domingo, 30 de novembro de 2008

Do ambiente no tempo, uma mensagem de Santa Catarina, Brasil

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Jacatirão (ou Quaresmeira)

Se, em Portugal, trememos hoje de frio, estamos no tempo dele. Mais que os extremos característicos das estações dos solstícios, que são o Verão e o Inverno, o que é de surpreender - e ainda recentemente um meteorologista conhecido o referia - é a mudança brusca entre estas, que quase deixa antever um prático emagrecimento (para não dizer desaparecimento) da Primavera e do Outono. Há, efectivamente alterações e perturbações climáticas a registar. Uma visão optimista dirá que ciclos mais largos e portanto menos perceptíveis permitem admitir que a presente evolução traduz quadros algures já experimentados no Planeta; uma outra leitura, afinada por um maior conecimento das circunstâncias, chama a atenção para os crescentes efeitos das políticas ambientais negligenciadas. A verdade é que, todos os dias, para além das cenas de violência que fazem grande parte dos noticiários, surgem descrições de intempéries e "desmandos" inéditos do clima. Ainda há dias pudemos avaliar o efeito destrutivo e violento das chuvas, cheias e aluimentos no Sul do Brasil, mais concretamente no Estado de Santa Catarina. E é de Santa Catarina que, com autorização de publicação, me chega a seguinte crónica-mensagem - que agradeço e gostosamente transcrevo:


"ALERTA DA NATUREZA EM SANTA CATARINA


Por Luiz Carlos Amorim (escritor e editor – http://br.geocities.com/prosapoesiaecia )


Na última sexta estive viajando para o norte do estado e passei por Itajaí, Balneário Camboriú, Joinville, Jaraguá do Sul e outras cidades atingidas pelas enchentes deste final de novembro. Vi lugares ainda alagados, vi a marca da água nos prédios, vi o trabalho de limpeza dentre grandes quantidades de lama e escombros, vi terrenos, casas e móveis destruídos. Não vi as dezenas de vítimas, cujo número aumenta a cada dia, mas vi solidariedade, vi garra nessa gente catarinense valorosa que perdeu tudo, mas está ali, ajudando o próximo, pronta para construir tudo de novo.


E vi a chuva caindo, aumentando o risco de novos deslizamentos, aumentando a angústia daqueles que têm suas casas em locais de risco.


E em meio a tudo isso, não pude deixar de perceber os jacatirões floridos à beira da BR 101, em Barra Velha, Araquari, Joinville, São Francisco, Jaraguá, Corupá. A grande quantidade de árvores debruçadas sobre a estrada, a exibir suas tantas flores vermelhas (na verdade os botões desabrocham brancos, mas vão ficando mais vermelhos à medida que vão se abrindo mais), me deu a nítida impressão que elas queriam dizer alguma coisa, como se fosse a mãe natureza tentando se desculpar de alguma coisa da qual na verdade ela não tem culpa. Como se aquelas grandes árvores coloridas, que também poderiam ser arrancadas do chão pela enxurrada,quisessem consolar, nos mostrando que, apesar da dor, a beleza e a alegria da cor ainda existem e nos dão esperança para recomeçar. Os galhos cheios de flores acenando para nós, que estávamos passando pela 10l ou outra estrada estadual, pareciam dizer: “Sinto muito pela dor que este tempo tão diverso está causando, mas ele está assim porque o homem, o ser humano, não tem se preocupado com o meio-ambiente – com o ar, com a terra, com a água, que são a sua vida. A poluição acumulada, não contida há tanto tempo, é que descontrolou o clima. A ganância desmesurada fez com que se fechasse os olhos às agressões contínuas ao meio-ambiente. E isso resulta nas tragédias que estão acontecendo ao redor do mundo. O homem precisa respeitar mais e proteger a natureza para ser protegido.”


Isso não me saiu mais da cabeça, pois sei que a natureza está dando o seu recado, disso não há a menor dúvida. Nós, homens, sábios homens, precisamos nos conscientizar, o mais rápido possível – esperemos que não seja tarde demais – de que é preciso fazer alguma coisa, tomar atitudes para que salvemos o nosso planeta Terra"

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sábado, 29 de novembro de 2008

Apresentação de uma nova obra de Mauro Camargo

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É com prazer que aqui trago a notícia da apresentação de uma nova obra de Mauro Camargo, que já nos brindou com excelentes contos publicados neste blogue. Terá lugar a 5 do próximo mês de Dezembro, de acordo com o convite-aviso que seguidamente se publica. Pena é não poder ir lá. Cumprimentos amigos e parabéns, Mauro!

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sexta-feira, 28 de novembro de 2008

Em matéria de representação social...


Com este título, de remoto ressaibo jurídico, publicava "O Século" de 20 de Junho de 1942, na sua secção "O Século no Porto", datada esta do dia anterior, uma judiciosa reflexão que quase me passaria despercebida se não fosse o travo de uma experiência recente. Concluo que reparos há que se mantém a frescura (ou o sal, ou até o picante) mesmo quando mais de 66 anos já se lhes sobrepuseram. Assim, essa "Nota do Dia" - que como tal era chamada - pode renascer com oportunidade neste blogue, uma vez adaptada por mero exercício de homotetia a outras circunstâncias, tempos e responsabilidades sociais.

"Em matéria de representação social

De todas as solenidades que, a cada passo, se realizam, no geral as que mais simpatia despertam são as de agremiações populares. O entusiasmo, a sinceridade com que se juntam em volta do seu estandarte os respectivos associados, impressionamsempre quem com eles toma contacto. Uma comemoração, uma homenagem, uma inauguração constituem oara a gente humilde um acontecimento de vulto ainda que seja modesta a festa.

Com todo o respeito convidam-se autoridades; com alegria se prepara a recepção. Geralmente uns tantos associados sacrificam a sua pobre bolsa para que nada falte às pessoas de representação, cuja presença , se é honra para a agremiação, é estímulo para os seus associados.

Lamentavelmente se verifica, porém, que, de há um tempo a esta parte, a maioria das individualidades representativas convidadas para tais festividades brilham pela sua ausência. Chega a hora do início das solenidades e ninguém aparece nem se faz representar, nem sequer se previne a entidade que fez o convite. Assim, se obrigam dezenas, centenas de pessoas a estarem uma, duas horas à espera dos convidados oficiais , quando não da própria personalidade homenageada.

No último domingo, por exemplo, deram-se dois casos desses: um nesta cidade, outro em S. Mamede de Infesta.

Ora quem é convidado, ou declina o convite, ou assume a obrigação de ir ou fazer-se representar. E quanto mais elevada for a sua categoria maior deve ser o cuidado em não faltar aos elementares preceitos da cortezia, mesmo para a gente humilde que bem merece todas as atenções."

Isto escrevia "O Século" em tempos de instalada e áspera Censura.

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Imagem de, entre outros, inet.sitepac.pt
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quinta-feira, 27 de novembro de 2008

Num livro em segunda mão

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A caminho da Hemeroteca Municipal, em S. Roque, ufano do meu novo "brinquedinho" EEE, encontrei numa montra, com preço módico e razoável estado, a obra que considerei de interesse comprar e que em cima mostro só de rosto. Contra a corrente do jogo, ou melhor "contra a corrente do tema" (ou talvez não!), o anterior possuidor deixou nela uma folha A4 com um fragmento de texto dactilografado, datado de Setembro de 2000. E no verso, manuscrita, uma frase que considerei com interesse e que aproveito para aqui expor:

"O tempo está parado. Nós é que passamos pelo tempo."

