terça-feira, 30 de setembro de 2008

Dormindo no feno

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Albert Anker (1831 - 1910)
Museu das Belas Artes de Basileia


segunda-feira, 29 de setembro de 2008

Crisis, what crisis?

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Sem palavras (além destas)


domingo, 28 de setembro de 2008

Salve o 28 de Setembro!

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O 1º emblema do glorioso FCP (1910) [1]

De muitas efemérides que se possam registar neste dia, uma certamente se destaca: a fundação do Foot-ball Club do Porto [FCP] a 28 de Setembro de 1893 (i.e. há 115 anos!) pelo jovem comerciante de vinho do Porto António Nicolau de Almeida, que regressara de Inglaterra entusiasmado com a nascente modalidade desportiva que aí lhe fora dado conhecer, onze de um lado e onze de outro, pontapeando preferencialmente um esférico.

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[1] apud "Portal dos Dragões", http://www.fcporto.ws/index2.html, portal não oficial sobre o FCP


sábado, 27 de setembro de 2008

Meteorologia histórica

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Um inverno exageradamente longo não permite uma primavera com arrastos morrinhosos: ou se antecipa o verão ou este acaba por se fazer sentir. [1]

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[1] Como já em 1968 havia quem, vendo de fora, fizesse a previsão meteorológica correcta. E não foi totobola à segunda-feira. Vd. postagem de 14 de Julho de 2008 neste blog

[§] Imagem de http://www.geografismos.blogger.com.br/2004_04_01_archive.html

sexta-feira, 26 de setembro de 2008

Ainda outra onda

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Bem mais prosaica que as anteriores, mas bem mais presente
(até porque as inclui)!

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quinta-feira, 25 de setembro de 2008

Outra onda


A inconfundível "A Grande Onda" de Katsuchika Hokusai (1760/1849), com os seus dois barcos e o monte Fuji ao longe...

quarta-feira, 24 de setembro de 2008

A onda mexicana ("La Ola")

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"A onda num estádio" [§]

Todos a conhecem. Inclusive deu já origem a estudos de cariz científico como por exemplo: I. Farkas, D. Helbing, T. Vicsek, Mexican waves in an excitable medium, Nature 419, 131-132 (2002). Ignoro se teria sido praticada nos circos romanos ou mesmo antes, mas a verdade é que há notícias dela em Espanha, na transição dos secs. XVIII a XIX. E com o nome e o comportamento colectivo já muito aproximados do actual. Diz a obra de Pio Zabala y Lera, "La España Bajo los Borbones", editada em Barcelona pela Editorial Labor em 1926, na página 144, ao descrever o madrileno "Teatro de la Cruz": "Por su parte, el teatro de la Cruz consevaba, al decir de Alcalá Galiano, su fealdad vetusta. Su patio espaciosísimo, «cuando estaba lleno, causaba a la vista y al oído un efecto por demás desagradable, viéndose en el lo llamado con propriedad oleadas, porque la gente empujándose imitaba el movimiento del mar, y aun podía mirarse como remedo de sus bramidos la gritería, que era consequencia de atropellarse y estrujarse de los concurrentes, en un lugar, así como de diversión, de tormento»."

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[§] cortesia a http://www.psu.edu.sa/worldcuptour-2006/Hamburg-Stadium.html

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terça-feira, 23 de setembro de 2008

A obra mais adequada para o estado dos meus actuais afazeres

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Obra que, para além do atributo metafórico que lhe encontro no título, tem no conteúdo o seu quê de deliciosamente outonal no feminino: "já não é inteiramente nova, mas ainda se lê muito bem."
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segunda-feira, 22 de setembro de 2008

Folhas de Outono

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"Folhas de Outono", do pre-rafaelita John Everett Millais (1829-1896)

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domingo, 21 de setembro de 2008

Do mundo da boneca e do mundo da porrada...

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Georges Lemmen (Bruxelas,1865- Bruxelas,1916), "Menina com boneca",1904

"Uma pobre rapariguinha espancada pela patroa


No banco do Hospital da Misericórdia esteve ontem à noite a receber tratamento a serviçal Maria Lucinda da Conceição Nunes, de 9
[nove, pasme-se!] anos, da rua de Miragaia, que foi espancada pela patroa ficando ferida na cabeça. Depois de socorrida pelo pessoal de serviço naquele estabelecimento, recolheu a casa."

