quinta-feira, 31 de agosto de 2006

As "moscas" de Schipol

.
Desculpem se este blog às vezes descarrila. Aliás até descarrila pouco, relativamente á vontade do bloguista, que gostaria por vezes de se exprimir mais vernaculamente ou de expor ideias menos encasacadas. Lá chegaremos... Mas a este apontamento, enviado como e-mail por pessoa amiga e atenta, não resisto mesmo. É qualquer coisa de estranhamente bem pensado e estranhamente eficaz, ao jogar com aquele comportamento lúdico e sádico-malandreco que ficou da infância. Poderia juntar aqui algumas observações "a propósito". Creio porém que seria de (mais) mau gosto, pelo que me fico pela notícia tal como recebida. Sem comentários, mas com gravuras concludentes!
.
"Na mosca!
No aeroporto de Schipol, em Amsterdão, os quartos de banhos são imaculados. Os azulejos estão limpíssimos, em particular as juntas, onde normalmente se acumula sujidade. Estes quartos de banho poderiam servir para uma sala de operações de tão assépticos! Todavia, ninguém repara nisso. Porquê? Porque cada urinol tem uma mosca lá dentro e é nisso que todos reparam...


Mas um olhar mais próximo revela que não se trata de uma mosca verdadeira e sim de um desenho incrustado na cerâmica do urinol num ponto estratégico. Investigações feitas nesta área (?) provaram que os homens tentam atingir a mosca ao mijar e isso reduz em cerca de 80% os salpicos para os lados! Dá que pensar... É o que se chama pomposamente controle de processo...
"

Fim de transcrição! ...

quarta-feira, 30 de agosto de 2006

Uma questão em aberto...

.

.
ou... um CD que não é de música!

terça-feira, 29 de agosto de 2006

Crocus sativus

.

(de, com outras excelentes gravuras botânicas, http://www.ubcbotanicalgarden.org/potd/2005/07/crocus_sativus.php;
vale a visita!)

segunda-feira, 28 de agosto de 2006

Quadra mesmo solta...

E já que as quadras vão aparecendo (deve ser tempo delas, como das cigarras) anotem esta, lida, sem indicação de autor, num azulejo em venda numa loja (fechada) de Alverca:

Se Cristo voltasse agora
Ao mundo que seu Pai fez
Tinha de se ir embora
Ou era morto outra vez.

Solidão

(ou "Tudo é tão alto, nesta Casa!")
.

em Lisboa, zona de Infante Santo .

domingo, 27 de agosto de 2006

Cesare Pavese



Detesto efemerizar datas de morte, mas tinha eu já o computador a caminho do desliganço e situava-me quase no convívio com Morfeu, que amanhã é dia de retoma de trabalho, quando pessoa atenta e avisada me veio lembrar que passavam 56 anos sobre o 27 de Agosto de 1950, data em que o escritor e poeta italiano Cesare Pavese, então com 42 anos (tinha nascido em Cuneo, a 9 de Setembro de 1908), decidiu, em Turim, deixar-nos e pôr ponto final no difícil e por vezs penoso "ofício de viver", que tão bem deixou expresso na sua obra.

Guardo, de Pavese, a sensação da descoberta e da surpresa, infelizmente (para mim) demasiados anos depois, através da tradução de "A Lua e As Fogueiras". Desde aí continuo a ler o que dele posso encontrar e, com isso, sucessivamente renovar uma compreensão acrescida do que é o nosso mundo e de quão limitada e pessoal e contraditoriamente vulnerável e resistente nele se coloca a nossa esfera.

O movimento dos povos chaquenhos, na Argentina - um texto de Elaine Tavares

Com a devida vénia, transcreve.se um texto de Elaine Tavares, que dá notícia recentes movimentos dos povos chaquenhos da Argentina na defesa dos seus direitos:
.
"Povos originários se mobilizam no Chaco argentino
Por Elaine Tavares – jornalista no OLA

O Chaco argentino é uma região para resistentes. No verão, as temperaturas podem chegar a 50 graus centígrados, com sensação térmica de 60. A respiração fica custosa, as gentes se abrigam e no período que vai das onze da manhã até as quatro da tarde quase não se vê viva alma pelas ruas. Já no inverno, o frio pode passar do zero grau. As variações térmicas são radicais. A vegetação é formada por pastagens e bosques, e o ecossistema é bastante frágil. Até o final do século XIX, a região do Chaco era o espaço dos povos originários, todos com um tronco comum: o guarani. Com a expansão da fronteira agrícola para o norte, aquela parte do país começou a ser ocupada por colonizadores que introduziram o gado e o cultivo do algodão. Isso tanto enfraqueceu o ecossistema quanto fragilizou a cultura originária.

Hoje, vivem na região três importantes etnias chaquenhas, os Tobas, os Wichí e os Mocoví e, a exemplo do que tem acontecido em praticamente todos os pontos da América Latina, também eles estão se levantando em busca de seus direitos e da recuperação de sua cultura. Os povos originários do norte da argentina querem proteger seu território do profundo processo de desertização que está em curso, tornando a vida ainda mais difícil para quem está à margem do sistema. Além disso, querem que as autoridades demarquem suas terras, garantam saúde, educação e resolvam definitivamente a situação das famílias criollas que ocupam as terras indígenas. O primeiro passo foi enviar um documento ao governador da província para que se manifestasse sobre o tema. O resultado foi o silêncio.

Cansados de esperar, os índios chaquenhos realizaram uma grande assembléia - com mais de duas mil pessoas - e decidiram marchar até a cidade de Resistência, sede do governo regional, para reivindicar seus direitos. As negociações permaneceram truncadas, sem respostas. A mobilização das três etnias seguiu firme e culminou com um acampamento em frente à casa de governo. Doze indígenas conseguiram entrar, e lá ficaram, decididos a permanecer em greve de fome até que o governo desse uma resposta.

Foram 32 dias de greve, num tumultuado processo de negociação que envolveu toda a gente de Resistência. Todos os dias, dezenas de pessoas ali ficaram, em frente à sede de governo, exigindo que houvesse um acordo. Ao completar trinta dias de greve, os manifestantes chegaram a divulgar uma carta de despedida, pois já estavam muito debilitados e não se vislumbrava a possibilidade de uma solução. Premido pela força da luta que se expressava nas ruas e pela repercussão internacional, o governo da província decidiu então conversar e fechar um acordo para por fim a greve.

O processo de negociação foi feito com os representantes do Instituto del Aborígen Chaqueño e os ministros de governo e da economia provinciais. Não se permitiu a presença da imprensa. Ao final, foi apresentado um documento em que o governo se compromete a resolver a questão da demarcação das terras e todas as demais reivindicações dos indígenas. A greve de fome foi suspensa no último dia 22 de agosto, depois de 32 dias, e todos os que acampavam na praça de Resistência voltaram para suas casas.

Mas, no interior da região do Chaco, os povos originários continuam mobilizados. O tal documento que consistiu no fim da greve não recebeu a assinatura do governador e todos sabem que as conquistas só virão com muita luta. São mais de 25 anos esperando pelos títulos das terras que cada dia mais vão minguando pela exploração indevida do homem branco. O prazo dado pelas etnias Toba, Wichí e Mocoví é de 15 dias. Até lá, o governo da província precisa acenar com algo concreto. Caso isso não aconteça, não há dúvidas. Eles voltarão. Não sabem a hora, nem o dia. Mas, voltarão. Da úmida região argentina, se levantam as gentes em busca de vida digna.

No enlace “notícias para ouvir”, da página www.ola.cse.ufsc.br você pode escutar a palavra dos grevistas Inocência Charole e Egídio Garcia, e do presidente do Instituto del Aborígen Chaqueño, Orlando Charole.


América Latina Livre - www.ola.cse.ufsc.br"
[grafia original]

Irony...

.

em Lisboa, zona de S.Bento

sábado, 26 de agosto de 2006

Visita à mina de Loulé

Por muito estranho que possa parecer, mas que no local se explica, este "desenho" presente na massa de sal, é uma das singularidades que se encontram nos 30 e tal quilómetros de galerias que a mina tem e vem demonstrar... a deriva dos continentes!
.
"Em Loulé há uma mina,
Das maiores de Portugal:
De Cima, tem a Campina
E por baixo é tudo sal..."
[local] .

sexta-feira, 25 de agosto de 2006

"Mazagão"

.

.
Andava eu brownianamente pela livraria Feltrinelli, oscilando entre um "Dicionário de Sociologia", um "Lessico de Biopolítica" (talvez dê para cá, para o Barreiro), o ensaio do Marco Aime "Eccessi di culture" (numa linha de pensamento em que eu começo a alinhar), o também ensaio de Luciano Gallino "La scomparsa dell'Italia Industriale" (apesar das diferenças, bastante descompensadas para o nosso lado, podem apontar-se algumas semelhanças... e a Itália tem aliás "muitos Barreiros") & etc. , incluindo certamente um Pavese para continuar a procurar uma frase que me obceca e que gostaria de re-encontrar nesse autor favorito, quando os meus olhos deram, surpresos, com um nome conhecido, inesperadamente grafado à portuguesa: "Mazagão"! Lá estás a entrar em mais despesas, pensei com os meus botões. E, após um rápido mas intenso exame, entrei mesmo...
.
Mazagão foi, como todos sabem, a ultima praça portuguesa da aventura marroquina, iniciada com a conquista de Ceuta de 1415 e que nos levou ao cansaço, desgaste e desventura culminada em 1578 com a famosa batalha "dos três reis" (em que três reis de facto morreram, só se safando o irmão de um... que tomou de imediato o trono sob o nome de Ahmed Al Mansur, i.e. Ahmed, "O Vitorioso"), também festejada em feriado marroquino sob o nome de batalha do "uéde el Makhazin" ou, como nós lhe chamamos, de Alcácer Quibir. Não tendo Ceuta dado a voz por Portugal em 1640 (e por isso até hoje continuando espanhola, embora que com o nosso escudo...), Mazagão ficou como filha-única, alvo de vários cercos, motivo de vários socorros, peso pesado em vários orçamentos (já naquela altura!), até que o Marquês decide, em nome da economia e face a incontroláveis mais custos que benefícios, abandonar a praça e a estruturação de cidade, com todas as pertinentes instituições portuguesas (Misericórdia, etc.), em 1769. Mas não é um abandono triste, uma fuga, um êxodo precipitado: é uma retirada em forma, organizada, precisa, com perspectivas de futuro, com cobertura militar até ao ordenado embarque dos ultimos civis e aí, face aos mouros estupefactos, um arrear de bandeira militarmente organizado, continência feita e transporte em ordem de marcha para os navios que aguardavam.
.
Tudo isto vem expresso, com alguma consideração, na história dos nossos vizinhos do sul - e seria mais conhecido se nós dedicássemos um escasso tempo que fosse à história dos nossos vizinhos, os de cima, os daqui do lado (que não são exactamente os mesmos dos anteriores, ainda que reunidos sob a mesma bandeira) e os do sul, para não falar dos que herdaram a nossa língua, que é outra forma de continuada vizinhança. Que sabemos nós da história do Brasil, após o "Fico!" do Infante D.Pedro, mesmo antes do Ipiranga? Certamente muito pouco! E da história de Espanha? E de Marrocos? E o que daqui a alguns anos iremos saber da história dos Países que foram nossas colónias e dos quais saímos não-tão-bem como de Mazagão (ainda que sair de um País não seja igual a sair de uma cidade e ainda que, em qualquer dos casos, se deva pensar que "o futuro deve preparar-se com tempo e olhos realistas no futuro", sem o que os Alcacer Quibir acontecem mesmo)? Adiante...
.
Pois o referido título corresponde a um livro escrito por um francês, Laurent Vidal, mestre de conferências na Universidade de laRochelle e autor de diversas publicações sobre a história das cidades e da sociedade urbana no Novo Mundo, especificamente no Brasil. Com o título original "Mazagão, la ville qui traversa l'Atlantique. Du Maroc à l'Amazonie (1769-1783)", foi editado em 2005 pelo "Département Aubier" das Edições Flammarion, e, já em 2006, traduzido em Italiano e publicado pela ed.Bruno Mondadori sob o título: "Mazagão. La cittá che attraversó l'Atlantico" [ou seja: "Mazagão, a cidade que atravessou o Atlântico"]. Nunca tinha visto este título cá... Erro meu? Distracção própria ou alheia?
.
Em lugar de tentar arduamente traduzir, no meu péssimo italiano, o pequeno texto de apresentação que consta da contra-capa do mesmo e que me parece concludente, vou buscar à apresentação francesa que se encontra em [1] uma versão semelhante e também suficientemente exemplificativa .
.
Aí vai:
.
"1514 : a Coroa portuguesa, num grande movimento de reconquista das terras infieis, funda, na costa marroquina, a fortaleza de Mazagão. Na passagem dos séculos, essa joia colonial mergulha no esquecimento. Quando começa o cerco de 1769, os 2 000 portugueses do forte não podem fazer face aos 120 000 soldados mouros e berberes que acampam junto às muralhas. Então a Coroa decide deslocar a cidade de Mazagão, com todas as suas almas e os seus bens. Nesse mesmo momento histórico, do outro lado do Atlântico, Portugal procede à colonização da Amazónia, como uma nova pérola do Império. Esse empreendimento requer braços, exactamente quando uma cidade inteira se torna disponível. Assim, o destino de Mazagão será o Brasil. Inicia-se então uma verdadeira odisseia, com o embarque das famílias, dos objectos de culto, dos livros da administração. Uma escala de 6 meses em Lisboa vai preceder a chegada a Belém, capital da Amazónia portuguesa, onde se inicia uma nova espera, esta porém de vários anos. Além no rio, a Nova Mazagão demora a brotar. Durante a espera. morrem homens, nascem crianças e a nova cidade já não irá reproduzir exactamente a cidade deixada. A difícil adaptação ao clima equatorial acrescen ao traumatismo da deslocação. Para contar a história extraordinária dessa cidade, Laurent Vidal investigou em Marrocos, em Portugal e no Brasil. E essa história ainda hoje permanece viva: todos os anos, no Brasil, os "descendentes" dos habitantes da antiga Mazagão celebram as lutas dos seus antepassados contra os Mouros.
Resumo:
  • A jangada de pedra: uma fortaleza cristã em terra infiel (1514-1769)
  • Uma cidade em trânsito: os de Mazagão em Lisboa (março - setembro de 1769)
  • Uma cidade à espera dos seus muros: os de Mazagão em Belém do Pará (1769-1771-1778). "Nova Mazagão", a cidade-palimpsesto (1770-1778).
  • A cidade mestiça no "purgatório" amazónico (1771-1833)
  • Os destinos de Mazagão, de um lado e do outro do Atlântico (séculos XIX & etc)
Procurei saber o que a "net" acrescentava a esta obra. Uma rápida busca "Google.pt" nesta data e no nome da cidade + nome do Autor levou-me à consulta de 153 seleccionadas entre das 513 referências registadas (incluinsd similaridades não desdobradas), com as seguintes conclusões:
  • É dado suficiente realce em páginas francesas e italianas às respectivas edições do livro, em diversos portais especializados, quer de editoras / livrarias, quer de meios culturais ligados ao objecto de estudo (vg. revistas de arquitectura e história);
  • Estas referências dão lugar a uma multiplicidade de informações "boomerang" em França, Itália e noutros países, seja de citação, seja de venda, seja de notícia de aquisição (vg. a dada pela Biblioteca da Universidade de Laval, no Canada);
  • A publicação teve eco no Brasil, traduzido em notícias, iniciativas, entrevistas, referências em "blogs" e mesmo o anúncio da pretendida preparação de um filme-documentário que possa trazer a história de Mazagão ao Mundo [2];
  • A publicação teve eco em Marrocos, quer em artigo transposto em blog [3] quer em realizações culturais da associação franco-marroquina, quer ainda em portais de informação externa ou de associações promocionais de carácter local [4];
  • Mas, de origem característicamente portuguesa, a pesquisa só encontrou uma única menção e essa traduzida por uma notícia da edição francesa do livro, veiculada na bloguística portuguesa em Setembro de 2005 e com conteúdo centrado mais sobre a avaliação de um processo que sobre o mérito ou demérito da obra que o descreve [5].
.
Alguém explica este aparente silêncio?
.
O nome actual da Mazagão na costa de Marrocos é El-Jadida.
.
- - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - -
.
[2] Soube, entretanto, que houve pelo menos uma presença portuguesa numa dessas apresentações formais.