Não sei de quem é a frase. Mas Philip Jose Farmer certamente gostaria dela. Eu também.
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quarta-feira, 26 de novembro de 2008

Yannis Ritsos (1909 - 1990)

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Devo a uma amável leitora deste blogue, Ana, e a falarmos de Kontantin Kavafi, a entrada num novo e enriquecedor achamento, que mais uma vez demonstra o oceano profundo do muito que não conheço e as tempestades que nele se desencadeiam sobre o que, não conhecendo, antes deveria conhecer: o poeta grego Yannis Ritsos.

Não vou escrever sobre o que (ainda) não sei e, por isso, limitar-me-ei a tentativamente traduzir a breve biografia do poeta tal como consta da “Poetry International Web” relativa à Grécia [1] e a reproduzir o seu retrato tal como constante da postagem “aykırı doğrular - NO WAR!” do blog “sevilla”[2]:

“Yannis Ritsos
(Grécia, 1909 – 1990)

Atingido pela tuberculose, por infelicidades familiares e por uma repetida perseguição movida pelas suas ideias comunistas, Yannis Ritsos (Monemvasia, 1909 – Atenas, 1990) passou muitos anos da sua vida em sanatórios, prisões ou em exílio político , enquanto produzia dúzias de volumes, entre poemas, dramas e traduções.

Tendo iniciado a sua trajectória literária como seguidor da tradição demótica moderna, Ritsos passou a uma fase de poesia militante e doutrinária , como em “Trakter” [Tractores] (1934) e “ O Epitaphios” [Funeral] (1936) – obra simbolicamente queimada junto da Acrópole pelo governo fascista de Metaxas. Durante a ocupação nazi da Grécia (1941-1944) e a subsequente Guerra Civil (1946-1949), Ritsos, como combatente, integrou as guerrilhas comunistas. Derrotadas estas, foi detido e mantido prisioneiro durante quatro anos. Nos anos ’50, “O Epitaphios”, posto em música por Mikis Theodorakis, tornou-se hino da esquerda grega.

Apesar destas desfortunas, Ritsos acabou por atingir um plano pessoal e humanitário, em que o ódio e a recriminação estão ausentes. Em longos poemas, como os seus celebrados “Romiosyni” (1947), “Sonata ao Luar” (1956) e em muitos dos seus ultimos volumes, Ritsos escreve com simpatia e esperança, celebrando – numa expressão directa e sóbria - a vida, o brio e a dignidade do homem comum. Ritsos voltou a ser preso pela Junta Militar grega, exilado e proibido de publicar até 1972. Em toda a sua vida e contra todos os obstáculos, Ritsos publicou 117 livros, incluindo numerosas peças teatrais e ensaios. [3] [4].

Registada esta breve notícia sobre o poeta, recorro novamente a Ana para transcrever alguns exemplos da poesia de Ritsos que amavelmente me facultou [5]:

"A outra cidade

Há muitas solidões cruzadas - diz - em cima e em baixo
e outras no meio; diferentes e semelhantes, forçadas e impostas
ou como que escolhidas, como que livres - mas sempre cruzadas.
Mas no fundo, no centro, há apenas uma solidão - diz;
uma cidade vazia, quase esférica, sem quaisquer
anúncios luminosos multicores, sem lojas, sem motocicletas,
com uma luz branca, vazia, brumosa, interrompida
por centelhas de desconhecidos semáforos. Nesta cidade
habitam desde há anos os poetas. Caminham silenciosos de braços cruzados,
recordam factos imprecisos, esquecidos, palavras, paisagens,
estes consoladores do mundo, sempre inconsolados, perseguidos
pelos cães, pelos homens, pelos vermes, pelos ratos, pelas estrelas,
perseguidos até pelas suas próprias palavras, ditas ou não ditas."


"Tardinha

Regou as flores. Ouviu a água a pingar da varanda.
As tábuas ficam húmidas, envelhecem. Depois de amanhã,
quando a varanda cair, ela ficará suspensa no ar,
serena, formosa, segurando em suas mãos
os dois grandes vasos de gerânios e o seu sorriso."


"Corrida de Cavalos


Cortaram lenha do bosque. Acenderam a pira. Sobre ela colocaram o morto.
Depois começaram as corridas de cavalos, para prestarem honras
ao digno lutador e à sua beleza. Depois da meia-noite,
os homens, extenuados das lutas, não puderam chorar.
Apenas o cavalo de Antíloco, todo negro,
todo reluzente à luz das chamas, apoiando-se
nas patas traseiras, saltou por sobre a fogueira e perdeu-se na noite.
Pelo acampamento ficou aquele cansaço maravilhoso, supremo,
como um esquecimento, como uma serenidade, - o último orgulho de um homem.
Quanto ao cavalo de Antíloco, ninguém mais o procurou."


"Coisas simples e incompreensíveis

Nada de novo - diz ele. Os homens matam-se ou morrem,
sobretudo
envelhecem, envelhecem, envelhecem - os dentes,
os cabelos, as mãos, os espelhos.
Aquele vidro do candeeiro, quebrado - consertámo-lo com
um jornal.
E o pior de tudo: quando aprendes que algo vale a pena, já passou. Então
faz-se uma grande serenidade. Chega o verão. As árvores
são altas e verdes - muito provocantes. As cigarras cantam.
À tardinha as montanhas azulecem. Lá de cima descem
homens obscuros. Coxeiam ladeira abaixo (fingem que
coxeiam).
Lançam cães mortos ao rio, e depois, muito tristes e como
que irritados
dobram os sacos de linho, coçam os testículos e olham a lua
na água. Somente
essa coisa inexplicável: o fingirem de coxos, sem que
ninguém esteja a vê-los."


"Testamento

Disse: Creio na poesia, no amor, na morte,
e por isso mesmo creio na imortalidade. Escrevo um verso,
escrevo o mundo; existo; existe o mundo.
Da ponta do meu dedo mínimo corre um rio.
O céu é sete vezes azul. Esta pureza
é de novo a primeira verdade, a minha última vontade."


Creio que, depois de ler e reler isto, só me restam duas palavras imediatas: “Obrigado, Ana!”. O resto é silêncio, e voltar a ler.

