quarta-feira, 28 de fevereiro de 2007

Santa Susana, Alcácer do Sal

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Sonhou-se por aqui com uma hulha portuguesa! Afinal não havia...

terça-feira, 27 de fevereiro de 2007

Do valor da matéria residual


Da pag 37 do livro de Jorge Almeida "O Mistério do Bolama", editado recentemente pela Prime Books e que se lê com facilidade e interesse, recolho uma frase que Arthur Conan Doyle atribui ao seu Sherlock e em que vale a pena meditar:
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"Após se ter removido o impossível, aquilo que sobrar, por mais improvável que pareça, terá de ser a verdade."
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Recordo-me da copelação do ouro: o mesmo método passa por aí - mas não deixa esquecer, também válida nos vários círculos da metalurgia extractiva, a pergunta socrática de Pirandello.

segunda-feira, 26 de fevereiro de 2007

O "Dizionario di Chimica Generale e Industriale" de Giua & Giua (3)

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[conclusão]
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A referência feita a esta interessante obra não ficaria completa se não se mencionasse algo sobre o seu principal Autor: o Prof. Michele Giua.
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Numa das minhas deambulações pela "net" fui encontrar o texto "I chimischi italiani e il potere politico, 1830-1940" [1], incluído em "Pagine di storia della chimica classica", da autoria de Luigi CERRUTI, repartido em 5 secções: "Introdução", "Os químicos italianos e o Ressurgimento", "Os químicos na Itália liberal", "As perturgações da primeira guerra mundial" e "Os químicos e o regime fascista". É nesta ultima parte que se encontra uma menção expressa ao Prof Michele Giua, nos seguintes termos [para cuja má tradução se voltam a apresentar desculpas]:
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"[...]
A adesão ao fascismo foi frequentemente sentida como uma imposição e muitos mantiveram uma atitude reservada, mas só um de entre todos os químicos académicos teve a coragem de recusar o juramento de fidelidade no início do ano académico 1931-32. Este "homem só" foi Michele Giua (1889-1966), que teve de abandonar o cargo de assistente no Instituto de Química Industrial do Politécnico de Turim quando lhe foi formalmente exigida a inscrição no partido Nacional Fascista. Duas linhas negativas como resposta à solicitação do director da Escola de Engenharia, datada de 1 de Agosto de 1933, fizeram com que Giua fosse afastado da tarefa de ensinar, encontrando como único refúgio o exercício profissional livre. Mas, além disso, Giua empenhou-se na luta antifascista com o grupo de Turim "Giustizia e Libertà" [Justiça e Liberdade], pondo ao serviço do movimento as suas capacidades técnicas e políticas. Assim, um dos artigos que foi enviado para Paris, para aí ser publicado na revista do grupo clandestino, inicia-se com palavras proféticas: "O fascismo é a guerra! este grito de alarme tem sido tantas vezes em vão repetido" ("Il fascismo e le industrie di guerra", Giustizia e Libertà, nº 10, fevereiro de 1934). Mas, por denúncia de um infiltrado, a actividade clandestina do grupo de Turim é interrompida, a 15 de Maio de 1934, pela prisão dos seus principais membros, entre os quais Giua. A medida da sua consideração pelo regime como elemento perigoso é testemunhada por uma nota do "Schedario degli affiliati al partiti sovversivi" [Lista de Filiados em Partidos Subversivos] prontamente redigida após a sua prisão: nessa nota, com uma certa sobrevalorização, afirmava-se que "No movimento antifascista de Turim, encabeçando a mencionada organização secreta [Giustizia e Libertà], Giua continuava a ser, conjuntamente com o Advogado Vittorio Foa, a quem frequentemente substituia, a cabeça directiva". Levado ao Tribunal especial com um tal "perfil" político, Giua foi condenado a 15 anos de reclusão, pena gravíssima partilhada com V. Foa (que, mais tarde, se tornaria seu genro). A sua longa e terrível peregrinação pelos cárceres iria arrastar-se até Agosto de 1943.
[...]"

Aqui encerro o breve "pro memoria" que reuni sobre um dicionário químico (com dimensão que, para a época, aceita a qualificação de enciclopédia) menos conhecido, mas deveras interessante porque passa para além de uma simples referência, porque, na história da Química europeia, e particularmente da Química Industrial, é uma fonte essencial para o conhecimento do período de charneira que cobre a primeira metade do sec. XX e porque, na sua concepção e escrita, foi dirigido a uma audiência nacional (Itália) não muito afastada dos nossos próprios perfis, problemas e necessidades.

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[1] em
mas também sugerindo que se consulte
para comum regozijo quanto ao mundo em que se cai!

[2] Quando se fará uma análise idêntica entre nós... sabendo que os Químicos, de uma forma ou de outra e porque estudam e praticam a mudança, são frequentemente agentes de mudança?

domingo, 25 de fevereiro de 2007

Agarremos mais este laço em perigo...

Da minha colega e amiga Elisabeth recebi o e-mail que transcrevo:
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"Cultura

Por favor, leiam e repassem!

Convoco a todos a lutar para impedirmos um desastre. Imaginem um lugar onde se pode ler gratuitamente, as obras de Machado de Assis, ou A Divina Comédia, ou ter acesso às melhores historinhas infantis de todos os tempos. Um lugar que lhe mostrasse as grandes pinturas de Leonardo Da Vinci. Onde onde vc pudesse escutar músicas em MP3 de alta qualidade...pois esse lugar existe!!!!