quinta-feira, 24 de agosto de 2006

Mas se o Sol brilha da mesma forma para todos?

Plutão e a sua lua, Caronte (foto da NASA)

Sistema Solar. Como vem expresso nos meios de comunicação social, um grupo de astrónomos da linha mais ortodoxa acaba de definir novas regras que poderão excluir Plutão da série de planetas do Sistema Solar, passando, eventualmente, a incluir outros planetas menores - não motivados na lista por todos conhecida.
.
Espera-se que Plutão, entretanto, renuncie.
.

quarta-feira, 23 de agosto de 2006

Barreiro em blogues...

Eis uma saudável inciativa de "Atalaia" que venho de há muito acompanhando com interesse mas com apoio limitado às visitas realizadas e às âncoras (ou "links") que proporciona em
sob o título "Barreiro em blogs" e o expressivo lema "Mais que uma listagem, uma comunidade".
.
A realidade do "blog" como forma de expressão aberta a todo o mundo e não expressamente dirigida ou exigente tem-se necessariamente imposto e dela só não gostam os que se manifestam adeptos da "lei da rolha" ou do controle hegemónico dos canais correntes de expressão. O "blog" pode ser incómodo mas representa o valor extraordinário numa sociedade livre que é a própria e responsável possibilidade de o ser. O seu único senão, e eu tenho longamente meditado nisso e nisso manifestado a minha apreensão, é a possibilidade de perda de informação que sempre se associa a valores electronicamente mantidos e como tal perecíveis. O mesmo se deve ter sentido, milhares de anos atrás, quando se passou, na escrita, da plaquinha de argila para o suporte de fibra. Muitos tecnologicamente conservadores terão rasgado as vestes e augurado à Humanidade os piores males. Certamente que se perdeu muita coisa, nessa revolução, certamente que arderam bibliotecas famosas em Alexandria, em Alamut e - em tempos mais recentes - em muitos outros locais e com a eficácia acrescida das bombas de fósforo, mas não foi por isso que a evolução parou!
.
Ora o viço de uma comunidade demonstra-se igualmente pelas suas formas de expressão. Pelas suas características, o "blog" conquistou aqui também o seu lugar e, seja qual for a forma ou o "leit-motiv" das postagens, passou a fazer parte da comunidade que o emite e que, de certa forma, reflecte. Pelo seu dinamismo, pelo seu valor próprio, pela sua actividade buliçosa - tantas vezes subestimada pelos próprios autóctones, ou por algumas franjas mais auto-pseudo-engomadas destes - a "blogosfera" barreirense existe, faz presença e é reconhecida como tal. Ainda hoje, numa consulta a um portal internacional de recolha bloguística encontrei referidas, na lista de origens relativa a Portugal, algumas (nem todas) sedes de distrito e um escasso número de outras localizações activas, com aquelas irmanadas na ordem alfabética, e entre elas o Barreiro e a Baixa da Banheira! Uma presença destas conta sempre.
.
Vem isto a propósito da utilidade de os barreirenses bloguistas darem a conhecer os seus blogs. Como já acima referi, há quem se tenha abalançado a esse trabalho e produzido uma listagem provisória que está referida a 25 de Maio último. Esse trabalho merece apoio! Logo o melhor apoio que se poderá dar, além da transmissão de uma palavra amiga, concordante ou discordante que seja, será comunicar os blogs existentes, para que se conheçam todos. Somos barreirenses com prismas diferentes, com opções sortidas, mas falamos todos - de certa forma - a partir de uma base geográfica (e inclusive cultural, nos seus bons e maus conteúdos) que é comum. E há coisas com que todos nos poderemos enriquecer através da experiência compartilhada e livre que começa pelo simples acto de saber aquilo que temos. Deixei-vos acima a referência e o encaminhamento a que também podem chegar clicando na "âncora" ou "link" "Barreiroemblogs" deste mesmo blog (lista á esquerda). A partir daqui, apoiando o esforço de "Atalaia", animando-o a prosseguir na tarefa encetada com a correcta noção por este expressa de "mais que uma listagem, uma comunidade", o teclado é vosso!

Ritmo de férias: "What a wondeful World"

.
Conscientemente reduzi o ritmo que me propunha impor a esta semana de férias. Estive a arrumar o correio electrónico, onde encontrei duas tentativas de physing anunciando-me que tinha sido suspensa a minha licença de eleitor...brasileiro e que, para a renovar, tinha que fazer diversas clicações e dar outras tantas informações. Dispensei, como é óbvio!
.
Uma visita recebida de Espanha atira-me para um blog na Malásia. Deste saltitar pelo mundo, camilianamente em roupão e chinelos, encontro no ultimo visitante referido (http://maluzz.blogspot.com) o poema do "What a wonderful World", do Louis Amstrong. Não é de perder (ainda que eu tenha uma visão justificadamente céptica do planeta azul!). Então aí vai!
.
I see trees of green,
red roses too
I see them bloom,
for me and you
And I think to myself,
what a wonderful world!
.
I see skies of blue,
and clouds of white
The bright blessed day,
dark sacred night
And I think to myself,
what a wonderful world!
.
The colors of the rainbow,
so pretty in the sky
Are also on the faces,
of people going by
I see friends shaking hands,
sayin' "how do you do?"
They're really sayin'
"I love you"
.
"I hear babies cryin',
I watch them grow
They'll learn much more,
than I'll ever know
And I think to myself,
what a wonderful world
.
Yes I think to myself,
what a wonderful world
Oh yeah......
yeah yeah yeah yeah.....
.
Compreende-se bem que, ao fazer esta transcrição, burguêsmente de robe e de chinelos, nem estou no sul do Líbano nem, meio morto, desembarco na Pantelaria, nem etc (este etc tem uma verdadeira extensão planetária e sopra como o vento maldito de todos os desertos). Por isso registo a beleza do poema (e recordo a beleza da música), mas permaneço rigorosamente céptico. Cinicamente "vou às sopas!", já que estou na hora do almocinho. De fugir, isto! Detesto "alagartar-me", se esta tradução é admissível para "se lézarder". Talvez o "não te arrastes!" ficasse melhor aqui, mas - numa ou noutra versão - ao menos que fosse em boa companhia e/ou a fazer qualquer coisa de útil.
.
Certamente que então, no primeiro "ao menos" e na copulativa "e", a parte mais expressiva do poema passaria a ser apenas o Oh yeah... yeah yeah yeah yeah...
.
Na alternativa, que regresse depressa o/um trabalho.

O texto que se perdeu

.
Tinha alinhavado, hoje de madrugada, um texto que entrava manifestamente na área do político e que dava conta do primeiro reembate (e reencontro) com o folclore dos noticiários nacionais, seleccionando quatro "temas exemplares" dos JN's de ontem e ante-ontem. Eram eles: a) o estranho caso de "traficantes que escapam à cadeia por dois anos de escutas ilegais" (JN de 21 de Agosto), não pela decisão jurídica que os ilibou mas pela necessidade de encontrar responsáveis para que, em nome da Justiça e em sede de recurso, tenha um tribunal superior justificadamente emitido um veredicto na prática desculpabilizante ao fim de dois anos de intensas, onerosas, concludentes mas ilegais investigações; b) o aparecimento, num extenso eucaliptal de Fafe (JN de 22), de numerosas velas acesas encostadas a outro material combustível, confirmando não o surgimento de um novo culto mas o que tais realidades indiciam e levando a perguntar quem continua a fazer "aquilo", quais as suas efectivas motivações e como, nos meios relativamente fechados e auto-cuscados em que vive a nossa ruralidade, há certamente outros quens que sabem, que os conhecem e que calam o que sabem, num silêncio que sendo de apoio ou de medo, acaba certamente por ser também de conivência; c) a taquibérnia política (JN de ambos os dias) que se desenvolve em torno de um autarca considerado exemplar (e que terá dado provas disso), ao ver-se subitamente desapoiado pela força política que responsavelmente o apresentou aos votantes, não necessariamente todos dessa força, e que parece levar esses votantes a enfrentarem duas situações paradoxais: se conduziram o seu voto pelo cabeça de lista, a auto-remoção (voluntária mas motivada, ao que parece) daquele em que votaram ou, se conduziram o seu voto pela lista, a provável chamada do terceiro para substituir aquele, como se o segundo fosse "verbo de encher" e o apregoado "colectivo" funcionasse neste caso com estranha singularidade; e d) as renovadas diatribes de um político insular que sempre entendeu poder manifestar com truculência o seu "feitio pessoal" (JN de 21) e isso já não por ele, mas pelos que, envergando "t-shirts" da mesma cor, continuam a assobiar distraidamente para o ar e a esconder os factos debaixo do chapéu à maneira da conhecida incompatibilidade entre o S.Pedro e o canto do galo. Felizmente que, com uma oportuna suspensão da ligação ao "blogger" exactamente quando estava a ser publicada, essa minha postagem, de que apenas recordei aqui a temática essencial, se veio no restante a perder. Recordo ainda que, escolhendo uma frase "lançada" por um conhecido programa televisivo (eu, que não sou habitual ou habituado tele-espectador), rematava então dizendo "eu quero voltar para a ilha", não certamente no sentido usado pelo ultimo senhor ou por um "Cavaliere" que, recem desmontado do poder, por outras paragens e ilhas encena, numa das suas propriedades, onerosos (e incomodativos) vulcões de "suono e luce" para festejar o "mezzagosto". Aliás, seria mesmo interessante, relativamente a estes dois vincados próceres, poder colher em Suetónio a apropriada metodologia, simultaneamente descritiva, comparativa e unificadora!

terça-feira, 22 de agosto de 2006

E tiveram uma guerra em casa!

