quarta-feira, 30 de novembro de 2005

Hei-lo? Ei-lo!!!

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Está como muitos orçamentos nesta santa terrinha:

desde a postagem de 18 de Novembro perdeu a liquidez!

terça-feira, 29 de novembro de 2005

Essa vida de "spammer"...

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Facto é que os "spammers", ou seja, as personagens subterrâneas que mandam mensagens no mínimo publicitárias mas não desejadas e quase sempre até indesejadas, andam cada vez mais activos. Aliás muitos dos problemas actuais com "e-mails", como sejam anexos perdidos, caixas cheias, demora de tráfego etc têm muito a ver com estas repreensíveis criaturas, com os que as alimentam (e as pagam) e, por paradoxal que pareça, por diversas medidas para os combater.

Na verdade, o aumento de segurança determina por vezes a actuação de programas-guardiões que, para prevenir o pior, fecham demasiadamente as portas e são rigorosamente inflexíveis, aliás como seria de esperar, na detecção de um anexo potencialmente nocivo ou de "malicious content".

Uma das técnicas desses sistemas de segurança reside precisamente no exame dos textos. Se certas frases ou combinações de palavras sugerem "spam", então ou esse anexo, se for anexo, salta fora e recebe-se um e-mail rigorosamente nu, ou o "e-mail" suspeito é dirigido no seu todo para um destino de quarentena mas, seja dito, para a maior parte dos casos continhua a ocupar o volume de caixa disponível e asim permanecerá até ser mandado às malvas, que é uma forma campestre de dizer "delete".

E então de que se lembraram os incríveis spammadores? De intercalar num texto potencialmente suspeito uma maior quantidade de palavras não suspeitas que aparentemente não tentam qualquer sentido e que são retiradas de um paleionário adrede preparado e que já deve estar disponível em circuitos comerciais. Em alguns casos até tem graça, quando simula mesmo uma prosa estranhamente criativa. Vejamos o que acabo de receber:

"protuberant you ammunition me, square .
curbside you zhbtpbehj diatribe me, paoli aura blanch molecule .
basilar you sooth me, odorous bracken .
athlete you meyer me, jerji prance refereeing napkin anticipate .
barclay you dogbane me,widzsup barbaric elegiac intellectual .
navy you budapest me, bvqfe incandescent mightn't campaign galilee" .
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Notem a repetição dos pronomes "you" and "me" para propor às máquinas examinadoras um tom figuradamente coloquial no texto examinado e compreendam pois o que significa todo aquele surpreendente palanfrório que vos chega no início, meio ou fim de e-mails que nunca foram pedidos e que pretendem vender relógios, medicamentos, vibradores, diplomas pseudo-U's, motivadores de orgânicas já pouco trabalhadeiras [1], nebulosos negócios com dinheiros nebulosamente deixados algures, encontros apelativos (pró menino e prá menina), etc. e tal. Mas um texto-surpresa destes vale sempre a pena, o mais que não seja para tentar descobrir a sua lei geradora. Bate de longe todos os Sodoku deste mundo e doutros planetas, interiores e exteriores, garanto-vos! Que melhor há, na verdade, que ler uma tão exótica (e até erótica) declaração como o ciciar cálido, misto de amor-censura, dum "you budapest me", já acalmados ambos depois de um sobreaquecido "protuberant you ammunition me, square"? Digam lá?
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[1] expressão fabulosa ouvida (e, com a devida vénia, imediatamente adoptada) em contexto bem diferente, a propósito ou despropósito da abominável árvore de Natal mamute e novoriquista que especaram frente ao Ministério da Justiça.

segunda-feira, 28 de novembro de 2005

Congés payés

com uma dedicatória a Léon Blum
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Eu tenho 30 dias de férias e (ainda) posso gozá-los.
Há quem tenha menos dias de férias e os não possa gozar.
Há quem tenha mais e até mais e não queira ter menos.
Há quem não tenha trabalho e, portanto,
arrede o sequer pensar nesse problema.
Há quem se esqueça de tudo isto,
mas há também quem de tudo se lembre -
- e, sobre esse tudo, há ainda quem sinta.
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Paulo Cirino

domingo, 27 de novembro de 2005

Claudia

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Sem palavras, mesmo!

sábado, 26 de novembro de 2005

Der Papst gegen Daniela Mercury

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Já havia uma alarmante notícia quanto a isso (ver comentário de Salvietta, à postagem "Sugestão Curricular", de 22/11, neste blogue). O Sapo também já o disse. E a "Folha Online Ilustrada":
(www1.folha.vol.com.br/folha/ilustrada/ult90u55445.shtm)
vem reafirmá-lo nos seguintes termos:
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" Vaticano veta Daniela Mercury em show
O Vaticano cancelou a participação da cantora Daniela Mercury em um concerto de Natal, marcado para 3 de dezembro, com a presença do papa Bento 16. Segundo o Vaticano, a decisão foi tomada por conta da participação de Daniela em uma campanha anti-Aids, no Carnaval passado, em que ela defendeu o uso de preservativos.Por meio de nota oficial divulgada nesta quarta-feira, Daniela lamentou o ocorrido --o convite havia sido feito há cerca de cinco meses. A cantora afirmou estar "decepcionada" por não representar o Brasil no evento, que terá artistas do mundo todo.Na nota, a cantora, embaixadora do Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância) e do Unaids (programa da ONU para HIV/Aids), se declara católica e diz acreditar que o uso de preservativos "é um instrumento de proteção à vida".Ela defende seu direito "de discordar da posição da Igreja no que diz respeito à utilização da camisinha como forma de prevenção de doenças sexualmente transmissíveis, como a Aids". A Igreja Católica é contrária a métodos contraceptivos em geral." [notícia dada com agências internacionais].
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ANTÓNIO! Empresta-me aquela caricatura que tanta chatice te deu, com a dita pendurada no anterior narigão sumal! Porque, ali também e pelos vistos, cada sacholada, uma minhoca!
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MEDITAÇÃO A PROPÓSITO, DIRIGIDA TAMBEM ÀS COISAS TERRENAS: Vejam sempre bem em quem votam! Porque "depois de fumos brancos já não há cúria". E não me venham então com histórias: quem votou, votou; quem não votou, votasse!