O Ministério da Educação [do Brasil, atenção!] disponibiliza tudo isso, basta acessar o site: www.dominiopublico.gov.br
Só de literatura portuguesa são 732 obras! Estamos em vias de perder tudo isso, pois vão desativar o projeto por desuso, já que o número de acesso é muito pequeno. Vamos tentar reverter esta desgraça, divulgando e incentivando amigos, parentes e conhecidos, a utilizarem essa fantástica erramenta de disseminação da cultura e do gosto pela leitura.

Divulgue para o máximo de pessoas por favor."

Recebida esta mensagem, visitei o local. E fiquei surpreendido com as potencialidades que abre, pelo que convido todo e qualquer leitor a uma simples visita àquele portal e a nele realizar uma busca, p.ex. por nome de Autor. Facto é que nunca compreendi as relações luso-brasileiras em matéria de edição e de defesa da língua comum. Quase que me levam a recordar a frase caustica de Winston Churchill sobre a Inglaterra e os Estados Unidos quando dizia simplesmente: "Somos dois povos afastados por uma língua comum". Mas isso era ironia quando no nosso caso se torna, na prática, verdade. E certamente é de lamentar. Outros lucram com isso!
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sábado, 24 de fevereiro de 2007

Resistência de materiais

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Quando se estica demasiado a corda, ela parte!

(e corda partida não se cola)

sexta-feira, 23 de fevereiro de 2007

Ouvir e gostar de ouvir...

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Ouvi...


... o eurodeputado Vasco Graça Moura falando do Zeca.


Mas gostei sobretudo de recordar ouvindo...


... uma das quadras que o Zeca nos deixou:



Verdes prados, verdes campos

Onde está minha paixão

As andorinhas não param

Umas voltam outras não.


quinta-feira, 22 de fevereiro de 2007

Da essência de limonete ao mijo de gato

Transcrevo a minha homónima postagem no blog do nosso ano e do nosso Liceu, que se encontra em http://www.lah-1954.blogspot.com

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Quanto, no 7º ano, fomos "mudados" para a ala poente, para lá dos Labs e perto do cinema, onde tinha sucedido a tal clausura (hoje "sequestro", com direito a figurar nas páginas dos "diários") que valeu o improvisado poema épico-cómico entretanto perdido "Oh Sena, põe-te à frente!", andava eu preocupado em fazer perfumes. Tinham-me trazido de Espanha uma "Química General", de Ignácio Puig, um jesuíta que era professor de Química creio que em Portugalete, perto de Bilbao, onde se louvavam as virtudes da destilação por arraste de vapor, para extrair aromas naturais. Vai daí, raciocinei eu, extraio os aromas naturais do limonete, vulgo lúcia-lima, vulgo erva-luísa (e mal sabia eu que em Marrocos se chamava também... luísa), diluo-os em alcool, enfio o produto num frasco vazio de "Bien-être" (creio que era esse que estava então na moda) e posso oferecer a uma donzela aniversariante uma excelente água de Colónia "made in Vila-Nova" (sem competir com a "4711" que a minha correspondente alemã me tinha mandado e que me deu alguma chatice explicativa nos correios de Gaia!). Pois bem... aniversariante donzela (ainda) havia, alcool comprou-se na Farmácia Central, destilação sem vaso florentino de recolha também se improvisou com frascos e tubos, limonete existia a rodos no jardim dum amigo, aquecimento... na falta de Bunsen era à vela de pavio grosso: estavam assim combinada a tecnologia com os factores produtivos materiais, donde era de esperar o sucesso.

O primeiro precalço foi com o aquecimento: era mau, mesmo mau. O segundo foi o que saiu dali, um líquido turvo que deixou o alcool turvo e deslavado. Pelo menos cheirava e até empestava... a limonete! O terceiro foi um pequeno desconhecimento das artes de perfumaria: usam-se normalmente estabilizadores e não se deixam misturas impuras abandonadas ao ar, ou lavoisierísticamente falando, ao oxigénio do mesmo! Resultado: quando, dois ou três dias passados, fui preventivamente e pre-oferta cheirar o frasco redondo de "Bien-être" ou lá do que tinha sido, com florinhas pintadas e tudo, o "meu perfume" tinha deixado de o ser e passara a uma perfeita simulação odorífera do mijo de gato.

Trouxe o frasco para a aula e colocámo-lo numa das caixas de arejamento da sala, daquelas que serviam sobretudo para passar, para dentro e para fora, conforme os ventos, enunciados e soluções de "pontos". Na impossibilidade de oferecer o seu conteúdo a quem quer que fosse, decidimos, num intervalo de almoço, derramar o alcool-mijo-de-gato naquelas ranhuras abertas nas carteiras para se pousarem as canetas e/ou outros instrumentos escreventes. Não sei quem me ajudou nisso, mas colocamos a solução alcoólica nas ranhuras de todas as carteiras e derramamos pudicamente o excedente no chão, num canto pouco visível da sala. E como era quase Verão, com as tílias dos espaços entre-alas carregadas de folhas e de sombra fresca, aquilo evaporou depressa. O cheiro-a-mijo-de-gato esse ficou e surpreendeu a aula subsequente, que já não pode ser ali (foi no vizinho anfiteatro do Laboratório, aberto na emergência pelo empregado Fonseca, que afirmava não saber o que se tinha passado; nós também afirmávamos o mesmo).

No dia seguinte o ambiente era já suportável, mas o mijo-de-gato, definitivamente mijo-de-gato, ainda persistia como teimoso pano-de-fundo aromático uns três ou quatro dias depois!

Moralidade (ou pouco útil conclusão científica então enunciada, mas nunca comprovada desde aí): a oxidação descontrolada do extracto a vapor de folhas de limonete diluído com "alcool a 90" pode indesejavelmente conduzir a um sucedâneo do mijo de gato.

