domingo, 10 de outubro de 2010

Das preposições


As preposições ("palavras invariáveis que servem para ligar duas outras, mostrando o tipo de relação que há entre elas" [1]) fazem diferenças, mesmo em embalagens de produtos idênticos vendidos na mesma superfície.

A primeira embalagem diz: SALAME COM CARNE DE PERU e, de facto, fornece um salame em que, segundo a composição constante da mesma embalagem, 100 gramas contém 64 gramas de carne de peru e 43 gramas de carne de porco. O COM está correcto. Mas 64 + 43 = 107?

A segunda embalagem diz SALAME DE PERU, juntando o atributo de "Fatias Finíssimas". Só que, quem olhar a composição, verá que contém, por cada 100 gramas de salame, 68 gramas de carne de peru e 56 gramas de carne de porco [2]. O DE está errado, deveria ser COM. Além disso 68 + 56 = 124?!

Sob o ponto de vista QUALITATIVO uma não está certa? Sob o ponto de vista QUANTITATIVO, ou explicam bem a contracção da massa, ou ambas não estão certas? (Por que razão não exprimem em percentagem? Pode ser "ignorância do macaco", mas era bem mais compreensível!)

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[1] Segundo COSTA, Almeida & MELO, Sampaio e, "Dicionário da Língua Portuguesa", 7ª edição, 1994, ed. Porto Editora, Porto: 1448, pondo no plural mas melhor confortar a frase.
[2] Ou há alguma lei que permita isso? De facto, por vezes, existem leis que - em vez de esclarecer - permitem confundir o consumidor. Se for esse o caso, corrija-se a lei.

sábado, 9 de outubro de 2010

Quanto vale o teu blogue?

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Nestes tempos em que tudo tem um valor ou desvalor, medido em unidades financeiras, e em que as agências de "rating" se institucionalizam para darem valores a todas as coisas (não é só aos países, não!), fiquem a saber que existe um mecanismo complexo de fazer dinheiro através dos blogues e que existe um processo de avaliar o blogue de cada um:


É assim que constato que o meu blogue não está ao gosto dos mercados (no que se aproxima do meu País). Uma cuidada avaliação dada pelo saite acima indicado atribui-lhe, ao fim destes anos, o valor em USD (i.e. em Dólares norte-americanos) de

USD 564,56.

Em Euros, logicamente, será menos. Como fazedor de blogues sou, afinal, um promotor falhado. Deveria mesmo ser poupado a todos os gravames impostorais que nos caem em cima - ou então coimado por alguma Autoridade destas que por aí pululam. Dá-se razão à uma avaliação norte-americana deste blogue, que andava por aí e que dizia qualquer coisa como "Nada de importante. E ainda por cima, em Português". Bão podia haver melhor elogio, para quem bloga para se divertir. Como diria o Eça, "falta-lhes a noção da galinhola!".

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Um soneto do Abade de Jacente

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Não é por acaso que eu gosto das obras do Abade poeta, Paulino António Cabral, que, quando do meu 5º ano do liceu, um excelente professor de Português me assinalou pelo seu "naturalismo antes de tempo". Foi uma descoberta! Topem-me a graciosidade deste soneto que o Abade teceu a uma cozinheira!
            "Para não me sentirem, devagar
pela cozinha entrei, com pé subtil:
vi nela a cozinheira mais gentil
com que amor docemente me quis dar.
                
De cócoras stava sobre o lar,
com uma mão posta em cima do quadril
e dando ao lume assopros, mil e mil,
estava de contínuo, sem cessar
  
Acaso pus o pé sobre um carvão,
ela, o som escutando, rangedor,
voltou-se para mim; disse-lhe então:
">
                
- Não sopres mais ao lume, que é melhor,
servires-te, cruel, de um coração
que ardendo em viva chama está de amor."

Boa cozinheira ou cozinheira boa ou as duas coisas numa só (porque ao Abade ambos os atributos eram sensíveis!)?
Ah, grande, grandíssimo, grandessíssimo Abade!
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quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Violante

O (ou a) presidente de uma câmara foi confrontado por um(a) incómodo(a) vereador(a) que lhe fez saber que sabia que um determinado sindicato tinha informado o executivo dessa câmara de quais os funcionários que haviam sido "fura-greves", ou seja, que não haviam aderido a uma greve promovida por esse sindicato (independência sindical, a quanto obrigarias se houvesses). Outro senhor vereador ou vereadora que até integra o executivo sobraçando o pelouro do pessoal logo garantiu que a dita câmara não tinha qualquer lista de funcionários não aderentes, ao que o chatérrimo vereador(a) da oposição - no desempenho das suas funções de estar a par do que na câmara se passa - exibiu e mostrou uma cópia da dita comunicação. Logo o digno presidente ou presidenta da edilidade concluiu ter sido "curioso" que o dito vereador tivesse conhecimento do dito documento para rematar, com mais um parecer democrático, "que o senhor vereador obteve indevidamente o documento. E isso significa que anda aqui alguém a violar espaços de outros". Boa malha!

