sábado, 31 de outubro de 2009

A víbora negra da Austrália

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Parece que, mesmo com antídoto, é do pior que há. Ou a pessoa traz o antídoto no bolso e o aplica logo-agora-mesmo-a-seguir ou já não fica com muito tempo para escrever o título de um capítulo das respectivas memórias. Bom... Vem isto a propósito de uma crónica que li sobre um senhor que não entrou para o Governo. Enquanto tomava café (não o Governo nem o senhor) eu pude ler a dita crónica. O cronicante empolava o discurso e demonstrava como grande fora a perda para a comunidade, para a região (ah! agora já se defendem as regiões... e aquele cartaz das 8 incompetências 8 já todos o esquecemos, não é verdade, porque senão teríamos que colocar lá a 9ª incompetência, que era a do gajo ou gajos que inspiraram o cartaz), para o País, a Europa, o Mundo, a Galáxia. Tudo porreirinho. Mas. entre as laudatórias quase ditirâmbicas, salta a alabastrina tampa e aí vai a picada, que já ficas aviado. Um artista português, queres que te conte outra vez?

Afinal nem só o William teve um genial desarrincanço ao escrever assim o discurso em que o Marco António acha que o Brutus é um homem de bem.

E afinal nem só na Austrália...
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sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Desabafo de um ex-mineiro na Gralheira

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Nã! Já meu avô dizia: a gente não tem de acautelar-se c'os homens grandes, a gente tem que acautelar-se maz'é c'os grandes homens!
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quinta-feira, 29 de outubro de 2009

A ordenação das escolas

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O "ranking" fez novamente mossa, já que voltou a trazer alguma ordenação visível (e incómoda) ao ensino. Sobre casos destes, alguém, importando um verso de Horácio [1] disse um dia em bom francês do sec. XVIII:
"Chassez le naturel, il revient au galop!"

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Alguns tiros na água:

1. Quem quiser saber de onde veio a frase visite
http://www.mon-expression.info/chassez-le-naturel-il-revient-au-galop .
Eu ouvi-a pela primeira vez nas aulas de filosofia do Professor Cruz Malpique e achei-a tão adequada a várias circunstâncias que até creio já a ter usado aqui.

2. A publicação gerou ira, mas a ira não travou a publicação (vd. Jornal do Barreiro, de 23 do corrente). Cheguei a ouvir advogar-se isso, note-se., que "certas coisas não fossem praticadas". Proibir-se-á, qualquer dia, que as empresas divulguem as suas referências? Comentar-se-á que, numa avaliação de fornecedores de Engenharia (eu disse FORNECEDORES DE ENGENHARIA já para afastar dúvidas, calminha!!!), se estabeleça um "ranking"? Ou a democracia de hoje quarta-feira é diferente da que se defendia na segunda?

3. Não é a mesma coisa, dirão. Que não é? Há um conto do Kurt Vonnegut (não escondo que é um dos meus autores favoritos) em que ele descreve a criação nuns Estados Unidos de muito lá para a frentex de um cargo sinistro, o "Handycapper General". [Já o tenho confundido esse texto com um outro, de Ray Bradbury, outro Autor que eu aprecio, - não, não é o Fahrenheit embora esse possa ser também citado, é um texto menos conhecido que está num volume de contos, mas não me interrompam, por favor, deixem-me acabar o meu raciocínio! porque, de facto, há uma aproximação de modelos]. Deixando desde já muito claro que não gosto das ideias que esse texto explora, não me surpreende que faça pensar sobre a extrapolação de certas recusas. Por isso aconselho a sua leitura.

