sábado, 31 de maio de 2008

Orange Juice: "Rip it up"

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Turbilhão no sumo da laranja [1]
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A ouvir:
http://www.youtube.com/watch?v=NBikNb5oEcU


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[1] gravura, com a devida vénia, de
: www.sxc.hu/photo/592180
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sexta-feira, 30 de maio de 2008

Pintura e homenagem à Mulher

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Leonardo da Vinci, Dama com arminho
(retrato de Cecilia Gallerani)


Três minutos de bom gosto, num vídeo da autoria de "ebimadrid". A não perder:

quinta-feira, 29 de maio de 2008

Onde estão... ? Ah! aquele eu conheço! E aquele também... E mais aquele...

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Não sei a quem devo créditos por postar esta genial e divertida imagem. Recebi-a de pessoa amiga por e-grama, já transmitido a esse remetente por outro e outro... mas sem qualquer referência de Autor! Não, não é um "res nulius" porque nem em Arte nem em genética isso existe e há sempre quem tenha concebido. Por isso, se me souberem dizer a quem eu devo referência e vénia - eu agradeço. Até lá coloco a gravura esperando que, após postagem, dê para devidamente ampliar e se fazer o exercício recomendado!


Pois que o e-grama recebido não se ficava pela gravura e, sobre ela, propunha um exercício: dizia ele "Se descobrir 20 ou mais destes protagonistas, não está mal a sua cultura geral". E acrescentava, paternalmente: "Amplie e vá escrevendo os nomes junto a cada um, para que não se baralhe!". Bem... fica o desafio. Vale a pena e pelo menos é divertido - coisa rara neste mundo e neste momento em que a cotação em Londres do "brent" está acima e o anticiclone dos Açores está abaixo do que deviam ambos estar. (Culpa do Governo, certamente...).
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[A tempo: Parecem-me algo complicados - mas possíveis - os esforços para conseguir via blogue a desejável ampliação. Mas, se isso não for totalmente possível, fica a ideia... e a pergunta. Quanto à ideia, podem bem avaliar do que se trata. Quanto à pergunta, quem teria feito isto?]

quarta-feira, 28 de maio de 2008

"To a Historian" (A Um Historiador) - de Walt Whitman

Walt Whitman (1819-1892)

TO A HISTORIAN

YOU who celebrate bygones,
Who have explored the outward, the surfaces of the races, the life
that has exhibited itself,
Who have treated of man as the creature of politics, aggregates,
rulers and priests,
I, habitan of the Alleghanies, treating of him as he is in himself
in his own rights,
Pressing the pulse of the life that has seldom exhibited itself, (the
great pride of man in himself,)
Chanter of Personality, outlining what is yet to be,
I project the history of the future.

Walt Whitman
"Leaves of Grass", ed. 1881-1882
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terça-feira, 27 de maio de 2008

(Elisabeth) "Lee" Miller (1907 - 1977)

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Atribui-se a Lenine a frase "Aprender. Aprender sempre!". Pelo que sabemos do mundo que nos rodeia muitos a deverão ter dito antes de Lenine - mas a verdade está na frase e, no presente caso, prescinde do autor. Ora, numa das minhas deambulações pela "rede" ("navegações", dizem eles), a propósito de Paul Éluard e em ligação com o movimento surrealista, vim embater na figura extraordinária de Lee Miller, americana de nascimento, musa de Man Ray, retratada por Picasso, modelo, fotoartista, fotojornalista (incluindo uma realista afirmação como reporter de guerra durante a II GG), que eu conhecia razoavelmente mal e que é de incluir no número das grandes figuras femininas do sec. XX. O maior desenvolvimento temático traçado em torno de Lee Miller tem muito a ver com o mérito da sua obra, compilada nos anos 80, com as biografias desde então publicadas e com a exposição evocativa do seu centenário, que teve lugar de Setembro 2007 a Janeiro deste ano no Victoria and Albert Museum, Londres.
Para quem que, como eu, chegue bastante "in albis" ao "tema", queira saber mais dele (i.e. dela) e for fancófono, "receito" o artigo que lhe é dedicado e que está "postado" no blogue que assina o jornalista brasileiro Luis Favre, em:
considerando-se com um ligeiro sorriso (mas também porque por muitos - e muitas - dita e redita) a singular epígrafe desta postagem [que demora algum tempo a abrir!].
Refiro também, entre abundantes textos em Inglês que se pescam na "rede", a biografia publicada na Wikipedia:
e, finalmente, em Português sugiro duas visitas:
É verdade que, com o que aprendi, poderia alargar-me um pouco mais - mas seria sempre comida requentada. Outros a cozinharam antes e muito melhor.
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segunda-feira, 26 de maio de 2008