sexta-feira, 25 de novembro de 2005

Notturno / Nocturno

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La collina è notturna, nel cielo chiaro.
Vi s'inquadra il tuo capo, che muove appena
e accompagna quel cielo. Sei come una nube
intravista fra i rami. Ti ride negli ochi
la stranezza di un cielo che non è il tuo.

La collina di terra e di foglie chiude
con la massa nera il tuo vivo guardare,
la tua boca ha la piega di un dolce incavo
tra le coste lontane. Sembri giocare
alla grande collina e al chiarore del cielo:
per piacermi ripeti lo sfondo antico

e lo rendi piú puro.

Ma vive altrove.
Il tuo tenero sangue si è fatto altrove.
Le parole che dici non hanno risconto
con la scabra tristezza di questo cielo.
Tu non sei che una nube dolcissima, bianca
impigliata una notte frai rami antichi.


A colina é nocturna, no céu claro
Nela se enquadra a tua cabeça, que mal se move
e acompanha o céu. És como uma nuvem
entrevista pelos ramos. Ri-se-te nos olhos
a estraneza dum céu que não é o teu.
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A colina de terra e folhas encerra
com a sua negra massa o teu olhar vivo,
a tua boca tem a prega duma doce cavidade
no meio das encostas distantes. Pareces brincar
à grande colina e à claridade do céu:
para me dares prazer, repetes a paisagem antiga
e torna-la mais pura.
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Mas vives noutro lugar.
O teu terno sangue fez-se noutro lugar.
As palavras que dizes não têm comparação
com a tristeza áspera deste céu.
És apenas uma nuvem dulcíssima, branca,
que uma noite ficou presa nos ramos antigos.
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Cesare Pavese
Tradução de Carlos Leite
Lavorare stanca / Trabalhar cansa
Ed. bilingue
Cotovia, Lisboa, 1997
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Muitos, dos que bem me conhecem melhor, muito tinham já estranhado de eu não trazer Pavese. Ele aí está, final e exactamente como eu gosto.

quinta-feira, 24 de novembro de 2005

Os reis visigodos ou "e nós também viemos destes"!

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"[...]
Finalmente, no Outono de 484, quando contava sessenta e quatro anos de idade, o rei [Eurico] sentiu que lhe faltavam as forças que durante tanto tempo o haviam acompanhado. Dizem que se deu conta da aproximação da morte e então pediu para ser levado para o seu leito onde ditou as derradeiras vontades s solicitou aos nobres que velassem pelos interesses de seu filho e futuro rei Alarico II. É curioso, mas este monarca tão importante para os visigodos faleceu de morte natural quebrando a tradição, não escrita, dos anteriores reis.
[...]
[Entre Eurico e Atanagildo sucederam-se os seguintes reis: Alarico II (484-507), Gesaleico (507-511), Amalarico (511-531 e com a regência de Teodorico, o Grande 511-526), Têudis (531-548), Teudiselo (548-549), Agila (549-554)]
[...]
Em 567 o rei adoeceu fatalmente e ficou prostrado no leito do seu palácio real, em Toledo. Era uma situação nova para todos, pois tal não era costume desde o reinado de Eurico, ver um monarca falecer de morte natural; mas isso sucedeu com Atanagildo, o que suscitou admiração e incrementou o carinho que o povo sentia por ele.
[...]"

CEBRIÁN, Juan Antonio, "A Aventura dos Godos" (2002), Guimarães Editores, Lisboa, 2003, p.69 a 106
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Já agora, os que faltam no rol:
Antes de Eurico (466-484): Alarico (395-410), Ataúlfo (410-415), Sigerico (415), Vália (415-418), Teodorico (418-451), Turismundo (451-453), Teodorico II (453-466).
Entre Eurico e Atanagildo: ver acima
Depois de Atanagildo (554-567): Leovigildo (568-586), Recaredo (586-601), Liúva II (601-603), Viterico (603-610), Gundemaro (610-612), Sisebuto (612-621), Recaredo II (621), Suintila (621-631), Sisenando (631-636), Chintila (636-639), Tulga (639-643), Chindasvinto (642-653), Recesvinto (653-672), Vamba (672-680), Ervígio (680-687), Egica (687-702), Vitiza (702-710), Rodrigo (710-711)

quarta-feira, 23 de novembro de 2005

Brain drain

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Whose brain? Whose drain? (If any)

terça-feira, 22 de novembro de 2005

Sugestão curricular

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Introduzir uma cadeira de Doutrina Social da Igreja nos cursos de Gestão da Católica.
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segunda-feira, 21 de novembro de 2005

História comparada

Discutíamos como é que os cavaleiros medievais, ataviados como estavam com o equipamento de protecção à época reconhecido como válido, conseguiam ir satisfazendo necessidades quando embrenhados em longas correrias por terrenos potencialmente inimigos.
- Talvez alguns "motards" de longo curso vos consigam explicar como! - sugeriu um dos presentes.
Registei, para perguntar na primeira oportunidade.

domingo, 20 de novembro de 2005

If u' got a free day, nice it as you may wish!