.
  Posted by Picasa

segunda-feira, 21 de agosto de 2006

Livrarias, DVDtecas e a sensação do retorno

.
Era evidente que ia deixar parte da minha bolsa em livros (e eu que não sei Italiano!) e outra parte quiçá maior em filmes passados a DVD. De ambas as coisas trouxe caça grossa e só lamento não ter nem tempo, nem orçamento, nem limite de peso para poder trazer aquilo que vi e que lamentei não trazer.
.
Curiosamente, da Cláudia (ah! a Cláudia!) só trouxe um e à ultima da hora troquei-a (vejam só!) no "Belo António" pelo "1900" que acabou por sair, versão integral, nas suas duas partes! Há sempre tempo de voltar! E, esforço extraordinário para superar a minha parcialidade vincada, trouxe vários sem a Cláudia! Lamento não ter encontrado nem o "Vaghe Stelle della Orsa", este com a Cláudia, nem o "Senso", este sem a Cláudia - aspectos estes sublinahados porque para mim o cinema italiano (e eu adoro o cinema italiano) tem desde há bastantes anos uma classificação dicotómica, tal e qual como as ginginhas: filmes com ela e filmes sem ela. Pena é que o primeiro grupo se vá reduzindo em peso relativo, mas, como diz a filosofia mais apurada ao reflectir nos conceitos menos simples "o tempo é mesmo uma porra"!
.
Quanto a livros, é verdadeiramente espantosa a capacidade editorial italiana e isto leva-me fortemente a pensar no que, de certa forma, já havia constatado aqui com os vizinhos, ou seja, que não é apenas o número de parlantes que dita o sucesso editorial de uma língua. O estúpido espírito de capela que sempre nos afastou do Brasil (e eles de nós, porque nisso também têm culpa - e, como a nossa, não é pequena!) e que, em nome de orçamentos sempre mixurucos, nos vai gradualmente afastando dos outros Palops tem feito o que agora se vê: o Português relegado para a última língua disponível (mas felizmente lá vai começando a aparecer...), as instruções que dão a alternativa em "Brésilien" ou "Brasilian" o que é bastante diferente de "Português (Brasil)", a ausência de edições que, como uma avantajada multidão de empresas inglesas ou norteamericanas indiquem para a nossa língua diversos e simultâneos lugares de edição como "eles" conseguem fazer com Londres (ou outra localização UK), NY (ou outra localização USA), Toronto (ou outra localização canadiana), New Delhi, Capetown, Perth, Aukland ou similares... E, no restante desta carroça europeia (em que o cidadão Inglês médio manifestamente é céptico mas está disposto a usar enquanto útil lhe for) , os Franceses que se cuidem![1]
.
Vem a propósito uma frase encontrada num livro apanhado ao acaso numa Feltrinelli (porque agora estas livrarias permitem a presença e a comodidade de leitores, como aliás de há muitos anos a famosa e queridíssima "Shakespeare" de Paris foi admitindo!). Numa tradução manhosa, aí vai: "Há coisas que compreendo num inimigo, que suporto num desconhecido mas que não posso relevar a quem, até ao momento, se vinha intitulando de amigo."
.
- - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - -
.
[1] E que se cuidem também os que acreditam que o facto de termos ficado em 4º lugar nos futebois mundiais nos valeu algo de imagem. Se valeu foi até à fronteira ou nos confins asiáticos, porque nas variadas vendas e lojas que pululam nos locais turísticos transalpinos vi imensas camisolas italianas (pudera! estão em casa e são campeões do mundo!), muitas inglesas, muitas brasileiras, muitas (mesmo muitas) espanholas, muitas alemãs, idem francesas, algumas angolanas mas NEM UMA - repito NEM UMA! - da selecção portuguesa ou mesmo de qualquer jogador português ao serviço de uma equipe estrangeira, como em tempo proliferavam as do Figo! Não incidindo num aspecto essencial, esta constatação não deixa de ter significado! E, fora duma visão calimeresca, não deixo de a qualificar como chata. A palavra auto-estima associada aos falhanços da educação e do comportamento de povos adquiriu um valor negativo como justificação. Dizer "é falta de auto-estima e encolher os ombros" tornou-se uma auto-indulgência perante os factos. Ora para se criar auto-estima é preciso fazer por isso. Não é esperar que apareça por aí um professor de auto-estima, que bata as palmas marcando o ritmo, porque essas figuras levam geralmente ao que se sabe. É preciso todos saberem fazer por isso, envolverem-se nos papeis que lhes cabem e, adquirindo capacidade de exercício, reclamarem sem cerimónia o que lhes compete. Todos os rebanhos andam de cabeça baixa.
.

domingo, 20 de agosto de 2006

O reino dos quadriciclos

.

.

Numa cidade eminentemente plana como é Pisa os quadriciclos encontram manifesto campo de aplicação turística, fornecendo uma concorrência democrática e personalizada aos restantes sistemas de transportes que, na zona histórica, se resumem a estes dispositivos, às bicicletas de aluguer, a escassos taxis alguns "colectivos", ao autocarro do "sight-seeing" e às carruagens de cavalos. Existem de 2 (Sirenetta) e de 4 (Delfina) lugares, ou seja de 2 e 4 pedaleiras, cabendo mais "penduras" nos bancos corridos, até de forma abusiva. Lembram mais uma vez aquela cínica definição de velocípede, independente do número de rodas, como sendo "os únicos veículos de tracção animal em que a besta puxa sentada!". Mas os turistas gostam e os quadriciclos "made in Italy" (como afiança uma chapinha polida em cada um deles) não param mesmo!

sábado, 19 de agosto de 2006

Nos 70 anos do assassínio de Federico Garcia de Lorca



Romance sonâmbulo

Verde que te quiero verde.
Verde viento. Verdes ramas.
El barco sobre la mar
y el caballo en la montaña.
Con la sombra en la cintura
ella sueña en su baranda,
verde carne, pelo verde,
con ojos de fría plata.
Verde que te quiero verde.
Bajo la luna gitana,
las cosas la están mirando
y ella no puede mirarlas.
Verde que te quiero verde.
Grandes estrellas de escarcha,
vienen con el pez de sombra
que abre el camino del alba.
La higuera frota su viento
con la lija de sus ramas,
y el monte, gato garduño,
eriza sus pitas agrias.
¿Pero quién vendrá? ¿Y por dónde?
Ella sigue en su baranda,
verde carne, pelo verde,
soñando en la mar amarga.

--Compadre, quiero cambiar
mi caballo por su casa,
mi montura por su espejo,
mi cuchillo por su manta.
Compadre, vengo sangrando,
desde los puertos de Cabra.
--Si yo pudiera, mocito,
este trato se cerraba.
Pero yo ya no soy yo,
ni mi casa es ya mi casa.
--Compadre, quiero morir,
decentemente en mi cama.
De acero, si puede ser,
con las sábanas de holanda.
¿No ves la herida que tengo
desde el pecho a la garganta?
--Trescientas rosas morenas
lleva tu pechera blanca.
Tu sangre rezuma y huele
alrededor de tu faja.
Pero yo ya no soy yo,
ni mi casa es ya mi casa.
--Dejadme subir al menos
hasta las altas barandas,
¡dejadme subir!, dejadme
hasta las verdes barandas.
Barandales de la luna
por donde retumba el agua.

Ya suben los dos compadres
hacia las altas barandas.
Dejando un rastro de sangre.
Dejando un rastro de lágrimas.
Temblaban en los tejados
farolillos de hojalata.
Mil panderos de cristal
herían la madrugada.
Verde que te quiero verde,
verde viento, verdes ramas.
Los dos compadres subieron.
El largo viento dejaba
en la boca un raro gusto
de hiel, de menta y de albahaca.
--¡Compadre! ¿Dónde está, dime?
¿Dónde está tu niña amarga?
¡Cuántas veces te esperó!
¡Cuántas veces te esperara,
cara fresca, negro pelo,
en esta verde baranda!

Sobre el rostro del aljibe
se mecía la gitana
Verde carne, pelo verde,
con ojos de fría plata.
Un carámbano de luna
la sostiene sobre el agua.
La noche se puso íntima
como una pequeña plaza.
Guardias civiles borrachos
en la puerta golpeaban.
Verde que te quiero verde,
verde viento, verdes ramas.
El barco sobre la mar.
Y el caballo en la montaña.
Federico Garcia de Lorca
(Granada, 5 Junho 1898 - Granada, 19 Agosto 1936)
- - - « « « «» » » » - - -
.
(Posto em "draft" em 19/8, na procura de uma expressão plástica alusiva e adequada que pudesse ser reproduzida aqui, mas
que surpreendentemente ou não existe ou não foi pressentida pelos motores correntes de busca de imagens;
editado a 24/8, na falta daquela.
Aliás,como se constatou na pesquisa feita, é mesmo exasperante o frequente mau uso gráfico dado ao primeiro verso deste notável poema.
Merece, no mínimo que possa ser, menos uso publicitário e mais seriedade!)
.

Refrescando a mão

.

.
Não é verdade que se diz que "nariz de cão, orelha de gato e rabo de gente nunca está quente"?
.

sexta-feira, 18 de agosto de 2006

"Palavras, Internet e a lição de Nanni Moretti"