Do fim dos blogues


RIP = "Regulated intramembrane proteolysis"


Sábado 24 ficou marcado pelo anúncio do fim de um inteligente blogue em língua portuguesa, nascido em Maio de 2005: o "Bandeira ao Vento", ou seja o http://bandeiraaovento.blogspot.com, do cartoonista José Bandeira. Por diversas razões - e às vezes por nenhuma, o que, num acto de criar, é em si suma razão - os blogues também acabam, validando um outro enunciado do tal terceiro princípio da Termodinâmica: "em qualquer comunidade perecível há sempre um primeiro e há sempre um último". Este também acabará um dia. E o que é que de um blogue fica? E o que é que afinal fica de qualquer comunidade perecível?
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domingo, 25 de maio de 2008

Domingo, dia de descanso...

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Depois dos Fullerenos, uma merecida pausa
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Seurat, Georges-Pierre: "Modelos" ["Les Poseuses"] (1888)

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Sieff, Jeanloup: "Homenagem a Seurat" (1964)
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sábado, 24 de maio de 2008

Da bola de futebol aos nanotubos

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Prometi falar hoje da bola de futebol - e verifico que me meti em problemas com essa promessa. Na verdade, queria apenas juntar aqui uns apontamentos sobre a simetria da mesma e - quanto a futebol - calar-me para os tempos mais próximos, pelo menos até ao fim do Europeu, mas acho que essa análise não pode ficar tão simples quanto isso. Se transbordar do espaço conveniente, tanto pior...