Notícia no "Jornal de Notícias" do Porto, 26 Outubro 1943, pag.3 col.2

Imagem:http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/d/de/Georges_Lemmen_Girl_with_doll.jpg

sábado, 20 de setembro de 2008

Apresentação, a 28 de Junho último, do album de BD "O Futuro Tem 100 Anos", no âmbito da comemoração do Centenário das Fábricas da CUF no Barreiro


Em complemento da postagem anterior, sugeriram-me que também colocasse no blogue as palavras proferidas quando da apresentação do album de BD acima referido - apresentação essa que teve lugar no dia 28 de Junho (feriado municipal), pelas 17h00, no Auditório da Biblioteca Municipal do Barreiro.
Porque esse texto, de qualquer forma, ficaria esquecido e não enjeitando as acusações de exagerado culto de personalidade que algumas almas (não qualifico almas) me dirigem, lambuzei-me com a sugestão - e o texto aí vai. Ponho em itálico, para o distinguir do anterior, mas, também como no anterior, não garanto que o tenha dito com os mesmos pontos e vírgulas que aqui se mostram - obviamente que sempre sem prejuízo do essencial:

"
Senhoras e Senhores,

Dentro do programa da comemoração do centenário das fábricas da Companhia União Fabril no Barreiro, em cuja Comissão participam a Câmara Municipal do Barreiro, a CUF – Companhia União Fabril, SGPS, S.A. e a Quimiparque – Parques Empresariais, S.A., considerou-se o interesse de produzir uma narrativa que, dentro de uma apresentação moderna e atractiva que validamente se reconhece como uma forma de Arte – de que eu sou, aliás, entusiasta – e que é a Banda Desenhada, pudesse contar como as Fábricas nasceram e cresceram e como definitivamente marcaram a terra que – como todas as terras industriais - terá muitos por nascimento e muitos outros por adopção, sem que deixe de ser de ambos.

Jorge Mateus, em Desenho, e Luís Rainha, em Texto, bem como a Editorial Bizâncio Limitada, aceitaram o desafio e contribuíram com a obra que hoje é apresentada e cujo conteúdo histórico se insere numa ilustração e enredo modernos, este obviamente ficcionado, por forma a conduzir facilmente o leitor ao conhecimento do acontecido há um século e dos seus intervenientes. Expandindo a história barreirense dentro de uma modalidade de culto e da temática industrial, esta obra igualmente irá falar sobre nós, levando a efeméride que se comemora a audiências externas ao Barreiro e seus limites.

Não poderia faltar a presença desenvolvida do fundador, Alfredo da Silva, da sua capacidade realizadora e do seu próprio e assumido papel de lutador, nem uma referência ao homem que este foi buscar a França para projectar as fábricas aqui construídas, Auguste Stinville, nem, sobretudo, o fundamental papel dos trabalhadores fabris barreirenses – presença por demais essencial na construção da obra que foi a CUF e que permanece e nela permanecem como um símbolo ímpar na história dum país de tradição industrial limitada. Não se omitiram as aspirações e lutas que marcaram o Barreiro como sede ímpar de uma dinâmica social muito própria nem tampouco se deixaram de citar as características e manifestações do paternalismo industrial que, mantendo-se sempre controverso em apreciações actuais, trouxe ao Barreiro um perfil inédito e trouxe também as razões que determinaram que as pessoas aqui viessem e aqui se instalassem e nomeadamente aqui lutassem e optassem pela insígnia barreirense já que aqui podiam encontrar, afinal, aquilo que não tinham nas suas terras de origem. E porque aqui podiam de facto estabelecer, em cultura e consciencialização, os primeiros degraus da sociedade melhor que desejavam construir.

É para poder lembrar toda essa saga que esta obra também existe e é apresentada, como existiram as primeiras realizações já concretizadas das comemorações do Centenário das Fábricas da CUF no Barreiro e como existirá a exposição comemorativa e o colóquio internacional que as prosseguirão, em Setembro e Outubro p.f., incluindo a projecção dos filmes restaurados e que também fazem parte do património e da memória nossa Terra e a emissão filatélica que igualmente falará do Barreiro lá fora.

Pessoalmente quero saudar as restantes comemorações ou realizações que, a título partidário ou associativo ou memo privado tiveram ou terão lugar no Barreiro a propósito do centenário que se comemora. Carreando e expondo pontos de vista próprios sobre uma realidade histórica concreta, traduzem sobretudo duas componentes essenciais da vida barreirense e que nela se querem ver mantidas: a diversidade de opiniões e a liberdade para as exprimir, repudiando eu certamente a visão dogmática e mesmo confessional dos que se arrogam o direito de afirmar que “há muitas maneiras de contar a história, mas só há uma verdadeira”.

Saúdo finalmente os que acolheram o desafio de realizar a obra que hoje se apresenta – e dirijo a mesma saudação ao segmento específico a que ela mais se destina, com realce para a juventude a que cabe receber, viver e transmitir a memória duma terra que é sua – tendo como certa uma frase que em 2005 ouvi no Alentejo , concretamente em Aljustrel, e que pguardei para sempre citar: “construir o futuro apagando o passado não é futuro”.