É assim que se intitula um oportuno artigo de Paolo Maccioni, escritor [1], publicado na secção "Pista prioritaria" do diário "Il Firenze" de ontem (17 de Agosto) e que ouso traduzir (aprendendo algo com isso i.e. não dando ponto sem nó):
.
"Na comunicação escrita por via electrónica, hoje a mais frequente, convém transcrever o texto como ficheiro txt antes de o enviar. De outra forma transmitir-se-ão erros, como recentemente me aconteceu: num trecho sobre vocábulos importados e italianizados, algumas letras acrescentadas foram suprimidas juntamente com a letra subsequente. Escrevi "sciuscià" [2] mas o que se leu foi "sciusci"; incompreensível tornou-se a passagem em que se dizia que "ragù" [3] provinha de "ragoût", pois o que se podia ler era "rag de rago". Ainda mais caótica a explicação de que a palavra árabe "Šafèq" [4] (bebida corrupta) deu lugar a "ciofeca", o café de chicória que levava Totò [5] a fazer o inesquecível trejeito de desgosto. Lia-se "šaf" [4a] e o trejeito era de "Tot" em vez de Totò. Esta distorsão dá azo a que se aborde o destino das letras acentuadas que - como as "aspas" [6] e outros caracteres especiais - frequentemente são alteradas nas conversões em rede de textos, de um para outro editor. Assim se compreende que frequentemente se encontrem distribuídos em e-mail's caracteres inesperados ou pontos de interrogação, a tomar o lugar de letras acentuadas. É provável que as letras acentuadas venham a desaparecer. Os teclados anglo-americanos não as têm, muito software não as convertem automaticamente: estes são já de si motivos suficientes para que se possam perder. Mas, aparte as comunicações por sms, e-mail, forum, chat, pequenas mensagens [7] e pichagens, que os autores geralmente escrevem à pressa, deverão permanecer em uso, o mais que não seja porque, como disse Nanni Moretti, "As palavras são importantes! Quem fala (ou escreve) mal, pensa mal. E vive mal." Um facto sobre o qual se deve colocar o acento!."
.
Apareceu-me este artigo dias depois de me ver confrontado, num acesso público á Internet, com um teclado italiano, algo diferente do nosso, ainda que com muitas letras acentuadas similares, para fazer uma consulta, receber uma mensagem e preparar uma postagem neste blog. Se a consulta decorreu sem problemas, como seria de esperar (o acesso é feito no local do detentor), a mensagem tinha algumas pequenas aliterações ... e quanto á postagem tive as maiores dúvidas em teclar os caracteres desejados pois previa a possibilidade de não chegarem como configurados a computadores portugueses. Decidi então utilizar a técnica holandesa ou flamenga, i.e. dobrar as vogais acentuadas com supressão dos acentos. O resultado está na postagem do dia 14.
.
Esta solução é estranha, mas possível. Tem no entanto alguns problemas de difícil resolução: o til e o ç cedilhado. Quanto ao ç cedilhado é menos mau duplicar o c que colocar apenas o c normal. Para "caça" entre "caca" e "cacca" há alguma diferença. Duplicou-se pois o c para sugnificar cc = ç.
.
No til a situação é mais complicada. A nasalação com um n seria uma solução possível, mas de leitura difícil, nomeadamente nos ditongos, aproximando-se das palavras espanholas e italianas ou assimilando conceitos completamente afastados. Assim: dano = dão; pano = pão; cano = cão; estaccano = estação; pone = põe; roman = romã; irmano = irmão e irman = irmã, etc. Considerando esta solução pouco desejável, voltei à solução de dobrar a vogal com til. Assim daao = dão; paao = pão; caao = cão; estaccaao = estação; pooe = põe; romaa = romã; irmaao = irmão e irmaa = irmã, etc. Ou seja: por muito mau que possa ser é em princípio melhor que a anterior e não introduz caracteres estranhos como aquela (no caso vertente o n).
.
Poderã haver quem defenda a colocação do h posterior para sinalizar a vogal acentuada, em vez de a duplicar. Mas isso dá lugar a alguns problemas, dada a manutenção do nh, do lh e do ch. Vejamos míldio: com a duplicação de letras temos miildio; com o h teremos mihldio, etc. O ç, mesmo assim, não poderia ser substituído por ch...
.
A ideia de se realizar o texto primeiro em txt e seguidamente o replicar também nem sempre será facilmente possível: considere-se o caso de se realizar o trabalho numa situação em que os teclados indígenas não disponham de acentos... Poderá ser possível (recorrendo aos "caracteres especiais" mas nem sempre fácil!
.
De qualquer forma, consideramos válida a proposta de Nanni Moretti referenciada por Paolo Maccioni: esta solução só deverá ser usada quando absolutamente necessária i.e. face a dúvidas sugeridas por um teclado diferente ou por receio de software's incompatíveis. A ausência de acentos garantirá a reprodutibilidade e a legibilidade da mensagem. Apenas isso. Ou continuaremos a escrever "ministerio financas.pt", num estranho rimar com tamancas.pt?
.
------------------------------------
.
Notas:
[1] E detentor do interessante blogue http://www.paolomaccioni.it/wp/
[2] "Sciuscià", título de um dos primeiros filmes do neo-realismo italiano (Vittorio De Sica, 1946), é um neologismo então recém-criado pelo calão siciliano quando da ocupação aliada, com predomínio USA, da ilha. Deriva de "shoe-shine" e corresponde à actividade dos engraxadores, nomeadamente jovens (como é o caso do filme) que, com a sua caixinha e acessórios, procuravam na altura ganhar "algum do seu". Apresenta-se a palavra na forma original, para mostrar o efeito referenciado pelo Autor.
[3] "Ragù" e "ragoúlt" obviamente apresentadas na forma não traduzida para mostrar o efeito referenciado pelo Autor, embora a palavra "ragu" venha já adoptada no dicionário da Porto Editora, ainda que com a indicação de galicismo.
[4] e [4a] Aqui mesmo se demonstra a dificuldade: a primeira letra das palavras referidas, na grafia recomendada pelo Autor, é um "Šš": ora o "blogger" não admite directamente esta grafia e teve de se recorrer ao Word e usar depois a famosa (e perigosa) manobra "copy e paste" para se resolver o problema...
[5] Totò, conhecido cómico italiano António de Curtis (1928-1967), modesto e discreto apesar do título nobiliárquico a que tinha direito e que deixou uma marca notável na filmografia italiana do após-guerra. No combate ao esquecimento a que tem sido votado, surgiu uma primeira antologia em DVD, bem como a reedição também em DVD dos seus principais filmes. Sugere-se a visita a
[6] «Aspas» ou «comas». Quanto ao seu uso vd. Bergstroem, Magnus & Reis, Neves, "Prontuário Ortográfico e Guia da Língua Portuguesa", 45ª Edição, Lisboa, 2003, Ed. Notícias, pp.52-53.
[7] "Pequenas mensagens" é a melhor tradução que conseguimos para "pizzini", com base numa pesquisa na "net". O conceito poderia aplicar-se perfeitamente a "postagens" em blogues.
.
(Postagem aberta como "draft" a 18 de Agosto em Florença e concluída / afinada a 22 de Agosto para publicação)

quinta-feira, 17 de agosto de 2006

Constatação 3 (ou do problema)

.


.
.
(fotografado em Pisa a 15 de Agosto; postado como "draft" a 17 de Agosto; editado a 22 Agosto)

quarta-feira, 16 de agosto de 2006

Constatação 2 (ou da alienação...

.


... ou da mercadoria, apud Marx; o que mal se lê na 1ª linha é "ARRIVATO" e "BÉSTIA")
.
.
(postado como "draft" em Pisa a 16 Agosto; editado a 22 Agosto)

Posted by Picasa

terça-feira, 15 de agosto de 2006

Constatação 1 (ou da persistência vs/ convencimento)

.


.
.
(postada em Pisa como "draft" a 15 Agosto; afinada e editada a 22 Agosto)

Posted by Picasa

segunda-feira, 14 de agosto de 2006

Segurar a torre ou vestir o David

.
Dentro de pouco tempo vou tentar tratar de uma e de outra coisa. Para jaa comecco pela torre, pois é por aqui que eu ando!
.
Quanto a esta nao haa muito a fazer. Inclinada que ela estaa haa tanto tempo, farta das fotografias cretinas das pessoas a tentar seguraa-la ou a tentar empurraa-la, pouco irei eu adiantar. Comprarei a histooria e disse! Aguente-se mais um pouco; pelo menos enquanto aqui eu estiver!
.
Quanto ao David tenho de subir o rio e mudar de cidade para entregar uma camisolinha de laa "king-size" e um "cache-sex" da "indiscretissimmi" que ponham
.

Tudo por incumbente homenagem aaquelas boas senhoras que no norte e anos atraas foram aa estaatua de um Cristo morto que estava na igreja e, tal como outras jaa haviam feito a um Menino Jesus, raparam barbaramente as sagradas partes pelo seu provocante realismo. Coitadinho, estar ali o David a exibir-se haa tantos e tantos seeculos. No verao vaa laa que nao vaa, agora no inverno... salvo seja! Consta atee que inventaram agora uns calccoes de praia e uns aventais que reproduzem o mesmo detalhe do mesmo... e nem lhe respeitaram sequer o direito aa imagem! Decadeencias ou indeceencias, o demo que escolha!

.
Bem, depois conto! Os postinhos seraao feitos todos os dias e depois ee soo carregar no despacho! Haja pachorra para esperar mais um pouquinho!
.
UM AVISO APENAS: vim para me divertir. Naao contem com erudiccao ao pacote, porque naao haa! E se usar do estilo jardinesco naao rosnem. Ee um estilo & disse!

domingo, 13 de agosto de 2006

Da hipocrisia da "carta aberta"

.
Uma das modalidades hoje homologadas para que um fabiano se torne notado consiste em três movimentos sucessivos: a) conceber um destinatário sonoroso (singular ou colectivo); b) escrever-lhe uma "carta aberta"; e c) arranjar quem lha publique. Não necessita, absolutamente, de enviar a carta aberta ao tal destinatário sonoroso nem, certamente, isso foi pretendido - já que os objectivos da iniciativa estão bem delimitados e são: a) mostrar que sabe escrever; b) dar a carta aberta a ler a todos, menos áquele a que expressamente se destina (se não a leu, a culpa é dele!); e c) poupar no selo de correio.
,
A leitura de uma carta aberta pelo destinatário pode mesmo constituir uma das mais inesperadas e desagradáveis surpresas.
.
Eu já devolvi uma carta aberta, de destinatário colectivo. Dá trabalho e é duplamente oneroso, pois obriga a comprar o suporte-jormal, a averiguar o domicílio do remetente e a pagar o porte do correio. Sugere-se também que, antes da devolução, se leia a carta - embora isso não seja absolutamente necessário nem o remetente o espere. Aliás, quanto a cartas abertas, deve sempre ponderar-se a regra de eficácia que se aplica a muitas outras coisas: "não dar importância a quem não a merece". É um dos casos em que o silêncio adquire um ruidoso valor declarativo.

sábado, 12 de agosto de 2006

Um excelente comentário desenhado galego sobre os incêndios florestais

.
(Original publicado em "A Randeeira":
com a expressiva legenda: "Só queda poñerlle nomes ós chisqueiros")
.
E já agora uma questão que me preocupa: será - ou eu me engano muito nesta constatação - que as matas portuguesas a seguir a 1974-75 (já lá vão mais de 30 anos) deram em ficar, Verão após Verão, sucessivamente mais secas (e também mais diminuídas) ? E o que teria sucedido agora na Galiza para que também comecem a arder? Apenas "tédio" como se descrevia em motivos o pirómano lusíada de ontem (ver postagem), ou uma praga de inconfessáveis mas intencionais "gafanhotos" como os mostrados acima, ou noticia-se agora o que dantes se escondia (mas não creio que justifique tudo), ou anda mesmo meio-mundo a ficar "apanhado das carochas"?
.

http://www.blogalego.com

.

(cartaz de "aduaneiros"; ver o texto)
. Posted by Picasa

A recente vaga de incêndios que, depois de sobejamente nos queimar, tem andado a queimar a Galiza - e os nossos irmãos galegos não têm papas na língua a chamar os bois pelos nomes ao sentir como lhes queimam a terra - levou-me a uma excursão bloguística de há muito devida, de há muito adiada para lá do Minho.
.
É verdade que tenho andado a bater a portas erradas. Logo no início deste blogue eu intentei publicar a letra do hino galego, em que se pressente o ramalhar dos pinheiros e o olor da caruma, e procurei obter uma versão interpretada do mesmo com o receio, comum em duas versões da mesma língua, de distorcer o sentido de algumas palavras e versos. Pois prometeram-me isso... e até hoje. É mais fácil tê-lo em inglês!
.
Mas a excursão que fiz na blogoesfera galega mostrou-me uma realidade vasta e rica que certamente eu já esperava, só que continuava por aqui distraído. Em primeiro lugar, o título desta postagem leva a um motor de pesquisa temática em mais de 400 blogues galegos. Não sei se há mais motores, se mais variados, se este será o melhor. Constato a descoberta, tardia por vergonha minha.
.
Em segundo lugar, da minha excursão, retirei, com a devida vénia, um excelente cartaz [1] de:
acima reproduzido e que exactamente se refere ao drama dos incêndios que a Galiza neste momento vive.
.
Em terceiro lugar, a promessa de uma maior atenção ao confronto norte. Lembro-me quando, ainda de calções curtos, em Valença do Minho, terra de onde veio metade dos meus cromossomas, me sentava debaixo dos castanheiros da Gaviarra, sobranceiros ao posto aduaneiro da ponte internacional, e me pasmava com aquele bulício burocrático e policial levado a eito pelos bípedes humanos quando os galos de Tuy cantavam como os galos de Valença, o ladrar dos cães de lá era respondido de cá na mesma forma, e até o chamar dos filhos para o comer era parecido [2] e o Minho continuava insensível a correr como se permanecesse o Minius dos romanos e nada daquela tramitação - então tão complicada - fizesse ainda sentido.
.
- - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - -
.
[1] Expressiva e belamente "à la Kitchener", vd. as postagens feitas sobre cartazes da I Grande Guerra.
[2] Os meus tios de Valença chamavam-me - e ao meu Pai - "Xosé" como "do lado de lá" diziam e (na inexistência do J por desnecessário) grafam. Tendo achado interessante a similitude, tarde também entendi que não era apenas similitude ou aproximação, mas rigorosamente partilha de um mesmo legado linguístico!

sexta-feira, 11 de agosto de 2006

Tédio

.
Título no JN de hoje, pag. 11:

.