Para mais detalhes sobre este edificante exercício de democracia (orgânica) veja-se o JN, edição do Sul, de 29 de Setembro, 4ª feira, no cantinho inferior da direita, digo, inferior direito da página 21. Lol!

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Tudólogos

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Li o neologismo realista e actual (que não é meu) e gostei mesmo. E se temos tantos, por que não vendemos alguns? A preço de saldo, claro, para que lhes peguem.
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terça-feira, 5 de outubro de 2010

Os 100 anos da República Portuguesa

Praça do Comércio - Arco da Rua Augusta - Lisboa - Outubro 2010

Porque, apropriadamente, se falou ontem de uma "revista" de 1909, com coplas já aferroadas à que hoje se chama "dívida soberana" (de soberania e não de soberano), convirá recordar que, apud Luís Francisco Rebello [1], a primeira grande "revista" que se estreou num teatro de Lisboa, a seguir à proclamação da que então foi a 3ª República da Europa (depois da Suiça e da França, mas 4ª se contarmos São Marino - deixando de lado as que entretanto surgiram e não vingaram) terá sido "Agulha em Palheiro", a 23 de Fevereiro de 1911, subscrita por Ernesto Rodrigues, Félix Bermudes e Lino Ferreira, no antigo "Teatro do Príncipe Real", então já de nome mudado olimpicamente para "Apolo" [2].

É do II Acto dessa Revista que hoje, evocando o dia, se reproduz o poema "Bandeira Revolucionária", dito pela actriz Delfina Victor a fechar um desfile de bandeiras republicanas:

"Verde e vermelha! - eis a bandeira
Do nosso povo;
A deusa altiva, a padroeira,
Que nos sorri, grande e guerreira,
Como um sol novo !

Verde e vermelha! - eis o estandarte
Da redenção,
Que já tremula em toda a parte,
Como um broquel, um baluarte
Contra a opressão!

Verde e vermelha! - eis a alforria
Do cativeiro!
Gérmen de luz, cresceu num dia
Para arrancar à tirania
Um povo inteiro."

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[1] Luís Francisco Rebello, "História do Teatro de Revista em Portugal", Vol. 2, Dom Quixote, 1985, pag 185, de onde também foram recolhidos os restantes elementos. Este Autor realça, e bem reproduz nessa obra, o diálogo "As Canastras", da mesma revista, em que se estabelece as profundas alterações sociais proclamadas pelo ideário republicano. Diga-se, a propósito, que esta obra, em dois volumes, bem como o volume de Vítor Pavão dos Santos, "A Revista à Portuguesa - Uma história breve do teatro de revista", ed. "O Jornal", 1978, continuam a ser as obras de referência para a abordagem do Teatro de Revista, considerado sempre em segundo lugar na prateleira mas tão rico e tão importante (e tão sofrido) quando se trata de apreciar a crítica social que poucas válvulas de escape acabou por ter, durante muito tempo - e mesmo assim com o arame da censura a limitar quase totalmente o obturador. Falaremos oportunamente da caricatura e dos jornais humorísticos como outras perseguidas manifestações da mesma válvula (quando até "canções de ceguinhos" eram mandadas investigar, como teve ocasião de verificar no Fundo do Governo Civil num Arquivo Distrital que, por outro assunto, recentemente esmiuçamos).
[2] O que demonstra, mais uma vez, a labilidade das placas - de quaisquer placas.
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segunda-feira, 4 de outubro de 2010

1909 revisitado

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Da revista "O País do Vinho", de Leandro Navarro e André Brun, estreada no teatro da "Trindade", em Lisboa, naquele mesmo ano que antecedia 1910... ou seja há 101 anos:

"Vem um ministro, acrescenta;
Vem um outro e diz que corta,
Só a dívida é que aumenta
Mas o resto é cepa torta!"

Quid novi? ou Já então!
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domingo, 3 de outubro de 2010

Dizer mal da Merkel, com hesitações

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Ouve lá: também não vieste de "um Leste", pelo menos ideológico?
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sábado, 2 de outubro de 2010

O bissectriz

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E quando lhe perguntavam: "Sim ou não?", ele limitava-se a responder: "Pois!"
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sexta-feira, 1 de outubro de 2010

2010: Outubro

Eh! O ultimo trimestre do Ano acaba de entrar.
Verão acabado, cinto apertado!
Tudo em empréstimos & nada em préstimos!
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