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Começando por olhar para a bola de futebol, conclui-se que a obtenção da forma esférica é realizada a partir de um sólido de faces planas - isto é, de um poliedro. Claro que com a pressão interior as faces acabam por se aproximar da almejada superfície esférica, pelo que se poderá dizer em termos pouco rigorosos mas suficientemente descritivos que se está perante um poliedro algo "opado", constituído a partir de 32 polígonos regulares, sendo 20 hexágonos e 12 pentágonos, o que não deixa de ser interessante. Se tivermos a paciência de os contar teremos 60 vértices e 90 arestas, ou seja, para fazer uma bola de futebol terão de se fechar 90 costuras.
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Mas não poderia a bola de futebol ter as faces todas iguais? Certamente que podia... mas não garantiria as características desejadas para a actual bola de futebol. Avançando por partes: desde há muito tempo que o homem se preocupa com os poliedros, que estão presentes na vida de todos os dias. As pirâmides dos Egípcios poliedros eram; os dados de jogar, os paralelipípedos que pavimentam ruas ou de que assumem forma caixas e caixinhas, os prismas presentes nos lápis e em embalagens de chocolates ou de palitos, as múltiplas formas cristalográficas a que a cristalografia e a mineralogia recorrem, etc. etc. são outros tantos exemplos de poliedros. A esfera e o cone, sendo sólidos, certamente não são poliedros, porque não são delimitados por faces planas. Platão (~428 - 347 a.C.) preocupou-se com a questão dos poliedros regulares, ou seja, dos que têm polígonos regulares como faces todas iguais e congruentes (com arestas e vértices também congruentes) - entendendo-se como “congruentes", em termos simples, quando exista uma identidade de vistas ao fazer uma rotação em torno de um qualquer eixo de simetria. Platão identificou e descreveu num dos seus diálogos os 5 poliedros regulares existentes (não há mais!) que ficaram referidos como os "sólidos" ou "poliedros platónicos" (não confundir com outros “platonismos” [1]). Estes são sobejamente conhecidos: o tetraedro (com 4 faces triangulares), o cubo (com 6 faces quadradas), o octaedro (com 8 faces triangulares), o dodecaedro (com 12 faces pentagonais) e o icosaedro (com 20 faces triangulares). Ei-los:
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Fonte: [A3]
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Também se sabe que à medida que se aumenta o número de faces de um polígono mais este se aproxima da circunferência circunscrita. Do mesmo modo, quanto mais se aumenta o número de faces de um poliedro regular mais este se aproxima da esfera que o inscreve - e conclui-se portanto que a insuflação de um icosaedro aproximar-se-á muito mais da pretendida esfera-bola que a insuflação de um tetraedro ou de um cubo, que dará lugar – em qualquer dos casos – a uma forma anedoticamente grosseira ... antes de rebentar! Melhor ainda se se pudesse dispor de mais faces que as 20 faces do icosaedro (com os seus 12 vértices e 30 arestas), mas em termos de poliedros regulares para além do icosaedro não se vai! [2] Além disso, apesar das suas 20 faces, a "bola" obtida ao "soprar" um icosaedro é ainda relativamente pobre em configuração...
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Arquimedes (287 - 212 a.C.) estudou uma outra família de poliedros que permite ir para além desse número tão limitado de faces. Nela incluiu os sólidos em que as faces continuam a ser polígonos regulares mas deixam de ser obrigatoriamente iguais e congruentes, ou seja, em que as faces - sendo polígonos regulares - não são necessariamente de uma só e única figura geométrica. Excluindo prismas e antiprismas, que caberiam também nesta definição mas nela não são geralmente considerados, os "sólidos" ou "poliedros" arquimedianos podem ser obtidos dos sólidos platónicos "truncando" vértices [3] , por vezes com operações complementares para que as faces sejam polígonos regulares [4]. Ora esses sólidos arquimedianos não passam de 13... [5] e entre eles encontra-se o "icosaedro truncado" que pode ser facilmente obtido do icosaedro platónico como seguidamente se mostra [6] :
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Fonte: [C1]

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Sem que haja prova "escrita" disso, terá provavelmente sido Arquimedes quem primeiro desenhou... a moderna bola de futebol, completamente alheio ao brilhante futuro que tal poliedro viria (duplamente) a ter. De facto, o icosaedro truncado torna-se uma forma bastante apelativa pelo seu equilíbrio, quer em termos de simetria, quer em termos da possível aproximação das áreas das suas faces pentagonais e hexagonais. Por isso não admira que tenha interessado os artistas, os sucessivos estudiosos da geometria dos poliedros e, mais tarde, os fabricantes de bolas de futebol. A mais antiga representação dele conhecida encontra-se na Biblioteca do Vaticano e na obra Libellus de quinque corpibus regularibus ("Sobre os Cinco Corpos Regulares"), escrita em ~1480 pelo artista e matemático Piero della Francesca (1420-1492). É atribuída a Leonardo da Vinci (1452 - 1519) - tinha de andar também metido nisto!- a "representação esquelética" do sólido que aparece na obra "De Divina Proportione ("Da Proporção Divina"), publicada em 1498 e da autoria de Fra Luca Pacioli (monge e matemático italiano - que viveu entre 1445 e 1517 e que, como homem do Renascimento, se preocupou com imensas coisas e nomeadamente com "invenção" das "partidas dobradas" em contabilidade!):

