Numa das varandas da casa de Jorge Amado, no bairro do
Rio Vermelho, em Salvador/Bahia, há uma curiosa escultura. Estávamos a conhecer
a casa, eu e minha amiga, a poetisa e Jornalista Tânia Rodrigues, e pisávamos no
chão como se pisássemos em ovos, tamanha era a emoção por estar, afinal, na casa
de Jorge Amado, quando deparamos com aquela escultura. Era de um escultor
cearense, e fora feita com duas antigas máquinas de costura manuais, O escultor
adaptara as duas máquinas, colocara-lhes orelhas, focinhos, etc., e elas tinham
se transformado em um casal de cachorros. A cachorra estava no chão, em pose de
espera; o cachorro, apoiado nas patas traseiras, mantinha-se em diagonal sobre
ela, exibindo avantajada pua como órgão sexual.
Vínhamos lentamente pela varanda pejada de objetos de
arte e, quando passávamos pela escultura do cearense, Jorge Amado deu um
empurrão no cachorro. De imediato ele bateu numa forte mola que eu não tinha
percebido, e pôs-se a fazer valente movimento de vai-e-vem, imitando
perfeitamente o que aqui no Brasil a gente chama de transar, ou furunfar, e como
não sei o nome popular dessas coisas aí nos Açores, esclareço que o cachorro
passou a fazer aqueles doces movimentos que dão origem aos
cachorrinhos.
Eu e Tânia ficamos espiando com o rabo dos olhos a transa
dos cachorros, e D. Zélia Gattai, a queridíssima D. Zélia Gattai, deu uma bronca
no marido:
- Que é isso, Jorge? O que é que as moças vão
pensar?
Jorge Amado ria com gosto.
- Ora, Zélia, as moças já viram disto, não vão
estranhar!
E o cachorro continuou batendo na mola e furunfando com
força enquanto nos afastávamos.
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Eu provenho de uma família humilde do Sul do Brasil.
Minha região é de colonização alemã, e meu Estado, o de Santa Catarina,
caracteriza-se por ser formado de muitas “ilhas culturais”. A região alemã onde
me criei é ladeada de um lado por uma região de colonização italiana; do outro,
pelos descendentes dos açorianos que para cá vieram no século XVIII. Meus pais
eram pequenos comerciantes sem muitas luzes, e tenho certeza de que nunca passou
pela cabeça deles que uma das filhas se tornaria uma escritora, e que um dia
iria conhecer pessoalmente um monstro sagrado como Jorge Amado.
Criei-me lendo muito, muito e muito, e lá pelos 12 anos
deparei-me a primeira vez com um livro de Jorge Amado. Foi ler e gostar
- nosso grande escritor fascina ao primeiro contacto. E
passei a minha vida a procurar os livros dele, a viver através dos livros uma
Bahia fantástica e maravilhosa, e o tempo passou, e um dia já tinha mais de
trinta anos e fui conhecer a Bahia.
O Brasil é muito grande. Da minha casa, em Blumenau/SC,
até Salvador/BA, são 3.000 km e 48 horas de ônibus, mas tudo correu bem, e num
final de tarde cheguei a Salvador. Deveria estar moída pelos dois dias e duas
noites no ônibus, mas a fascinação que pressentia na Bahia de Jorge Amado me
tirou todo o cansaço: foi só tomar um banho e fui para a rua, a descobrir o que
havia de verdade no que havia lido. E foi como se conhecesse a cidade, foi bem
como se entrasse num livro de Jorge Amado!
A Bahia é um lugar mágico! Conheço, hoje, 16 países e 16
estados brasileiros, e continuo afirmando que a Bahia é o melhor lugar do mundo!