4. Estamos num planeta até ao momento isolado. Mas muitas das coisas que supúnhamos extintas com a II Guerra Mundial ressuscitaram há bem pouco tempo no conflito balcânico. E nós olhamos e quase não nos apercebemos disso. Os próprios representantes internacionais, que por lá andavam, podiam ouvir concertos musicais em salões dourados, embevecer-se com a arte, quando a 30 ou 40 km, de lá ou de cá de uma fronteira diáfana e contestada, o genocídio mostrava a sua bota e voltava a cometer as piores barbaridades. Ah! mas em escala mitigada, dirá muita gente para tranquilidade própria e para dar tempo ao Radovan, distinto médico, para escrever a sua defesa - mas nestas coisas não há escala. E para que foste falar do Radovan se há coisas muito piores mais lá longe, k´órror! (K'órror é uma maneira muito lusitana de dizer "viro a cara e já não é comigo!" ou o "síndrome do avestruz: não vejo o inimigo, não há inimigo, pontes!". Porém os dinossaurios continuam a andar por aí. Caricaturalmente ainda são galinhas. Mas um dia poderá alguém arrancar um genoma do ambar. E então...

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Profs & Profs

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Ontem, no Correio cá do subúrbio, encarei uma recordação dos meus tempos de "primária" no então Colégio Externato de Gaia. Era meu (excelente) Professor o Senhor Carlos Alves Teixeira, natural, creio, de S. Simão, Murtosa, e que muito boas recordações deve ter deixado a muita gente. Eu, por mim, fui um ingrato: nunca mais o visitei. Aliás fui um ingrato com várias pessoas e em várias coisas e, se isso me pesa, já não vai a tempo de qualquer reparação. Nem eu, narigudo como sou, seria propenso a isso. Mas adiante... Pois nos correios cá da área duas senhoras fadigavam-se a preencher os impressos (hoje muito simplificados) de um registo com aviso de recepção. Tinham dúvidas...

E eu recordei como o Sr. Carlos Alves Teixeira tinha o cuidado de passar pelos correios e de trazer uma molhada de impressos, tantos quantos os alunos da classe, e nos punha um dia a escrever um telegrama (lembrando que cada palavrinha ou sinal pagava, que convinha suprimir as que não eram precisas mas sem prejudicar a inteligibilidade do texto e que, nas palavras muito compridas, havia que contar as letras), outro dia a preparar um vale, outro dia a preencher um boletim de registo e um aviso de recepção, que era vermelho ou castanho, escrito em Português e em Francês e donde constava, nesta última língua, que eu ainda não percebia e que já muitos, por aí, deixaram de perceber, uma expressão a que eu achava muita graça "Biffer la raison inutile" ). Recordo ainda o nosso primeiro encontro com o papel selado (havia papel selado azul com o escudo da República em selo branco no meio de um escudão a verde... tudo acima das 25 linhas, se eu bem me recordo). E ele, que já nos tinha ensinado a (como redacção) escrever uma carta desmistificava o formalismo e dizia apenas para os amedrontados ganapos que nós éramos: "Meninos, o papel selado não é mais que um papel de carta. É um papel de carta para escrever a pessoas especiais. Pronto! E a primeira coisa a fazer (depois de nos ensinar a marginar à esquerda o mesmo, a 25% da largura, com a velha técnica da dobragem a a metade da metade) é escrever o endereço, isto é, o nome especial que usa a pessoa especial a quem V. vão escrever. Por exemplo: Senhor Presidente da Câmara Municipal de Vila Nova de Gaia. Mas como essa pessoa especial recebe muitas cartas dessas, tendes que, logo a seguir, escrever quem sois e de forma completa: nome, morada, número de cédula pessoal, etc., para que ele vos possa mandar uma resposta. E agora, é de dizer por escrito tudo o que quereis, tudo muito clarinho. Se pedirem alguma coisa, ponham depois um "Espera deferimento" que é dizer que esperam que seja dito "que sim" ao que pediram, coloquem o local e data, porque não há carta sem local e data, e a vossa assinatura no fim. Está bem?" E estava bem. Ensaiávamos em papel azul não selado e saímos dali a saber fazer as coisas, incluindo o cuidado a ter no selo fiscal quando fosse preciso, e que se assinava a meio mesmo, em cima do tal escudo da República, sem cobrir o valor em algarismos (em cima) e o por extenso (em baixo). E eu, nos correios, ontem, pensava cá para comigo: estas senhoras não foram certamente alunas do Sr. Carlos Alves Teixeira ou de qualquer versão dele, porque se fossem não tinham quaisquer dúvidas sobre quem era o remetente e quem era o destinatário...

