domingo, 12 de julho de 2015

O toma lá, dá cá ou "Grécia por Porto Rico"


Imagem: com vénia  a www.muraljoia.com.br/02hisocrates.htm

Sem perder de vista o toque chocarreiro, vamos ao meta-discurso que o título sugere para tirar uma conclusão: o cavalheiro-autor (notem como diplomaticamente contornei outros designativos) já se vê como dono de uma uE desossada e, por isso, considera-se  em termos de o fazer. Com ele toda uma matilha, que o "La Stampa" enumera  e outras fontes noticiosas  reproduzem como consta da página. 9 do "i" de 10 do corrente.

E quanto à Europa? Recordam os média que 20 anos passaram sobre Srebenica, o massacre europeu por europeus  que decorreu com uma importante força europeia parada e insensível durante três dias às portas do campo de refugiados que devia garantir, assobiando para o ar ou "cumprindo ordens" (a velha escapatória), e que precisamente provinha de um dos países que hoje mais se radicalizam nas contendas de Bruxelas. 

Terá sido uma das primeiras demonstrações - um verdadeiro presságio - do plano inclinado de uma uE que se desconsidera a si própria, hiperboliza a burocracia e continua orfã dos excelentes políticos que, com desígnios bem mais elevados, a quiseram construir.

Razão tinha eu ao escrever "EFTA já" quando tudo isto começou.

Ah! e não esqueçamos que a culpa disto tudo foi do...Sócrates. Não fosse ele grego!
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Para que, entre cenários tão tétricos, com textos tão austeros e com tão maus protagonistas, se possam (ainda) divertir um pouco, quando acharem que os comentários do Paulo Rangel sobre o Varoufakis para tal não chegam, visitem a excelente e extensa obra de Morales de los Rios em:

domingo, 5 de julho de 2015

O rei vai nu

Independentemente do que possa ser demonstrado dentro de algumas horas pelo referendo que o Governo Grego decretou e que neste momento decorre, um facto importante e inédito tem de ser posto em relevo.

Pela primeira vez na vida política europeia são os cidadãos de um país membro chamados a pronunciar-se sobre um aspecto essencial de divergência com a  superstrutura em que, com pezinhos de lã, viemos sendo enfiados, e com o pensamento único que pretendem impor-nos.

No restante acompanho a opinião de muitos economistas reconhecidos e de muitos cidadãos espoliados: a austeridade de per si nada resolve. A renúncia à produção e uma visão economicista distorcida que trouxe novos valores ao consumo, mas que também modificou as relações de trabalho e os valores sociais, não redundou em vantagens para os que perderam uma mensagem de esperança nem, em muitos casos, em manifesto benefício aos que a esperavam receber - num itinerário em que a sede do crescimento do capital surge como tendência inexorável conduzida por uma preocupação dominante de uns em desfavor de outros. Daí resulta que, na Europa e fora dela, os fossos se aprofundem e os "épsilons" cresçam [1].

Por isso 19 menos um são 18, e 18 menos um serão 17 e assim sucessivamente  Aguardemos.


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[1] Numa perspectiva pessoal não foi esta a Europa em que acreditei e em que sou forçado a não ter comigo a maioria dos meus Filhos e, com eles, a possibilidade de acompanhar alguns dos meus Netos.