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[1] Com cortesia a
http://greece.poetryinternationalweb.org/piw_cms/cms/cms_module/index.php?obj_id=2465
[2] http://img.blogcu.com/uploads/sevilla_ritsos.jpg
[3] Da guerra civil grega, fora alguns apontamentos (nomeadamente cinematográficos), pouco conhecemos, bem como do papel das forças que nela intervieram. De notar que, de facto, começou ANTES de acabar, na Europa, a II Grande Guerra e que nela imediatamente participaram as forças (nomeadamente inglesas) que tinham libertado a Grécia da ocupação nazi..
[4] Um outro portal, ao referir-se a Ritsos, indica-se outros poetas gregos que igualmente desconhecia: Kostis Palamas, Giorgios Seferis e Odysseus Elytis. Registo-os para oportuna visita.
[5] Desconheço a autoria da tradução, que será acrescentada logo que conhecida.
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terça-feira, 25 de novembro de 2008

Museu da Marioneta


Uma interessante experiência... a não perder!


segunda-feira, 24 de novembro de 2008

Panorama siderúrgico (Wigan), de L.S. Lowry

L. S. Lowry (1887 - 1976) - Paisagem de Wigan, em 1925
Adicionar vídeo
Reflexão (que não é do pintor):


Não se cria indústria sem estabelecimento
Não se cria indústria sem trabalho
Donde...

(fragmento de "Homenagem a Putilov" - texto ainda não publicado)
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domingo, 23 de novembro de 2008

Lavradienses na 1ªGG

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Por razões que não entendo, mas que me poderão ser atribuídas, só agora incluí, nas minhas estantes, o volume "Combatentes da 1ª Grande Guerra - Lavradienses na Guerra de 1914-1918", com texto de João Saraiva e edição da SFAL - Sociedade Filarmónica Agrícola Lavradiense (Av. J.J.Fernandes, nº 41, 2835-376 LAVRADIO, tf. 212 042 576, e-'ndereço: sfal@sfal.pt, portal: www.sfal.pt). Já conhecia a obra, por a ter folheado em casa de pessoa amiga, considerando-a, sem dúvida, como uma edição de muito interesse e grande qualidade, que só peca, a meu ver, pela sua escassa difusão, de que resulta um parco conhecimento "fora de portas" - difusão e conhecimento que amplamente mais merecia. Data de 2007, integrando-se nas comemorações do 140º aniversário da SFAL ("a mais antiga colectividade do concelho do Barreiro") e teve uma tiragem de 500 exemplares. Partindo da fotografia de 12+1 combatentes da 1ª Grande Guerra e do desafio em identificá-los, como descreve o prefácio do Dr. António Sousa Pereira, director do jornal "Cachaporreiro", da referida associação, a obra - após o necessário enquadramento histórico - avança com as 12 histórias de guerra e de vida dos fotografados, já que, destes, um ficou por identificar. Todos lavradienses. E, para além da história destes lavradienses que estiveram presentes na que verdadeiramente foi merecedora do título de "mãe de todas as guerras" - é de salientar, nos agradecimentos, os nomes de muitos outros lavradienses de origem ou naturalização (e não só) que terão de alguma forma contribuído para o sucesso na realização da obra.

Ora esta meritória edição - como tantas outras - justifica dois breves comentários:

O primeiro, que não obscurece o valor próprio da iniciativa editorial da respeitável colectividade supracitada e o incontestável mérito do Autor, a quem o Lavradio já deve outras obras, é exactamente a sua limitada tiragem e difusão - quando certamente poderia constituir um sucesso de prateleira (e um trabalho exemplar) em qualquer livraria. Merecia isso. Com a qualidade do seu conteúdo, assistida pelos patrocínios e apoios que teve, caber-lhe-ia - mesmo assim - o direito de poder ter ido mais longe. Experiência recente veio ensinar-me como, quando a obra é de qualidade e/ou de mensagem, uma parceria com um editor idóneo pode favorecer economicamente a edição e também, tecnicamente, promover a sua publicidade e difusão externa. Verdade é que essa parceria envolve compromissos ao exigir, em muitos casos, que os conteúdos se tornem menos domésticos e se apresentem, para o exterior, como minimamente palatáveis. Esse pragmatismo - que não é subserviência - tem certamente as suas vantagens ao permitir levar mais longe a mensagem, evitando que monólogos sensaborões, herméticos ou solipsistas desnecessariamente atafulhem prateleiras e esvaziem orçamentos. Esta obra teria merecido isso mesmo, tornar-se mais conhecida, tornar o Lavradio mais conhecido através das "histórias de vida", que o são, dos seus doze combatentes - a que não falta o toque romântico e desafiador do "não identificado", que é o 5º da segunda fila, da esquerda para a direita. Filho que sou de um combatente minhoto da I GG, esta obra especialmente me toca. Parabéns, pois.

A segunda questão que me preocupa reside no alcance efectivo das obras localmente editadas (ou apoiadas) por órgãos autárquicos ou por associações que prezam o desenvolvimento local. Existe, nesse plano, um respeitável esforço editorial que carece de conhecimento e difusão, que torna difícil a identificação e o acesso a obras como esta - de génese local mas de um interesse potencial muito mais alargado. A "net" propiciou um inegável instrumento de procura, mas que não é ainda suficiente - muitas das vezes por ser esmagadoramente super-abundante em informação não-selectiva. Era necessário, era útil, que essa divulgação e conhecimento, que não deveria revestir a mera forma burocrática, pudesse apresentar-se como um "catálogo virtual" de obras editadas ou patrocinadas, sempre actualizado, sempre pronto a dar as informação necessárias. Não há intuitos centralizadores ou asfixiantes na simples sugestão de existir uma oferta de sistemática colocação (sempre actualizada) num "portal" da AMP ou por esta coordenado das obras (incluindo musicais) editadas ou patrocinadas por cada Câmara Municipal, através de uma reprodução da referida portada, da sua ficha técnica, das palavras-chaves adaptáveis e de um resumo limitado mas suficiente dos respectivos conteúdos. Não seria demasiadamente oneroso e seria certamente útil - no País que nós somos e que tanto demora a reconhecer-se a si próprio nas suas memórias e em tantas das suas realizações mais válidas.
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sábado, 22 de novembro de 2008

22 de Novembro

Festa de Santa Cecília, padroeira da música e dos músicos, e, em Astrologia, ou o primeiro dia do signo de Sagitário, ou o último dia de Escorpião.

Algumas efemérides, "catadas" em várias origens (mas não percam o final!!!)...