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Uffff !

Acharam graça? Certamente não muito.

E agora deixo uma pergunta:

Em nome de quê, no mundo de hoje, pode o recíproco (real ou simbólico) tornar-se permanentemente mais aceite?

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sábado, 19 de novembro de 2005

Lá, outrora, como cá, hoje !

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Mas mudou mesmo alguma coisa?

sexta-feira, 18 de novembro de 2005

Honestidade intelectual

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Passou a noite inteira a trabalhar. Às dez p.m. escrevera o título no écran do monitor, ainda leitoso e cheio de vazio: "Comentário a Um Texto de Donatella della Porta, por Constantim Mendes". Agora, horas passadas, cinco batidas no monstrinho de pêndulo, sentiu um arrepio de honestidade intelectual. Salvou, por causa das bruxas, e amarinhou pelo texto acima até poder, no topo, deixar patente essa co-autoria escondida: "Comentário a Um Texto de Donatella della Porta, por Constantim Mendes e Jack Daniels."


Dos "Diários Afreudisíacos[1] de Constantim Mendes"
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[1] Eu sei que não é assim ,mas há quem goste!

quinta-feira, 17 de novembro de 2005

Movimentações bloguistas (ou blogosas?)

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1. Saudação a "Fábrica Sol"
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Desde o dia 15 que, a título experimental, está na "blogosfera" o "Fábrica Sol", blog de ensaio do Grupo de Trabalho do Arquivo CUF-QUIMIGAL, a que se pode aceder através do endereço electrónico
Segundo nele se afirma, a sua finalidade é dar a conhecer textos e trabalhos conexos à sua base documental. Embora eu, nesta matéria, conviva bem com uma parcialidade interventiva, desejo-lhe muita sorte, longa vida e o máximo possível de finalidade cumprida.
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2. Al-maqqari
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Substituído por uma fria mensagem de erro em
perdi o contacto com este colega da blogosfera, que amavelmente visitava o "Sai-te..." de tempos a tempos. Contrariado, vou retirá-lo da lista de ligações (links), esperando e agradecendo uma indicação do novo endereço electrónico em que actualmente "blogue".

quarta-feira, 16 de novembro de 2005

Connaissez-vous Monsieur Stinville?

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Só de pensar que se possa começar a ver um fim à estrada!

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terça-feira, 15 de novembro de 2005

O arquivo redondo

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"Antes de decidir arquivar seja o que for, decida se quer realmente arquivar ou não. Bárbara Hemphill, consultora em organização e autora do livro "Como Domar o Tigre de Papel" ["Taming the Paper Tiger"], editado por Hemphill & Associates, diz o seguinte: "80% do que normalmente é arquivado nunca é utilizado" e recomenda que não se arquive nada sem ter à mão um arquivador redondo : isto é, um cesto de papeis. Antes de arquivar qualquer papel, oergunte a si mesmo se alguma vez vai precisar dessa informação, se vao ficar eternamente no arquivo e quais seriam as consequências se ditasse fora esses papeis. Se não lhe causa qualquer problema, deite-os fora!"
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in "500 Ideias Geniais para Organizar Tudo", de Sheree Bykovsky
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A propósito, Murphy disse: "Se vais nisso e deitas mesmo um papel fora, descubrirás logo no início da semana seguinte a utilidade que de facto ele tinha. Mas não te rales, porque se em vez desse deitares outro, é para esse outro que a utilidade imediatamente se transfere."

segunda-feira, 14 de novembro de 2005

S.Domingos, numa obra de 1907

Em 1907 a editora parisiense H.Dunod et E.Pinat, Éditeurs, com sede no Quai des Grandes-Augustins, 49, punha no mercado a obra de P. TRUCHOT, "ingénieur chimiste E. P. C.", chefe de laboratório na Société Française des Pyrites de Huelva, de título "Les Pyrites - Pyrites de Fer - Pyrites de Cuivre - Traité Pratique", com uma folha de rosto que prometia desde logo apreciar "A mineralogia e a geologia das pirites", "A ustulação dos minerais pirítosos", "A extracção e a utilização docobre das pirites e dos resíduos de pirite", "A análise dos minerais piritosos e dos seus produtos" e "A produção e o comércio das pirites".
Na primeira parte, depois de descrever a pirite e os minerais que lhe são geralmente associados", o Autor parte para a descrição dos principais jazigos. Abordando a faixa piritosa ibérica, a pags. 34 e seguintes, refere-se brevemente aos jazigos portugueses nos seguintes termos (pag.35):
"[...]
A mineralização, muito activa a leste (maciço de Rio Tinto), parece decrescer de leste para oeste, onde está apenas representada, no extremo limite da zona, pelos jazigos de S.domingos [Santo-Domingo], de Aljustrel e da Caveira.
[...]"
Depois de uma descrição detalhada dos jazigos espanhois, onde estava já instalada pelo menos uma metalurgia de cobre e com produção de sulfato de cobre, referindo-se agora a Portugal descreve apenas o jazigo de S.Domingos [Santo-Domingo] nos seguintes termos:
"[...]
PORTUGAL - Jazigos de S. Domingos - Os jazigos de S. Domingos foram conhecidos e explorados pelos Romanos. Pertencem à Sociedade la "Solita" e são explorados, desde 1858, pela casa Mason and Barry (de Londres).
Situam-se na província do Alentejo (Portugal), a 17 km de Pomarão, o porto de embarque no Guadiana.
Encontram-se a 9 km da fronteira espanhola que, nesse local, é formada pelo rio Chança. Um caminho de ferro com a bitola de 1,10 m liga a mina ao porto de embarque.
O jazigo forma uma massa alongada na direcção noroeste, em que os limites norte e sul são verticais e os oeste e leste são irregulares. Está coberto por uma camada estéril de 30 a 50 metros.
A exploração de S.Domingos faz-se:
1º A céu aberto;
2º Subterraneamente, por pilares e galerias;
3º Subterraneamente, por desmontes [remblais] completos.
Os andares superiores (até 75 metros) contém cerca de 4% de cobre e depois, abaixo do piso 75, há um abaixamento do teor, como na maior parte dos jazigos de pirites cupríferas. Não se obtém aí mais que 2% de cobre.
O teor de cobre está hoje muito diminuído e, no piso 112, não é superior a de 1 a 1,5% de cobre.
A remoção de cobre de todos os minerais [deste jazigo] é fácil e actualmente são lavados [lixiviados] pelo processo descrito na página 154, praticado na maior parte das minas espanholas.
As pirites lavadas contém 45 a 50% de enxofre e somente 0,20 a 0,25% de cobre.
As minas de S.Domingos produziram, em 1904, 2949 toneladas de cobre puro.
[...]"
A indicação da pagina 154 está seguramente gralhada, porque os processos de lixiviação só vêm a ser descritos na referida obra a partir da pag. 160.