"Homem ateava incêndios só para combater o tédio."
.

quinta-feira, 10 de agosto de 2006

O beneplácito régio (mandemos mais que o papa nos quer mandar)

.

A uma visita que há 3 anos ficou por fazer

Sobre o beneplácito régio e das posições de D.Pedro I (Elvas,1361) e D.João I (Santarém, 1427) ao defenderem-no das arremetidas do Clero:

"Dentro da época em exame, há ainda que fazer menção das respostas dadas por D.Pedro aos agravos do clero, nas Cortes de Elvas, de 1361, e, também, ao acordado por D.João I, em Santarém, em 1427, É, aliás, a propósito dos agravos das Cortes de Elvas que temos a primeira notícia respeitante ao chamado beneplácito régio, isto é, ao poder invocado, pelo rei, de aprovar as letras pontifícias a fim de se poderem tornar obrigatórias em Portugal.

Na verdade, no capítulo XXXII dessas Cortes, queixam-se os Prelados de que o rei, sendo Infante, ordenara «que nenhuü nom fosse ousado de publicar leteras do Papa, quaesquer que fossem, sem Nosso mandado, pola qual rezom diziam que o Papa estava agravado contra os Prelados no nosso Senhorio, teendo que polo seu aazo se embargaron e embargam suas leteras, que se nom poblicam, como devião, o que se nom fazia em todolos outros Regnos.» Terminava o clero pedindo a revogação desta ordenação. Todavia, D. Pedro, em resposta, disse que «nos mostrem esses escriptos e leteras, e veellas-emos, e mandaremos que se pobliquem pela guisa que devem».

Conclui-se, pois, que D.Pedro não deu satisfação às queixas do clero. Serão renovadas tais queixas, em Santarém, no ano de 1427.

Agrava-se o clero de que a prática do beneplácito é ilegal pois «he contra direito conhecer de autps da Igreja, e sobre sentenças e feitos do Papa»; a istoresponde o Rei «que elle nom fez esta cousa de novo, antes se acustumou assy sempre em tempo dos Reys, que ante elle forom antiguamente; e esto he mais por conservaçom da jurisdiçom, e liberdade da Igreja que em seu prejuizo (...)». Terminava, considerando que «assy se guarda nos outros Regnos, e Terras: e que a Hordenaçom, e maneira que em esto tem, he boa, e esto nom perteence a ellos.»

Também, assim, D.João I conservava o instituto do beneplácito régio."

em SILVA, Nuno Espinosa Gomes da, "História do Direito Português. I Vol. Fontes de Direito", Lisboa, Fundação Calouste Gulbenkian, 1985, pag. 164


quarta-feira, 9 de agosto de 2006

Pennsylvania Station, New York

.

Os frequentadores do "Canal História" já muito terão ouvido falar (e viram aspectos) dessa histórica estação dos C.F. nova-iorquina, com simultâneos lamentos pela sua demolição, já que que o camartelo modernizador passou por ali e, indiferente às joias arquitectónicas e artísticas, tanto no conjunto como no pormenor, mandou-a mesmo abaixo para que, em seu lugar, se pudesse erguer o actual Madison Square Garden. Mas, certamente, não é muito vulgar vê-la (à estação) nuínha, em corpo inteiro, tal como era, nos seus áureos tempos. Pois assim como acima se vê era a mesma mostrada ao Mundo em Junho de 1914.

terça-feira, 8 de agosto de 2006

Henri de Toulouse-Lautrec (1864-1901)

.

Retrato (Heléne Vary),1888

segunda-feira, 7 de agosto de 2006

1984 ou Orwell revisitado?

.
Há alguns dias (26 de Julho) fiz aqui eco de um desabusado pedido de informações por parte de uma entidade bancária, invocando "exigência do Banco de Portugal". Como o "Banco de Portugal" se me não dirigiu e não me consta que tenham sido estabelecidas disposições legais nesse sentido, pedi ao dito banco que me desse conta de quais essas "exigências" para eu avaliar da sua legalidade e, eventualmente, para as transportar, como pedido de informação ou mesmo de apreciação, à CNPD - Comissão Nacional de Protecção de Dados Pessoais, entidade que existe, que é activa, que está à disposição dos cidadãos que se sintam objecto de qualquer abuso, com o site http://www.cndp.pt, uma linha de atendimento sigiloso: 21 393 00 39 e um Gabinete de Atendimento ao Público. Entretanto, não abri o jogo: os dados pessoais - que as pessoas se convençam - são PATRIMÓNIO QUE JUNTARAM e VALEM DINHEIRO. Daí a sede que existe em conhecê-los.
.
Não voltaria com este assunto ao "blogue" se não tivessem aparecido, mais recentemente, outros sinais perturbadores de idênticas tentativas de intrusão, por formas diversas, nesse universo privado. E como a fronteira entre o que é cedível e o que não tem de o ser pode flutuar ao sabor da legislação do Estado "o que faz falta é mesmo avisar a malta" para que esteja devidamente atenta a um tal sintoma de nova brotoeja que recorda algo do "antigamente" e que um autor conhecido, Georges Orwell, levou ao extremo na sua famosa e perturbadora obra "1984". Esta, embora excelentemente traduzida, pode ser integralmente lida na "net", em inglês, claro, em:
.
Comecemos por referir as situações mais óbvias, que são as mais claramente definidas quanto a objectivos. Reportamo-nos às tentativas criminosas de caçar dados para falsificar cartões de crédito, movimentar contas através da "net" e que parecem de vento em popa, em termos de frequência tentada, a avaliar pelas recentes instruções de segurança nas contas "on-line" e as divulgações à imprensa e outros meios de comunicação social. Não se julgue que isso só sucede "lá fora": "phishing", "pharming", "malware" são palavrões que vão entrando no nosso dia a dia e que não trazem nada de bom. O JN de hoje, na sua pag 4, faz um balanço sucinto dessas tremendas manobras que, como a notícia diz, ou passam pela espionagem interna "caída" no computador do próximo, tal como um virus, e que daí busca e transmite para o operador externo tudo o que possa ser útil apanhar, ou então revestem formas mais ou menos fantasiosas ou mais ou menos credíveis de pedir informações de dados, ou clicagens em ligações suspeitas, ou visitas a portais estranhos, etc. Como diz a notícia: "isco" para convencer a dar dados é indicar que a conta bancária está em risco ou pode perder dinheiro. Mas esses são os criminosos... E surge logo uma elementar dúvida "técnica": como pode, o mero utilizador informático, distinguir entre um "cookie" inocente e um "malware" que o não é? Qual o limite de protecção que deve impor aos seus sistemas de segurança (anti-virus, anti-malware, firewall) para equilibrar a segurança com a funcionalidade, no ambiente informático em que navega?
.
Vamos agora aos outros "cuscas", os que estão definitiva e institucionalmente fora desse universo marginal. Mal eu tinha alertado para o tal pedido, eis que me aparece pessoa conhecida recebedora de um outro, em todo similar, proveniente agora de uma seguradora. Estamos a encontrar uma generalização de actuações, ou o que significa isto? Aconselhei quem me falou neste novo caso a usar a mesma prática indagativa e parcimoniosa que me tinha auto-imposto.
.
Como se isso não bastasse e dentro do princípio de "cada sacholada, uma minhoca", eis que esta mesma manhã, para a realização de um acto normalíssimo, de verdadeira rotina, junto de uma repartição oficial, surge um pedido inédito de um conjunto de informações enviezadas e pessoais que nunca haviam sido solicitadas e que não parece provir de qualquer nova legislação! Não é que as informações pedidas em si surpreendam, mas - num momento em que se fala na "desburocratização", em que se louvam as "empresas na hora", etc. - estas novas "exigências no minuto", brotadas do chão, parecem estar contra a corrente do jogo ou, então, "levar qualquer água no bico".
.
Há conhecimento, ainda, de solicitações dirigidas a pessoas singulares e colectivas, umas em nome de respeitáveis princípios gerais de protecção e de repressão de abusos, outras de mera orientação de consumo - mas cuja extensão e forma parece transvasar os objectivos anunciados: peça-se, por exemplo, um impresso de inscrição em qualquer "cartão de fidelidade" ou "cartão de cliente", "propostas de crédito" ("ça va sans dire!") ou mesmo, em alguns casos, "propostas de seguros" e analise-se a justeza das questões levantadas, certamente que muitas delas "de resposta facultativa" ... mas sabe-se lá! É verdade que, para esclarecer esses casos duvidosos e até por vezes tão insidiosos que mal se dá por isso, lá estará a CNPD - e se existirem dúvidas, que se levem a essa Comissão!
.
Mas não estou só, nesta percepção de um "cheiro a esturro": Francisco José Viegas, escritor geralmente bem informado e que eu admiro (ainda que por vezes não estejamos no mesmo diapasão, mas ele é escritor e eu não sou!), cronicando também no JN de hoje sob o sugestivo título "Os hipócritas no poder", clama contra os malefícios de uma legislação anti-tabaco levada ao extremismo. Citando o caso de uma empresa irlandesa que não admite "pessoas que fumem" (não, não é que fumem no trabalho! é que fumem em qualquer sítio, em casa, na sanita, ao ar livre!) porque, no conceber dos dirigentes daquela empresa, "fumar é idiota" e aquela sociedade dispensa idiotas, e surpreendendo-se que um comissário europeu não considere isso discriminatório, o nosso escritor-opinador não se deixa ficar por aí e dá um passo em frente nos seus comentários ao escrever: "O mundo está, inegavelmente, mais perigoso e idiota. Toda a gente quer meter-se na vida privada dos outros e as leis anti-tabaco, que me merecem toda a compreensão, são uma das guardas avançadas desse espírito persecutório que começa a crescer á nossa volta". Também lhe "cheira a esturro", pelo que escreve (e bem)!
.
Por tudo isto, para evitar intromissões abusivas na vida privada de cada um, mesmo sem fumo, mesmo sem esturro, começa a ser caso de dizer "Alerta!". E de vigiar e cuidar dos nossos dados pessoais como valores patrimoniais que são. Perante todos. Mesmo perante todos! "1984", noves fora quatro - quem mais quer saber, que penteie o macaco!
.

domingo, 6 de agosto de 2006

Por vezes tem mesmo de se fazer uma pausa.

.

Um tributo silencioso e reflexivo a Immanuel Kant

sábado, 5 de agosto de 2006

Líbano

.