* 498 - Após a morte de Anastácio II, Simaco é eleito Papa no Palácio de Latrão e Laurêncio é também eleito Papa em Santa Maria Maior - o que não deixa de serem Papas a mais para uma só cadeira.
* 1718 - Ao largo da Carolina do Norte, uma força de abordagem comandada pelo Tenente Robert Maynard mata, em combate, o pirata inglês Edward Teach (geralmente conhecido como o "Barba Negra").
* 1830 - Charles Grey, 2º Marquês de Grey, torna-se Primeiro Ministro da Grã-Bretanha.
* 1836 - Em Portugal, é assinado o diploma de criação dos Liceus, no âmbito da liberal Reforma do Ensino de Passos Manuel, que prevê o incremento da instrução pública.
* 1864 - Na Guerra da Secessão Americana: Durante a destruidora "Marcha para o Mar", desencadeada pelas forças da União sob comando do General William T. Sherman, o General Confederado John Bell Hood invade o Tennessee, numa tentativa desesperada, mas mal sucedida, para forçar as forças de Sherman a retirarem do território da Geórgia.
* 1880 - A actriz de "vaudeville" Lillian Russell estreia-se no Teatro de Tony Pastor, na cidade de Nova Iorque.
* 1890 - Nasce Charles De Gaulle, militar e estadista francês, herói da Resistência e presidente da França. este é, aliás, um dos muitos nascimentos célebres que assinalam este dia.
* 1906 - O sinal de socorro SOS é adoptado no Congresso Internacional de Rádio e Telegrafia de Berlim. Não foi de grande utilidade para o "Titanic", seis anos depois - porque tinham desligado o receptor mais próximo.
* 1913 - Nasce Benjamin Britten, que muitos qualificam como o mais importante compositor britânico do século XX, autor de "War Requiem" e das óperas "Peter Grimes", "Billy Budd", "Morte em Veneza".
* 1922 - Egiptologia: Howard Carter, apoiado por Lord Carnarvon, abre o túmulo de Tutankamon (e, alegadamente, lixam-se colectivamente com isso!)
* 1928 - Estreia de "Bolero", de Maurice Ravel, em Paris
* 1931 - Fundação do Rádio Clube Português a partir da associação detentora do Rádio Clube da Costa do Sol, nascido da CT1 DY e da Rádio Parede.
* 1935 - Um "clipper" americano da carreira do Extremo Oriente ("China Clipper") descola de Alameda, California numa tentativa para transportar o primeiro correio aéreo através do Pacífico (o avião consegue chegar ao seu destino - Manila, nas Filipinas - onde faz entrega de 110 mil objectos postais. Ufa!)
* 1940 - II Grande Guerra: respondendo à invasão italiana, as tropas gregas avançam em território albanês e ocupam Koritsa. Este avanço dos gregos, depois da ousadia italiana, que vai continuar, fará com que os alemães sejam obrigados a enviar tropas para os Balcans , entrem no vespeiro da Jugoslávia e retardem a operação Barbarossa (BarbaRuiva) de invasão da URSS, com as consequências que são conhecidas.
* 1940 - Nos EUA, Philip Murray sucede ao fundador John L. Lewis como presidente da CIO - Congresso das Organizações Industriais.
* 1942 - II Grande Guerra: durante o sangrento desenrolar da batalha de Estalinegrado, o General alemão Friedrich Paulus telegrafa a Adolf Hitler, informando-o de que o 6º Exército Alemão foi cercado pelos russos - confirmando o velho aforismo de que "uma informação hierárquica de baixo para cima traduz quase geralmente uma notícia indesejada" (a versão fabril do aforismo original substitui "uma notícia indesejada" por uma formulação mais sintéctica, numa só palavra e com apenas 5 letras).
* 1943 - II Grande Guerra: O presidente norte-americano Franklin Delano Roosevelt, o primeiro-ministro inglês Winston Churchill e o dirigente chinês Chang Kai-Shek reunem-se no Cairo, Egipto, para debater as formas de derrotar o Japão, e as condições de rendição deste, (reunião que ficará conhecida como "Conferência do Cairo")
* 1943 - O Líbano torna-se independente da França, pelo que o 22 de Novembro passa a ser designado como "Dia da Independência" no Líbano.
* 1961 - Sobem as taxas do sistema tributário português, para fazer face às despesas da guerra colonial.
* 1963 - John F. Kennedy é assassinado em Dallas, Texas - num atentado em que o Governador do Estado, John B. Connally fica seriamente ferido. A autoria do atentado é imputada a Lee Harvey Oswald, que virá mais tarde a ser capturado e acusado da morte do polícia J. D. Tippit. Ainda neste dia, o vice-presidente Lyndon B. Johnson é empossado como 36º presidente dos Estados Unidos.
* 1964 - Suspensão do Diário de Moçambique, por ter noticiado o número de baixas causadas pelo estado de guerra na então Província Ultramarina.
* 1967 - O Conselho de Segurança da ONU adopta a Resolução 242, que estabelece um conjunto de princípios orientadores para um acordo de paz entre os Países Árabes e Israel. - nomeadamente o abandono, por Israel, dos territórios ocupados - e apela ao reconhecimento do Estado de Israel pelos seus adversários.
* 1968 - Os Beatles editam o seu 9º album oficial, e 1º LP duplo, intitulado "The Beatles" mas comummente conhecido como "The White Album" (o "Album Branco")
* 1970 - Reunião de emergência do Conselho de Segurança da ONU, que aprova uma resolução que exige "a retirada imediata de todas as forças armadas portuguesas" do território da Guiné Conacri.
* 1971 - É criado o Serviço Nacional de Ambulâncias, na dependência do Ministério do Interior. * * 1972 - O Conselho de Segurança da ONU aprova, por unanimidade, nova resolução que exige a Portugal o início de conversações para o fim das guerras em África.
* 1972 - Guerra do Vietnam: os Estados Unidos perdem, em acção, a sua primeira super-fortaleza voadora B-52.
* 1974 - A Assembleia Geral da ONU concede o estatuto de observador à Organização de Libertação da Palestina (OLP = PLO).
* 1975 - Juan Carlos de Borbón é proclamado Rei de Espanha, após a morte do Caudilho Francisco Franco.
* 1976 - Angola é admitida nas Nações Unidas.
* 1977 - Mário Soares e Adolfo Suarez assinam o Tratado de Amizade e Cooperação Portugal-Espanha, substituindo o Pacto Ibérico firmado "in illo tempore" por Oliveira Salazar e Francisco Franco.
* 1977 - A British Airways inaugura a carreira regular "supersónica" Londres-Nova Iorque com utilização do Concorde.
* 1978 - Toma posse o IV Governo Constitucional, o primeiro de iniciativa presidencial, liderado por Mota Pinto.
* 1980 - Morre a actriz norte-americana Mae West, 87 anos (segundo consta, bem vividos).
* 1981 - O dissidente soviético Andrei Sakharov inicia a greve de fome.
* 1983 - O Parlamento alemão federal aprova a instalação de mísseis da NATO em território da RFA.
* 1984 - O Governo português aprova o registo dos contribuintes sujeitos ao IVA, primeiro passo para a reforma do sistema fiscal português.
* 1985 - Dois agentes secretos franceses são condenados, na Nova Zelândia, a dez anos de prisão pelo afundamento do navio "Rainbow Warrior", da Greenpeace. No afundamento, morre um português - tripulante do referido navio.
* 1986 - Boxe: Mike Tyson bate Trevor Berbick por KO no 2º "round" e torna-se assim, com 20 anos e 4 meses, o mais jovem campeão mundial de pesos-pesados.
* 1987 - Duas estações de TV de Chicago são assaltadas por um pirata desconhecido, vestido à como Max Headroom
* 1988 - A África do Sul aprova o acordo de princípio para a independência da Namíbia.
* 1988 - Em Palmdale, California, é mostrado o primeiro protótipo do bombardeiro furtivo B-2 Spirit.
* 1989 - Na parte ocidental de Beirute, uma bomba atinge o cortejo automóvel do Presidente libanês René Moawad, de 65 anos, que morre no atentado sem chegar a aquecer a cadeira presidencial (tinha sido eleito 17 dias antes).
* 1990 - Margaret Thatcher, após 17 anos de poder, demite-se do cargo de Primeiro Ministro do Reino Unido. O Reino Unido respirou fundo... e procurou em vão a sua Indústria, entretanto perdida.
* 1991 - A Holanda, antiga potência colonial da Indonésia, suspende os auxílios ao país, após o massacre de Santa Cruz, em Díli.
* 1999 - O primeiro-ministro António Guterres apresenta o emprego como prioridade absoluta da presidência portuguesa da União Europeia, que começa a 01 de Janeiro.
* 2000 - O jornalista moçambicano Carlos Cardoso, 52 anos, é assassinado em Maputo.
* 2002 - A Assembleia Geral da NATO aprova o alargamento a sete países do Leste europeu, em 2004.
* 2002 - Na Nigéria, um ataque de contestantes ao concurso de Miss Universo provoca uma centena de mortes.
* 2003 - Confirmadas as suspeitas de fraude nas eleições da Geórgia, a oposição ocupa o Parlamento e a população cerca o Ministério do Interior, em Tbilissi. A Guarda Nacional alia-se à oposição. Os manifestantes reclamam a demissão do Presidente Edvard Shevardnadze .
* 2003 - "Rugby Union": A inglaterra bate a Austrália na Final da Taça Mundial e torna-se Campeã do Mundo.
* 2004 - Após as eleições presidenciais, começa na Ucrânia a "Revolução laranja"
* 2004 - Inicia funções a Comissão Europeia presidida por José Manuel Durão Barroso.
* 2005 - Angela Merkel é a primeira mulher a assumir, na Alemanha, o cargo de Chanceler .
* 2006 - Morre Filipe de Sousa, 79 anos, maestro, compositor e pianista.
* 2007 - Uma explosão devido a uma fuga de gás provocada pelo rebentamento de uma conduta junto a um prédio em Setúbal origina 48 desalojados e 40 feridos. A estrutura de betão dos 10º, 11º e 12º andares desapareceu com a explosão e cerca de meia centena de veículos ficaram danificados.

