quarta-feira, 31 de outubro de 2012

Dia da poupança [1]

Diziam os Pais: Poupa para assegurares o teu presente e precaveres o teu futuro. "Vintém poupado [é] vintém ganho!" [2]

Diz o Banco: Poupa e entrega-nos, que o guardaremos melhor, mais seguro e ainda por cima te daremos algo por isso: vintém poupado é-te pago a dois ou dois e meio enquanto, se precisares, t'o emprestaremos a doze, catorze ou inda mais!

Dirá o Fisco: A gente está à coca, vai espoliar-te no que puder e deixar-te-á o sobrante para dares à tripa, pagares a telha, os serviços e as contas, remédios para os velhos e educação para os putos, e poderes usar o que reste (se te restar algo) em sonhos de poupança. Vintém poupado será coisa que pensavas ter... e, já agora, não te esqueças de juntar ao que te levarmos os vinte e muito por cento dos tais dois que o Banco te diz pagar!

Maldiz o "sujeito passivo", sedento de se tornar activo: Fogo! [3]

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[1] Aquele humor hallowínico que agora impera nas Finanças é, creio eu, coerente com a ironia da coincidência de calendário levado à ironia de fazer coincidir o dia da poupança (tudo em minúsculas) com a votação na generalidade do Orçamento de Estado para 2013. Ou em termos de poupanças: auf Wiedersehen!
[2] Legenda em moeda da República do Brasil, de 20 Reis em bronze, cunhada de 1889 a 1912. Imagem:  cortesia a pralmeida.org e à sua excelente página sobre "Moedas do Brasil".
[3] Expressão que, em Português conveniente, significa "Dâsse!".

terça-feira, 30 de outubro de 2012

Da bandeira nacional ao invés... ou prefácio pós-feito à página de 6 de Outubro (& com rectificação posterior à laia de mea-culpa)

Recapitulando por necessidade as pouco frequentes intervenções que vim ultimamente trazendo a este blog constatei que um zeloso e zelota leitor (pessoa singular ou colectiva) achou por bem entrar no campo e  literalmente obliterar a imagem da "bandeira ao invés" que ornava a minha postagem de 6 de Outubro,  substituindo-a por um quadrado negro. Quatro comentários e acções que esta atitude carece de receber:

1. Manter o quadrado negro no sítio em que o deixou, certamente para simbolizar o tal túnel sem fundo e sem luz ou uma cor de camisa (há-as também castanhas, azuis e verdes, toda uma panóplia de escolhas e sempre dentro do mesmo tom).

2. Trazer a este local três endereços electrónicos de interessantes peças que se mantém no"Youtube", sobre tal incidente incontornável,  que correu mundo, e que assim até traz consigo a imagem animada da bandeira e a qualidade do quadro oficial envolvente, tornando ainda mais fácil e bem documentada a compreensão do que nessa página se diz. Eles aí vão os três, todinhos:

3.Perguntar ao intruso e anónimo obliterador se lhe não causa algum prurido o esfoliar descaracterizador da mesma bandeira nacional no recente logotipo do "Governo de Portugal", como se o verde e o vermelho fossem separáveis e se, como  folhas plásticas coloridas, de formato  A4, brotassem de uma fotocopiadora vulgar, quiçá dotada de cartuchos com tintas ideológicas (é curioso que ninguém o tenha notado, na fixação e desvio para as bandeiras de lapela, de notória inspiração EUA).

4.Desejar-lhe ainda que, já que se permitiu entrar na minha página para remover a bandeira, possa também usar as três peças supra referidas para apreciar os erros de içamento, em bitolando o pau da mesma.

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A TEMPO (Adenda  colocada a 22/11): O comentário de um atento Leitor, que hoje li e para que eu remeto, tranquilizou-me quanto à pretensa intencionalidade do desaparecimento - que parece ser devida a razões de gestão informática de imagens. Assim sendo, não terá havido malícia (de terceiros) no quadrado preto mas sim ignorância (minha) perante o inédito encontro com o mesmo desde que blogo neste local . Fica a notícia inalterada, pelo seu significado histórico e pelos outros elementos que contém (vg. ponto 3) mas salvaguardando a verdade com esta adenda e a chamada final no título.Rectificou-se também a data de uinserção, que foi anterior á da postagem seguinte.

sábado, 6 de outubro de 2012

Um presságio heraldico no escudo a fazer o pino



 

ADENDA FEITA PREFÁCIO PÓSFEITO: É estranho este quadradinho, n´é, que pode bem significar um túnel sem fundo e sem luz? Não percam a curiosa explicação que dele será feita na página de 31 de Outubro!