domingo, 13 de novembro de 2005

Onde chegamos ou "onde é que eu já li isto?"

Do anúncio:



e o "e-mail" que motivou:

To: provedor@jn.pt
Subject: Anúncio anónimo de conteúdo político, identificado como "Publicidade" (JN, Sul, 2005.11.12, pag.19)

Exmo. Senhor Provedor do Leitor do Jornal de Notícias
1. Venho pela presente PROTESTAR contra o critério de quem aceitou, sem identificação da entidade ponente, o anúncio "Um Apelo à Razão" constante com nota de "Publicidade" da parte
inferior esquerda da pag. 19 da v/edição SUL, pelo menos, do dia 12 do corrente mês de Novembro de 2005, sábado, e de quem autorizou a respectiva edição.
2. De facto tal anúncio tem um evidente conteúdo político, concluindo por um apelo ao voto em branco, como aliás decorre, a menos de surpreendente casualidade, da sua própria localização dentro da secção epigrafada "Política" que, nessa edição, vai da pag.15 à pag.19.
3. Independentemente do teor da referida publicidade, dirigida num estilo de "manifesto" não a um grupo específico mas aos leitores em geral, considero que, em democracia, existe a liberdade de escrever e de fazer publicar o que não esconda a responsabilidade do remetente e não cerceie o direito de qualquer destinatário poder identificar a proveniência da mensagem que lhe é remetida.
4. De outra forma, considerando comprometido tal direito e bem contrariado por isso como leitor assíduo do JN que de há décadas sou, terei de concluir que tal mensagem cai na responsabilidade do Jornal. Será este o caso?
Agradeço o V/ esclarecimento.
Com cumprimentos,

[segue-se neste e-mail, expedido hoje, a assinatura e a identificação completa do remetente]


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sábado, 12 de novembro de 2005

Dos "Aforismos e desaforismos de Aparício", de José Rodrigues Migueis

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"Semeia escravos, colherás guerrilheiros."

Novembro de 1973
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sexta-feira, 11 de novembro de 2005

No regresso da "fuga para o Egipto"

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Poizé. Estive 31-dias-31 a debruçar-me sobre “a fuga para o Egipto”. Se repararem bem tudo começou naquele fanate preciso em que a sabedoria do povo ditou o que ele, povo, queria afinal para o Barreiro - e se assim o quer e assim o exprime, em democracia assim o tem. Mas isso são outros contos e quem fica a pegar nos andores da procissão ainda não vestiu sequer a opa da confraria. S.Martinho, que hoje se celebra e até que segundo consta era romano, repartiu o manto no seu tempo, agasalhou o pobre que o não era, teve de prémio o enlevo anual das castanhas e toda a gente se recorda disso. Adiante ou avante, que é o mesmo! Passado pois o momento paleontológico, que Cuvier não desdenharia e que simbolizei, no acto, por um apelo aos dinos – debrucei-me, piamente, sobre a santa jornada e a sua representação na arte.

Não sabia então quanto iria aprender neste exercício. Mesmo num rapaz que, no que resta da minha juventude, já conta com vários recauchutos, há sempre lugar para humildemente aprender qualquer coisa e, já que não há bolinhos de bacalhau, vamos nisso. Conhecia a referência bíblica, conhecia o livro do Mário Claudio, conhecia diversas representações da “fuga” mas nunca tinha pensado o quanto, nas artes figurativas, mereceu uma tão frequente e multiforme invocação. E, de facto, mereceu. Eu, por mim, só dei uma muito pequena amostra e, passado o tempo de nojo, dela me despedi - pelo menos por agora - com aquela interessante serigrafia da Ema Berta, que transporta a figuração ao nosso tempo. Mas há quem, em termos de compilação, tenha feito mais, muito mais. Se quem ler isto não estiver farto do tema recomendo uma paciente visita ao saite:
http://www.textweek.com/art/flight_into_egypt.htm
e certamente dar-me-á razão.