Tenho dito."

sexta-feira, 19 de setembro de 2008

Apresentação do album "A Fábrica" nas comemorações do Centenário das Fábricas da CUF no Barreiro


“Senhoras e Senhores,

Dada a extensão previsível da sessão permitam-me que, em bloco, considere reunidas e formalizadas as saudações protocolares, pela lista e sequência que protocolarmente as ordenam.
Como aqui foi já lembrado, hoje, 19 de Setembro, decorrem exactamente 100 anos sobre o início da produção nas fábricas da CUF no Barreiro. Início que teve lugar numa instalação de produção de óleos vegetais. É nesta efeméride que, depois das palavras que ouvimos ler e que constituem a mensagem inicial da Comissão [das Comemorações], me cabe a honrosa tarefa e a preocupante responsabilidade de apresentar o álbum comemorativo do Centenário das Fábricas da CUF no Barreiro. Leva este, como título, a significativa designação que todos nós lhes atribuíamos e que era, pura e simplesmente, “A Fábrica”. De facto “A Fábrica”, nome comum, entendia-se, no Barreiro, como substantivo colectivo.
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Uma das razões que me colocaram nesta delicada missão de apresentador foi o facto de eu, com o Eng. António Sardinha Pereira e o Dr. António Camarão, formarmos o grupo dos coordenadores desse álbum,
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Ora, não é por acaso que nos designamos como “coordenadores”. Escolhendo essa designação, não só descrevemos o que realmente fomos na elaboração do álbum, como pretendemos deixar aberto o campo da autoria, para nele podermos prestar devido relevo e homenagem aos verdadeiros Autores desta obra, que os há.
E esses autores vivem em cada página e em cada imagem, reflectem-se nas gentes que nelas se descobrem ou estão prontos a tomar forma humana junto das máquinas e dos cenários de trabalho aqui representados.
Na realidade os autores deste álbum são todos os que n’A FÁBRICA deram o seu trabalho e A FÁBRICA é o cenário que colectivamente os acolheu, em tantas histórias de vida que mereceriam destacado registo, vividas de um lado e de outro das relações de trabalho.
Porque muitos de nós, que aqui estão e lá estiveram, estamos todos ali. Vislumbramo-nos, ou vislumbramos os que nos antecederam, na localização parcelar de cada espaço nas fotografias aéreas que cobrem a grandeza do complexo fabril e que preenchem as guardas desta obra. O “era ali que eu trabalhava”, tem lugar nesse amplo espaço.
Somos todos, assim, os autores da história que o álbum nos conta.
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Porque, de facto, de um álbum de fotografias se trata. Como se disse no prólogo aqui lido, o Barreiro é rico em imagens industriais. Só com o espólio e o património referentes à CUF poder-se-iam realizar muitos álbuns, e descrevê-los em muitos livros. Esta, a que aqui temos, é apenas uma parte seleccionada de uma das colecções existentes, que é a colecção do Museu da Quimiparque.
Não recusamos que algumas fotografias representativas poderão mesmo ter ficado de fora, por não estarem inseridas neste conjunto.
Mas, nesta escolha, procurou tocar-se o essencial – já que há outras fotografias, muitas outras fotografias e - certamente para o Barreiro - não se limitam aos arquivos da Quimiparque ou da CUF.
Cuidar da preservação dessa memória e prosseguir o processo de recolha, inventariação, sistematização, digitalização, identificação e legendagem dum acervo riquíssimo de fotografia industrial é uma tarefa ingente de que o Barreiro deve tomar consciência.
Como deve também o Barreiro recordar os nomes dos que o marcaram no mapa através dessa arte.Muito justamente editou a CUF, há anos, um álbum dedicado à obra de Augusto Cabrita. Teve excelente recepção. Deixa-nos isso antever que outros álbuns monográficos possam surgir um dia, dedicados à obra de outros fotógrafos barreirenses – e numa lista não exaustiva - porque limitada a alguns dos que n’A FÁBRICA trabalharam - ouso evocar aqui os nomes de Chagas dos Santos, Harrington Sena, e Norberto da Costa e Silva.
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Esclarecida que fica, a origem das imagens, convem referir as partes escritas. Limitamos voluntariamente a sua extensão.
Logo após o intróito aqui lido, vem – no álbum - uma introdução escrita que procura identificar as ideias mestras que conduziram Alfredo da Silva a edificar, no Barreiro, a sua indústria químico-adubeira. Essas ideias mestras e a forma como foram passadas à realidade estiveram na base da relevância e sobrevivência desta indústria barreirense durante decénios, até que a crise que assolou os grandes centros industriais europeus igualmente aqui se reflectiu, nas suas três componentes: ínsita, exportada e importada.
E, no entanto, as ideias mestras de construção do complexo reduzem-se a alguns princípios de simples aplicação que, no texto apreciados e de que destacamos:
• a dimensão e a capacidade de concorrer,
• a integração dos fabricos, incluindo a instalação de actividades complementares e de serviços de apoio,
• a utilização privilegiada de recursos nacionais,
• a colheita dos benefícios resultantes de uma localização estratégica e
• a criação de emprego complementada com uma preocupação social e uma continuada formação profissional que, pese embora qualquer visão detractora do paternalismo industrial, que se sabe existir, foi inédita e exemplar e assinala a história da Companhia e dos que nela trabalharam.
Pareceu também útil reservar, mais adiante, alguma extensão de texto para tecer breves considerações sobre as matérias primas e materiais de construção no período inicial do empreendimento.
A enumeração das matérias-primas é óbvia e decorre do que foi exposto quanto às linhas mestras. Por seu lado, a preocupação pelos materiais é importante para explicar como eram construídas na interface dos secs XIX e XX unidades químicas de dimensão considerável, em que – sem o domínio das soluções actuais – havia que proteger da corrosão e da abrasão, tão agressivas então como agora.
Outras pequenas peças escritas, estas muito sucintas, apresentam cada um dos grandes grupos de actividades a que as imagens se referem.
Deu-se pois prioridade à parte gráfica, ao domínio e à força da imagem.
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Mas entre os textos, breves que possam ser, e as fotografias medeia a necessária construção das legendas.
Estas são essenciais, para que imagens e legendas se complementem como que a contar uma história ilustrada.
Gostaria de colocar aqui uma especial saudação – outra virá mais adiante – ao Sr. Luís Alves, responsável da Editorial Bizâncio, pela afanosa tarefa de não deixar os coordenadores derivar para uma conversa estritamente técnica, que dificultasse a compreensão dessa história por leitores menos acostumados ao chão da oficina ou que não tenham sido tocados por gases sulfurosos ou pelo pó da pirite. Congratulo-me com esse exercício, que em meu entender resultou numa útil moderação para os coordenadores e num acrescido interesse para a obra global.