A Bahia mistura tudo: Arte e a História, o Brasil e a África, a beleza e o
encanto, as religiões e a magia. Totalmente encantada com a Bahia, nos seis anos
seguintes voltei lá sete vezes, enfrentando, a cada vez, 48 horas de ônibus. Só
para que aquilatem o quanto a Bahia é maravilhosa, nesse ínterim fui passar um
mês em Paris. Todos nós, brasileiros, sentimos uma grande fascinação pela
Europa, e eu achei que passar um mês em Paris seria a coisa mais maravilhosa da
minha vida. Só que, depois que estava uns quatro ou cinco dias em Paris, tudo o
que eu pensava era “O que é que eu estou fazendo aqui? Por que é que não fui
para a Bahia?”
Encantadora Bahia, só ela poderia produzir um escritor
como Jorge Amado! Eu gostaria de falar muito e muito mais sobre a Bahia, mas
vamos voltar a Jorge Amado antes que o espaço acabe.
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Já havia lido cerca de 30 livros de Jorge Amado, e alguns
de Zélia Gattai, sua mulher, quando, em 1994, li “Navegação de Cabotagem”, as
memórias do nosso grande Mestre. Até aí eu pouco sabia sobre a sua figura
humana, que se me afigurava distante, inatingível, inacessível para os comuns
dos mortais, e tive a maior surpresa ao descobrir, em “Navegação de Cabotagem”,
a existência de um Jorge Amado humano, brincalhão, pícaro, cheio de amigos, e
aquilo me encorajou a lhe escrever uma carta, falando do quanto gostara do livro
e do quanto gostava da Bahia. E claro que não esperava resposta de uma pessoa
tão ocupada, e quase morri do coração quando, uns dez dias depois, recebi uma
resposta dele. Foi assim que começou nosso contacto, e quando ele soube que eu
iria à Bahia em novembro daquele ano, mandou-me o telefone para que o
procurasse.
Tânia Rodrigues e eu prendíamos a respiração quando, já
em Salvador, ligamos do hotel para a casa dele. Imaginávamos ser atendidas por
uma secretária, e quase morremos do coração quando ele próprio atendeu ao
telefone e ajeitou a sua agenda mental para achar um espaço para nós. Combinamos
um encontro para a tarde, na Academia de Letras da Bahia, onde ele tinha um
compromisso.
E claro que vestimos roupas novas e nos enchemos de
perfume para o grande encontro. Quinze minutos antes da hora marcada já
estávamos no lindo prédio da Academia, o coração batendo forte de emoção. Os
acadêmicos que foram chegando nos deixaram à vontade, a sala onde estava foi-se
enchendo, e, de repente, na maior simplicidade, adentra a ela Jorge Amado em
pessoa, perguntando se ali estava uma escritora de Santa Catarina com quem
marcara encontro. Vestia-se todo de branco, com roupas leves e confortáveis, e
era igualzinho como a gente o via em fotografias ou na televisão. Foi
extremamente simpático desde o primeiro momento, e nos convidou para sala
contígua, onde poderíamos conversar à vontade.
Nessa ocasião, ele estava com 80 anos, mas sua lucidez e
agilidade mental eram surpreendentes. Sentamo-nos a conversar, e como ele gosta
de conversar! Ele fala baixinho, a gente tem que chegar bem perto para ouvir
bem, e suas histórias são sempre interessantes e bem humoradas. Contou-nos
muitas coisas naquela tarde, principalmente sobre sua família. Como todo bom
brasileiro, tem uma avó índia (Zélia Gattai conta nos seus livros o quanto a sua
sogra era índia, com negros cabelos escorridos), e, como bom brasileiro, também,
acha que tem sua parcela de sangue judeu, por parte dos Amados, coisa que nunca
conseguiu comprovar. Eu adoro ouvir histórias, e ouvi-las diretamente da boca do
nosso maior escritor era algo que estava além dos meus melhores sonhos. Poderia
ter ficado o resto da vida ali, mas o tempo urgia e Jorge Amado foi chamado para
votar alguma coisa na reunião da Academia. Votou e, gentil, veio nos buscar. Sou
acadêmica aqui do meu Estado de Santa Catarina, mas não esperava que ele fizesse
o que fez: chamou-me para a mesa, apresentou-me como acadêmica, fez-me honras
que me deixaram até acanhada. Foram servidos vinhos e deliciosos quitutes
baianos (ah! a comida baiana é única no mundo!), outros acadêmicos me
requisitaram, e quando vi, já era hora de ir embora. Fui despedir-me de Jorge
Amado, agradecer-lhe por aquele inefável tempo em sua companhia, por aquela
oportunidade que julgava única na vida, feliz demais por ter tido o privilégio
de, uma vez na vida, ter privado da presença do meu ídolo, certa de que o sonho
acabara, mas ele tinha outros planos:
- Amanhã vocês vão até minha casa! - e aquilo era mais do que eu julgara poder esperar na
vida.