Líbano : existe e é um País.
.
Não podemos ficar indiferentes e temos de sentir que o que se passa na fronteira israelo-libanesa, e para além desta, traduz o permanente confronto entre os que têm (e há alguns anos não tinham) com os que não têm (e nunca tiveram) numa zona historicamente sensível e que mais agravado se torna quando o estranho dedo do poder e da riqueza, na defesa de interesses que ali não estão, quer mexer em tudo - ou mesmo, mexe em tudo. Mais uma vez a nossa posição de europeus alterna entre um "his master's voice" canino e laudatório e um "their master's vice" tão parcial e, por vezes, tão obtuso como a outra posição. O "ascendente moral europeu"- se é que alguma vez existiu a não ser quando foi suicidiariamente invocado ao nível dos nacionalismos, com o folclore das flores no cano das espingardas em comboios apinhados de soldadesca ou para condenar, no balanço das guerras e dos massacres, os horrores que os próprios europeus cometeram na sua própria carne e na carne dos outros (mas esquecendo os esquecidos ou encobrindo os encobertos) - anda pelas ruas da amargura. As ideologias também.
.
Por isso eu saúdo a iniciativa da França. Poderá resultar ou não (oxalá resulte!) mas é, sobretudo, uma proposta diplomática de iniciativa europeia para pôr fim (pôr fim?) a uma desarrumação maior numa gaveta do mundo que permanece há longos anos (ou há longos séculos?) desarrumada. E uma adesão dos EUA, se existir, é a admissão, de todo necessária (mas que certamente trará custos e distorções), de que a sua política porradista é ineficiente e injusta e que começam a compreender o que qualquer dia acabarão dramaticamente por entender nos próprios ghetos que a riqueza e a opulência vão criando nas suas cidades: que um guerrilheiro morto tem parentes. Curiosamente parece que os israelenses (i.e. os cidadãos de Israel-estado), tendo fundado a sua nacionalidade em actos de puro e militante terrorismo (já nos esquecemos todos da morte de Lord Mountbatten?) e prosseguindo-os com atitudes do mais claro desrespeito pelo direito internacional, também se esqueceram disso. Mas... um guerrilheiro morto tem mesmo parentes! É a história do menino esquecido no massacre, mortos os pais nos piores tormentos, assassinados os irmãos um a um, escondido na ânfora pela escrava ama de leite, da etnia rejeitada, que insuspeitosamente o leva, entre alcofas de tâmaras, até ao mais recôndito dos vales e que aí permanece, alimentado até ser homem, ensinado do que tinha sido, até poder descer à cidade à cabeça de um exército de outros perseguidos e apresentar-se então ao rei tirano e moribundo, reclamando, no palácio, a chave do que por direito lhe pertence.
.
Por isso, bem contra a minha vontade inicial, prossigo esta postagem com duas mensagens doridas.
.
Uma, é a história de um "bloguista" que o Estado chamou novamente às fileiras e que, com aquele exercício de poder impositivo que todos delegamos no Estado, enviou a combater pela sua Pátria e que lá ficou. Conta-lhe a história A.C., sob o título "As últimas palavras do sargento", na página 24, do JN de hoje. Era soldado, morreu a cumprir o dever que, como soldado, lhe impuseram. E eu, com a devida vénia, transcrevo.
.
Outra, é um excelente texto da escritora Urda Alice Klueger, de Blumenau, Santa Catarina, Brasil, já aqui conhecida, denominado "O Menino que Voava" e que, dolorosamente, traduz uma outra imagem da mesma realidade. Não era soldado, não chegou até a ser menino - porque antes disso foi morto por soldados que achavam (ou talvez alguns não achassem) cumprir o seu dever. Foi por iguais ao "sargento das ultimas palavras", com a aquiescência daquelas adolescentes que uma agência noticiosa fotografou a escreverem mensagens de ódio nas granadas que uma potente artilharia vai enviar sobre populações civis. Granadas que respondem ou serão respondidas pelos foguetes dos "katiuskas", remetidos também na invocação de um direito onde já se não sabe "quem responde a quem" (mas onde se sabe "quem ocupa o quê), ignorando populações civis, como sucedeu em Canaã, onde o vinho festivo foi trocado pela água suja e o sangue derramado do ódio, num verdadeiro desfazer de milagre. Esse texto trazia consigo uma fotografia que, sendo violenta, é bem menos obscena que a das "adolescentes mensajeiras", fotografia que pode ferir os mais sensíveis, mas que me deixa perguntar: o que não é violento neste momento ali? A morte violenta provocada pela guerra é sempre morte. E, ao menos, que vendo-a, mesmo quando anestesiados na tranquilidade do longe, acabemos finalmente por o entender!
.
Preferia sinceramente encontrar razões para não transcrever ambos os textos. Mas encontro-as e lamento encontrá-las.
.
Nem o jovem bloguista o voltará a ser, nem o menino voltará à terra que devia ser a sua para nela caminhar pelos seus próprios pés. Se se originaram ambos de um acto de amor, morreram ambos em consequência do mesmo ódio. Um chegou a nascer, para ser soldado; o outro nem isso. Que mensagem esperamos nós que possam ter deixado aos parentes que tiveram? Aos tais que um dia virão "reclamar a chave"? Certamente que não será uma mensagem de amor. "Os grandes cemitérios ao luar", expressivo nome que Bernanos escolheu para o seu livro sobre a Guerra Civil de Espanha, continuam a encher-se pelo mundo.
.
- - - « « « «» » » » - - -
.
As últimas palavras do sargento
.
Uma crónica de A.C. na pag. 24 do Jornal de Notícias (edição Sul) de hoje
.
Andrei Brudner é um número com nome entre os 40 soldados israelitas mortos em combate. O blogue que mantinha na internet sobre a experiência de um jovem de 18 anos na tropa crava o nome deste rapaz na memória de Israel. Neste momento, escreve o jornal israelita "Yédiot Aharonot", simples palavras como "desejem-me sorte" ou "shalom", adeus, pronunciam-se com um travo doloroso e trágico.
"Hoje estarei lá, talvez leiam sobre mim nas notícias. Vai durar dias, mas temos munições para muito tempo", escreveu Andrei Brudner da última vez que "postou", duas semanas antes de morrer, vítima de um morteiro que destruiu o tanque onde guerreava, na fronteira com o Líbano. Os sargentos Intmar Tsur e Alon Fintuch, ambos de 19 anos, morreram no mesmo ataque do Hezbollah.
Quando foi mobilizado, Andrei escreveu no blogue: "As pessoas à minha volta preocupam-se (e com razão!!!) mas estou a tentar não me preocupar. Tenho de me lembrar de quem estou a enfrentar e, assim, não viver na ilusão que tudo será bom." A guerra de Andrei Brudner começou em Gaza, para onde foi mobilizado após o rapto do soldado Gilat Shalit, a 28 de Junho, numa acção de radicais palestinianos.
"Ainda agora começou a batalha e já morreu alguém. Os primeiros serão lembrados. Quando mais morrerem, não terão nomes jamais, serão apenas números." Estas palavra, "postadas" pouco depois do início dos combates em Gaza, valem a memória futura de Andrei Brudner, um "teenager" que sonhava viajar para a Jamaica assim que terminasse o serviço militar, em Novembro de 2008. As Caraíbas faziam o sonho deste jovem, amante do hip hop, que deixou a meio uma música sobre a vida no exército. Antes, escreveu "Viver bem."
.
- - - « « « « » » » » - - -
.
O menino que flutuava
.
Uma crónica da escritora Urda Alice Klueger, de Blumenau, Brasil
.
Era julho de 2006 e um pequeno menino tão lindinho quanto uma pintura de anjo flutuava como que no espaço, liberado que estava da força da gravidade. Ao seu redor havia uma mãe. Decerto que ela era ainda bastante jovem; decerto que o menino tinha traços de anjo porque se parecia com ela. Imagino como essa mãe estava desassossegada, assim cheia de ansiedades, mas sem saber direito quando aquele menino que flutuava irromperia de dentro dela para ocupar os seus braços. No desassossego que a dominava, decerto que ela já passara a ferro o enxovalzinho recém lavado que fizera para aquela criança; decerto que não conseguia parar quieta. Ouvi dizer que todas as mães, um pouco antes de darem à luz, ficam ansiosas e expectantes. Na sua ansiedade o instinto lhe falava, e lhe dizia que logo teria nos braços um menino (ou uma menina?) que faria diferença no mundo. Coração de mãe não se engana, e o instinto lhe dava a certeza sobre o ser especial que abrigava. E ela também sabia o quanto aquela sua criança seria amada na vida. Ansiosa, desassossegada, ela esperava. Alguma dor incerta, algum prenúncio de dor devia lhe dizer que o tempo de ter seu menino nos braços chegara.
E, flutuante, o pequeno menino com traços de pintura de anjo também esperava. Já no outro dia estaria à mercê da força da gravidade; já no outro dia estaria sem aquele abrigo onde agora estava, mas teria arranjado outro: o dos braços da sua mãe. Tudo ainda era confuso e indistinto para ele: um menino assim pequenino ainda não sabe decidir, programar, tomar decisões.Um menino ainda tão pequeno só sabe de si que é tempo de nascer e de aprender a respirar e a sobreviver - ainda é o instinto que o comanda. Mas, no mundo líquido onde flutua, seus macios cabelos, que também estão flutuando, já cobrem a semente do cérebro privilegiado que terá; no seu peito, que é delicado quase como o peito de um passarinho, um pequenino coração que muito pulsará pela humanidade já bate violentamente. E, como todas as crianças do universo, no dia anterior ao seu nascimento, o instinto lhe diz que será muito amado. E ele terá a sorte de ser do grupo privilegiado, que terá amor, carinho, comida, mãos protetoras e amparo até tomar o rumo do seu caminho. Muitas e muitas outras crianças que nascerão no dia seguinte não terão a mesma sorte.
Isto, acima, é o que era para ser, e foi escrito faz bastante tempo para um menino de verdade que nasceu de verdade e tornou-se grandioso de verdade, e faz gente muito feliz de verdade. Vamos ver agora o que aconteceu de verdade em julho de 2006, no Líbano, quiçá na Palestina:
O menino que flutuava II

Julho de 2006, e a loucura tomava conta do mundo, mas mesmo assim aquela mãe carregava dentro de si o tesouro que era aquele menino com frêmitos de esperança no Futuro dele. Ela vivia no Líbano, mas a mesma história poderia ter sido igual em diversos pontos do mundo. Sua terra estava sendo duramente castigada por mísseis invasores, mas sabe como é, sempre existe a Esperança - até que um dos mísseis derrubou a parede de sua casa e tirou-lhe, dentre tantas outras coisas, a vida. Vizinhos e amigos sobreviventes acudiram-na, socorreram-na, mas ela já tinha morrido. Então era mister salvar o menino que ainda estava dentro dela, e todos se apressaram a fazê-lo. Alguém bateu a foto daquele salvamento, mas já era tarde. Estilhaços haviam entrado na sua barriga que abrigava o menino, e ele também estava morto, com profundo corte nas costas que nunca se agasalhariam nos braços da mãe que também já não existia, que nunca se encostaria numa carteira de escola, que nunca seria o Ser Especial do qual era promessa. Está aí acima a foto, ela diz tudo. O menino que flutuava agora está enterrado debaixo da terra.
Por quanto tempo vamos ficar indiferentes?
.
Blumenau, 24 de Julho de 2006.
.
- - - « « « «» » » » - - -
.
Sem mais palavras...
.
(esta postagem, deixada em "draft" a 5 do corrente, só pode ser publicada a 6 por razões técnicas)

sexta-feira, 4 de agosto de 2006

Começando no tabaco (eu, que já não fumo), passando pela caça (eu, que nunca cacei...) e acabando no Evangelho de S.João.