Porquê esta atracção? A referência bíblica é escassa e recolhe-se em Mateus. 2, 13-15. Depois que os Reis Magos partiram, um anjo apareceu em sonho a José e disse: "Levanta-te, toma o menino e sua mãe, foge para o Egipto e fica lá até que eu te avise, pois Herodes vai procurar o menino para o matar". José levantou-se, tomou o menino e sua mãe e partiu de noite para o Egipto. E ali ficou até a morte de Herodes, a fim de que se cumprisse o que o Senhor falou pelo Profeta: Do Egito chamei meu filho.” Ora dos meus tempos de menino papa-missas guardo um entusiasmo muito especial pelos Reis Magos. É verdade que, no painel de azulejos do lado esquerdo da capela mor da Igreja de Mafamude, os reis magos têm olhos de camelo e os camelos têm olhos de gente, coisa suficiente para intrigar uma coorte de meninos papa-missas ensonados em domingos do nunca-mais-acabante “tempo-depois-do-Pentecostes”. Mas o que mais me interessava, naquela figuras, é o que eu hoje chamaria de representação de várias culturas e a sua convocação especial, cumulada com o surpreendente facto de, sendo reis, serem também reconhecidos como magos. Não é por acaso que a adoração dos reis do Oriente, três, ou sete, ou doze, ocupa uma enorme parede virtual que trepa por ali acima no grande salão da arte pictórica mundial. Além disso, eles mostraram-se bem espertos, ao terem “fintado” o Herodes, pondo-o a falar sozinho enquanto afiava as facas, ao esquecerem a incumbência de passar por Jerusalém na viagem de volta. E é logo a seguir que se inicia a tal precata fuga! Tudo ligado pois!

Há quem veja simbolizados na fuga para o Egipto os que hoje “vivem em constante exílio e migração, sempre fugindo dos Herodes actuais, que se chamam perseguição, falta de moradia, fome, e sempre buscando, no desconhecido, melhores condições de vida”, os “milhões de prófugos, exilados e migrantes que vagueiam pelo mundo, longe de sua terra, dos seus parentes e amigos” num repetir da história - apud, nesta linha,
http://www.freirinaldo.com.br/pagina.asp?cod=8&tipo=1 .
Não creio, porém, que esse fosse o especial sentimento dos pintores, para quem o atractivo deveria mais existir na oportunidade de representar a sagrada família em movimento, com os enquadramentos que mais lhes parecessem adequados e trazendo, inclusive, a presença quase geral do acessório escolhido de transporte – o burro.

Antes porém de abordar o tema de “o burro da fuga para o Egipto”, um pequeno reparo: como bem assinalou uma pessoa amiga, durante as 31 fugas para o Egipto (na altura deste reparo ainda estaria nas 28 ou coisa assim, mas a extrapolação é lícita) o meu “blogue” manteve-se extraordinariamente bem comportado, sem “bocas” javardas, remoques provocadores à laranjada, tortas boli-queimadas ou outras manifestações de estragada bilis. De facto não teria ficado bem estropear, com coisas terrenas, tanta espiritualidade e aliás essa preocupação ficou bem patente desde início. Porque, reparemos todos, eu comecei a série mesmo com François Boucher, o que foi um achado de meia-conversão... pois não creio que eu andasse então a buscar em Boucher, que como Watteau era um homem muito do seu tempo, qualquer figuração próxima do puritanismo flamengo ou do pietismo italiano! Passado que foi o meu Sinai, poderei pois voltar, agora muito profanamente, a visionar aquelas deusas ou demoiselles descascadonas que os jardins e os lagos de Versailles de verão inspiravam (já que de inverno fazia muito frio...) – o que, mesmo hoje, tem algum atractivo e é arte! (2)

Posto isto, e para acabar esta conversa que já está longa, vamos ao burro. Um ser tipicamente mediterrânico, os textos bíblicos não o mencionam explicitamente aqui. A tradição também o coloca nos presépios e os evangelistas põe-no em escolhida acção quando da entrada em Jerusalém, no que hoje celebramos como domingo de ramos. Mas nas reportagens pictóricas da fuga para o Egipto ele é uma presença quase permanente e sempre modestamente útil. Como era o Fiat 600. Merece pois uma homenagem própria e final. E ela aí vai, de forma muito curiosa, tirada de http://www.apasfa.org/futuro/jumento.shtml:


"O Jumento é nosso Irmão
autores: Luíz Gonzaga e José Clementino
.
É verdade, meu senhor
Essa estória do sertão
Padre Vieira falou
Que o jumento é nosso irmão
.
A vida desse animal
Padre Vieira escreveu
Mas na pia batismal
Ninguém sabe o nome seu
Bagre, Bó, Rodó ou Jegue
Baba, Ureche ou Oropeu
Andaluz ou Marca-hora
Breguedé ou Azulão
Alicate de Embau
Inspetor de Quarteirão
Tudo isso, minha gente
É o jumento, nosso irmão
.
Até pr'anunciar a hora
Seu relincho tem valor
Sertanejo fica alerta
O dandão nuca falhou
Levanta com hora e vamo
O jumento já rinchou
Bom, bom, bom
.
Ele tem tantas virtudes
Ninguém pode carcular
Conduzindo um ceguinho
Porta em porta a mendigar
O pobre vê, no jubaio
Um irmão pra lhe ajudar
Bom, bom, bom
.
E na fuga para o Egito
Quando o julgo anunciou
O jegue foi o transporte
Que levou nosso Senhor
Vosmicê fique sabendo
Que o jumento tem valor
.
Agora, meu patriota
Em nome do meu sertão
Acompanhe o seu vigário
Nessa terna gratidão
Receba nossa homenagem
Ao jumento, nosso irmão."