Alguém se recorda disto?

quarta-feira, 21 de fevereiro de 2007

Egoísmo

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Para além de todos os benefícios dietéticos que possa proporcionar (e que têm uma contrapartida no respectivo preço), o "leite de soja", sem açúcar e sem colesterol e ainda com baixo teor em gorduras, tem, para mim, duas vantagens incontornáveis:

1ª Eu gosto.

2º Cá em casa, ninguém mais gosta ( e somos muitos, incluindo o cão "Fritz" e a gata "Tora-bora").
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terça-feira, 20 de fevereiro de 2007

Matadouro Número 5


Li-te pela 4ª ou 5ª vez nesta obra. E, como com as outras, nunca me canso. Ah, grande Vonnegas, tu é que a sabes toda!!!

segunda-feira, 19 de fevereiro de 2007

Finalmente...

Mesmo quando trabalhei num local em que havia o péssimo hábito de roubar os té-lé-lés que se deixavam esquecidos no banco do automóvel, com inevitável quebra do vidro da janela, não me consegui libertar desse esquecimento frequente. Tive sempre muita sorte, muito mais sorte que aquele colega a quem o puto deixou no banco uma imitação de plástico e encontrou a habilidade feita, como se de uma realidade fanável se tratasse.
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A minha primeira tentativa foi pôr rótulos amarelos. A segunda papeis brancos e com legenda. Nada feito!
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Mas eis que finalmente resolvo o problema e vos digo como o resolver. Numa loja de "bricolage"aqui ao lado comprei meio metro de corrente de relógio niquelada fina vendida a metro (€1,95/m), um pacote de abraçadeiras de serrilha de nylon pretas 2,6x40 marca "Bemfixa" (0,95 €/30 peças [1,2]) , 2 tiras de velcro altocolantes (estas últimas "não necessariamente necessárias para o fim em causa", como se verá = 2,4 €). O essencial é que a língua das abraçadeiras de serrilha passe nos olhais do telemóvel, da chave do carro e no elo da corrente. A corrente, de um lado, prende por uma das abraçadeiras à chave... e do outro lado por uma das abraçadeiras ao telemóvel (ou celular, como queiram). Este pode ser, durante a viagem, preso ao "tablier" com velcro, uma fita colada lá contra uma fita colada cá (ou, na alternativa mais económica, que é sem velcro, enfiado em qualquer sítio [3]). Tudo pronto...
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A razão lógica do estupor do invento é que ninguém sairá do carro, depois de retirar a chave, sem obrigatoriamente trazer consigo e ao penduro o malfadado telemóvel. E... disse, para os amigos do alheio e outra "rapaziada fina" que ficará a tocar flauta, com o paralelipípedo de pedra embrulhado em jornais a pesar-lhes no bolso [4], e para os meus amigos, que ficam com o telemóvel e com intactos vidros no semovente.
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Outra vantagem: nunca se esquece o telemóvel em casa ou no escritório, mesmo quando se põe em sítio diferente ou a "carregar".

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[1] Além de recolher deste muito material sobrante p.ex. para agrupar os fios ligados ao computador ou para outros usos domesticamente edificantes, isto também deu para constatar uma realidade económico-política: na proleta secção de electricidade estavam as ditas abraçadeiras de nylon a €0,95/30 peças; na aristocrática secção de jardim idênticas braçadeiras de nylon, mas de diferente fabricante e embalagem, estavam entre €1,50 e €2,50/20 peças, dependendo da marca." Os ricos que paguem a crise!"
[2]
O plástico das abraçadeiras tem um efeito isolante e o excesso de língua corta-se no fim com uma tesoura.
[3] Cuidado, aí não!
[4] Dedico esta nota à decepção do "gangue" que "opera" em Lisboa, na Boa Vista, Boqueirão dos Ferreiros, Rua D.Luís 1º, Rua do Instituto Industrial e outros lugares selectos da mesma área, entre o Cais do Sodré e o Jardim de Santos.

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domingo, 18 de fevereiro de 2007

O "Dizionario di Chimica Generale e Industriale" de Giua & Giua (2)

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(continuação da postagem de 16 de Fevereiro)

O prefácio, assinado pelo Prof. Michele Giua, à 2ª edição (1948-1950) do seu “Dicionário de Química Geral e Industrial”, traduz a realidade de uma década crítica decorrida desde a 1ª edição, década em que se insere o Leviatão que, para o Mundo, representou a 2ª Grande Guerra (1939-1945). A situação ainda complexa de uma Europa fortemente destruída está bem expressa no referido texto que seguidamente se apresenta, mais uma vez mal (e livremente) traduzido do Italiano original:


“PREFÁCIO DA SEGUNDA EDIÇÃO


A segunda edição deste Dicionário de Química Geral e Industrial aparece com um grande atraso e num momento particularmente delicado da vida política internacional. O atraso provém de razões alheias à minha vontade e à vontade da Editora. Só próximo do fim do ano de 1943, apesar da intensificação da luta política e da tragédia da ocupação nazi, foi possível dedicar-me à revisão e actualização da primeira edição, esgotada desde 1938. Muitos temas naquela presentes, que, exemplificativamente, se estendem desde os “ácidos biliares”até a “vitaminas” foram completamente refeitos, tal o trabalho realizado nesta nossa ciência durante a década que precedeu a última Guerra Mundial. No que toca a temas inteiramente novos, tive o cuidado de manter o mesmo carácter informativo e prático que caracterizou a primeira edição.

Mostrou-se particularmente difícil a actualização bibliográfica, dadas as tristes condições em que se encontram as nossas bibliotecas no imediato após Guerra. Apesar disso o leitor terá á sua disposição, nesta obra, as indicações bibliográficas mais interessantes até ao ano de 1942 e, em muitos casos, até 1946.