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Ora, se há um natural predomínio da imagem, distinto da preocupação do álbum do cinquentenário – nesse documentava-se o que é, neste mostra-se o que era – voltemo-nos agora para as imagens.
Um primeiro conjunto traz material inédito, ao reproduzir o álbum histórico da construção de 1907-1908.
Confirma-se, com esse álbum, que Auguste Lucien Stinville - era este o nome conhecido do engenheiro francês que Alfredo da Silva contratou para projectar e construir as Fábricas do Barreiro – tinha por hábito promover uma cobertura fotográfica das suas principais obras. Folheei, em França, o também excelente álbum que mostra a sua intervenção no anel de gás de cidade da região parisiense e encontra-se aqui, actualmente recolhido no arquivo da Quimiparque, o álbum de construção das fábricas do Barreiro, de 1907-1908.
São fotografias excepcionais, em qualidade e em descrição, que não só demonstram materiais e métodos construtivos então usados, aliás muito idênticos aos de outras fábricas construídas por aquele engenheiro em França, mas que também descrevem processos industriais que, hoje em desuso, – eram da melhor prática conhecida ao tempo da construção,.
Uma curiosidade dessa colecção é que o engenheiro residente francês, Pellet de seu nome, fez-se presente na grande maioria das fotografias pelo que este capítulo do álbum, para além do seu valor histórico, permite um interessante exercício de “onde está o Wally?” no ambiente industrial representado.
Este conjunto histórico conclui com duas páginas de fotografias de momentos especiais do complexo industrial, com a presença da “figura mítica do patrão” – expressão esta de insuspeita origem. Colocamos dignamente Alfredo da Silva dentro da obra que idealizou, e, numa delas, com os colaboradores, portugueses e franceses que directamente intervieram, no terreno, para a construção da obra. Esta fotografia tem uma postura e uma localização muito dignas, como se entende que devam ser dignas as posturas e localizações dedicadas aos fundadores.
Duas pequenas fotografias da época, trazidas de um álbum familiar, mostram o já referido Stinville como era quando negociou com Alfredo da Silva a prestação dos seus serviços e veio ao Barreiro pela primeira vez – mostrando-o muito mais novo do que até aqui dele se conhecia.
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E o álbum prossegue com a apresentação das principais actividades produtivas, sistematizadas segundo a perspectiva inicial do complexo, mas trazendo fotografias de cada uma destas até tempos bem mais próximos.
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Destacam-se assim as actividades produtivas básicas (Adubos, Óleos – agrupando estas azeites, sabões e rações para gado – produtos químicos, com destaque para o sulfato de cobre, e produtos metalúrgicos) e as actividades produtivas complementares, que reuniam a metalomecânica, a têxtil, a produção de tintas e a construção naval, que esteve activa no Barreiro até ao arrendamento dos estaleiros do Porto de Lisboa, na Rocha de Conde de Óbidos, constituindo o primeiro destacamento de actividades a partir do Barreiro e que esteve na origem, muito mais tarde, da Lisnave e da Setenave. Aliás, estas indústrias inicialmente complementares iriam rapidamente constituir importantes valores e negócios próprios, dos quais alguns viriam também a ser destacados e a constituir actividades deslocalizadas.
É nesta perspectiva também que deve ser encontrado o poder multiplicativo induzido pelo Barreiro, como pólo primeiro, nas actividades industriais do Grupo e avaliada a sua desmobilização industrial, colocando, no outro prato da balança, o volume de emprego consolidado pelas actividades que daqui saíram e pelas actividades – outras – que aqui se instalaram.
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Ainda dentro duma perspectiva original, mas trazendo também fotografias mais recentes, referem-se os principais serviços de apoio às fábricas (conservação, energia e fluidos, transportes, sala de desenho, laboratórios, serviços de pessoal, medicina no trabalho e outros órgãos administrativos), sempre presentes, activos e valorizadores na orientação integrada que o Barreiro representou.
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Cabe, evidentemente, um registo final sobre o que foi a obra social da CUF, representada pelos serviços e actividades de apoio social e cultural aos trabalhadores, como uma componente presente desde início no exercício corrente da Empresa.
Inspiração de exemplos e causa de emulação positiva, dela mais uma vez, ressalta a velha afirmação de que as árvores se avaliam pelos frutos que produzem.
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É este, pois, o álbum que hoje se apresenta e se submete à vossa apreciação, agradecendo a benevolente paciência com que me acompanharam.
Antes porém de concluir, quero agradecer á Editorial Bizâncio, na presença do seu sócio-gerente Sr. Luís Alves, o ter aceite o desafio e inserido este album nas suas iniciativas editoriais. Destaco ainda o cuidado trabalho dos restantes que nela colaboraram, seja na concepção gráfica, seja na revisão, seja na esmerada impressão e acabamento que apresenta.
Igualmente agradeço aos Correios [na pessoa do seu Vice-Presidente] a atenção que a presente efeméride aos CTT mereceu, através da emissão de uma colecção de selos e de um belíssimo bloco, que vêm colocar o Barreiro no vasto e culto panorama filatélico mundial.
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Os autores da obra, relembro, são os que nela se evocam, os que ali estiveram e ali partilham da memória colectiva que, no Barreiro, foi “A FÁBRICA”.
A esses, em nome dos coordenadores, também agradeço, com um forte abraço. E a esses – e aos familiares desses – recordo, em nome das história de vida que possam testemunhar, em nome da história do Barreiro que nos junta, o interesse de não dispersarem os ricos registos pessoais e familiares que possam existir e que contém parte importante de toda essa experiência, permitindo completar e certamente valorizar a obra que mostra aqui e agora, na data do arranque em 1908 da primeira unidade fabril , o mérito indiscutível de uma comemoração centenária.
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E concluo esta apresentação, que já vai longa, repescando o que hoje mesmo deixei expresso, noutro local.
Reitero, lá como aqui, o meu entendimento de que as realizações industriais se mantém como elementos essenciais à sociedade, tendo por certo que não há riqueza sem o aumento da utilidade das coisas que a produção permite.
No particular, no que toca ao Barreiro que celebramos e ao Barreiro em que vivemos, certamente se regista quanto na fisionomia da cidade está a mudar.
Mas, como na simbólica evocação da fonte por Pavese – ao dizer que a frase “aqui era uma fonte” nos iria um dia comover – considero que a simples frase “aqui houve A FÁBRICA, aquel’A FÁBRICA”, e a visão das imagens que dela ficaram, como as deste álbum, irão certamente falar e comover as gerações vindouras.