E, subitamente, tive muitas saudades do meu Professor, daquele a quem fui ingrato a ponto de nunca mais o visitar, e, sobretudo, tive imensas saudades de mim - mesmo que há tantos anos continue, teimosamente, a visitar-me todos os dias.
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quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Chulice - 1

Não sei se repararam no crescimento estrondoso do negócio na "net" que corresponde ao apossamento por uma série de editoras nominalmente sérias ou de entidades autodenominadas "amigas do investigador" do acesso a artigos científicos e técnicos mediante o pagamento por artigo de valores verdadeiramente surpreendentes ou de assinaturas não menos despossedentes e que, certamente, não vão ingressar no bolso (ou nas Bolsas) dos Autores.

De há muito que me surpreendia com a gratuidade de certas prestações na "net" e de há muito que esperava que o económico ultrapassasse o altruísmo ou a difusão do conhecimento pelo progresso que causa e que caíssemos em situações deste tipo. Porém, se habituado nos tempos idos a encomendar microfilmagens de artigos publicados na Nova Zelândia ou mais algures através do CNRS (Centre National de la Recherche Scientifique) e A PREÇOS MÓDICOS e não estando à espera que a gratuidade continuasse sine-die, não esperava AGORA que chegassem ao descoco de se pedirem 37 USD ou 50 USD pelo dauneloude de um artigo... que se consegue páginas adiante encontrar à borla no "site" do Autor ou da associação ou entidade a que este pertence. Estão a mangar com (a minha demasiadamente sã verbalização nortenha impede-me de continuar).

Passamos do tempo de abertura total ao vislumbre do tempo da chulice? Parece que sim, também aqui. Só é de lamentar. E de verificar como se anda à cata de artigos com o mínimo de valor para lhes chapar um carimbo e um preço em cima. Se fosse para remunerar os Autores ,ainda se entenderia qualquer coisa. Agora USD50, ou USD37 por algo que está "à borla" ao lado? E que é mais caro que o valor facial de toda a revista? Brincamos!

Capitalistas de todo o Mundo, não precisais de unir-vos... porque, pragmaticamente revestidos da vossa consciência de classe, continuais a estar - e a assegurar o vosso crescimento, apud Marx, pela sucessiva descoberta e apossamento de novos espaços!

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Semear e colher

Não sei onde li hoje isto, mas é uma grande verdade: "colhe-se o que se semeia". Mas acrescente-se o seguinte, para uso da chicaria-esperta que por aí vagueia: "e o que se colhe sem se semear ou se paga, ou se rouba, ou se agradece".


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A tempo (091022) : Ou "se encontra" (embora tipologicamente se possa subsumir no "se agradece"), como ficou demonstrado hoje no supermercado ao constatar que alguém deixou o carrinho das compras abandonado no parque de estacionamento, a escassos 15 metros do abrigo dos antiquados carrinhos e com a moeda de 1 Euro (ex-duzentos paus) . Facto que, em tempo de crise, não é único e que também tem o seu significado. Nada há mais fungível que o dinheiro.

terça-feira, 20 de outubro de 2009

Não havia necessidade...

Um dos princípios para comentar qualquer deus de quaisquer outros é o comentador não tentar ele próprio endeusar-se.

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Alternâncias

Entre as (poucas) vantagens que uma continuidade no poder pode trazer a uma oposição está a extinção do velho argumento de que tudo o que corre mal foi devido ao mandato anterior.

sábado, 10 de outubro de 2009

Explicar

(Uma transcrição, com a devida vénia, do texto de Chico Lobo no Boletim "Voz do Brasil" que ficou por publicar a 10 deste mês...)