Procurei, muito em especial, não descurar os progressos da indústria química, cujo desenvolvimento é verdadeiramente surpreendente, mesmo quando possa ter sido influenciado por causas não-económicas mas, sobretudo, respondentes ao estímulo da preparação de meios bélicos. Muitos processos criados pelas necessidades de guerra entraram já na prática industrial e de tal forma que dificilmente poderão ser abandonados por uma indústria de Paz; citem-se os exemplos da gasolina sintética e da borracha.

Não menos rápidos terão sido os progressos teóricos que levaram a nossa ciência a renovar-se, abandonando definitivamente velhas formulações. E também no que se refere ao desenvolvimento teórico procurei manter a presente obra à altura da tarefa preestabelecida.

Os capítulos referentes á Química Biológica foram refeitos, pois que nenhum outro ramo atinente à Química Orgânica progrediu de forma tão inesperada quanto aquela.

Facto é que, ao meditarmos na súbita paragem das investigações científicas que a Guerra ocasionou, o nosso espírito é levado a uma visão pessimista da vida. Torna-se porém necessário reagir energicamente contra essa tendência, para que ganhe força e triunfe a única verdadeira e vital aspiração do homem de ciência e que é dotar a humanidade dos meios mais adequados para que atinja o bem-estar e a felicidade. Se a ciência pudesse falhar na sua verdadeira tarefa, a civilização ficaria para sempre comprometida.

Por isso, num momento como este, é útil afirmar a perenidade da ciência - o que significa acreditar na necessidade do saber e do conhecimento científico. E acreditar, neste caso, deve significar poder.



MICHELE GIUA”

[continua]

sábado, 17 de fevereiro de 2007

Comprei uma groselheira...

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Groselheira de cachos

Se há um fruto de que eu goste é a romã [1]. Depois vêm as groselhas e a seguir a colecção dos outros "berries", que os temos todos nesta terrinha (ou pelo menos uma grande parte deles, incluindo o mirtilo que é um outro encontro de juventude que ainda me falta, alargando-me mesmo às pitangas, todas estas descendentes dos carocinhos que trouxe de Luanda, e lançando olhos às amoras maduras que, até pelo patronímico da cepa, são vegetais meus aparentados). Se me quizerem ver bem disposto, deêm-me uma mirtileira (deve ser assim que se diz) de frutado bem bem-roxo, tipo Semana Santa, está bem? Mas, entretanto, a groselheira (e de cachos!) já veio. Chegou hoje i-no-pi-na-da-men-te por casual encontro! Falei com ela. Combinamos um lugar solheiro de manhã e mais ou menos sombrio à tarde, evitando a desarrumação dos cães nos canteiros e o chichi (vulgo: mijo) mortalmente ácido dos gatos. Vai-se dar bem connosco, esperamos ambos. E por muitos anos, espero (ainda e sobretudo) eu!
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[1] De resto, quanto a frutos, excepto tropicais, estou como o Adão na saída do paraíso. Não! não é nu (pelado, para além-do-Atlântico)! é mesmo e apenas fartinho de maçã! Nem sei como ainda há gente que come disso, depois de tão ingrata experiência.
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Highlands

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Finalmente encontrei a procurada trilogia do "Back to the Future" e ainda ganhei, com isso, o quarto DVD da "collectors edition". Levantei-me tarde (o que não é meu hábito) e vi o primeiro. Os outros serão vistos depois. No tmn digitei uma simples frase: "Estou a convidá-la para almoçar e/ou jantar hoje, amanhã, segunda, terça, dia, hora e local à sua escolha. Um bom dia!". Prolonguei a cena até ao "enviar" , ao "número de telefone", ao "procurar" e mesmo a seleccionar um dos "contactos", certamente e pois ainda não apagado. Chegado aí, parei. Apaguei tudo. Poderia escrever agora um peremptório "tenho mais que fazer", mas nem esse é o caso. Ninguém gosta de vestir os disfarces de parvo ou de rostido, mesmo quando por vezes os possa ter aprontados no roupeiro e mesmo que, quanto a disfarces, se viva e continue em pleno carnaval. O convite, vou deixá-lo num banco do parque, para que alguém inutilmente o encontre ou a chuva o desfaça. Não vale mais que isso. Roubando o título ao Saroyan, "o meu coração vive nas terras altas".
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sexta-feira, 16 de fevereiro de 2007

O "Dizionario di Chimica Generale e Industriale" de Giua & Giua (1)

Michele Giua (1889 - 1966)

De entre as obras gerais de Química que, por razões académicas e profissionais, acabei por encontrar nos caminhos desta vida destaco o “Dizionario di Chimica Generale e Industriale”, em língua italiana, da autoria do Professor Doutor Michele Giua e da Dra. Clara Giua-Lollini. Esta excelente obra, apresentada (na sua 2ª edição) em 3 volumes, datados de respectivamente 1948 (I volume: A-C), 1949 (II volume: D-M) e 1950 (III volume: N-Z), foi editada em Milão, pela Unione Tipografico – Editrice Torinese. Se atendermos ao prefácio dessa segunda edição, a primeira ter-se-ia esgotado em 1938, obrigando a um notável esforço de actualização em condições deveras difíceis, que acompanharam o conturbado período que, para a Itália, se estende do apogeu do fascismo mussoliniano às necessidades da reconstrução no pós guerra e na democracia.