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Fonte: [C1]
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Esta representação é duplamente interessante pois antecipa, como veremos, importantes e modernos sentidos... arquitectónico e químico!
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Temos pois que a moderna bola de futebol colhe origem no icosaedro truncado com as seguintes características de simetria [7]:
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Fonte: [C3], adaptada

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É notável a elevada simetria que oferece e a aproximação conseguida relativamente à esfera quando insuflada. O icosaedro truncado assume assim um relevante papel trazendo os conhecidos “internacionais” Platão, Euclides, Arquimedes, Piero, Leonardo, Luca e Kepler aos relvados do futebol moderno. E tudo conceituados rematadores…
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Mas a história do icosaedro truncado ainda é mais rica que isso e não vai acabar aqui.! Começar-se-á por referir a figura de um notável arquitecto americano Richard Buckminster (“Bucky”) Fuller (1895 – 1983), também inventor e escritor, que concebeu os “domos geodésicos” nos anos 50, como estruturas leves e resistentes inspiradas nos “esquemas esqueléticos” dos poliedros como desenhados por Leonardo para a obra de Luca Pacioli, como o exibido supra. Tal sucesso tiveram as estruturas baseadas neste conceito, como a que seguidamente se mostra, e o reconhecimento desse modelo para descrever as estruturas de vírus, de quase-cristais e de entidades químicas novas e revolucionárias - de que ainda se vai falar - que Buckminster Fuller mereceu figurar num selo comemorativo norteamericano.
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Fontes: [B2] e [B3]

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Ora em plenos anos 80 do século passado (1985, mais precisamente) os cientistas
Harold Kroto, James Heath, Sean O'Brien, Robert Curl, and Richard Smalley procuraram interpretar algumas anomalias encontradas no espectro de absorção de poeiras interestelares, que associaram a um comportamento atípico de átomos de carbono “em cadeia”. Por vezes sucedem estas coisas: procura-se uma coisa e aparece outra… e assim sucedeu. Fizeram várias experiências para demonstrar o que não conseguiram – mas desses ensaios iria sair a descoberta de uma inteiramente nova forma alotrópica de carbono, além das duas de longe conhecidas (o diamante, de rede cúbica, e a grafite, de rede hexagonal, para além do carvão – que é amorfo). Experiência puxa experiência, chegaram à formula molecular C60 e ao reconhecimento de que a estrutura dessa molécula era nem mais nem menos que o nosso conhecido icosaedro truncado, com cada átomo de carbono colocado num dos seus 60 vértices. O foi imediatamente designado de “Buckyball”, buckminsterfullereno ou simplesmente fullereno, o sucesso obtido foi enorme e Curt, Kroto e Smalley ganharam, pela sua descoberta, o Prémio Nobel da Química de 1996. Ultrapassada nos anos 90 a dificuldade de obter quantidades representativas da molécula, foi possível aprofundar as suas propriedades e hoje, para além de “receitas” para a sua obtenção em laboratório, existe já a possibilidade de obtê-la em quantidades industriais. A associação planar de Buckyballs deu origem a uma nova forma sólida e cristalina de carbono, designada Fullerite..
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A dimensão da molécula C60 , com aproximadamente 1 nanómetro em diâmetro (10-9 m), vinha contribuir e alargar o domínio da “nanotecnologia” – neologismo criado em 1974 por Norio Tanigushi para significar desenvolvimentos com tolerâncias dimensionais inferiores a 1 mícron (10-6 m).
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Porém há mais a contar! Sucessivas investigações levaram a reconhecer a possibilidade de obter moléculas deste tipo, com átomos de carbono situados no vértice de estruturas esqueléticas do tipo poliédrico desde C20 (com 20 átomos de carbono no vértice de um dodecaedro regular, platónico) a C70 (com o alongamento segundo um eixo, tornando a estrutura similar à bola de "rugby") e com a possibilidade de ligação de outros átomos a estes - criando-se uma verdadeira "Química dos Fullerenos" [8] tão diversificada e entusiástica e com aplicações tão variadas (incluindo o sequestro físico e transporte de partículas menores dentro das "gaiolas" fullerénicas) que em 1997 incluía já 9000 compostos