Então como é?

Com tanta coisa sucedida neste dia, como está o "dossier" do CLUBE 22 DE NOVEMBRO, do Barreiro?

Há quanto tempo não se sabe absolutamente nada desse assunto?
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sexta-feira, 21 de novembro de 2008

Caçar fantasmas - 7 - "Os que podem aos que precisam"

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"Pequeno cartaz , desenhado por Manuel Lapa, de propaganda da Campanha do Socorro de Inverno, que se destina a ser afixado nas janelas, nos vidros dos automóveis, etc."

in "O Século", 1 de Dezembro de 1944, pag. 1
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quinta-feira, 20 de novembro de 2008

Uma avaliação ao tempo do "Plano Melo Antunes"

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Uma das propostas estruturadas que surgiu na sequência do 25A foi o designado Plano Económico de Transição, conhecido por "Plano Melo Antunes", cujo debate na "Assembleia dos 200" se iniciou a 6 de Dezembro de 1974. Durou pouco o plano, ultrapassado que foi pelo 11M e suas consequências - mas teve ainda tempo de ser publicado pela Imprensa Nacional e dele recordo a meritória enumeração de critérios que deveriam ser observados para a avaliação de investimentos estratégicos, numa expressão que, não tendo em si grande novidade, era exemplarmente inovadora no discurso nacional de então.
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Estava eu, na altura, ligado a diversos trabalhos de investigação aplicada que, em curso, se destinavam a confirmar ou afastar algumas opções técnicas para investimentos em perspectiva e tratava-se de arranjar um processo que permitisse uma revisão periódica das tarefas confiadas a cada equipe, interna ou externa, através de um "ponto de situação" que, caso a caso, envolveria o preenchimento de uma "ficha de avaliaação" (onde é que eu já li isto, ultimamente?), uma revisão dos parâmetros económicos associados (quer do custo do ensaio, quer da projecção dos resultados que do ensaio fossem sendo conhecidos no projecto-objectivo final), quer ainda da probabilidade de êxito esperada (solicitação esta que criou as maiores cócegas no couro cabeludo dos responsáveis pelos ensaios).
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Auscultadas as "gentes", elaborada a ficha e exposta a mesma, que abria a nova perspectiva de uma avaliação de rotina - por períodos de tempo, por factos relevantes ou por ambos - todos concordaram em conjunto que era um exercício inovador e excelente e que deveria ser imediatamente posto em marcha, com certeza, e a todos sem excepção e já! Já, aqui e agora, como então se dizia. Fim de transcricão! Mas...
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Mas... havia um mas... que foi surgindo com passinhos de lã, quase que como o "Afinal havia outra" na voz que tanto aprecio da Mónica Sintra [1]. O papel (ou seja, a ficha) era óptima, só que o período de revisão era demasiadamente curto e assim a avaliação iria conduzir a enorme trabalho burocrático, pelo que o "mensal" deveria passar a "trimestral". Passou-se para trimestral! Ah, assim ainda bem... Ainda bem! Mas...
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Havia pois outro "mas". E o "mas" estava na avaliação da probabilidade de êxito, considerada demasiadamente subjectiva. Claro que, com excepção de situações marcadas, o parâmetro tinha o seu quê de subjectivo, mas quem pode melhor qualificar a situação de um ensaio que aquele que exactamente o conduz e por ele é responsável? E depois, para facilitar a coisa, substituía-se uma precisão numérica por uma escala de atributos não muito vasta mas que abriria a lâmpada adequada do semáforo. Ah, assim está melhor, muito melhor. Mas...
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Demonstrou-se igualmente que não tinham razão umas vozes escondidas que rosnavam que a avaliação teria em vista cavilosos propósitos de "despedir pessoas". Não. pelo contrário! [2] Ah, alívio de suspiro profundo. Mas...
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O "mas" seguinte foi-me trazido pela pessoa que mais defendera, inicialmente, o exercício de reflexão periódica que a ficha representava. Aliás, como afirmou, só me viria trazer propostas que melhorassem a "minha" ficha (como constava já pelo "jornal da caserna" que eu iria pregar para outras freguesias, a ficha deixava subtilmente de ser "nossa" para passar a ser "minha" e a ficar-me apegada como pó de talco em fato preto). E as melhorias, que me trazia, imputadas a um debate colectivo e informal a que eu não fora chamado, eram evidentes: para "descomplicar" a ficha, esta decompor-se-ia apenas em três fichas, todas em papel de cor diferente que, vistas bem as coisas, complicariam muito mais o trabalho burocrático que fundamentara o primeiro "mas". Além de que não era tão fácil nem tão pouco oneroso como isso, estabelecer para cada projecto/ensaio um conjunto tricolor privativo - mas isso caía já no capítulo das "barreiras técnicas".
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O plano Melo Antunes não foi avante. Eu fui, de facto, chamado a novas e mais absorventes funções. Da avaliação que tinha inspirado, dos trabalhos preparatórios e da ficha elaborada, que transmiti a quem se me seguiu, só ficou esta (a ficha), unicolor e em branco, porque entretanto foi também ultrapassada pelos acontecimentos. Ainda há pouco tempo, arrumando "dossiers", a vi - mantida incorrupta e segura em plena (e vigiada) virgindade.
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Mas - volta a pergunta - onde é que eu terei visto, já depois, uma coisa parecida? Aqui entre nós, tudo sossobrou (incluindo o Plano Melo Antunes) porque lhe faltava (a tudo) um aspecto verdadeiramente essencial, aquele que realmente era de todos o mais importante, muito mais importante que o seu concebido conteúdo: as cores do papel das fichas. Só isso...
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Imagem: : www.ndsu.nodak.edu/research/
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[1] Voz e presença, mas... com um "menos" para as músicas e letras, que no entanto descrevem realidades sociologicamente identificáveis como muito portuguesas e que, como tal, são bem percebidas pelas audiências atingidas.
[2] Só faltou então alguém encontrar
"conotações pidescas" na dita avaliação, como anos mais tarde a maioria de uma ilustre Câmara da margem sul do Tejo se dignou descobrir numa proposta para que as pessoas que, em qualquer serviço da mesma, fossem contactadas pelo telefone, começassem a conversa por mencionar claramente o seu nome. Tal proposta foi, naturalmente, arrasada. Meses depois renascia na prática, após ter sido incluída numa "campanha de desburocratização" em Diário da República creio que em papel colorido (lá está, a cor sempre ajuda!), e passou a ser de observação corrente. Só que se perdeu entretanto - e muito lusitanamente - tempo! Como com a descoberta, pela mesma cidade, da utilidade de redes separativas de esgotos - tantas vezes afastada com o argumento então "esmagador" de que "Londres não tem redes separativas", até que um recente "fiat lux" (não, não é qualquer novo modelo da Fiat) fez - e bem - arregaçar as mangas camarárias. Mas perdeam-se, entretanto, anos... e obras!
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quarta-feira, 19 de novembro de 2008