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1.A descrição da bandeira nacional, da esfera armilar e do escudo que nela se contém pode encontrar-se em várias fontes, e nomeadamente pode encontrar-se suficientemente detalhada na Wikipedia [1]:
Dentro de uma borda branca, cinco quinas (pequenos escudos azuis), com seus cinco besantes brancos representam as cinco chagas de Cristo quando crucificado e popularmente associadas com o “Milagre de Ourique”. […]Assim, em gratidão a Jesus [pela vitória nessa batalha, D. Afonso Henriques] incorporou cinco escudos (quinas) dispostos em forma de uma cruz, representando a vitória divina conduzida sobre os cinco reis inimigos cada um carregando com as cinco chagas de Cristo na forma de besantes de prata. A soma de todos os besantes (sendo os besantes centrais contados duas vezes) daria trinta, simbolizando os 30 dinheiros que Judas teria recebido pela traição a Jesus Cristo. […]”

2.Que os besantes, em heráldica, representam dinheiro está bem patente em dois textos, retirados de uma outra fonte [2] e que se apresentam sem interrupção:
“ […] Deu-se em 1143 «a entrada de um elemento novo na composição do brasão»… «os besantes ou dinheiros», cujo significado heráldico é o de resgate (pago pela libertação do cavaleiro que os ostentar no seu escudo, certamente não o caso de Ibn Anrik, que nunca caiu nas mão dos mouros…) ou o direito de cunhar moeda (o que se aplica certamente a um recém aclamado rei). […] No reinado de Dom Sancho I (1185-1211) aparecem as “quinas”, escudetes carregados de besantes (círculos), que se dizem representar as cinco chagas de Cristo crucificado, enquanto que os vinte e cinco besantes, duplicando os cinco do escudete central, representariam as trinta moedas da traição de Judas Iscariotes. No entanto, é certo que os besantes não eram inicialmente cinco em cada escudete, aparecendo mais frequentemente onze.[…]”

3. Representando pois os besantes dinheiro sob a forma de moedas, não deixa de ser já significativa a sua relação com um “resgate” e, bem assim, poder-se constatar, com a diminuição histórica do seu número, um certo empobrecimento em montante do símbolo nacional. Porém essa diminuição teve uma consequência pior: permitiu que, com uma ginástica geométrica (a dupla contagem do escudete central) se pudesse fazer uma leitura de mau gosto, evidentemente pietista e que com outros números não seria possível, associando-os aos 30 dinheiros percebidos e não declarados por Judas, frequentemente representado como o mestre em finanças do grupo (não se arrisca a procura da universidade e curso que lhe poderiam ter dado a bolsa com que o pintam).

4. Reparando no formato dos escudetes que contém os besantes, não pode deixar de se notar a sua semelhança com bolsos – bolsos que, cada um, conterão as 5 atuais moedas. Assim sendo, e sem habilidades, o escudo conterá 5 bolsos, naturalmente abertos em cima, e cada um contendo e retendo 5 moedas – logo um pecúlio de 25 moedas heráldicas no total.

5. Sendo um bolso normalmente aberto em cima e contendo moedas, o que sucede quando se inverte?  É a perda do que nele se tem. E não é de facto o que pretende um ministro de fala-lenta (na apropriada aceção de Simon Wejntraut [3]), do lado daqueles que se obstinam em dizer que foi o gastamento [4] da malta e não, entre outras façanhas externas e internas, a desindustrialização e a desmobilização agrícola e pesqueira e a exportação terceiro-mundista de alguns dos recursos do País (quantos anos de maioria absoluta e de quem os teve?), a causa das coisa. Bandeira ao contrário = bolsos vazios, coincidência significativa e premonitória.

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[4] na aceção da pag.643 da 2ª Edição do Dicionário de Sinónimos da Porto Editora, Porto, 1995

Imagem:cortesia ao blog "Nesta Hora".