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E como se isso não fosse já muito, em 1991 e nos laboratórios da NEC, em Tsukuba, Japão, o investigador Sumio Iijima descobre os designados "nanotubos de carbono" (ver a "galeria do carbono", na imagem supra). Estes são formas alotrópicas de carbono com uma nanoestrutura cilíndrica que podem ter uma relação comprimento/diâmetro superior a 1 000 000 e que oferecem inúmeras possibilidades de aplicação no campo da resistência mecânica, da condução eléctrica, da óptica e na transmissão de calor (ver refª D3). Inserem-se na família estrutural dos Fullerenos: pelo menos um dos seus extremos está cerrado por um hemisfério de estrutura tipo domo ou "buckyball" e podem ser de parede simples ou múltipla. Entrando na ciência dos materiais e podendo ser preparados com alguns milímetros de extensão, os nanotubos de carbono abrem um promissor capítulo na ciência dos novos materiais - i.e. dos materiais para o sec. XXI.
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Ao que nos leva... uma bola de futebol!

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[1] “Platonic friendship is either kinky or impossible” – traumatizante (mas realista) frase lida numa parede oxfordiana nos “anos 60”
[2] Com tinha concluído Platão e foi demonstrado por Euclides (~330 - 260 a.C.), quando estudou em pormenor os sólidos platónicos.
[3] Por truncatura entende-se um corte perpendicular ao eixo de simetria que passa por esse vértice e conforme a distância do centro a que a truncatura se faça obter-se-ão possíveis configurações diferentes. Ver figura supra.
[4] Existem dois casos especiais em que as truncaturas simples, como definidas na nota anterior, ou a sucessões de truncaturas, não resolvem a questão, mas não vamos discutir esse assunto aqui.
[5] Como provou o matemático e astrónomo Johannes Kepler (1571 - 1630) ao desenvolver a teoria dos poliedros e ocupar-se do conceito de truncatura para a formação dos sólidos arquimedianos. Cabe aliás a Kepler a designação de "icosaedro truncado" para este sólido.
[6] A "dedução" do icosaedro truncado foi igualmente considerada pelos artistas: reproduz-se seguidamente a representação existente numa catedral italiana e em que se mostra o icosaedro e o poliedro dele derivado por truncatura:

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De: http://www.fkf.mpg.de/andersen/fullerene/cathedral.jp
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Aliás o interesse dos artistas do Renascimento pelos poliedros encontra-se também na famosa representação da "Melancolia" de Dürer (ver postagem de 10/11/2005 neste blogue), em que se figura a truncatura dos vértices de um sólido não pitagórico nem arquimediano. Contemporaneamente, a figuração de poliedros como tema artístico é retomada por M. C. Escher (1898 – 1972).
[7] Esta simetria traz ainda uma novidade: a cristalografia mostra uma clara relutância do mundo mineral a eixos de simetria 5 (E5). Pois aqui os temos... e logo à meia-dúzia!
[8] O termo "Fullereno" generalizou-se e passou a designar não apenas C60 mas também toda esta família de moléculas em C de estrutura muito característica e compostos químicos destas derivados.
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Referências:
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Sobre poliedros:

[A1]
http://www.apm.pt/apm/amm/paginas/231_249.pdf (excelente texto em Português)
[A2] http://www.cs.drexel.edu/~crorres/Archimedes/contents.html
[A3]
http://www.revista.unam.mx/vol.6/num7/art68/art68-2a.htm
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Sobre Buckminster Fuller:

[B1]
http://pt.wikipedia.org/wiki/Buckminster_Fuller
[B2]
http://www.georgehart.com/dissect-re/Image49.jpg
[B3] http://www.geni.org/globalenergy/library/buckminster_fuller
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Sobre Fullerenos (e simetria do icosaedro truncado):