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No dia seguinte, à hora aprazada, Tânia Rodrigues e eu
saltamos de um táxi diante da casa de Jorge Amado. Ela se situa no bairro do Rio
Vermelho, o primeiro dos bairros na orla marítima de Salvador, e está construída
sobre um morro. A parte que dá para a rua está cercada por alto muro, e os
meninos da vizinhança picharam esse muro com seus sprays, criando nele todo o tipo de
desenhos e de slogans. Há apenas uma
porta encravada nesse muro, onde, depois que tocamos a campainha, fomos de
imediato atendidas por uma simpática empregada chamada Rose, que já nos
esperava. Ela conduziu-nos a uma sala de visitas onde, numa mesa cheia de livros
espalhados sobre toalha de crivo, Jorge Amado nos aguardava. Fiquei toda
orgulhosa ao ver um livro meu sobre aquela mesa.
Acho que vale a pena contar sobre a casa de Jorge Amado.
Ele e Zélia construíram aquela casa faz mais de 30 anos, quando o bairro do Rio
Vermelho era ainda pleno subúrbio, e não a região altamente valorizada e
urbanizada que é hoje. Estão no topo do morro; lá de cima, tem-se esplêndida
vista para o mar e para a baia de Todos os Santos, o que, aqui no Brasil, é
coisa muito valorizada. Na época, os dois plantaram à volta da casa muitas e
muitas mudas de árvores, e com a facilidade que existe aqui no Brasil de as
florestas se desenvolverem, hoje a casa está no meio de uma verdadeira floresta,
que, inclusive, tirou a vista do mar.
A casa é ampla e arejada, adequada ao clima baiano, e
está rodeada por espaçosas varandas, onde, tive a impressão, é o lugar em que
Jorge Amado e Zélia Gattai passam a maior parte do seu tempo. Num dos lados tem
uma piscina antiga, sombreada de árvores. Por toda a casa, tanto do lado de
dentro quanto nas varandas, prateleiras correm ao longo das paredes, prateleiras
pejadas de objetos de arte de todas as partes do mundo, que o casal colecionou
durante toda a sua vida. A impressão geral que dá é de frescor, de leveza, de
paz, quase como se a casa e sua pequena floresta fossem voar.
Jorge Amado acabara de sair da piscina. Usava bermudas
azuis e uma camisa muito florida, desabotoada. Disse-nos para que ficássemos à
vontade, e passamos a remexer nos livros que estavam sobre a mesa, quando entrou
na sala a luz chamada Zélia.
Eu sabia que, indo à casa de Jorge Amado, acabaria
conhecendo Zélia Gattai, e imaginava que ela seria um pano-de-fundo para o que
ocorresse lá. E quando ela chegou e trouxe toda a sua luz., bastaram alguns
segundos para que ficasse evidente que quem se tornava pano-de-fundo era Jorge
Amado.
E impossível conceber-se Jorge Amado sem Zélia Gattai. Há
que se ler os cinco livros de memórias e o romance que ela escreveu, para se ter
uma idéia de quem é Zélia. Mas há que se conhecê-la pessoalmente para se
aquilatar o real valor daquela mulher.