Explicar...

A PLENA DEMOCRATIZAÇÃO DA COMUNICAÇÃO TRANSFORMA PESSOAS EM CEGAS E SURDAS, TODO MUNDO FALA E ESCREVE, MAS NINGUEM VÊ, LÊ OU OUVE NADA


Tenho notado isso na própria internet, onde a cada dia se avolumam novos e eficientes meios de se comunicar. As pessoas escrevem muito mais do que antes, publicam muitos blogs, twitters, woofers, filmes em youtube e outros, mas gradualmente o número de visitas e leituras vem diminuindo.
O número de pessoas que absorvem informação funciona inversamente ao número de novos emissores. Quanto mais se produz informação, menor é o número de pessoas que absorvem essas informações. Todo mundo fala para um universo de surdos. O fato de escrever e publicar idéias acaba caindo no vasio.
Tenho notado também que as informações publicadas nesses meios acabam por alimentar gratuitamente as pesquisas de opinião que só servem aos donos do sistema. O acúmulo de informação na internet geradas pelas pessoas em geral nos blogs e demais sites de relacionamento e informação acabam servindo mais aos interesses do mercado e da elite politica do que á propria população que a produz.
Infelizmente, por outro lado, ainda é crescente o número de pessoas que absorvem informação dos grandes meios e das chamadas "celebridades"... parece que o povo não se gosta, não se acredita ou não se interessa por sí mesmo. Minha amiga jornalista Marisa Meliani me falou isso outro dia e eu constatei que é verdade.
Eu ainda não sei ao certo onde isso vai dar, mas de alguma maneira inteligente precisamos prever e concluir esse fato.
Esse é um fenômeno que eu gostaria de conversar com os meus queridos colegas de luta pela democratização da comunicação e ciberespaço.
Abraços a todos
Chico Lobo
08.10.09 Dia de Che Guevara
VOZ DO BRASIL é um boletim que discute questões polêmicas na sociedade,
no Estado e na cultura brasileira

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

A importância dos limites


Heraclito e os defensores da "filosofia do movimento" não conheciam o limite, como entidade matemática. Por isso (ignorância é força!) , Zenão e a sua equipe de sofistas (o CAE = Clube de Aporias de Eleia) estenderam-lhes a "rasteira" dos conhecidos paradoxos, como o do "Aquiles e a tartaruga" e o, não menos famoso, da seta que nunca consegue atingir o alvo. Este último pode ser apresentado com um enunciado simples, e excelente - porque sensível: se eu disparar uma seta contra ti, não te aflijas! Ela tem de passar pelo ponto médio da distância entre nós... e quando chegar aí tem de passar pelo ponto médio entre esse ponto médio e a tua pessoa e assim sucessivamente, percorrendo pontos médios dos pontos médios, nunca chegará a atingir-te. Se tivessem colocado um sofista como alvo da seta talvez o mundo tivesse mudado qualquer coisa. Pelo menos o sofista teria mudado.

Vem isto a propósito de um outro paradoxo que se está a tornar corrente, até entre nós: "não é democrático uma democracia defender-se dos seus inimigos". Temos numerosos exemplos e numerosas maquinações, algumas delas provenientes de mentes brilhantíssimas que, voltamos ao mesmo, usam parte da sua auto assumida brilhantina para demonstrar aos "papalvos" (e ,para a superioridade deles, os democratas são "papalvos", porque não se sabem defender), que "ignorância é força".

Se não estivermos atentos a esta quotidiana manipulação estaremos qualquer dia limitados por uma outra questão de cariz socrático (o grego): "o que é um inimigo?"

Entretanto meditemos numa outra verdade: como na matemática, em política tem de haver limites.