Caçar fantasmas - 6 - O "Café Rialto", no Porto

Abel Salazar

Do meu peregrinar em textos velhos, retirei e transcrevo na íntegra a seguinte notícia da página 3 do jornal diário "O Século", publicado em Lisboa mas de difusão nacional (e abatido de "morte macaca" muitos anos mais tarde, por tentações anti-democráticas numa democracia reencontrada), de 28 de Novembro de 1944:

"Vai inaugurar-se no Porto o "CAFÉ RIALTO" que fica a constituir notável melhoramento.

PORTO,27 - Nos primeiros dias de Dezembro, vai inaugurar-se, nesta cidade, o novo café - o Café Rialto - que fica instalado num magnífico local, com fachadas para a rua Sá da Bandeira e praça D.João I, no edifício já conhecido por Arranha-Céus.

O novo café representa um magnífico empreendimento, não só pelas suas amplas e modernas instalações, mas também pelas suas características artísticas. É constituído por dois pavimentos ligados por uma imponente escadaria a mármore, em que a luz natural, conjugada com a colocação de es+elhos, lhe dá um ambiente alegre e acolhedor. No pavimento superior avulta um desenho-mural a carvão, da autoria do sr. dr. Abel Salazar, em que, a traço vigoroso, está simbolizado o esfôrço da Humanidade através da História. Junto á escadaria, vê-se um baixo relêvo - cerâmica policromada do escultor João Fragoso, que historia, por assim dizer, o Douro , da sua nascente à foz. Este artista assina também outro baixo-relevo, que tem por motivo o café.

No salão inferior, vêem-se três pinturas murais, a fresco: a central, da autoria do pintor Guilherme Canarinhas [sic], e as laterais, do mestre da Escola de Belas Artes desta cidade, sr. Dordio Gomes. Ao lado, no salão de chá, chamam a atenção do visitante quatro paineis pintados em contraplacado, igualmente da autoria de Guilherme Canarinha, tendo por motivo as quatroestações do ano. Os dois salões - ligados por uma e mesma harmonia de conjunto, a que um enorme painel formado por 44 espelhos, com 72 metros quadrados, dá unidade visual - estão apetrechados com luz indirecta e instalação sonora, dividida. A imponência deste estabelecimento é aumentada por mármores de Leiria, de ricas e raras tonalidades. O «café», com ar condicionado, tem capacidade para 130 mesas e a cozinha, completamente electrificada, possue, e pela primeira vez em Portugal, aparelhagem para esterilização de chávenas, capaz de esterilizar 600 em quinze minutos. Cada salão possue o seu balcão-frigorífico privativo, ligado por um elevador.

Esta noite, os empreiteiros e sócios da Empresa do Café Rialto, quiseram homenagear o arquitecto sr. Artur Andrade, autor do projecto e director da execução das obras, com um jantar, para o qual foram convidados os artistas que colaboraram com êle, assim como representantes da Imprensa do Pôrto e Lisboa. O banquete foi presidido pelo homenageado e servido na sala principal do «café», já concluída. Em primeiro lugar, usou da palavra o sócio-gerente sr. Abílio de Sousa que, depois de saudar a Imprensa, afirmou que o Café Rialto era uma obra que abria ao arquitecto Artur Andrade uma carreira segura e promissora, pois afirmava um real e invulgar talento de artista, e agradeceu depois a colaboração dedicada dos empreiteiros e operários. A seguir, falaram os srs. Santos Rodrigues, gerente do «café», que se referiu, com entusiasmo, às qualidades de trabalho e inteligência do arquitecto Artur Andrade; José Meneses, empreiteiro da instalação eléctrica, que saudou o homenageado e a organização «Forum»; Horácio Barbosa, autor da instalação sonora e, por último, Fernandez Cubeles, que rendeu homenagem aos artistas que colaboraram devotadamente com o arquitecto Artur Andrade, para tornar aquele «café» uma casa que há-de impor-se pela sua categoria artística.


Pela Imprensa, agradeceu as referências feitas o nosso colega Manuel Ribas, tendo também agradecido, no final, o sr. arquitecto Artur Andrade, que afirmou ter posto ali o melhor do seu entusiasmo e da sua dedicação."


Depois de representar anos de memórias na História do Porto e das tertúlias que acolheu, o "Rialto" teve o destino de muitos «cafés» das nossas cidades: passou a balcão de Banco. Resta saber para onde foram todas as obras artísticas que a notícia refere. Reproduzo com saudade, a de facto vigorosa obra de Abel Salazar, com as suas ceifeiras, que o regime odiava porque nela via, já em plena derrocada do Reich hitleriano, "ventos que sopram de Leste" (frase ouvida nos meus sete anos e que aqui ficou gravada). Mas não era a única: havia uma outra também, igualmente odiada. Receio mesmo que tenham sido "tapadas", como os desenhos murais do Cinema Batalha (já neste blogue também referidos [1] considerados "contrários ao espírito do Estado-Novo", frase também registada por um "puto" de boina vasca e calções de golf que, pelos vistos, andava atento a esses atentados). E o resto? Fica a memória - e a saudade. Daí o "caçar fantasmas" da minha deambulação - esquecendo-me tantas vezes do objectivo que a ela me leva e perdendo-me no caminho do que já fui.
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[1] Cinema Batalha, também do risco do arquitecto portuense (e activo político) Artur Vieira de Andrade (1913-2005), cuja biografia - com referências às obras citadas - pode ser encontrada no "portal" da Universidade do Porto em
Dado o perfil político do arquitecto Artur Andrade, encontro na presente notícia de "O Século" mais um exemplo da forma como aquele jornal sabia "tourear" o lápis grosso da Censura. Abordei um outro exemplo, já no mesmo jornal encontrado, ao mostrar, em sede própria, como o nele se descreveu de forma excepcional o "itinerário em Lisboa-Alcântara da greve de Julho de 1943", para além de ter recolhido e guardado no seu arquivo as excelentes fotografias da mesma greve que foram ali escondidas, de forma segura, onde o pós-25A as foi encontrar (e errada e temporariamente atribuir ao Barreiro), sabendo de antemão que nunca poderiam ser no momento publicadas. Mas já encontrei outras situações do mesmo tipo, que, a seu tempo, irei referir. Recorde-se ainda como o "Cinema Batalha" , ao albergar (aos domingos de manhã) as sessões do Cine Clube, propiciou outras alergias do regime, que as qualificava entre dentes de "missas vermelhas".
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terça-feira, 18 de novembro de 2008

Happy Birthday to You!