É muito significativo o confronto dos prefácios destas duas edições que dá uma ideia da importância cronológica da obra numa charneira temporal dos conhecimentos químicos, entre a afirmação ainda clássica dessa disciplina científica, através das sucessivas descobertas do sec. XIX e, praticamente, da 1ª metade do sec. XX e do desenvolvimento de muitos processos industriais associados, e o vislumbre dos conhecimentos modernos e da sua próxima aplicação na grande indústria química, com a definição de uma Tecnologia Química como matéria própria de Engenharia no lançamento das notáveis décadas de 50-60 que eu associo às “monografias da ACS” e às edições da “McGraw-Hill Chemical Enginering Series”.

Dessa dialéctica teórico/prática dá aliás notícia o prefácio da primeira edição, de 1938, com a dupla assinatura do casal Giua, que receosamente e de forma livre, verto para Português (igualmente assumindo as anotações indicadas e por isso assinaladas dentro de parêntesis rectos), como segue:

“PREFÁCIO DA PRIMEIRA EDIÇÃO

Este “Dicionário de Química Geral e Industrial” tem o objectivo de fornecer elementos para o estudo da Química, tanto na sua vertente teórica, como nas suas múltiplas aplicações. A bibliografia química inclui já numerosas enciclopédias, incluso modernas, em que os temas identificados estão mais ou menos desenvolvidos. As enciclopédias mais recentes, como as de Thorpe e de Ulmann, dão maior ênfase à Química Industrial; por outro lado, enciclopédias menos recentes, como as de Fehling, Muspratt, Wurtz, Guareschi, para apenas recordar as maiores, apresentam um carácter mais teórico e descritivo,. Falta, na literatura química, um dicionário moderno de Química, de dimensão limitada, mas que, ao mesmo tempo, aborde os diversos ramos da Química teórica e aplicada, e algumas tentativas, feitas recentemente nos Estados Unidos da América, não conduziram a um tratamento simples de tão abundante matéria sob forma temática. A tentativa feita em 1896 pelo Prof. Vittorio Villavecchia, com a publicação do seu “Dicionário de Merceologia e Química Aplicada” trouxe à biblioteca do químico uma fonte de preciosas informações sobre tudo o que concretamente respeite à Merceologia. [1]

Solicitados a isso pela benemérita Utet [2], idealizamos um tal dicionário. Pela sua dimensão limitada, essa obra só poderá dar informações breves sobre os temas que se identificaram como de interesse para a Química Geral e a Industrial, mas, ao mesmo tempo, apresenta as pesquisas mais recentes e os feitos relevantes nos diversos ramos da nossa ciência e recolhe uma bibliografia também actual sobre esses conceitos simples, que permitirá ao leitor rapidamente orientar-se quanto a fontes bibliográficas. Com sucintas biografias dos maiores cientistas que contribuíram para o progresso da Química procurou colmatar-se uma lacuna que se pode constatar mesmo em enciclopédias de grande porte; só Guareschi, pioneiro que foi dos estudos de História da Química, achou oportuno incluir, na sua notável e ainda útil enciclopédia, as biografias de alguns grandes químicos. Tais registos biográficos, que apresentam um carácter de grande objectividade, proporcionarão ao leitor um rápido conhecimento da obra de cada cientista; a correspondente indicação bibliográfica permitirá proceder a um maior desenvolvimento do tema. [3]

O leitor não se surpreenderá, certamente, com o carácter prático e com o extenso tratamento conferido à Química Industrial. De facto, já não é necessário arguir longamente sobre a necessidade de adquirir, para a Química, um conteúdo prático, traduzido em utilidade.

Ainda que tenhamos procurado dar sempre uma exposição exacta e clara, mesmo para os conceitos que menos se prestem a uma abordagem rápida, não presumimos ter produzido uma obra impecável. Procuraremos corrigir os inevitáveis erros e gralhas pela introdução de uma errata no segundo volume [4], junto ao índice temático das matérias tratadas.

M. e C. GIUA”

[continua]

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[1] Merceologia = parte da ciência comercial que se ocupa da compra e venda de mercadorias. A Química Aplicada ligou-se historicamente a esta disciplina, hoje em relativo desuso, pela sua permanente chamada á identificação e determinação da qualidade das mercadorias transaccionadas.

[2] Fundada em 1791, a Utet — Unione Tipografico – Editrice Torinese — hoje ligada ao Grupo de Agostini é a mais antiga editora italiana. Em mais de dois séculos, tem publicado enciclopédias e outras obras técnico-científicas de reconhecido valor, nos mais diversos ramos do conhecimento. Vide http://www.utet.it/utet/index.jsp . Foi a editora da 1ª e 2ª Edições da obra que se refere.

[3] É de facto extraordinário o esforço biográfico dos Autores em matéria de História da Química. Estima-se em cerca de 1200 o número de biografias publicadas, muitas delas com retratos do respectivo biografado e todas com apresentação de uma bibliografia de referência. Constitui um elemento de referência para quem queira estudar a Química europeia (e não só!). Não se esconde que a tradução para Português dessas biografias é um dos sonhos de quem escreve estas linhas, tanto quanto o viajar no Transsiberiano ou o descer do Danúbio. Ou...

