quarta-feira, 6 de dezembro de 2017

DA INÉPCIA PROTETORA DE DEUSES FORTUITOS

Pousada na banca, a embalagem vazia tinha substituído o primitivo iogurte por um pleno de água. Na borda seca um agrupamento de formigas resistia, como mancha,  ao frio reinante. e procurava restos açucarados.Na água, uma formiga isolada, em riscos de afogar-se, estrebuchava, aflita. Embora desde moço odeie formigas, o observador humano condoeu-se do drama e, com um divino golpe de polegar, sacou a nadadora e pousou.-a cuidadosamente no parapeito. O calor do sol alegrou o inseto, enxaguou-o, fazendo-o percorrer o  reencontrado terreno firme  à procura de alguma companheira, alegrando nas antenas. a vida que voltava e o muito que, do sucedido, poderia ter para contar! Eis que, de trás do pequeno vaso, saltou uma também pequena mas suficiente aranha. Como deixou provado - provando-a - não era, certamente, para cumprimentar a ex-naufraga.