Disse.”

Barreiro, 19 de Setembro de 2008


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NOTA: Não se exclui que possam existir ligeiras diferenças entre o texto aqui transcrito e as palavras no acto pronunciadas, sendo certo que – a existirem – não alterarão substancialmente o conteúdo e propósito da intervenção.
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quinta-feira, 18 de setembro de 2008

Um pequeno fragmento de uma obra menos conhecida [1]

Pepitas de ouro [2]

"Ela não está só. Vive uma situação muito característica. Presa numa gaiola, quer escapulir-se. Quer ser livre. Cansou-se de ser o eu-quero-eu-terei que preencheu toda a sua vida. De facto, passou uma vida inteira a saltar duma gaiola para outra. Quis ter sexo, quis fazer fortuna, quis conquistar um título, uma posição social - e, agora, acabou por querer Deus. E, ao querer Deus, pensou poder encontrá-lo na memória do pai. Mas esse culto do pai não passou de uma máscara, de uma inversão do ódio que realmente lhe tinha. Hoje, por mero acaso, confrontámo-nos todos com essa realidade."

Edwin Corle, "Coarse Gold", E. P. Dutton & Co., Nova Iorque, 1942, pag. 247
(tradução livre do bloguista)

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[1] E, no entanto, Edwin Corle (1906 - 1956) foi um prolífico escritor norte-americano com obra importante e diversificada, dedicada especialmente a temas americanos. Falaremos dele um dia destes. "Coarse Gold" (1942), na cronologia do autor, foi a sua terceira obra publicada.
[2]"Coarse gold": Imagem: http://www.medinah-minerals.com
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quarta-feira, 17 de setembro de 2008

Um evento a 19 do corrente

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O restaurante "Palácio Alfredo da Silva" fica no Bairro Velho da CUF, junto à "Torre do Relógio"

Recusa

Acabam de me referir que o minha mais recente obra, "Manual do Cagaço", não será publicada. E pensava eu que, com ela, iria finalmente ter sucesso.
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terça-feira, 16 de setembro de 2008

Dará Deus dentes a quem não tem nozes?