Parabéns, Rato Mickey, pelos teus 80 anos e por todos, crianças e adultos, que entretanto ajudaste a sorrir.

segunda-feira, 17 de novembro de 2008

Caso 2

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Um conceituado banco da nossa Praça lançou, há muitos anos, um cartão dos chamados "de categoria e prestígio" e que, sendo metalizado em cor, nem tão barato, quanto a anualidade, é. Repentinamente, anos decorridos, os respectivos titulares verificaram com surpresa que certa funcionalidade do referido cartão, correspondente a pagamentos a débito em certos estabelecimentos (designados POS) e que nunca tinha mostrado quaisquer dificuldades, deixou pura e simplesmente de funcionar - pondo-os de cara à banda com o cartão metalizado na mão, a anualidade paga, a conta afecta suficientemente abastecida... mas com uma rejeição patente e iniludível no mostrador da máquina, como se qualquer irregularidade "cartonística" existisse. Curiosamente foi possível verificar, na circunstância, que um cartão dos usuais de outro Banco, da classe dos "genéricos sem metalizações", não levantava quaisquer problemas e permitia o pagamento!

Um destes utentes confiantes na "categoria e prestígio",na anualidade entretanto paga e nos "pacta sunt servanda" que servem para colocar aqui alguma erudição (mas, pelos vistos, para mais nada...), insuficientemente informado da alteração dos processos, dirigiu-se ao referido banco emissor de cartão e perguntou como coisas dessas podiam suceder, limitando o alcance do referido meio de pagamento. Disseram-lhe que é assim e que dispõe, como solução, de uma adesão a um novo cartão, sem deixar o parcialmente incapacitado. E o utente perguntou:

a) Se a funcionalidade do cartão foi unilateralmente reduzida a meio duma vigência contratual, tencionam reduzir a anualidade respectiva e compensar o utente da parte alíquota referente ao período em curso? Resposta: Não e não. Obrigado!

b) Se o adicional cartão (não são cartões a mais?) preenche a funcionalidade desaparecida, é ele gratuitamente emitido enquanto o utente mantiver o que foi reduzido? Resposta: sim, no ano da emissão, mas depois passa a pagar por ano mais X dobrões como qualquer outro depositante. E... dá para tudo ao passo que o metalizado & etc. deixou, pelos vistos, de para tudo dar.

Só restou ao utente-titular reclamar do caso. Mesmo que as soluções não venham... reclamou mesmo! E contou e conta a história a mais gente, como o faz agora.

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Imagem: www.gadgetell.com

domingo, 16 de novembro de 2008

Uma frase de António Lobo Antunes

Numa estação de "metro" de Lisboa, referindo o novo livro do excelente Autor:

"Se uma pessoa não tem mortos, não tem vivos também."

Há quem se esqueça disso. Temporariamente.

(este apontamento deveria ter sido lançado no passado dia 2, mas a frase só agora foi lida)

sábado, 15 de novembro de 2008

Caso 1



Tudo se passa por fases...

A grande rede de lojas X foi comprada pela maior rede de lojas Y (a rã do crescimento do capital quer ser vaca e incha, incha até que pum! é o que estamos a ver). Ora a loja X tinha um produto A que vendia a 5 dobrões o frasco. O cliente Z abastecia-se frequentemente desse produto, que fazia parte do seu habitual consumo e que achava excelente e com preço duplamente adequado (ou seja, à qualidade e à sua bolsa).

A grande rede de lojas Y, que certamente para a dita compra tinha recebido o aval dos Curadores da Concorrência do Reyno de P, mudou o nome a X e começou a colocar na X-de-nome-mudado diversos produtos da sua própria linha, substituindo aqueles que estavam em X antes de ser comprada e de lhe mudar o nome.

Z, intranquilo com a evolução visível dos conteúdos das prateleiras e especialmente preocupado com o caso do produto A, usou o seu novo "Gama" [1] para perguntar ao atendimento dos pacientes, digo, dos clientes de X-de-nome-mudado se tencionavam continuar a vender A ou se, na dúvida, iriam manter nas referidas prateleiras um produto simil-A, que mantivesse a qualidade e o preço de A. O atendimento entendeu estender no tempo a ausência de resposta e, pelo seguro, Z correu algumas lojas e foi comprando os exíguos restos de A que nelas subsistiam.

Aborrecido com a demora, Z voltou ao "Gama" e amandou-se agora ao provedor do cliente de Y, dono assenhorado de X. E este/a respondeu. Que Y tencionava de facto retirar de X-de-nome-mudado o produto A, porque não faria parte da lista de mercancias que aí ia tentar vender. Que recomendava a Z que fosse a lojas W, do mesmo grupo Y, que lá encontraria um produto B que podia preencher o vazio causado pelo desaparecimento de A.

Z foi à loja W mais à mão para confirmar o que sabia: o produto B, oferecendo sem dúvida outro rótulo e melhor qualidade que o produto A, custava apenas... cinco vezes mais que o produto A - cuja qualidade lhe servia perfeitamente.

Obrigado a não consumir A e limitado no acesso a B, Z teve de meditar como o maior enriquecimento de uns corresponde ao maior empobrecimento de outros e como pequenos pormenores que escapam ao cuidadoso aval dos Curadores da Concorrência do Reyno de P, quando somadinhos, se inclinam todos para o mesmo lado.

Z tenciona escrever aos tais Curadores, relatando-lhes esta parábola - mas, para já, tem mais que fazer.

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[1] Há quem diga que a expressão do "Venturoso" quando do nautico regresso: "Raios, Gama! Foste porreiro!" poderia servir para demonstrar como, na transição dos secs. XV e XVI, já conhecíamos a radioactividade.
Imagem: Cortesia a http://www.qvinho.com.br/opiniao/o-vinho-fiasquento/

sexta-feira, 14 de novembro de 2008

Jazigos polimetalíferos do Alentejo ou a parábola dum Portugal como filho pródigo

Será Aljustrel?

Que se comecem a compilar elementos para alguém escrever um dia uma história tão factual e completa quanto possível, pré e pós 25A. Enquanto dos arquivos ainda há algo que sobreviva, já que muitas memórias começam a ficar baças e não há gingko biloba que lhes valha.


quinta-feira, 13 de novembro de 2008

Rimas

Quando "oportunismo" rima com "catecismo" [1].