[C1]
http://www.fkf.mpg.de/andersen/fullerene/intro.html
[C2]
http://www.seed.slb.com/en/scictr/watch/fullerenes/index.htm
[C3] http://www.mathe2.uni-bayreuth.de/frib/html2/fullerene/full11_3.html

e ainda a obra
[C4] FRITZ, Sandy (Coord) "Understanding Nanotechnology", Warner Books, Nova Iorque, 2002
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Sobre Nanotubos
(para além também de [C4]:
[D1] http://pt.wikipedia.org/wiki/Nanotubo_de_carbono
[D2] http://en.wikipedia.org/wiki/Carbon_nanotube

[D3] http://www.inovacaotecnologica.com.br/noticias/meta.php?meta=Nanotubos

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A tempo: ver também o oportuno comentário de "Denudado" a esta postagem, que muito agradeço e que refere um outro material de futuro... e também de carbono: o "grafeno"!

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sexta-feira, 23 de maio de 2008

Mistérios...

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Ainda ninguém cabalmente me explicou, nem os jornais, nem os categorizados engenheiros, do Governo ou da Refinação, como são de facto as coisas: se o petróleo sobe em Dólares e os Dólares baixam em Euros, e os impostos ISP e IVA são em Euros, como é que eu, que pago em Euros, sofro fortemente o impacto do cavalgar dos preços em Dólares.

Também não me explicaram, e aí com mais uns esverdeados à mistura, como é que a alta das cotações do petróleo incidem nos custos dos cereais e, ao mesmo tempo, se desmobilizam ou desviam produções de cereais de fim alimentar, aumentando a fome e os desequilíbrios, para obter produtos alegadamente concorrentes do mesmo petróleo e que, portanto, tenderiam a entrar no mercado baixando a agressividade do preço do dito e facilitando a vida dos que, no processo global, resultam afinal prejudicados (e nem falemos em balanços de Carbono, senão ainda entendo menos!).

Também não me disseram como é que uns senhores nos EUA se meteram a fazer hipotecas sucessivas na área do imobiliário, contando que as valorizações do imobiliário nos EUA (em Dólares) fossem sempre por ali acima, como se a procura corresse atrás da oferta, e outros senhores fora dos EUA tivessem aparado o jogo por adesões diversas, fundos feitos fundilhos e outras pendurezas que funcionam como condutores-da-crise e agora alguns desses senhores, que deveriam pelo menos saber da poda, apareçam por aí referindo que as consequências desta ópera "importada", mas que não é bufa, continuem a ser de todo imprevisíveis. [1]

Também se não entende, e aí num cenário temporalmente mais vasto, que - com os avisos do Clube de Roma (ao tempo considerados pessimistas), com os ditos "choques do petróleo", com as chantagens diversas de produtores e não produtores do mesmo - se não tenha de forma clara apoiado (a escala mundial e não à escala aqui do rectângulo [2]) uma política de energias alternativas, de economias energéticas e de infraestruturas de transporte que pudessem tornar-nos ao nível mundial menos dependentes do "ouro negro (e líquido)" e do seu primo NG, reservando-os menos como combustíveis e mais como matérias-primas.

Na generalidade por todos estes factos e na especialidade pelo primeiro e porque ninguém me obriga a comprar ao senhor A ou B e muito menos a simplesmente comprar, nos dias 1, 2 e 3 de Junho vou comprar gasolina a quem eu quiser, deixar de comprar a quem eu também quiser, ou mesmo não comprar, se quiser.

E como o tempo está de sinais de fumo ou de futebol em doses industriais (já que a nossa indústria se evapora a caminho do "flash-point" com todas as suas consequências), ou apropriado para fazer programas, livros e revistas por todos os assuntos de vida "rosée", mesmo quando negros ou lusco-fuscosos, mas anestésicos e com total indiferença aos ursos diversos que esgadanham as portas da cidade e aos milhares de mortos que possam estar longe (o síndrome de "O Mandarim" sempre existiu...), eu amanhã escreverei aqui sobre... a bola de futebol.