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"Vai haver assistência
estomatológica
em todas as escolas do país: ; :

O sr. dr. Ferreira da Costa, director da clínica de estomatologia dos Hospitais Civis de Lisboa, propoz recentemente a creação de assistencia estomatológica em todas as escolas do país, problema que considera de excepcional importancia, visto que a saude bocal representa contribuiçºao valiosa para a robustez física da criança. Esta proposta mereceu louvor unanime em todas as camadas sociais, dando-lhe inteiro apoio os nomes mais em evidencia naquela especialidade científica. O autor da proposta fará na próxima quinta-feira uma comunicação sobre o asunto na Sociedade Portuguersa de Estomatologia."

Jornal de Notícias (Porto), 5 de Março de 1942, Página 1, Coluna 6

Leva esta notícia apenas 66 anos em cima...
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Imagem: http://www.usp.br

segunda-feira, 15 de setembro de 2008

Realismo jurídico

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"Rei Salomão", por Duccio di Buoninsegna (~1215-1319)
Museo dell'Opera del Duomo, Siena [1]


Como aqui já se citou várias vezes [2] mas é sempre bom relembrar:

Mais faz a lei quem a aplica que quem a escreve. [3]

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[1] Apud www.artbible.info
[2] 15/9/2005 e 8/3/2007, pelo menos
[3] Numa versão mais extremada: "Quem faz a lei é quem a aplica"
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domingo, 14 de setembro de 2008

Blogando (ou da escrita dos blogues não guardados)

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Escrever em base perecível é correr o risco de, afinal, nada ter escrito. [1]

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[1] Quem conhece um bom e seguro sistema de bécupar blogues?


sábado, 13 de setembro de 2008

Norma de infiltração

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"Tendo em conta a tradicional inércia das populações, induzir e criar, sempre que exista campo para isso, organizações de base para tudo (de residência, de utentes, de fins culturais, de defesa ambiental, de interesses corporativos, etc) e nelas assegurar a liderança e representatividade, produzindo, por todas as formas, uma presença activa externa - mas estar sempre pronto a promover o seu descrédito caso algum sobressalto participativo ponha em risco os conseguidos comando e orientação." [1]

Adenda 1: ... ou caso outra força deles se pretenda servir, com desvio a seu favor de idênticos propósitos.

Adenda 2: "E não desprezar quaisquer iniciativas ou oportunidades infiltrantes por mais discretas que ao princípio possam parecer". [2]

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[1] Não citação, mas reflexão. Em como encontrar palavras para práticas observadas.
[2] Ver, a propósito, a revista "Sábado" nº 228, de 11 a 17 de Setembro corrente, pags. 56 a 63 (com excepção da pag. 61, exclusivamente publicitária), sobre o surpreendente conteúdo de manuais de História acreditados no nosso ensino secundário. Mas será mesmo surpreendente? E depois queixem-se!

sexta-feira, 12 de setembro de 2008

"The King makes no wrong"

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É um princípio da (não escrita) Constituição Inglesa. Mas inglês da Inglaterra e que só beneficia quem lá seja reconhecido como rei ou rainha. Fora disso, não dá - e, por maioria de razão, não dá em República.
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quinta-feira, 11 de setembro de 2008

"O amor e o charuto...

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... não se acendem duas vezes."

da peça "O Íntimo", de Eduardo Schwalbach
(frase frequentemente citada por Hintze Ribeiro [1])

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[1] apud JN, 55, 334 (11/5/1943), p.1 & 3

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quarta-feira, 10 de setembro de 2008

Laconismo... em estado de necessidade desculpante


Dados os afazeres múltiplos, passo ao modelo sintético; torneira fechada mas não forçada, porém bem contra vontade. C'est la vie! ou seja: Melhores tempos virão (ou não virão!).

gravura de www.sanepar.com.br

terça-feira, 9 de setembro de 2008

Esboceto

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Morte de Aquiles, por Páris. O cavalheiro do meio é Apolo, a guiar a seta. Parcialidades...

