quinta-feira, 14 de maio de 2020

UM EXERCÍCIO DE REFLEXÃO, EM 1975

Em 1975 participei num grupo de reflexão partidário mas extra-executivo  para "pensar" possíveis linhas de desenvolvimento. No campo rodoviário apoiavam-se 3 vias "autoestradais": uma NS ocidental prioritária, que corresponderia à AE Porto Lisboa já em uso, mas  a ser completada com as suas extensões para Norte e para Sul, uma NS Central  com traçado próximo, se não convergente, com o da então EN2, vencidas que fossem as dificuldades levantadas pelas bacias hidrográficas do Mondego e Zêzere [1, 2]  e dotada esta de acessos de idêntico perfil à direita ou à esquerda, para servir condignamente capitais de distrito e ligar às outras verticais, e uma terceira  NS descendo ao longo da fronteira com a Espanha.  Pretendia-se, com esta reticulação, valorizar o interior e articular, onde fosse possível, com a estrutura de ferrovias. Não escapava a transversal do Alentejo, de Sines a Beja e de Beja à fronteira e que ainda hoje faz falta  pois - em termos de perfil viário compatível - o traçado transversal não passa de Ferreira [3]. E assim se ficou. e finou o grupo, crescentemente entropiando em esquecida reflexão, afastando tanta complexidade e, certamente, deixando o País suspirar de alívio com o que na época se chamava de "eiefantes brancos" [4].
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[1] É interessante conhecer a história da ponte de Álvaro, inaugurada em Agosto de 1983, como exemplo dessas dificuldades e de como com ela se resolveu finalmente, em 30km, o percurso anterior de 100 km entre os concelhos de Pampilhosa da Serra, a Norte, e Oleiros, a Sul- a menos de quem quisesse fazer em batelão uma travessia  nem sempre simples ou acessível.. Essa redução de percurso, conseguido com o grande esforço e anseio das populações, corre fora do traçado da EN2 mas mostra o que obras de arte adequadas poderiam nela fazer para uma   fuga central ao famoso "funil de Coimbra".
[2] Para ainda hoje conhecer o traçado da EN2, nos seus 738 km entre Chaves e Faro, e com isso  não suprindo uma atrativa experiência pesoal , sugere-se visitar   o local  https://quilometroinfinito.com/rota-patrimonio-da-estrada-n2/
[3] Uma outra história edificante é a do ramal ferroviário de Sines, hoje linha de Sines,   e dos problemas e dúvidas que levantou quando do seu projeto e construção. que se estendeu por troços entre 1927 e 1936. Considera-se atualmente a sua extensão a Évora e a Elvas-Caia, ligando a Estrenadura espanhola. (Plano Ferrovia 2020). Em termos de quilómetro por ano, desde a tão atribulada gestação, nem um caracol andaria mais devsgar!.
[4] Quando se escreverá  ou farã um cinedrama sobre esses quadrúpedes míticos ou reais ou dos também injustamente assim apodados para que não existissem ou ventassem noutros alforges (nomeadamente no que foi a desprogramada  nau catrineta na nossa enevoada epopeia industrial imediatamente pre- ou pós-25A) ?.