Entretanto, para encerrar a minha má-disposição do dia, contarei a história do chefe índio tal como m'a contaram há muitos anos atrás. Num outono de más colheitas, o chefe índio reuniu a tribu e anunciou, com aquela máscara solene que os índios-políticos e outros usam para estes anúncios: "Tribu! Más notícias! Péssima colheita de milho! Poderemos, tribu, passar fome!". Silencio sepulcral e grave! Então, abrindo um semi-sorriso tranquilizador e reforçando com a voz as primeiras palavras, acrescentou: "Tribu! Em compensação, grande colheita de batatas!". Suspiro de alívio e esboço de aplausos por parte de toda a tribu! Mas o chefe, prosseguindo o discurso sem interrupção e voltando a sublinhar as primeiras palavras, concluiu definitivamente "Tribu! Em compensação, estão todas podres!". Pano rápido!

Estaremos também nós num discurso de sucessivos "em compensação"?

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[1] Houve, há também muitos anos, quem comparasse a aplicação de algumas leituras económicas às perícias da autópsia: "Conseguem perfeitamente explicar uma crise passada, mas não advertem uma crise futura!"
[2] Esta ressalva justifica-se para evitar que apareça alguém a reclamar que é da exclusiva responsabilidade dos governantes nossos - passados, presentes, futuros e sonhadores - a não atempada modificação das políticas energéticas mundiais. Há uma história, parecida a muitos discursos que por aí andam, que mete uma vaca e um sapo que queria ser tão grande como ela, mas isso não vem para aqui.
[Imagem: de http://www.cis.umassd.edu/~gleung/panofo/cky11cen.html : "oilfields"]




quinta-feira, 22 de maio de 2008

"Pater Noster", de Jacques Prèvert

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Van Gogh, "Seara com ciprestes"


"Notre Père qui êtes aux cieux
Restez-y
Et nous nous resterons sur la terre
Qui est quelquefois si jolie
Avec ses mystères de New York
Et puis ses mystères de Paris
Qui valent bien celui de la Trinité
Avec son petit canal de l'Ourcq
Sa grande muraille de Chine
Sa rivière de Morlaix
Ses bêtises de Cambrai
Avec son océan Pacifique
Et ses deux bassins aux Tuileries
Avec ses bons enfants et ses mauvais sujets
Avec toutes les merveilles du monde
Qui sont là
Simplement sur la terre
Offertes à tout le monde
Éparpillées
Émerveillées elles-même d'être de telles merveilles
Et qui n'osent se l'avouer
Comme une jeune fille nue qui n'ose se montrer
Avec les épouvantables malheurs du monde
Qui sont légion
Avec leurs légionnaires
Avec leurs tortionnaires
Avec les maîtres de ce monde
Les maîtres avec leurs prêtres leurs traîtres et leurs reîtres
Avec les saisons
Avec les années
Avec les jolies filles et avec les vieux cons
Avec la paille de la misère pourrissant dans l' acier des canons."


Jacques Prèvert
em "Paroles"

(transcrito para o blogue a 22de Maio,
Dia Feriado e Santo - ou vice-versa)

quarta-feira, 21 de maio de 2008

Do fluir do tempo

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Excelente metáfora gráfica de Folke Günther no "Holon site", vd.
http://www.holon.se/folke/kurs/Distans/Ekofys/fysbas/LOT/entropy.shtml

Ao postular uma inelutável dissipação da energia, o terceiro princípio da Termodinâmica (alguns chamam-lhe segundo e outros referi-lo-ão como da "morte da energia") coloca um sinal de sentido único na estrada do tempo. Assim sendo, e pondo fim ao "tempo intemporal" de Newton, cada fracção do tempo que passa não é igual à fracção de tempo que a antecedeu nem à fracção de tempo que lhe vai suceder: são, de facto, diferentes. Nada no tempo é reversível. Como o Sérgio Godinho, noutras palavras, disse a cantar [1].