Bonita sem ser bela. Meã de estatura. De uma elegância inesperada num "metro" de fim tanto do Verão como da hora de ponta. Saia-casaco preta, impecável. "Pendentif" discreto, mas de qualidade. Mala-saco também preta, "Cavalinho". Um caderno de folhas A4 com banda plástica branca, fina, podendo ler-se, na primeira página, a vermelho, um enigmático e apelativo "Tu me troubles". Ar eficaz de estudante graduada, secretária qualificada, jovem quadro ambicioso. Mas...mas... sapatos-sandália de base em cortiça e tira bistre, marginada a vermelho, escondendo dedos e exibindo calcanhares. Desnecessário e penoso Aquiles, neste quadro.
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segunda-feira, 8 de setembro de 2008

Regras para colocação em filas de n lugares nos catamarãs do Barreiro (com n > 3) [1]

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Já que se está em maré de transporte fluvial, aí vão as regras:

I. O passageiro A tomará um dos lugares extremos da fila e colocará a sua tralha no lugar interior imediatamente adjacente.
II. O passageiro B tomará o outro lugar extremo da mesma fila e colocará a sua tralha no lugar interior imediatamente adjacente.
III. O passageiro C, após entrar, procurará um lugar extremo livre em qualquer outra fila para, por sua vez, assumir a situação I ou II aplicada a essa fila.
IV. Não o conseguindo, o passageiro C olhará atentamente os lugares vazios no interior da fila onde se situam A e B (ou qualquer outra fila nas mesmas condições).
V. A e B farão o possível por ignorar olimpicamente a atenção de C, seja lendo atentamente, seja sonolentando, seja por qualquer outra forma aparentemente passiva (e deitando entretanto o rabo do olho a C) [2]
VI. C pedirá a A (ou a B) licença para ocupar um dos lugares vazios entre A e B.
VII. O interpelado A (ou B) dará passagem a C demonstrando má catadura e manifesto e sofrido incómodo por essa indesejada solicitação.
VIII. Além disso, se o interpelado A (ou B) estiver à espera de qualquer membro de uma tertúlia habitual naquele barco, àquela hora para o sentar naquela fila ou se tiver de mexer nos seus trambolhos e alfaias para que C se acomode deverá audivelmente rosnar.
IX. Finalmente C acomodar-se-á, com as suas próprias tralhas.
X. No fim da viagem, se C pretender sair antes de A ou B qualquer destes poderá tomar duas atitudes: ou repetir as situações V e VII, agora no sentido inverso, ou, em alternativa, dizer a C a frase desnecessária "eu também vou sair aqui" [3] e levantar-se, frustrando a tentativa de saída antecipada de C; em qualquer das situações um rosnar ainda mais nítidamente audível por parte do interpelado A ou B é um complemento indicado, podendo C também (e finalmente) rosnar qualquer coisa nesta X estação.

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[1] Generalizáveis, com as devidas adaptações e pelo menos em Portugal, a qualquer outro transporte colectivo (ainda se não estudaram outros domínios, na acepção matemática)
[2] "Rabo do olho" = frase idiomática portuguesa que significa "sem dar nas vistas, disfarçadamente"; não goza da propriedade comutativa.
[3] Como se pudesse sair a meio do rio ou ficar no barco após o fim da viagem e esvaziamento do mesmo.

Imagem: cortesia a www.sitco.in

domingo, 7 de setembro de 2008

Recordando um folheto da CP - Via Fluvial


Arrumando papeis velhos, surge-me isto. Seguindo um mau hábito nacional, não tem data - mas atendendo às estatísticas apresentadas deve referir-se a 1990 ou 1991 . As únicas características que nele se encontram estão quase ilegíveis na aba da contra-capa, preto sobre azul, dizendo:
  • Design Gráfico - Design / CP
  • Impressão - Fergráfica - artes gráficas, lda
Este folheto foi distribuído aos utentes da Via Fluvial. Procuraram-se digitalizar todas as páginas, desdobrando as abas quando fosse o caso. Pro memória.

Página 12 e Fágina 1 (contra-capa e capa), ambas com aba recolhida

Página 1 (capa), com aba desdobrada


Página 2, com aba desdobrada

Páginas 2, com aba sobreposta, e 3

Páginas 4 e 5

Páginas 6 e 7

Páginas 8 e 9

Páginas 10 e 11, com aba sobreposta

pag. 11, com aba desdobrada

Pag. 12 (contra-capa), com aba desdobrada


sábado, 6 de setembro de 2008

Pre-aviso quanto ao colóquio de encerramento do Centenário das Fábricas da CUF no Barreiro (1908-2008) - 8, 9 e10 de Outubro p.f.

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Para informações e inscrições:
Tf. (+351) 213 177 640 (extensão 215) / 213 177 644 (atn. D. Ilda Esteves)
cuf100@universidade-autonoma.pt

sexta-feira, 5 de setembro de 2008

Interlúdio (recordam-se?) [postagem provisoriamente provisória]

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Em obras : sinalética bastante de acordo com o estado do blogue
e do espírito do bloguista [1]


A demora determinada pela pelas postagens sobre as Jornadas de Lousame, a correspondente deslocação e obrigações e complicações posteriores, incluindo problemas na reprodução de imagens, determinaram algum atraso na postagem de textos já escritos.

