sábado, 19 de janeiro de 2013

Uma perguntinha de História

Quando um País recebe ordens de fora, que vão contra o seu estatuto fundamental e acalcanham a sua soberania, ou se transformou num protetorado ou caiu sob uma forma mesmo que insidiosa de ocupação. Muito desta questão situa-se na extensão relativa do exercício direto e do importado, ainda  que interposto. Nesta perspetiva compreende-se a comoção e reação nacional ao Ultimato Inglês.

Quase a despropósito, sabe o que significou (num vocabulário internacional ainda não totalmente esquecido) a palavra "quisling", substantivando o nome de um personagem histórico?

sexta-feira, 4 de janeiro de 2013

Da Organização Política e Administrativa da Nação

Para os que a recordam, era uma disciplina liceal do regime anterior. Apesar disso. nela tentava incultar-se o SIM mas também se aprendia o NÃO e a sua razão. Curricularmente foi substituiída por nada. Essa substituição pelo vazio talvez permita algumas bacoradas que se ouvem e da parte de quem se não esperariam ouvir.. Contra essa corrente digna de boiardos, Pacheco Pereira na "Quadratura do Círculo" do fim do dia de ontem pôs alguns pontos nos ii: democracia não é apenas poder livremente votar para designação (e responsabilização) de representantes eleitos. É mais que isso: é a existência de uma Constituição, como lei fundamental também livremente votada e que legitima, assume, regula e fiscaliza esse compromisso entre governantes e governados. Que a Constituição pode estorvar uma governação é uma compreensível verdade. Ulrichicamente poderá usar-se a dupla afirmação precedida por um Ai de certeza: "Ai estorva, estorva!" Sobretudo os que são tentados a não a cumprir. Mas é para isso mesmo que existe.

quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

A utilidade de um Plano A dito como B

1. Estabeleça-se e estude-se em muito pormenor a hipótese de ação constante de um plano que se rotula como Plano B e que sigilosamente se guarda.

2.Desenvolva-se seguidamente o que se vai designar por Plano A, incluindo e superando o plano B com conteúdos temerários adicionais mas condicionando estes aos limites de previsível rutura.

3.Rodeiem-se essas medidas adicionais de argumentos de indispensabilidade complementados de argumentos de temporalidade e de complexidade técnica e de um discurso com terminologia própria para lhes dar respeitabilidade junto da massa menos esclarecida e quiçá mais volumosa de destinatários que se creiam incautos.

4.Conte-se pois com uma inércia, comodismo, impreparação política  e mesmo (mas cuidadosamente) de terror da população-alvo como pode ser medido por reveladores mensuráveis  como, por exemplo, a evolução  da taxa de absentismo em actos eleitorais sucessivos ou a sucessão de sondagens credíveis (levando essa análise até às segundas derivadas e recorrendo à teoria das catástofes para uma deteção precoce de eventuais ruturas).

5.Promovam-se campanhas provenientes de segundas linhas, mas com referências pontuais e incisivas por  primeiras figuras,  visando desacreditar o limitado activismo e desccredibilizar os orgãos de regulação e controlo.

6. Lance-se então o Plano A, seja pelo bater de ruidosas chancas, em discurso e cenário próprios, seja por discretos "pezinhos de lã" e meçam-se  as subsequentes respostas.

7.Se uma extremada  resistência do meio ou a resposta dos órgãos de regulação e controlo não permitem o prosseguimento do Plano A, admita-se a benesse de um recuo e faça-se surgir o Plano B, que desde sempre esteve na calha, eximindo como mérito próprio a humildade de uma tal retirada, apresentando-a como "limitação de avarias" e de capacidade de ouvir e fazendo recair eventuais consequências sobre incompreensões colectivas ou comportamentos que reticentemente se dirão legítimos das entidades que a determinaram.

8.Caso as resistências do meio sejam frouxas ou as respostas dos órgãos de regulação e controlo, mesmo que adversas, sejam relativamente inoperantes, institui-se o Plano A reclamando o seu  mérito global,  através da compreensão e aceitação recebidas. A minimização de vozes discordantes só deverá ter lugar a partir de um limiar incontornável de conhecimento geral e sempre através de uma segunda linha; até lá ignoram-se.

9.Deve evitar-se a existência de um eventual Plano C ou o conhecimento de quaisquer debates nesse sentido mesmo que fora-de-registo ou em pequeno-gabinete -- situações que, essas sim, revelariam uma impreparação ou descoordenação de proponentes.

10.A análise anterior corresponde a uma tentativa de registo e sistematização de um conjunto de eventos recentes,, que item a item e "urbi et orbi" podem ser exemplificados, não sendo necessariamente completa nem traduzindo (antes pelo contrário) as opiniões de quem a apresenta. Igualmente não se aceitam quaisquer responsabilidades pelo possível insucesso de quem a pratique e considere má informação e arrogância como chaves de sucesso.