Zélia é a mais meiga, mais linda, mais forte, mais
intensa, vibrante e suave das mulheres. Conhecê-la foi uma das experiências mais
gratificantes da minha vida - que dizer da sorte de Jorge Amado, que priva da sua
presença há mais de cinqüenta anos? A imensa energia de Zélia nos envolveu, e,
quando dei por mim, estávamos todos sentados numa das varandas, com Rose,a
empregada simpática, a nos servir sorvetes.
Eles são extremamente simples. Jorge Amado estava sentado
em confortável cadeira de lona, e Zélia acomodara-se em lindíssima
cadeira-de-balanço, antiga peça muito bem trabalhada em madeira negra que, ela
explicou, é a última peça que resta das que seu pai trouxe da Itália quando
emigrou para o Brasil. As cadeiras estavam próximas, e era evidente a
compreensão e o carinho com que os dois se tratam. Começamos a conversar, e eles
nem se davam conta dos gestos de ternura que faziam um no outro: Jorge Amado
acariciava com leveza a nuca de Zélia, num lento e suave movimento que dura há
mais de cinqüenta anos; Zélia, por sua vez, acariciava com a mesma leveza a
perna que ele cruzara ao sentar-se, e aquilo era uma coisa tão natural entre os
dois, refletia uma intimidade e um entendimento tão grandes, que senti a
garganta apertada de emoção.
A conversa correu leve e fácil. Os dois, agora, nos
contavam de passagens de suas vidas e de suas famílias (naquele dia, seu filho
João Jorge fazia 47 anos, e eles tinham comemorado com um almoço). Fomos
interrompidos pelo telefone: um amigo de Portugal estava a ligar, e eles ficaram
passando o telefone um para o outro, e conversando animadamente com o português
como se ele estivesse ali junto. Depois, nossa conversa continuou, mas aí Jorge
Amado lembrou-se de que tinha um recado para seu motorista, e chamou-o. Um
simpático baiano apresentou-se, e recebeu a incumbência de ir buscar uma caixa
de doces na casa de alguém que voltara de viagem ao Ceará.
- Vá depressa! - brincou ele. - Fulano é muito guloso, se deixar os doces lá por muito
tempo, ele é capaz de comer todos!
Simples, brincalhão, de repente ele se lembrou que não
nos oferecera uma bebida. Atrás de nós havia uma porta com um bar evidentemente
super-sortido, e ele liberou:
- Vão, vão ali, peguem a bebida que vocês gostam! Não se
acanhem, fiquem à vontade!
Não me servi, havia acabado de tomar o sorvete e não
queria perder nenhum momento do que estava acontecendo; aí Jorge Amado resolveu
nos mostrar a casa.
Com a simplicidade de um velho tio, ele nos levou por
toda a sua casa. Conhecemos seu computador, especialmente adaptado para ele, que
está com um sério problema de visão, o primeiro computador da sua vida, pois,
enquanto enxergou bem, sempre usou a máquina de escrever. Ele quis nos mostrar
como funcionava o computador, mas atrapalhou-se com os comandos - era evidente a sua saudade da velha máquina de
escrever.
Andamos
por toda a casa, até o quarto do casal nos mostraram, mas, sem dúvida, o mais
impressionante de tudo, é uma biblioteca que existe na casa. E nessa peça que
trabalha uma moça simpaticíssima, que é secretária do casal, chamada Rosani, e é
ela que mantém organizados e encapados os livros que lá
estão.