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Uma ferroada na Censura

Estávamos em 1940. Nesta altura o Estado Novo pontificava, o Reich amigo ainda não tinha começado a resfriar-se na "frente russa", os situacionistas ferrenhos, numa das suas expedições truculentas, iam poder reclamar-se de escaqueirar o interior de "A Brasileira", em Lisboa, o Padre Moreira das Neves tinha tido a ideia peregrina de "colar" a Igreja às Comemorações Centenárias com a instituição dos designados "Cruzeiros da Independência" (e com tal habilidade que, em certos locais do interior, quem não desse umas c'roas para o "cruzeiro" acabava visto como livre pensador, reviralhista ou bolchevista, pelo menos), e o lápis azul irritava a imprensa, grande (nas cidades) e "menos grande" (na província) - e aí com uma certa "democracia de maré baixa", ou "pela negativa", porque tanto dava porrada nuns como noutros.

É curioso poder estudar-se, hoje, como alguns jornais "contornavam" as notícias (p.ex. "O Século", com a reportagem sobre a "greve de 1943" em Lisboa) e outros chegavam mesmo a, com mestria, mandar ferroadas na Censura.

Entre estas, o caso do "suelto" que apareceu num jornal insuspeito, o "Defesa de Arouca" nº 765, de 5 de Outubro de 1940. Está a ver-se o que está por detrás... não está?

"Uma biblioteca subterrânea
Em certa mina de ouro da África do Sul existe uma biblioteca única pela situação: encontra-se a centenas de metros abaixo da superfície da terra. É constituída por 500 volumes e algumas dúzias de revistas. Os livros são emprestados de graça aos operários que queiram ler durante as horas de repouso, mas é rigorosamente proibido trazê-los para a superfície do solo, quando os leitores saiam da mina. Nesta biblioteca só se pode ler… subterraneamente."

Boa malha!

terça-feira, 6 de outubro de 2009

Realismo político

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"Recorda-se o passado melhor do que o que foi,
julga-se o presente pior do que o que é,
aspira-se a um futuro melhor do que será."

Louise d' Épinay
(em tradução livre, mas procurando manter
o realismo)

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Car(t)ago

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Eu, confusão por confusão e Romano que fosse,
sempre preferiria o Barca.
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domingo, 4 de outubro de 2009

Tremei, bichos de bico adunco ou de garra peluda!

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Do JN, 10/1/1942, página 1, coluna 6
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Atenção! O "Unidos" era a CUF! Quando impuseram à CUF que um clube que fosse designado "Grupo Desportivo da CUF" só poderia jogar nos campeonatos corporativos, porque trazia consigo uma designação de clube de empresa, esta (a CUF) tratou de dar a volta ao texto e criou um clube que nada tinha mesmo a ver com a designação da empresa. Era o "Clube Unidos do Futebol", também conhecido por "Os Unidos" ou, por iniciais, CUF! Quando mudou o preceito, mudou o nome do clube.

sábado, 3 de outubro de 2009

Eryngium tripartitum


Tenho, num canteiro. Prolifera e pica que se farta! Mas colocá-la aqui é a forma de não me esquecer do raio do nome.

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Imagem: créditos a www.findmeplants.co.uk

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

Um poema de Alexandre O'Neil

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Amigo


Mal nos conhecemos
Inaugurámos a palavra amigo.

Amigo é um sorriso
De boca em boca,
Um olhar bem limpo,
Uma casa, mesmo modesta, que se oferece,
Um coração pronto a pulsar
Na nossa mão!

Amigo (recordam-se, vocês aí,
Escrupulosos detritos?)
Amigo é o contrário de inimigo!
Amigo é o erro corrigido,

Não o erro perseguido, explorado,
É a verdade partilhada, praticada.

Amigo é a solidão derrotada!

Amigo é uma grande tarefa,
Um trabalho sem fim,
Um espaço útil, um tempo fértil,
Amigo vai ser, é já uma grande festa!

Alexandre O'Neil