Além de que é cansada verdade dizer o “antes quero um asno que me leve que um cavalo que me derrube!”

A tempo: (1) Estranharão alguns que, no fim desta conversa tola e dispersada, eu não me tenha referido ao Platero. É verdade, passou-me! Mas se, em 1997, ele também não veio tosar comigo a relva dura do Barreiro, como me poderia lembrar? (2) Sempre com interesse, mesmo para além da subtileza da arte.

quinta-feira, 10 de novembro de 2005

Dürer: "Melencolia"

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Acabadas (ou limitadas) as exposições orais, espero poder por o expediente em dia!... (para o estado de espírito, ver gravura supra!)


Atenção às formas matemáticas e geométricas presentes!

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quarta-feira, 9 de novembro de 2005

A fuga para o Egipto - 31 (e último, nesta fase)

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EMA BERTA (actualidade)
Serigrafia


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Nota: Esta serigrafia está actualmente em venda no site:
pwp.netcabo.pt/emm/ artista%20Ema%20Berta.htm
É uma excelente ideia para o Natal que se aproxima!

terça-feira, 8 de novembro de 2005

A fuga para o Egipto - 30

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Pieter AERSTEN (1508-1575)
"O Talho Com a Fuga Para o Egipto"


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Uma das mais insólitas interpretações do tema. Nem o Lino!

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segunda-feira, 7 de novembro de 2005

A fuga para o Egipto - 29

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Giovanni Francesco BARBIERI (Il Guercino) (1591-1666)
"Repouso na Fuga para o Egipto"

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domingo, 6 de novembro de 2005

A fuga para o Egipto - 28

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William BLAMIRE Young (Australia, 1862-1935)
"A Fuga Para o Egipto" (1924)

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sábado, 5 de novembro de 2005

A fuga para o Egipto - 27

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Vitral no Colégio N.Sª. de Sion - S. Paulo - Brasil (Sec XX)
A Fuga para o Egipto

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sexta-feira, 4 de novembro de 2005

A fuga para o Egipto - 26

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Quentin METSYS (ou MASSYS)
Lovaina, 1465/6 - Antuérpia, 1530
"O Descanso na Fuga para o Egipto" (~1510)
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quinta-feira, 3 de novembro de 2005

A fuga para o Egipto - 25

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Philipp Otto RUNGE
(Wolfgast/Pomerânia 1777 - Hamburgo, 1810)
"Repouso na Fuga Para o Egipto "
in Hamburger KunstHalle
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quarta-feira, 2 de novembro de 2005

A fuga para o Egipto - 24

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Arte copta (Egipto,sec. ?)
"A Fuga para o Egipto"

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terça-feira, 1 de novembro de 2005

Lisboa, 1 de Novembro de 1755

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Comemorando os 250 anos do terramoto que destruiu Lisboa, esta postagem acolhe duas gravuras francesas da época, aliás bastante divulgadas, que se colocam a abrir e fechar o sentido poema de Voltaire, escrito com a emoção e a consciência revolta pela inelutável enormidade do desastre.




POEME SUR LE DESASTRE DE LISBONNE OU EXAMEN DE CET AXIOME:"TOUT EST BIEN"