.
1.Dizia a Maria Antonieta que "É novo o que já está esquecido..." e é nesse estranho caminho que enveredei hoje, véspera do primeiro fim de semana potencialmente descansado - depois do que foram vários fins de semana de prazos a cumprir, textos a fazer, correrias & sobressaltos em suma. Outros virão. Pode perguntar-se "Para quê?".
.
2.A aventura começa quando assisto a um arrumar de magníficos livros-albuns numa das estantes novas que veio completar a mudança de instalações da minha empregadora. Não são meus. Um deles, dedicado à Fábrica de Tabacos de Sevilha, chama-me a atenção. Vale de facto a pena! Folheando-o, descubro a reprodução de um quadro representando operárias cigarreiras. Característica pintura da transição sec. XIX/XX, misturando o puro e o castiço. Autor: Gonzalo Bilbao. Ei-lo!
. .
3.Pouco percebo de pintura espanhola contemporânea (aliás pouco percebo de pintura, campo em que me deixo guiar pelo sincero "gosto / não gosto") e particularmente de pintura andaluza. Por isso, interessado no que vi e acima mostro, procurei na "net" aprender como, quando e quem era Gonzalo Bilbao (1860-1938). A pesquisa trouxe-me uma biografia curiosa e cheia, com uma "Carmen" graciosa mas afastada da imagem mais sólida e sensual que nos trouxe Bizet apud Merimée. Franceses! É porém certo que, como cá "há mais Marias na terra", lá haverá "Carmens y otras Carmens". Para já, esta, que foi a pintada pelo referido Bilbao:
.
Mas a dita procura, se não trouxe mais Carmens, trouxe mais outras coisas!
.
4.Trouxe-me a possibilidade de visitar um portal essencialmente anti-tabágico, mas que também tem um verdadeiro "museu do fumar", em termos artísticos. E bem desenvolvido! Vale a pena visitar! Falta-lhe, é verdade, a curiosa gravação em pedra dos fumadores maias de Palenque, que está no dito livro sobre a fábrica tabaqueira sevilhana. Mas tem muitos, muitos mais - e de todo o mundo da pintura. É em http://www.fumerias.com/tabaco.html
.
5.Desse portal concluí também que, se eu percebo pouco de pintura espanhola e particularmente andaluza, também o respectivo compilador percebe pouco de pintura portuguesa. De facto, por debaixo de um significativo ponto de interrogação e com a indicação "cuadro en azulejos de la libreria El Galeón de la calle Sagasta, en Madrid" lá estava o "Fado", do nosso José Malhoa, dado assim como obra relevante no conjunto... mas atirada para a secção de "Otros" e imputada a autor desconhecido Somos, de facto, dois povos afastados por uma fronteira culturalmente incomum. Lá despachei um prontíssimo "e-grama" para o dito portal identificando devidamente o artista e a obra! vamos a ver se me ligam alguma coisa...
.
6.Mas não fiquei por aqui. A procura do Gonzalo Bilbao levou-me a um outro portal há muito procurado: o da colecção dos calendários artísticos da UEE (Unión Española de Explosivos), que eu já conhecia, mas só de vista, do meu distante estágio escolar na SIN (Sociedad Iberica del Nitrogeno) em La Felguera, Astúrias, concretamente na Fábrica de Barros, a mais modernita, já que a Fábrica de Vega, também "felguerina" e mais pequena, tinha sobre si a fama e o proveito da antiguidade, por ter sido a primeira unidade produtora de amoníaco em Espanha... Hoje nem uma, nem outra, nem os altos-fornos do D.Pedro Duro e da SMMDF (Sociedad Minera y Metalurgica Duro-Felguera) que deixou e que se estendiam ao longo do vale...
.
7.A dita colecção resulta de uma prática arreigada e louvável daquela outra sociedade, a UEE, que consiste (consistiu? consistia?) em encomendar todos os anos uma obra de arte a um pintor espanhol de renome, servindo essa obra de arte para ilustrar o calendário do ano seguinte. Isto desde 1900, com interrupções compreensíveis durante o período da "Guerra-Civil" (1937-1939). No seu desenvolvimento actual, os calendários representados no "portal" acabam em 2002 desconhecendo-se se, depois, continua ou não...
.
8.O desenvolvimento dessa colecção, que se encontra em
revela uma base comum e duas tendências. A base comum é ilustrar sempre, ou de forma evidente ou sugerida, um produto da dita sociedade. As tendências são (a) a gradual deriva para a linha de caça; e (b) a também gradual deriva para um predomínio da representação da beleza feminina. Qualquer destas tendências, ou uma combinação de ambas, permitiria um estudo sociológico interessante. Quanto às representações femininas, destaco especialmente as de 1917, por Manuel Benito Vives (muito especialmente!), 1943, 1950 e as romãs ("granadas") de José Puyet, em 1966, também muito especialmente - mas nisto de fruta eu sou muito parcial! Realço ainda, pelo seu realismo, "La Mina", de C. Delgado, em 1950 (aliás 1950 teve dois calendários!). Gonzalo Bilbao está também presente com obras suas (1929 e 1930).
.
9. Em Portugal, essa "arte de calendário" ou de cartaz anual igualmente se praticou. Recordo as flores e frutos da "Empresa Fabril do Norte", outros de companhias de seguros, de marcas de automóveis, os calendários louvavelmente ousados para a época da Ramos Pinto (vinhos do Porto), outros ainda com o Bibendum da Michelin (já pouca gente lhe sabe o nome...), etc., etc. e, "maxime", a série de cartazes "do enriquecimento do ZP (Zé Povinho?) por usar adubos CUF", de entre 1927 e 1934 felizmente preservada e completa e que se encontra reproduzida e explicada em "Tradição do Futuro", revista do Grupo José de Mello, nº 9 (Outono 2002), pp. 52 a 54. Ignoro se alguém arrecadou exemplares das outras séries, ou onde param os "fundos" das litografias que as produziram, mas recordo bem como era costume, à época, mandar encaixilhar as respectivas litografias, que às vezes ainda se encontram à venda entre velharias.
.
10. "Pintura industrial" também houve, e seria interessante realizar uma exposição das obras que se pudessem reunir. Fica a ideia, para nos lembrarmos um dia como era a Indústria. E, aproveite-se, enquanto ainda há quem possa ajudar a escrever as "notas explicativas" e não chame "forno para a queima de pirites" a um "forno circular Hoffmann para cerâmica", como já vimos numa exposição recente sobre engenharia...
.
11. E, já que se falou de engenharia, esta espécie de "cadavre-exquis" permite concluir com uma outra anotação: isto da beleza feminina em apreciação sequencial tem o seu quê de interessante! No meu tempo de aluno de Engenharia Química existia uma revista americana especializada, que aliás ainda hoje existe, que era sempre inicialmente abordada pelas ultimas páginas, tal como há quem comece a ler o "Público" pelo Calvin e Hobbes. A razão era simples e chamava-se "Gelb Girl". Uma firma vendedora de equipamento, a Gelb, colocava as ditas, sempre actualizadas na moda ou na ousadia (que, diga-se, na época não era muita!) nos seus anúncios mensais e... valia a pena visitá-las, antes de abordar o "Chemical Engineering refresher" do Corrigan ou outras matérias mais temáticas. Era certamente um bom início. Não sei quando principiou, não sei quando acabou. Como eram fotografias, as Gelb's não tinham a apresentação capitosa dos desenhos ou pinturas do Vargas - mas merecem sem dúvida o inventário, ou pelo menos a intenção. Qualquer dia faço-o! Qualquer dia!. De certa maneira sempre animaram a Engenharia Química, antes que outros licenciados e licenciadores a sitiassem e retalhassem (e alguns dos sitiados deixassem aberta a porta enquanto assobiavam para o ar...) fazendo recordar a ultima frase do Evangelho de S.João, que se rezava no fim da Missa e já também se não reza!
.

quinta-feira, 3 de agosto de 2006

Instruções para obter no "Word" folhas fixas de exactamente "n" linhas sem se apoquentar demasiado com isso...


Pediram-me para colocar aqui este texto, escrito por mim há bastante tempo. Só posso dizer que é chato, chato, chato! Espero, por isso, que ao menos possa ter alguma utilidade.
.
Nota importante: Este texto indica uma prática do bloguista, que poderá variar de caso para caso e que é dada como mero indicativo. Haverá portanto que a comprovar e não se assume qualquer responsabilidade, como é óbvio, por resultados diferentes em mãos e equipamentos que não sejam, umas e outros, os do Autor.
.
I. Um convite...
"O texto de um qualquer autor anónimo do Sec. XIII
pode ser muito mais inteligível que muitas das instru-
ções hoje existentes quanto a informática!"
Professor Tornesol
.
Em primeiro lugar... sente-se! Descontraia-se! O seu problema não é nem dramático nem original. É mesmo muito simples! E, no entanto, é a base de sucesso para a recentemente aceite elaboração informática de textos formais (p.ex. actas) em livros de folhas soltas. Modernices ! Mas, como o tempo não pára e se poupa, de facto, muito trabalho...
.
II.A "filosofia" do sistema !
"Filosofia! Filosofia! Bla! Bla! Bla!"
Moe (o colega bruto do Calvin)
.
É claro que não vamos fazer uma grande discussão filosófica sobre o sistema, pelo que este título deveria cair nos casos de "publicidade enganosa". O que vamos é apontar alguns princípios ou passos que fundamentam a prática do que vem a seguir. Entendidos esses princípios, é tudo muito mais fácil de compreender. E não custa nada!
.
1º Princípio: Pode sempre dactilografar o texto inicialmente em bruto e depois lapidar o diamante! O problema, aqui, é seu. Nem faz parte desta questão. Já sabe que vamos partir de um texto todo bem trabalhado (tipos de letras, aspecto de parágrafos, formatação de texto) como quer que definitivamente fique... em páginas com um número certo de linhas!
.
2º Princípio: O que vamos fazer a seguir é válido para o texto todo e não apenas para parte dele! Temos pois de tomar medidas para que assim seja. Sem qualquer dúvida!
-
3º Princípio: É sempre necessário configurar a página! Nenhum gato entra num buraco antes de verificar, com os bigodes, se cabe. Ninguém compra um fato, num pronto-a-vestir, sem o ensaiar primeiro. Aqui é o mesmo: temos de saber qual a "mancha escrita" e "as margens" que queremos na página. Temos que saber o uso. Por exemplo: num texto de acta a imprimir em folhas soltas temos de contar com os cabeçalhos e rodapés que nestas existam. Daí a necessidade da configuração, que vai lançar logo mão duma instrução contida no primeiro termo da régua de menus do Word (Ficheiro ou File). É evidente que estamos a falar de folhas A4 em disposição vertical, mas se forem outras as dimensões ou outra a apresentação, o que aqui fica dito aplica-se com as necessárias adaptações!
.
4º Princípio: Já que vamos querer um número certo de linhas por página, certamente que fará jeito numerá-las! É possível andar sem velocímetro e emagrecer sem balança... mas a quantificação faz sempre jeito! Daí que ainda dentro da configuração de página, como veremos, a gente vá encontrar os acessórios adequados para fazer isto bem feito. Mas se, por vezes, não há inconveniente em que os números das linhas sejam impressos e fiquem visíveis no documento, outras vezes isso não é recomendável. Vamos aprender, portanto, a numerar as linhas... mas a poder esconder a numeração!
.
5º Princípio: A numeração das linhas não serve para nada se não a pudermos ver, mesmo quando escondida! Isto é outra verdade bem clara! Vamos ver como fazer...Não tem problema! É uma questão de Ver / View ! [poremos sempre as alternativas em Português, para ios que têm o Word
.
6º Princípio: O problema de um número exacto de linhas por página é uma questão de divisão! Certo! Por isso, em princípio, se dividirmos a mancha impressa pelo espaçamento entre linhas e definirmos este, teremos um número fixo de linhas... ou não teremos? É certamente uma questão de Formatar / Format .

7º Princípio: Devem ser desligados os sistemas que, tendo sido concebidos para ajudar em certas circunstâncias, nas que nos interessam só prejudicam! O que se disse atrás estaria rigorosamente certo se o "Word" não fosse tão bom e não procurasse garantir, de forma automática, a estética da folha. Por isso o "Word" preocupa-se com as chamadas "viúvas" e os "órfãos" e automaticamente procura resolver a situação destes... e dá-nos cabo das contas para obter um número de linhas certo. "Viuvas" e "orfãos" são linhas que ficam isoladas de um parágrafo numa mudança de página, e o "Word" tenta automaticamente evitá-las, ou chamando outras linhas à página anterior ou atirando-as para a página seguinte. E assim nós que, p.ex., tínhamos tudo calculado para ter páginas de 25 linhas vamos, num texto comprido, ter páginas de 23, 24, 25, 26 e até 27 linhas, dependendo das margens que adoptamos. Ora num sistema de linhas fixas isto não é admissível. Temos de ter uma solução mais radical, deixando as viuvas ficar viuvas e os órfãos ficar órfãos e desligando os sistemas automáticos que evitavam isso! Continua a ser uma questão de Formatar / Format.
.
8º Princípio: verificar todo o texto no monitor, fazer desaparecer linhas sem texto, retirar acessórios desnecessários ou inconvenientes e imprimir um ensaio página a página. O seguro morreu de velho e imprimir um texto definitivo num livro de folhas soltas obriga a certos cuidados. Por isso se identifica este passo! Atenção a indicações desnecessárias que por vezes se deixam na minuta mas que, no texto definitivo, convem apagar (refiro-me a cabeçalhos, rodapés, numerações, apontamentos, etc.). A impressão página a página, tirando manualmente cada uma, é especialmente útil quando se tira em "frente e verso". Mas em qualquer caso (impressão de um so lado ou de ambos), qualquer ordem genérica de "imprimir", mesmo separando par e impar e sem ser controlando manualmente página a página, é um certo convite ao desastre! Que ainda será maior se se tiver deixado a impressora com ordem de impressão "ao inverso" i.e. do fim para o princípio! Página a página e manualmente, à Guttemberg, é que tem de ser!
.
9º Princípio: imprimir agora, página a página, depois de verificar o ensaio: Boa sorte! Que a impressora não enrole, não tenha birras e que o tinteiro, a meio, se não esgote!
.
III. Concluída a exposição teórica... vamos à prática! .