[4] Infere-se assim, deste prefácio, que a primeira edição da referida obra tinha apenas dois volumes, quando a segunda, como acima se indicou, tem três.

quinta-feira, 15 de fevereiro de 2007

Um Regresso ao Tema do Danúbio (5): O Castelo de Bratislava



1911 (Pressburg - Império Austro-Húngaro)
apud B. Granville Baker

2006 (Bratislava - Eslováquia)

Só o castelo (Burg) é que continua a ser o mesmo...

quarta-feira, 14 de fevereiro de 2007

Dia (da invenção) de S. Valentim

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Este ano em regime (quase) sabático!
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terça-feira, 13 de fevereiro de 2007

Na papelaria (verídica, mas com alguns anos)

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O Cliente (eu): - Queria um bloco de folhas A4 quadriculadas...
A Empregada: - A5?
O Cliente: - Não, A4!
A Empregada: - O Senhor está enganado, o que o Senhor quer é um bloco A5!
O Cliente (já impaciente): - Não, Menina, quero um bloco de folhas A4 quadriculadas!
A Empregada: - Pois é! A5!
O Cliente (soprando fundo!): - Como A5?
A Empregada (com ar doutoral): - Folhas pautadas são A4, quadriculadas são A5!

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A tempo 1 : Poder-se-ia admitir que a papelaria em causa só tivesse, no momento, blocos de folhas quadriculadas de formato A5. Mas não era sequer o caso...
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A tempo 2 : Houve testemunhas!
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LdS
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Malagridas de bairro...


Opinaram logo, horas depois de sentido que foi o abalo. Ah, Marquês... que grande colheita!

segunda-feira, 12 de fevereiro de 2007

Sim, certamente

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Penso que, no dia que se fechou há minutos, se acabou mesmo por dar um passo em frente, apesar das tremuras e ausências (há sempre quem pense que os deveres cabem aos outros... e que por isso entregue tacitamente a esses a tarefa de pensar por si!) e da estranha saída a terreiro, já no lusco-fusco de 6ªfeira, de um surpreendente "quarteto de professores" que me tentava esclarecer sobre como, na prática, poderia votar "não" sem me flagelar por não votar "sim", o que me levou a dizer-lhes in mente um fervoroso "não, obrigado!" e a manter inalterado o "sim" que já pensado tinha.
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domingo, 11 de fevereiro de 2007

Premeditação (2) ou ainda "Um Regresso ao tema do Danúbio (4)"

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Referi já na postagem de 28 de Janeiro último como comprei por tuta e meia o que para mim foi (ou está a ser)uma agradável surpresa. Refiro-me à obra do italiano Claudio Magris, " Danúbio", editada entre nós pela D.Quixote como nº106 da colecção "Ficção Universal" e galardoada com o Prémio Príncipe das Astúrias de Literatura em 2004.
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Pois eis que a encontro, a dita obra e em exemplares múltiplos mas com o mesmo preço de saldo, na Feira de "Fundos de Edição" que a Caminho-Difusão está a promover em Lisboa, no espaço subterrâneo entre o Centro Vasco da Gama e o calatraviano corredor da Estação do Oriente [1].
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Isto leva-me a um especial desafio!
Comprarei três exemplares e vou remetê-los, em envelope verde e com cópia desta postagem, a três amigos/as escolhidos/as. Poderão não ser (geografica ou ideologicamente) os mais próximos, não serão certamente os que, de tão ocupados, nem têm tempo para me "passar cartão" (o que não afastou da grelha de escolha aqueles que, em hiatos bilaterais de contacto, comigo não falam de há muito), nem serão necessariamente os mais óbvios ou actualmente os mais previsíveis - de entre todos os que entendo possam fruir de uma tão inesperada oferta [2]. Num critério pragmático seleccionei os que dela possam tirar algum valor, actual ou futuro [3], contrariando de longe o baixo preço [4], e que com ela fiquem tão surpreendidos quanto eu &, posto isto, amanhã farei seguir tudo.
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Para quem queira pessoalmente encontrar a obra também faço saber por onde ela actualmente para. Identificado geograficamente o local e cuidando que nele se não perca por entre os montões de livros, direi que se dirija para a saída (ou, apud Heraclito, entrada) sul, à direita de quem sai, junto à caixa ... isto se se não operarem entretanto mudanças no recinto ou se a mercadoria se não esgotar (o que não creio possa suceder ). Seja dito, para tranquilidade de todos em geral e do fisco em particular, que não aufiro qualquer comissão por eventual aquisição ou por viagem que possa resultar destas indicações.
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Deixo aos destinatários a curiosidade de adivinhar quem são os outros recipientes deste euroqualquer coisa muito pessoal e bastante de "sueca a feijões", como diria o Camilo nas "Noites de Lamego". Mas como o mundo é pequeno e citando agora não o Camilo mas o Montaigne no seu "les bons esprits se rencontrent" admito mesmo que alguns, de mais cercanos, possam mutuamente achar-se - e graça teria que fosse rio-abaixo ou a combinarem isso! E, supremo gozo do responsável pela montagem deste "sketch", nem o número desses destinatários é certo. Eu, acima, disse "três" (que "é a conta que Deus fez") - mas admito não ter sido verdadeiro, quer para o lado que naturalmente se fecha no conjunto-vazio, quer para o outro, que tem fim por humano esgotamento antes de nunca o ter. E a verdade, neste mundo, ou é meia-mentira ou é tida como tal!
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Boa-noite!
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Notas a propósito:
[1] Realização que, segundo me disseram se manterá até ao dia 8 de Março e que, portanto, dobrada a ponta de África do presente mês, espero me permita abastecer com alguns agradavelmente descarados albuns do Milo Manara que ainda não tenho...
[2] O que, de imediato, exclui familiares e conviventes no universo profissional. Esses ou terão acesso ao que já existe ou tratarei aparte, como bem entender. Exclui-se formalmente todo e qualquer objectivo valentiniano.
[3] Valor que pode ser obtido meditando nos valores europeus desta via fluvial que hoje já é praticamente "toda UE" ou, mellhor ainda, preparando-se mesmo para, um dia, decidirem descê-la, como eu ainda sonho poder fazer (com o Magris de um lado e a obra de Granville Baker, de 1911, do outro, só para comparar!). Mas, muito para além das solenidades de Viena ou Budapeste i.e. visitando as lendas, recantos e histórias (e adegas) das pequenas povoações de cada margem, está bem?
[4] Admito que haja quem me chame "pão-duro" face a este índice quantitativo... mas o mercado é como é e nele ainda é válido o enunciado sertanejo da lei da oferta e da procura que simplesmente nos diz "Compadre: se eu não precurei nada, como poderei ofertar cousa alguma?". Por outro lado validar-se-á um outro aforismo corrente mas muitas vezes esquecido neste universo de pomposos: "Os livros não se avaliam pela encadernação". O mesmo se deveria dizer do bicho-homem.