O malheureux mortels! ô terre déplorable!
O de tous les mortels assemblage effroyable!
D'inutiles douleurs éternel entretien!
Philosophes trompés qui criez: "Tout est bien"
Accourez, contemplez ces ruines affreuses
Ces débris, ces lambeaux, ces cendres malheureuses,
Ces femmes, ces enfants l'un sur l'autre entassés,
Sous ces marbres rompus ces membres dispersés;
Cent mille infortunés que la terre dévore,
Qui, sanglants, déchirés, et palpitants encore,
Enterrés sous leurs toits, terminent sans secours
Dans l'horreur des tourments leurs lamentables jours!
Aux cris demi-formés de leurs voix expirantes,
Au spectacle effrayant de leurs cendres fumantes,
Direz-vous: "C'est l'effet des éternelles lois
Qui d'un Dieu libre et bon nécessitent le choix"?
Direz-vous, en voyant cet amas de victimes:
"Dieu s'est vengé, leur mort est le prix de leurs crimes"?
Quel crime, quelle faute ont commis ces enfants
Sur le sein maternel écrasés et sanglants?
Lisbonne, qui n'est plus, eut-elle plus de vices
Que Londres, que Paris, plongés dans les délices?
Lisbonne est abîmée, et l'on danse à Paris.
Tranquilles spectateurs, intrépides esprits,
De vos frères mourants contemplant les naufrages,
Vous recherchez en paix les causes des orages:
Mais du sort ennemi quand vous sentez les coups,
Devenus plus humains, vous pleurez comme nous.
Croyez-moi, quand la terre entrouvre ses abîmes
Ma plainte est innocente et mes cris légitimes
Partout environnés des cruautés du sort,
Des fureurs des méchants, des pièges de la mort
De tous les éléments éprouvant les atteintes,
Compagnons de nos maux, permettez-nous les plaintes.
C'est l'orgueil, dites-vous, l'orgueil séditieux,
Qui prétend qu'étant mal, nous pouvions être mieux.
Allez interroger les rivages du Tage;
Fouillez dans les débris de ce sanglant ravage;
Demandez aux mourants, dans ce séjour d'effroi
Si c'est l'orgueil qui crie "O ciel, secourez-moi!
O ciel, ayez pitié de l'humaine misère!"
"Tout est bien, dites-vous, et tout est nécessaire."
Quoi! l'univers entier, sans ce gouffre infernal
Sans engloutir Lisbonne, eût-il été plus mal?
Etes-vous assurés que la cause éternelle
Qui fait tout, qui sait tout, qui créa tout pour elle,
Ne pouvait nous jeter dans ces tristes climats
Sans former des volcans allumés sous nos pas?
Borneriez-vous ainsi la suprême puissance?
Lui défendriez-vous d'exercer sa clémence?
L'éternel artisan n'a-t-il pas dans ses mains
Des moyens infinis tout prêts pour ses desseins?
Je désire humblement, sans offenser mon maître,
Que ce gouffre enflammé de soufre et de salpêtre
Eût allumé ses feux dans le fond des déserts.
Je respecte mon Dieu, mais j'aime l'univers.
Quand l'homme ose gémir d'un fléau si terrible
Il n'est point orgueilleux, hélas! Il est sensible.
Les tristes habitants de ces bords désolés
Dans l'horreur des tourments seraient-ils consolés
Si quelqu'un leur disait: "Tombez, mourez tranquilles;
Pour le bonheur du monde on détruit vos asiles.
D'autres mains vont bâtir vos palais embrasés
D'autres peuples naîtront dans vos murs écrasés;
Le Nord va s'enrichir de vos pertes fatales
Tous vos maux sont un bien dans les lois générales
Dieu vous voit du même oeil que les vils vermisseaux
Dont vous serez la proie au fond de vos tombeaux"?
A des infortunés quel horrible langage!
Cruels, à mes douleurs n'ajoutez point l'outrage.
Non, ne présentez plus à mon coeur agité
Ces immuables lois de la nécessité
Cette chaîne des corps, des esprits, et des mondes.
O rêves des savants! ô chimères profondes!
Dieu tient en main la chaîne, et n'est point enchaîné
Par son choix bienfaisant tout est déterminé:
Il est libre, il est juste, il n'est point implacable.
Pourquoi donc souffrons-nous sous un maître équitable?
Voilà le noeud fatal qu'il fallait délier.
Guérirez-vous nos maux en osant les nier?
Tous les peuples, tremblant sous une main divine
Du mal que vous niez ont cherché l'origine.
Si l'éternelle loi qui meut les éléments
Fait tomber les rochers sous les efforts des vents
Si les chênes touffus par la foudre s'embrasent,
Ils ne ressentent point des coups qui les écrasent:
Mais je vis, mais je sens, mais mon coeur opprimé
Demande des secours au Dieu qui l'a formé.
Enfants du Tout-Puissant, mais nés dans la misère,
Nous étendons les mains vers notre commun père.
Le vase, on le sait bien, ne dit point au potier:
"Pourquoi suis-je si vil, si faible et si grossi?"
Il n'a point la parole, il n'a point la pensée;
Cette urne en se formant qui tombe fracassée
De la main du potier ne reçut point un coeur
Qui désirât les biens et sentît son malheur
"Ce malheur, dites-vous, est le bien d'un autre être."
De mon corps tout sanglant mille insectes vont naître;
Quand la mort met le comble aux maux que j'ai soufferts
Le beau soulagement d'être mangé des vers!
Tristes calculateurs des misères humaines
Ne me consolez point, vous aigrissez mes peines
Et je ne vois en vous que l'effort impuissant
D'un fier infortuné qui feint d'être content.
Je ne suis du grand tout qu'une faible partie:
Oui; mais les animaux condamnés à la vie,
Tous les êtres sentants, nés sous la même loi,
Vivent dans la douleur, et meurent comme oi.
Le vautour acharné sur sa timide proie
De ses membres sanglants se repaît avec joie;
Tout semble bien pour lui, mais bientôt à son tour
Un aigle au bec tranchant dévore le vautour;
L'homme d'un plomb mortel atteint cette aigle altière:
Et l'homme aux champs de Mars couché sur la poussière,
Sanglant, percé de coups, sur un tas de mourants,
Sert d'aliment affreux aux oiseaux dévorants.
Ainsi du monde entier tous les membres géissent;
Nés tous pour les tourments, l'un par l'autre ils périssent:
Et vous composerez dans ce chaos fatal
Des malheurs de chaque être un bonheur général!
Quel bonheur! ô mortel et faible et misérable.
