés no cobre(cega-rega):
Temos minério de cobre no Alentejo.
Exportamos o minério.
Outros tiram o cobre do minério.
E vendem-nos o cobre...
Cobre em coisas e cobre para coisas fazer
Vem outros e roubam por aí as coisas que têm cobre
Sucateiros há que juntam essas coisas
Para que se exportem pelo cobre que contêm
Outros irão tirar tal cobre das sucatas
E vendem-nos o cobre...
Cobre, recobre, o cobre que nos cobre
E que em qualquer passo alguém nos cobra
Ou já cobrou do cobre que tivemos.
Normais & Pobre's
Achei graça ao tom surpreso de um comentador económico da SIC Notícias ao glosar a notícia de nova e malévola rapaziada destes famigerados rateiros - para concluir finalmente, como também o Ilustre Professor, que se estava perante uma guerra acesa entre o Euro e o Dólar. Pessoalmente nunca tive ilusões, desde o início, de que era (e é) isso mesmo. E tanta gente andou para aí (e anda ainda) a vender o contributo socrático para tal crise como se fosse privativa do nosso lusitano espaço e dele partisse para contaminar um continente. De uma determinada corporação foram só 100 000 à rua por muito menos do que os mantém agora caladinhos na toca ou quase. Não se iludam: os "mercados" só se acalmarão quando a tal Europa deixar de apenas rosnar e decidir finalmente passar à acção se para isso se encontrar com pomos de oiro ou quando o Euro passar tristemente à História. E se for este o malfadado caminho, concluir-se-á então, sobre as cinzas de um sonho tornado inferno, que fizeram à Europa o mesmo que Júpiter lhe foi mitologicamente fazendo, disfarçado de touro - quando o monte Olimpo, grego sem austeridades, era sobretudo reinadio. E aí até com eventuais aquiescências, ou nos termos das crónicas cor-de-rosa do hoje em dia, que até já ganharam espaço permanente no JN, com "muita cumplicidade".
Nomeações
"Nada de novo na frente ocidental" é um excelente livro de Erich Maria Remarques. O meu exemplar está marcado pelas moscas.
Terceira idade
Do "Diagnóstico Social da Cidade do Barreiro (2009)", disponível a partir do "saite" da Câmara Municipal, recolhi uma citação de Virgínia Woolf: "Há uma idade na vida em que os anos passam demasiadamente depressa e os dias são uma eternidade." Que nunca o possas vir a sentir, longe que disso ainda estás - pensei para comigo fazendo figas. Ambos os rins se manifestaram solidários - prometendo funcionar bem para tranquilidade conjunta.
Mais um livro sobre o momento do volfrâmio...
... e o curioso é que me recordo de, no lançamento (1946), ver cheia dele a montra da Livraria Latina, onde estava o Senhor Alberto, amigo de meu Pai, livraria (e neste caso editora) que ficava no início da rua de Santa Catarina, mesmo ao cimo da "31 de Janeiro" (então pudicamente retomada como "Santo António" pelo regime). Do Autor (1912 - 1966), um neo-realista natural de Monchique, conhecia já dois outros títulos sobre mineiros ("Mineiros" e "Histórias de Mineiros").