A sala é ampla e a biblioteca é bastante grande, e fiquei
de boca aberta quando soube que tipo de livros havia ali. Naquelas prateleiras
estava um exemplar de cada edição de cada livro de Jorge Amado em cada língua em
que eles haviam sido publicados, e o meu coração brasileiro bateu forte ao ver o
feito que um compatriota conseguira. Penso que, provavelmente, nenhum escritor
vivo, no mundo, possa ter uma biblioteca como aquela. Os livros estão impressos
em mais de 50 línguas e, se considerarmos que há línguas que são faladas numa
porção de países, como o inglês e o espanhol, nossa cabeça dá um nó na hora de
fazer as contas. Jorge Amado tirou da prateleira um livro ao acaso e o abriu:
estava escrito em caracteres estranhíssimos, que com certeza não era o chinês,
nem o japonês, nem o árabe - tratava-se, de certo, de alguma escrita asiática, e ele
riu e fez um comentário sobre como se saber que tipo de tradução tinha sido
feita do seu livro naquela língua da qual não entendíamos
patavina.
Andamos, depois, ao redor da casa, vimos a piscina,
embrenhamo-nos pela floresta até avistar o grande mar-oceano lá embaixo, e,
coisa curiosa, por toda a parte havia sapos. Não eram sapos vivos, mas uma
incrível coleção de sapos de pedra, de acrílico, de cerâmica, de todos os
materiais, dispostos pelas calçadas e ao redor da piscina, presos ao chão com
cimento, uma imensa coleção de sapos de todos os formatos e tamanhos como nunca
julgara existir. Eram sapos de todas as partes do mundo, colecionados durante as
muitas viagens do casal.
E, no meio da floresta, uma escultura de Exu, em metal
negro, Exu, o orixá brincalhão, trazido há cinco séculos da África para o
Brasil, e hoje um dos orixás importantes do candomblé brasileiro. Com muita
graça, Zélia Gattai nos contou como explicara para o netinho a personalidade de
Exu, recriou para nós um episódio familiar daqueles que sempre acontecem entre
avós e netinhos, fez-nos crer que ela era uma avó quase igualzinha à qualquer
avó.
Voltamos às varandas, passamos de novo pela escultura dos
cachorros com que iniciei esta matéria, ele bateu de novo no cachorro que voltou
a ser impulsionado pela mola que o colocou a furunfar, Zélia brigou com ele de
novo, a simplicidade deles era uma coisa tão marcante que a gente se esquecia de
que se tratavam de dois monstros sagrados. Zélia nos mostrou seus objetos de
arte preferidos, e nunca me esqueço de uns vasinhos em vidro azul, que eles
trouxeram do Irã; são vasinhos que as mulheres iranianas usam para recolher as
lágrimas de saudade, quando seus maridos estão viajando. Ela nos falou, também,
do seu primeiro romance, que ia acabar dentro de alguns dias, e eu a admirei
ainda mais aos 78 anos, e a começar uma carreira de romancista!
Assim, conversando aqui e ali, passaram-se umas duas
horas, e chegou um médico com o qual ambos faziam fisioterapia. Era hora de
irmos. Fomos todos, de novo, para a mesa da sala, e Tânia e eu recebemos
diversos livros autografados pelos dois. Enquanto eles escreviam suas
dedicatórias nos livros, chegou de volta o motorista que fora buscar os doces.
Era uma caixinha de madeira cheia de doces de caju, especialidade do Ceará, e,
não perdendo a oportunidade de fazer uma brincadeira, Jorge Amado explicou ao
médico:
- Sicrano me mandou três caixas de doces do Ceará, mas
Fulano, que as trouxe, muito guloso, já comeu duas. Foi sorte termos salvado
esta!
Ríamos enquanto ele abria a caixa. Fez questão que
provássemos os doces de caju, comemos todos em conjunto, ele a elogiar o caju
cearense, e o ambiente era alegre e descontraído como a casa da gente em dia de
festa. Doía um monte, mas em seguida tínhamos que ir embora. Os sonhos não duram
para sempre, e o nosso estava se findando. Efusivamente, Jorge Amado e Zélia
Gattai se despediram de nós, para se entregarem às mãos do fisioterapeuta. E a
gente foi embora. Mas nunca poderei esquecer.