Vous criez: "Tout est bien" d'une voix lamentable,
L'univers vous dément, et votre propre coeur
Cent fois de votre esprit a réfuté l'erreur.
Eléments, animaux, humains, tout est en guerre.
Il le faut avouer, le mal est sur la terre:
Son principe secret ne nous est point connu.
De l'auteur de tout bien le mal est-il venu?
Est-ce le noir Typhon, le barbare Arimane,
Dont la loi tyrannique à souffrir nous condamne?
Mon esprit n'admet point ces monstres odieux
Dont le monde en tremblant fit autrefois des dieux.
Mais comment concevoir un Dieu, la bonté même,
Qui prodigua ses biens à ses enfants qu'il aime,
Et qui versa sur eux les maux à pleines mains?
Quel oeil peut pénétrer dans ses profonds desseins?
De l'Etre tout parfait le mal ne pouvait naître;
Il ne vient point d'autrui, puisque Dieu seul est maître:
Il existe pourtant. O tristes vérités!
O mélange étonnant de contrariétés!
Un Dieu vint consoler notre race affligée;
Il visita la terre et ne l'a point changée!
Un sophiste arrogant nous dit qu'il ne l'a pu;
"Il le pouvait, dit l'autre, et ne l'a point voulu:
Il le voudra, sans doute"; et tandis qu'on raisonne,
Des foudres souterrains engloutissent Lisbonne,
Et de trente cités dispersent les débris,
Des bords sanglants du Tage à la mer de Cadix.
Ou l'homme est né coupable, et Dieu punit sa race,
Ou ce maître absolu de l'être et de l'espace,
Sans courroux, sans pitié, tranquille, indifférent,
De ses premiers décrets suit l'éternel torrent;
Ou la matière informe à son maître rebelle,
Porte en soi des défauts nécessaires comme elle;
Ou bien Dieu nous éprouve, et ce séjour mortel
N'est qu'un passage étroit vers un monde éternel.
Nous essuyons ici des douleurs passagères:
Le trépas est un bien qui finit nos misères.
Mais quand nous sortirons de ce passage affreux,
Qui de nous prétendra mériter d'être heureux?
Quelque parti qu'on prenne, on doit frémir, sans doute
Il n'est rien qu'on connaisse, et rien qu'on ne redoute.
La nature est muette, on l'interroge en vain;
On a besoin d'un Dieu qui parle au genre humain.
Il n'appartient qu'à lui d'expliquer son ouvrage,
De consoler le faible, et d'éclairer le sage.
L'homme, au doute, à l'erreur, abandonné sans lui,
Cherche en vain des roseaux qui lui servent d'appui.
Leibnitz ne m'apprend point par quels noeuds invisibles,
Dans le mieux ordonné des univers possibles,
Un désordre éternel, un chaos de malheurs,
Mêle à nos vains plaisirs de réelles douleurs,
Ni pourquoi l'innocent, ainsi que le coupable
Subit également ce mal inévitable.
Je ne conçois pas plus comment tout serait bien:
Je suis comme un docteur, hélas! je ne sais rien.
Platon dit qu'autrefois l'homme avait eu des ailes,
Un corps impénétrable aux atteintes mortelles;
La douleur, le trépas, n'approchaient point de lui.
De cet état brillant qu'il diffère aujourd'hui!
Il rampe, il souffre, il meurt; tout ce qui naît expire;
De la destruction la nature est l'empire.
Un faible composé de nerfs et d'ossements
Ne peut être insensible au choc des éléments;
Ce mélange de sang, de liqueurs, et de poudre,
Puisqu'il fut assemblé, fut fait pour se dissoudre;
Et le sentiment prompt de ces nerfs délicats
Fut soumis aux douleurs, ministres du trépas:
C'est là ce que m'apprend la voix de la nature.
J'abandonne Platon, je rejette Epicure.
Bayle en sait plus qu'eux tous; je vais le consulter:
La balance à la main, Bayle enseigne à douter,
Assez sage, assez grand pour être sans système,
Il les a tous détruits, et se combat lui-même:
Semblable à cet aveugle en butte aux Philistins
Qui tomba sous les murs abattus par ses mains.
Que peut donc de l'esprit la plus vaste étendue?
Rien; le livre du sort se ferme à notre vue.
L'homme, étranger à soi, de l'homme est ignoré.
Que suis-je, où suis-je, où vais-je, et d'où suis-je tiré?
Atomes tourmentés sur cet amas de boue
Que la mort engloutit et dont le sort se joue,
Mais atomes pensants, atomes dont les yeux,
Guidés par la pensée, ont mesuré les cieux;
Au sein de l'infini nous élançons notre être,
Sans pouvoir un moment nous voir et nous connaître.
Ce monde, ce théâtre et d'orgueil et d'erreur,
Est plein d'infortunés qui parlent de bonheur.
Tout se plaint, tout gémit en cherchant le bien-être:
Nul ne voudrait mourir, nul ne voudrait renaître.
Quelquefois, dans nos jours consacrés aux douleurs,
Par la main du plaisir nous essuyons nos pleurs;
Mais le plaisir s'envole, et passe comme une ombre;
Nos chagrins, nos regrets, nos pertes, sont sans nombre.
Le passé n'est pour nous qu'un triste souvenir;
Le présent est affreux, s'il n'est point d'avenir,
Si la nuit du tombeau détruit l'être qui pense.
Un jour tout sera bien, voilà notre espérance;
Tout est bien aujourd'hui, voilà l'illusion.
Les sages me trompaient, et Dieu seul a raison.
Humble dans mes soupirs, soumis dans ma souffrance,
Je ne m'élève point contre la Providence.
Sur un ton moins lugubre on me vit autrefois
Chanter des doux plaisirs les séduisantes lois:
D'autres temps, d'autres moeurs: instruit par la vieillesse,
Des humains égarés partageant la faiblesse
Dans une épaisse nuit cherchant à m'éclairer,
Je ne sais que souffrir, et non pas murmurer.
Un calife autrefois, à son heure dernière,
Au Dieu qu'il adorait dit pour toute prière:
"Je t'apporte, ô seul roi, seul être illimité,
Tout ce que tu n'as pas dans ton immensité,
Les défauts, les regrets, les maux et l'ignorance."
Mais il pouvait encore ajouter l'espérance.

VOLTAIRE, 1756
(= François Marie Arouet,
Paris 1694- Paris 1778)



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A fuga para o Egipto - 23

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Melchior BROEDERLAM
(Flandres, activo de 1381 a 1409)
"A Apresentação no Templo e a Fuga Para o Egipto"

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