"No futebol, o que conta são os golos
que se metem numa das balizas!
É porém recomendável que não sejam na nossa!"!
Ouvinte não identificado da "Bancada Central"

.
Para maior facilidade de todos, as indicações reportam-se tanto ao "Word" em Português, como ao "Word" em Inglês, postos ambos lado a lado, em negrita e itálico. Assim:
Português / English
.
1º Passo: Dactilografar o texto e lapidar o diamante:

Como se disse acima, aqui o problema é seu. Pode começar por impor uma norma de execução do texto, ou pode adaptá-lo no fim. Importante é que o que fizer se faça uniformemente em todo o texto. Eu costumo ir ao Editar / Edit , colocar o Seleccionar tudo / Select all e, a partir daí, escolher o meu tipo favorito (geralmente em actas uso o Arial 11) e clicar na formatação. Retirando agora o Seleccionar tudo / Select all, desço pelo texto abaixo, controlo títulos de capítulos ou secções, verifico se as numerações estão sequenciais, faço realces ou reentrâncias no texto, faço desaparecer linhas em branco nos casos em que tal é exigível, etc. Ou seja: coloco todo o texto "como deve ser" salvo a tal pertinente questão do número certo de linhas por página.
.
2º Passo: O que vamos fazer a seguir é válido para o texto todo e não apenas para parte dele:
.
Já se disse como resolver isto: é, agora, irmos ao Editar / Edit, colocarmos o Seleccionar tudo / Select all e mantermos isto assim nas operações subsequentes. Não tem que saber!
.
3º Passo: É sempre necessário configurar a página!
.
A sequência de operações é a seguinte:
.
3.1. Ficheiro / File -> Configurar página / Page Setup -> submenu Margens / Margins
.
3.2. Agora vai ter de colocar os valores de acordo com as suas necessidades. Para 25 linhas por página e para o sistema de páginas que costumo usar para actas em livros de folhas soltas A4, os valores que recomendo são os seguintes (à direita medidas em polegadas para "Word" em Inglês no caso desse programa não adoptar centímetros!):
.
Margens / Margins
Superior 5 cm / Top 2.0"
Inferior 3 cm / Bottom 1.2"
Esquerda 3,2 cm / Left 1.25"
Direita 3,2 cm / Right 1.25"
Medianiz- 0 cm / Gutter 0"
Cabeçalho 1,25 cm / Header 0.5"
Rodapé 1,25 cm / Footer 0.5"
.
3.3. Para livros de actas em folhas soltas, com folhas impressas dos dois lados, clico também em Margens simétricas / Mirror Margins.
.
3.4. E em Aplicar / Apply to selecciono a todo o documento / whole document.
.
3.5. Agora, ainda sem sair do menu Configurar a página / Page Setup passo ao submenu Tamanho de Papel / Paper size e verifico se está de facto no tamanho de papel conveniente, neste caso A4: Tamanho de Papel: A4 / Paper Size: A4 e em Orientação: Vertical / Orientation: portrait.
.
Recordar o que já se disse: tudo o que se está a expor tem por base esta configuração. Assim se o tamanho do papel e a orientação forem outros, é aqui que se deve actuar para fazer a devida adaptação.
.
3.6. Ainda dentro do menu Configurar a página / Page Setup vem seguidamente o submenu Origem do Papel / Paper source . Embora eu, para as actas, faça alimentação manual página a página indico aqui Tabuleiro pre-definido / Default tray (ou seja, eu é que coloco manualmente as páginas uma a uma no tabuleiro com a disposição adequada, posição que para o printer que estou a usar eu ensaiei antes com uma folha em branco apenas com um risco numa das páginas) e também Aplicar a: Todo o Documento / Apply to: whole document.
.
3.7. Para acabar o menu Configurar a página / Page Setup só resta o submenu Esquema / Layout. E este vai para o passo seguinte... Não saio, portanto, do Configurar a página / Page Setup!

.
4º Passo: Já que vamos querer um número certo de linhas por página, certamente que fará jeito numerá-las!
.
Já disse que, aqui, vou ao último submenu, Esquema / Layout, do menu Configurar página / Page Setup. E o que há a fazer , na minha prática para actas em folhas soltas, é o seguinte:
.
4.1. Verificar Início de secção: Nova página, Cabeçalhos e rodapés / Section Start: New page, Headers e Footers tudo em branco (a menos que interesse outra coisa), Alinhamento vertical: superior / Vertical alignment: Top e Aplicar a: todo o documento / Apply to: whole document..
.
4.2. Clicar agora no botão Números de Linha / Line numbers. Aparece um sub-submenu com o mesmo nome!
.
4.3.Colocar sinal em Numerar linhas / Add line numbering: de facto foi mesmo para isso que viemos até aqui! Os restantes botões "acendem-se".
.
4.4. Podemos logo verificar ou escrever as seguintes indicações: Iniciar em: 1 / Start at: 1 (de facto, não parece que queiramos iniciar a numeração noutro número...), Contar por: 1 / Count by: 1 o que permite numerar as linhas todas (se puséssemos Contar por: 5 / Count by: 5 só apareceriam as linhas contadas de 5 em 5), e, à direita, Numeração: reiniciar em cada página / Numbering: restart each page (é em geral o que precisamos, ou seja, saber que temos um número certo de linhas por página!). Repare-se que deixamos em aberto o botão Do texto / From text!
.
4.5. De facto, este botão Do texto / From text é o que nos vai indicar qual a distância da numeração das linhas ao texto escrito. Se quisermos que essa numeração fique visível, basta deixar Do texto: Autom. / From text: Autom. ; se quisermos que fique invisível, como em geral sucede para actas em folhas soltas, clicar imediatamente ao lado e para cima até desaparecer a indicação Autom. / Autom. e sucessivamente até 3,0 cm / 1.2" em programas em Inglês que não adoptem cm. . Porque temos tudo feito, clicar agora no OK / OK do sub-submenu Numeros de Linha / Line numbers (não esquecer!) e fechar este passo da obra clicando no OK / OK do menu Configurar Página / Page Setup. Adiante...
.
5º Passo: A numeração das linhas não serve para nada se não a pudermos ver, mesmo quando escondida!
.
Se usámos a indicação feita para a numeração visível, poderemos verificar imediatamente que ela está lá, à esquerda de cada linha! Se usámos a indicação feita para a numeração invisível, certamente que não a podemos imediatamente ver! Mas ela está lá... e é conveniente que seja vista!
.
Para isto faz-se:
.
Ver / View -> Zoom /Zoom -> Tipo de Zoom: 75% / Zoom to: 75% -> OK /OK...
.
e a numeração das linhas deve ficar visível! Manter assim até ao fim!
.
6º e 7º Passos: O problema de um número exacto de linhas por página é uma questão de divisão!
&
Devem ser desligados os sistemas que, tendo sido concebidos para ajudar em certas circunstâncias, nas que nos interessam só prejudicam!
.
Estes dois princípios ou passos, que são a chave do sucesso, estão tão intimamente ligados que os vamos abordar conjuntamente! As fases são as seguintes...
.
6&7.1. Repetir a manobra do Passo 2, se necessário!
.
Editar / Edit ->
Seleccionar tudo /Select all
.
6&7.2. Agora...Formatar / Format -> Parágrafo / Paragraph -> Submenu
Quebras de página e de linha / Line and page breaks
.
6&7.3. Limpar todas as indicações neste Submenu! Deve ficar tudo em branco! (é a eliminação dos tais inconvenientes que metem "viúvas e órfãos")!
.
6&7.4. Passar ao Submenu Avanços e espaçamentos / Indents and spacing . Verificar: Alinhamento: justificado / Alignment: justified ; Avanço / Indentation : as indicações aqui dependem do texto; Espaçamento / Spacing : e é aqui que está o essencial da questão. Para a configuração de página indicada as indicações a manter, para a obtenção de 25 linhas fixas por página são:
.
Antes / Before: 0 pt
Depois / After : 0 pt
Esp. entre linhas : Exactamente / Line spacing : Exactly ( "descendo" no botão)
Em: 24,5 pt / At : 24.5 pt ( idem)
.
Nota: como se dirá adiante, este valor 24.5 pt em geral dá as 25 linhas nas restantes condições do ensaio, mas é susceptível de ser ajustado. É aqui também que se pode fazer variar o número de linhas, baixando este valor (para maior número de linhas), ou subindo-o, para menor! P.ex. para 35 linhas e nas restantes condições do ensaio o valor poderá ser 17,4.
.
6&7.5. Por segurança, passar outra vez ao Submenu Quebras de página e de linha / Line and page breaks e verificar se se mantém "tudo em branco" como é essencial. Se não, corrigir antes de clicar no OK / OK (não esquecer!).
.
6&7.6. Correr o texto no monitor página a página (todas as páginas!) e verificar se estão todas com 25 linhas (no caso de querermos 25 linhas i.e. de - nestas condições - termos Em: 24,5 pt / At: 24.5 pt ! ) Se não estiverem, voltar atrás! Ajustar ligeiramente (para o lado adequado) o valor que pusemos em 24,5 (p.ex. 24,3 no caso de haver páginas com 24 linhas... ou 24,7 no caso de haver páginas com... 26 linhas) e verificar sempre o Submenu Quebras de página e de linha / Page and line breaks antes de voltar a clicar no OK / OK (essencial não esquecer isto!).
.
6&7.7. Feito isto, toda a parte informática está, em princípio, feita!
.
8º Passo: Verificar todo o texto no monitor, fazer desaparecer linhas sem texto, retirar acessórios desnecessários ou inconvenientes e imprimir um ensaio página a página.

8.1.Muita atenção ao caso de ser necessário trancar linhas com o "hífen" (ou "sinal menos") ou "middle score"; Verificar se estão mesmo todas trancadas! --------------------------------------------------------------

8.2. Se observou cuidadosamente as fases anteriores, algumas das outras verificações estão já garantidas. Mas convém sempre verificar:
.
a) se todas as folhas têm o número de linhas desejado (caso não tenham, voltar ao passo anterior);
.
b) se existem linhas sem texto (fazê-las desaparecer);
.
c) se os alinhamentos do texto, os títulos, etc. estão graficamente correctos;
.
d) se na numeração das partes do texto (se forem numeradas ou alfanumerizadas) não "saltou" ou "duplicou" alguma! [Na versão original deste apontamento, aqui cometia-se voluntariamente um erro de sequência, para que fosse notado!]

e) se existem rodapés ou cabeçalhos ou apontamentos que não devam existir;
.
f) se o texto está todo homogéneo em tipo, cor, composição de parágrafo, etc.
.
g) se a numeração das linhas está visível... e não deveria estar!
.
8.3. Para completar com o espaço para as assinaturas o texto completo duma acta, eu marco seguidamente ao texto dactilografado, com um ponto final inicial, tantas linhas quantas as correspondentes às assinaturas a receber.

8.4. É sempre possível iniciar a nova acta ou o novo texto no espaço deixado livre pelo texto anterior i.e. na mesma página mas - repito! - não esquecendo o espaço necessário para as assinaturas, se as houver. Como já disse acima, eu marco essas linhas para assinatura com pontos finais iniciais para não as esquecer na contagem!. Assim:

.

.

.

Para isso, deve anotar-se a lápis em que número de linha deve essa nova acta começar a ser impressa e "descer o texto" no original, antes de imprimir, até que a primeira linha dele fique nessa linha. Eu faço sempre um ensaio com a primeira página, numa folha em branco, para verificar mesmo... e só depois passo a imprimir o original tendo o maior cuidado em dispor sucessivamente a folha para que seja impressa a página do lado correcto de impressão!

8.5.Seguidamente, aconselho a tirar uma prova em papel com a configuração exacta com que a acta vai ser passada ao livro (isto é primeira página par ou ímpar, como seja o caso). Faço sempre a introdução manual página a página, tendo o maior cuidado em que não apareça sobre-impressão de textos, o que obriga a estar muito atento.
.
8.6. Recomendo agora que o texto seja controlado na prova, fazendo as verificações finais como referidas em 1. supra, verificando o próprio texto (ortografia, com ou sem verificação automática prévia), numeração sequencial, extenso a seguir a números, etc. Usar seguidamente a prova como guia para a impressão final.
.
9º Passo: Imprimir agora, página a página, depois de verificar o ensaio

É a hora da verdade!

Faço-o sempre manualmente, colocando folha a folha no tabuleiro com a disposição adequada. A ordem de impressão é também dada página a página! Repito: Boa sorte!
.
IV. A fechar...


"Os aviões são a jacto..."
(tradução livre de "Alea jacta est!" por
um aluno desastrado do secundário)

.

Todas as sugestões e melhorias são bem-vindas! Há certamente pessoas muito mais rápidas que fazem isto e não só com maior sofreguidão e com processos mais expeditos. Será certamente a diferença entre o artesanato e a manufactura em série. Eu, cá por mim, sou assim e assim me mantenho... divirto-me com isto... e essencialmente gosto de partilhar a experiência (como é o caso) e de fruir o momento. "Ça fait bien la différence"!

E atenção à "nota importante" inicial!

Boa noite!