Para não mais desactualizar o presente blog decidiu-se adoptar um critério que, de há muito, deveria ter sido usado e que aliás já teve precedente: prosseguir a edição de postagens actualizadas e fazer a adição gradual dos rascunhos guardados, uma vez completados com as respectivas fotografias.

É o que se fará a partir deste momento.

Actualização: Esta postagem era para ser retirada quando os textos editados tivessem atingido este ponto. Decidi porém mant~e-la como reserva, para eventuais utilizações futuras. 080907,

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[1] Com devida vénia a
www.macalester.edu/courses/hisp331/obras.jpg
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Apontamento fotográfico - 13 (a explosão da granada)

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Nunca se deve deixar que os frutos amadureçam em demasia na árvore!

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quinta-feira, 4 de setembro de 2008

Quando a clepsidra se torna hidra

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Próximo do fim do tão esquecido ano de 1997, já a pisar 1998, escutei de um reeleito autarca, pipilando no reconquistado poleiro, uma verdade tautológica: "em democracia por um voto se ganha, por um voto se perde". Ora nada há mais democrático que o tempo: corre à mesma velocidade no relógio do palácio do imperador e na sombra da vara do escravo e mobiliza ambos para a morte com exactamente a mesma contagem. Por isso poder-se-lhe-ia adaptar a dita frase dizendo "No tempo, por um minuto se ganha e por um pinuto se perde". E recordar como o tão simples lema: "Espera-se lá!" demonstra, em duas pequenas palavrinhas, como resolver aqueles compromissos do homem com o tempo que se chamam "prazos".
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quarta-feira, 3 de setembro de 2008

Das greves de transportadoras

Magritte

Não se põe minimamente em causa o direito à greve, afirmado como direito. Mas quando uma greve ocorre num prestador de serviços à comunidade deve-se então entender que o conflito, ultrapassando a bilateralidade, afecta igualmente a pluralidade dos utentes e que, por isso, deve ser destes conhecida com a devida informação atempada e completa. A simples afixação prévia da notícia por datas não chega: é útil o conhecimento público das suas motivações e objectivos - para que os habitantes do terceiro vértice do triângulo, que são os utentes e pagantes, possam fazer sobre esse movimento social um adequado juízo de valor.
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terça-feira, 2 de setembro de 2008

A reparação

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DAUMIER, "Os três advogados"

Chego ao País e encontro-o atento à indemnização judicialmente atribuída a um jovem e promissor político mantido em prisão preventiva após ser constituído arguido num processo a que foi trazido em circunstâncias questionáveis, teatrais e mediaticamente difundidas, para gaúdio de alguma gentinha. A actual decisão, sendo justa, traduz-se uma reparação mínima pela gravidade da lesão sofrida que constituiu um verdadeiro atentado à personalidade do atingido e quase procedeu à degola de uma carreira política de grande potencial ao reflectir-se na área do crime sexual grave - sabendo-se quão apetecível essa área se torna para o "diz-se diz-se" e o "aponta-dedo" numa sociedade hipocritamente moralista como a nossa.

Congratulo-me pois com a decisão, que demonstra a capacidade democrática de, pela Justiça, dever a Justiça corrigir os seus erros - sendo certo que uma decisão errada nunca é inteiramente recuperável e que a indemnização pecuniária é uma forma imperfeita de tentar confortar o sofrimento, apagar o estigma e atribuir reversibilidade a algo que é irreversível e que é o tempo de uma vida [1].

Anuncia-se que o MP vai recorrer da decisão: tal atitude não me espanta nem dela tiro quaisquer ilações, porque tecnicamente isso lhe cabe.

Recorda-se que, ainda neste caso, foram arquivados os procedimentos judiciais contra os presumíveis caluniadores e que não se encontrou, igualmente, razão para mais investigar a eventual existência de uma vasta cabala que procuraria atingir toda uma cúpula partidária. Será interessante saber se há público acesso às diligências, investigatórias ou decisórias, em que tais arquivamentos se fundamentaram - já que não há dúvida que os factos denunciados tiveram impacto e consequências na sociedade portuguesa.
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[1] É igualmente de prever o aparecimento de um coro de comentários, alguns nominados e muitos anónimos ou com nome suposto, que pretendam diminuir ou "parcializar" a decisão, apontando-a como um efeito na Justiça de factores a esta externos. Tal atitude, essa sim "parcializada" e também boçal, mais demonstra quão graves são os efeitos do erro judicial e quão incompletamente ressarcíveis acabam por ser os seus danos.


segunda-feira, 1 de setembro de 2008

Setembro, nas "Les Très Riches Heures du Duc de Berry"

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Setembro,nas "Les Très Riches Heures du Duc de Berry"

A despedida do calor, as vindimas, os trabalhadores do campo (sempre à esquerda), o retorno, o Natal que de muito ao longe se prepara, o camponês ou camponesa que muito medievalmente mostra as cuecas ou menos que isso na vereda da esquerda... felizmente que Agosto foi de abalada e que Setembro chegou ao calendário.
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