sábado, 10 de fevereiro de 2007

Um texto de Mário Henrique Leiria (1923-1980)


Exageros
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O Alfredo atirou o jornal ao chão, irritadíssimo, e virou-se para mim:
- Estes jornalistas! Passam a vida a inventar coisas, é o que te digo. Então não afirmam que, no Sardoal, foi encontrado um frango com três pernas! Vê lá tu! É preciso ter descaramento.
Ajeitou-se melhor no sofá e, realmente indignado, coçou a tromba com a pata do meio.

Mário Henrique Leiria
in "Novos Contos do Gin"

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sexta-feira, 9 de fevereiro de 2007

Premeditação

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Nada mais contra-indicado que colocar sobre uma camisa de cor creme quadriculada em linhas finas verdes uma gravata de fundo azul escuro em que nadam alguns círculos dispersos de cores sortidas.
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É o que eu levo hoje. Contem comigo...
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Yeats / Bradbury: Os Frutos Dourados do Sol

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W. B Yeats (William Buttler Yeats; 1865-1939) deixou-nos a magnífica estrofe que seguidamente transcrevo do seu poema "The Song of Wandering Angus":

I will find out where she has gone
And kiss her lips and take her hands;
And walk among the dappled grass,
And pluck till time and times are done
The silver apples of the moon,
The golden apples of the sun.

Ray Bradbury usou o último destes versos como inspiração e título para um dos seus livros de contos, publicado pela primeira vez em 1953.

Gosto destes versos e daqueles contos. E também da imagem que completaria a beleza de tais palavras e que não retomo aqui, mas que deixo à minha imaginação (e à imaginação de quem as leia) para que a configure segundo o sabor e a brisa do momento!

quinta-feira, 8 de fevereiro de 2007

E se o tempo começasse a andar para trás...

... ou o ainda subconsciente receio de muitos políticos e não-políticos desta santa terrinha, que vendo-se também nos frascos, apud Bordallo, certamente encontrariam nisso uma razão forte para dizer "não!"...
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Ah, Bordallo Raphael, como tu sabias bem (e assaz "incomodantemente") caricaturar o terreno que pisavas e que tanto ainda pisamos - ou em que nos tentam pisar!...

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quarta-feira, 7 de fevereiro de 2007

Porque você merece

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Tenho pena de não poder reproduzir na íntegra a crónica sobre economia que, na sua habitual série na TSF, António Perez Metelo hoje subordinou ao título acima, destacado de diversos anúncios publicitários dirigidos à classe média - essa mesma classe que, sendo muito extensa neste país, é sempre a que faz o papel de maior mexilhão quando a onda da crise bate na rocha. Aconselho pois a que a ouçam. abordando o portal da tsf http://www.tsf.pt.
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Partindo do merecimento do consumo, Perez Metelo faz uma história recente da sua atractividade floreada para concluir, como raros cronistas têm feito, que tal merecimento, ou, melhor ainda, que tal justamente desejado direito ao consumo traz consigo um pressuposto indestacável que corresponde à outra face da mesma moeda e que é a produção de valor em termos de produção. E isto é essencial: consumo sem correspondente produção, em termos de valores, só pode existir com recurso ao endividamento - e temos aqui a equação danada do que efectivamente nos preocupa.
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Caberia agora debater aqui porque não produzimos no desejado valor. Muitas, repartidas e diversificadas responsabilidades existem e um dos favoritos desencontros, que a nada conduzem, persiste na habitual tendência de procurar varrer a responsabilidade para debaixo do tapete do vizinho, assobiando para o ar e reclamando-se de eterno injustiçado. A questão é simples e encerra-se na simplicidade do balanço apresentado na crónica da TSF. Pode ser complexo o dar a volta ao texto, mas a verdade é que tem de se dar e o que hoje não se faça vai ter amanhã custo acrescido.
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Claro é que o esforço a que nós todos já estamos sujeitos e ainda mais tempo sujeitos estaremos não pode redundar em máquina frigorífica i.e. absorver trabalho para tornar mais quente a fonte quente e mais fria a fonte fria... ou seja para mais alargar o fosso de riqueza na sociedade em que vivemos - sem no entanto apagar uma dinâmica interna que representa a própria vitalidade económica. O esbater sucessivo de fronteiras deve ser entendido como uma exigência permanente de valorização própria. Não haverá riqueza sem produção. Em parte alguma.
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Leia-se Perez Metelo, na sua crónica de hoje, e entenda-se isso. Raros o dizem de forma tão clara e tão inquietadora. Mas de nada não vale, a menos de transitória anestesia, cobrir a cabeça com a areia ou olhar o sol pela peneira (ou "as peneiras") de cada um e de todos nós.

terça-feira, 6 de fevereiro de 2007

História com palavras

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(cortesia a http://www.xusto.com/imagenes/aborto.gif)
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segunda-feira, 5 de fevereiro de 2007

D. Luís de Meneses, 3º Conde da Ericeira

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D. Luís de Meneses
3º Conde da Ericeira

Nasceu cedo demais (1632.07.22)
Morreu cedo demais (1690.05.26)
Deixou orfã a Indústria que criou!


domingo, 4 de fevereiro de 2007

O referendo (e, em nota, o telemóvel...)