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[1] Ou: "Nós sempre ensinamos muito melhor! E a qualquer nível!"
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quarta-feira, 12 de novembro de 2008

Avaliar é uma porra



Só xateia o piple, meu! E tudo é "bom", carago! Igaldade [Ó TóZé, "igaldade" num é k'a "h" poisnão?] é ké pressizo! [1]

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[1] "Deixa-os pousar! E depois a gente, quando no poleiro, fará as diferenças! À nossa moda, pois. Como dizia em 36 um gajo aqui ao lado "lles saberemos dar entonces los huevos."[2][4] Entretanto, meu caro,... quanto pior melhor. Passinho atrás, dois passinhos à frente, isto vai!! Isto vai" [5]
[2] "Sonhar com ovos é intriga ou briga. Para se desfazer a intriga, ao levantar-se, deve-se em jejum, mudar os ovos de posição; assim se desfará o que estiverem urdindo" [3].

[3] Imagem e citação[2] de http://www.crendices.com.br
[4] No supermercado (que "mercearias" já vão rareando): - Oh menina, ponha ai os ovos aparte junto com os cadernos e a caixa de lápis, que disso quero factura. É tudo material escolar para deduzir no IRS!"
[5] Quem ventos semeia, tempestades colhe. Jsto para os que dizem que uma coisa nada tem a ver com a outra. Amen!



terça-feira, 11 de novembro de 2008

S. Martinho - 2008

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No tempo em que ainda houve quem repartisse a capa.

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Imagem em http://www.stmartinmk.co.uk/images/St.%20Martin.jpg

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Para visitas

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[1] descrição da obra em http://freepages.books.rootsweb.ancestry.com/~gtusa/cover.jpg
[2] Alternativa: diversos locais industriais portugueses - e depressa, antes que sejam urbanizados (apesar da "crise").

domingo, 9 de novembro de 2008

S. Martinho à porta

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O super-projecto dos assadores de castanhas: todo em inox e com plataformas de trabalho em ladrilho de granito polido. Castanhas excelentes. Pode ver-se (e nele adquirir à porta da estação do Sul e Sueste, em Lisboa. O bloguista informa que nenhum interesse tem no negócio, a não ser como comprador (e apreciador) de boas castanhas. Falta apenas usá-las como sugestão para continuar a festa com água-pé, vinho tinto, o queijo, um fogo bem quente e uma desejável ( e desejada e desejosa) companhia. "Crisis, what crisis?". [1]

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[1] No caso de, na circunstância, serem necessárias mais castanhas - pode sempre recorrer-se ao micro-ondas (mas sem esquecer de fazer o lanho nas ditas para evitar a simulação daquele filme em que o não-sei-quantos é cozinheiro e salva o navio de guerra). Note-se porém que, a menos de uma boa preparação, essas castanhas micro-ondadas não ficam com o gosto daquelas, à beira da escadinha do Metro (embora haja quem insista que o assador de barro com furinhos ainda continua a ser insuperável).
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sábado, 8 de novembro de 2008

No campo

Estrelizia (Srelitzia reginae) [1]

Proponho que a equipe da casa (e não qualquer árbitro), mediante simples votação, possa impedir a presença, no seu estádio, de um jogador da equipe visitante. "Ad libitum!". Com isso o futebol conseguirá ser bem mais pândego.
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[1] Imagem de
http://aoki2.si.gunma-u.ac.jp/BotanicalGarden/PICTs/gokurakutyouka.jpeg

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sexta-feira, 7 de novembro de 2008

A caminho da Biblioteca Nacional

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Adicionar imagem
Uma corriola em Lisboa... e fora de época!
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quinta-feira, 6 de novembro de 2008

Esta agora! Carlos V?

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Está profusamente distribuído por todas as estações do Metro lisboeta, com a indicação de "Mapa da Cidade" ("City Map" para quem leia em Inglês), datado de Dezembro de 2007 e subscrito por Inforgeo - Sistemas de Informação Geográfica, Lda.. Mas por que carga de água haveria esta carta de designar por "Avenida Dom Carlos V" o interessante arruamento que sobe da Av. 24 de Julho e leva à Assembleia da República, que reune e debate (nem sempre de forma exemplar) no Palácio de S.Bento [1] e que a toponímia designou e reconhece como Avenida D.Carlos I? É sabido que o Habsburgo, V de número no seu Sacro Império Romano Germânico e que viveu de 1500 a 1558, foi - por herança materna - o I da monarquia espanhola [2], mas que raio é que tem a toponímia escolhida a ver com isso? O D.Carlos I da Avenida é o nosso, o de Bragança, nascido em 1863 na Ajuda e tragicamente morto em 1908 no Terreiro do Paço, muito português em tudo - nada de confusões! Corrija-se pois a "gralha" (entendo assim) que desnecessariamente caiu no mapa.

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[1] Outra pergunta: porque é que o dito mapa refere Palácio de S.Bento e não Assembleia da República? Está correcto, mas... um entre- parêntesis ajudaria mais.
[2] E, já agora, IV do reino de Nápoles.

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quarta-feira, 5 de novembro de 2008

O banho do Elefante

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Quem é afinal o responsável por a água do banho estar tão fria: o esquentador ou o controle de qualidade da Empresa das Águas?


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[1] imagem de http://www.cryptozoology.com/forum/images
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terça-feira, 4 de novembro de 2008

Que zurre o burro!

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E tão alto que se ouça aqui!
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segunda-feira, 3 de novembro de 2008

"Quem tem fome não precisa de uma ciclovia"

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Título do "Margem Sul" de 31 de Outubro último, retirado de uma entrevista nele contida de um(a) responsável autárquica:

Poderá ser uma constatação, mas não deve constituir uma opção.


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[1] Imagem de http://lavidaesloca.wordpress.com/2008/05/18/ciclovia-bicycle-street. Ler comentário nesse local (em inglês).

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domingo, 2 de novembro de 2008

Poliamor em dia de Finados...

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O drama do crisântemo foi o dar flor no início de Novembro [1]

Falou-se muito disso nos MCS's, talvez por ser domingo.

No entanto o assunto foi previsto, pelo menos numa circunstância: surpreendido com tão insólito encontro, um visitante perguntou a um guarda de um cemitério suburbano por que razão se fazia notar uma inesperada presença policial na porta do mesmo recinto, geralmente tido como sagrado e obviamente pacífico. A razão são duas, respondeu o homem: a primeira é para evitar os roubos que, nem imagina... (as reticências aqui querem dizer muito!) e a segunda é para que não haja chatice quando existem duas ou três famílias, que no ano passado até porrada deu.


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[1] Há no entanto quem sugira "arroz de crisântemo". Receita em
http://species.blogosfere.it/2006/11/crema-di-riso-al-crisantemo.html
interessante portal de onde veio esta imagem.

sábado, 1 de novembro de 2008

Novembro, nas Très Riches Heures du Duc de Berry

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O iluminista do Duc de Berry não o podia saber, a menos que fosse amigo do Nostradamus e mesmo assim com diferença de idades... mas a verdade é que, sob o ponto de vista do são comportamento económico, este Novembro mostrou-se mesmo como uma porcaria... ou, melhor dizendo, como uma "porquêra" global!