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A minha posição quanto ao referendo é clara:
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1º e antes de tudo: IR VOTAR! [1] O instituto do "referendo", constitucionalmente previsto, é uma manifestação de Democracia que é odiada pelos que da democracia e da liberdade que esta assume são manifestamente inimigos (mas que sempre invocarão a liberdade para a reprimir... ou seja, usarão a interpretação restritiva que lhes é própria, reclamando a própria liberdade e usando em seu favor os erros e as deserções dos outros!) [2]
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Votar em consciência e respeitar a consciência (e o voto) dos outros. Assistimos recentemente à repetição de verdadeiras vergonhas por parte de pessoas e instituições que de há muito deveriam ter juízo mas que, seja quais forem os resultados, colherão os frutos das plantas que semearam - nem que seja no descrédito que assumem. O tempo não para.

- - - « « « «» » » » - - -

Pessoalmente, e não escondo, de há muito reflecti e defini a minha posição, esclarecendo até que já não tenho idade para receber transfusões de consciência, como certas propagandas me tentam impingir, nem de impingir opções de consciência aos que, pelo que já são, certamente a têm e eu respeito:


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[1] Ir lá, mesmo que seja para depositar voto nulo ou branco. Isso significa qualquer coisa; não ir lá significa NADA! E o "nada" em termos de direitos e deveres, é um convite para o "nada merecer e não poder reclamar por isso".
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[2] Que há quem odeie a liberdade de escolha, temos aí a recente história dos telemóveis em que um concurso cretino fomenta votos incontrolados e de valor acrescentado sob o rótulo de "o maior português" mas que logo certas facções de fundo sebástico tentaram manipular grosseiramente através de um processo de bipolarização, inclusive recorrendo uma delas a "armadinhas de telemóvel" para desviar incautos. Diga-se que, para mim, nem A nem B nem C que fosse: os maiores portugueses são muitos e insusceptíveis de voto individualizado e individualizante. Entre muitos outros que certamente não conheço - e olhando aqui ao lado, cruzando-se comigo na rua ou na memória - são-no os que comigo conviveram e trabalharam honesta, dedicadamente, com esforço, com coragem, resistindo, mas dando sempre o seu melhor, transmitindo-o não apenas no trabalho mas em toda a sua vida e , sobretudo, dando-me lições disso mesmo. Esses foram e são para mim OS MELHORES OU MAIORES PORTUGUESES, iguais aos que também o terão sido nos seus tempos e no sábio, porque esclarecido e dedicado, exercício dos seus mesteres e da sua sabedoria de existir. Dar o nome de alguns (e certamente que poderia citar uma amostra limitadíssima de tantos alguns) seria injustiçar o valor de muitos outros. O resto, ou seja o concurso, mesmo admitindo uma boa intenção na sua origem desastrada, torna-se facilmente - e como se vê - cantilena escondida com rabo de fora, milagrosa santa banha de gibóia para mitigar a artrose de certas mentes . Como disse acima e agora relembro: o tempo não para!
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sábado, 3 de fevereiro de 2007

David, Golias, os Filisteus ... e o incêndio de Roma

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No CH (Canal História, e não Confederação Helvética!) acordei no passado dia 1 com uma recordação da história de David. Ainda bem que há quem se preocupe com Golias e os Filisteus, já tão falados aqui, sem ser para execrar.
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Vide, a propósito http://www.zbp.univie.ac.at/gj/goliath/bibliografia.htm
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Outra cena interessante, mas não bíblica, que o CH algures trouxe, foi a do incêndio de Roma. Pensa saber-se que Nero o acendeu para o poder cantar, certamente por não ter perguntado a Petrónio, numa rara oportunidade de franqueza, como o poderia antecipar em texto sem necessidade de ir tão determinadamente a esturro - e tudo isto porque, naquele tempo, ainda permaneciam insonhados os adequados meios para se poder exprimir (outros diriam, "espremer") em blogue ou mesmo em qualquer forma de comunicação social.
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É capaz também de ter tido maus conselheiros ou oportunistas. Abundam sempre.
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sexta-feira, 2 de fevereiro de 2007

História curt(íssim)a 5: A contensão

Pormenor de Clio na
"Alegoria da Pintura" de Vermeer


- Hoje não, Heródoto, que estou com a História!...


LdS

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quinta-feira, 1 de fevereiro de 2007

Fevereiro: Violetas

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Vinham com o Inverno. Vendiam-se em raminhos.
Lembras-te?

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& a propósito: uma outra recordação (esta em letra de fado) ...

A moda das tranças pretas

Letra: Vicente da Câmara
Música: Ginguinhas

Como era linda com seu ar namoradeiro
'Té lhe chamavam "menina das tranças pretas",
Pelo Chiado passeava o dia inteiro,
Apregoando raminhos de violetas.

E as raparigas d'alta roda que passavam
Ficavam tristes a pensar no seu cabelo,
Quando ela olhava, com vergonha, disfarçavam
E pouco a pouco todas deixaram crescê-lo.

Passaram dias e as meninas do Chiado
Usavam tranças enfeitadas com violetas,
Todas gostavam do seu novo penteado,
E assim nasceu a moda das tranças pretas.

Da violeteira já ninguém hoje tem esperanças,
Deixou saudades, foi-se embora e à tardinha
Está o Chiado carregado de mil tranças
Mas tranças pretas ninguém tem como ela as tinha.

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