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[1] Tema aliás já aflorado, vd. neste blogue a postagem de 26 de Abril de 2006.

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terça-feira, 20 de maio de 2008

O marcador de livros

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Um marcador de livros é uma peça avulsa, "descartável", uma porção vulgar de papel mais encorpado ou de cartolina mais fina (a fronteira entre o papel e a cartolina é tão ténue e subjectiva quanto a que existe entre o erótico e o pornográfico...) [1] - e raramente lemos o que ele contem, geralmente limitado à publicidade de uma obra que não é a que exactamente marcamos. Mas, como em tudo, despreza-se por vezes o que não seja de imediato evidente, isto é, o que, para além de marcar, possa um marcador oferecer de leitura - e que valha a pena ser lido. É o caso do humilde rectângulo que veio da "V Feira do Livro em Fim de Edição" da Caminho-Divulgação (havia uma "Caminho" já antes de "Leya", recordam-se? [2]), que decorreu de 8 de Fevereiro a 8 de Março de 2007 na Estação do Oriente, em Lisboa, e cuja "mensagem útil" se reproduz seguidamente:

"
O Mestre

O Mestre mais importante da cidade queria desenhar uma circunferência, mas errou e acabou por desenhar um quadrado.

Pediu aos alunos para copiarem o seu desenho.

Eles copiaram mas, por erro, desenharam uma circunferência.

Gonçalo M. Tavares (O Senhor Brecht «O Mestre»)"[3]

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[1] Tema interessante, sem dúvida, mas por vezes repetido. Visitei este blogue a ver se a repetição era descarada e concluí que não. Mas concluí também que o meu blogue, quando relidas postagens anteriores, se está a converter em moralista e chato. Tenho que dar uma volta a isto.
[2] Também na edição e nomeadamente no campo donde brotou a Caminho há compras e vendas de empresas, n'é?
[3] Este texto recorda-me uma animada discussão há muitos, muitos anos, sobre Modigliani. Recordas-te?
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segunda-feira, 19 de maio de 2008

Da Ciência e da memória doméstica de algumas bicicletas

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Imagem de http://farm1.static.flickr.com/238/449106162_0b5106f8c7.jpg?v=0


"Uma das capacidades mais desenvolvidas na civilização ocidental contemporânea é a da dissecação, ou seja, da decomposição de um problema nos seus mais ínfimos componentes. Nisso somos bons. Tão bons que, muitas vezes, nos esquecemos de juntar novamente as peças."


Primeiro período da introdução "Science and Change" escrita por Alvin Toffler para a edição americana da obra de Ilya Prigogine e Isabelle Stengers "Order Out of Chaos", Bantam Books, Nova Iorque, 1984 [1]

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[1] Esta obra foi publicada na Europa com o título "A Nova Aliança" (existe edição portuguesa). Diz-se no entanto que, dado o atraso da publicação nos EUA, o texto desta edição teria sido revisto e melhorado. Veremos...

domingo, 18 de maio de 2008

O astrónomo do Vaticano

Celeuma causou o director do Observatório Astronómico do Vaticano ao admitir, recentemente, que a fé e a doutrina católica romana não seriam postas em causa caso se viesse a provar a existência de vida inteligente noutro "local" do Universo - coisa que eu já tinha ouvido referir e justificar, nos anos 50, a um Professor de Moral do meu Liceu que, anos depois, se notabilizou como Bispo e como investigador. Aviso ou dedução, a posição assim assumida não deixa de ser um passo importante e que se insere na sucessão de recusas de Jerusalém como centro dos mapas antigos (posteriormente eurocentristas...), da Terra como centro do sistema solar (e Galileu bem penou por isso), do Sol como centro das esferas celestes (quando na realidade está periférico, num braço de uma Galáxia), ou seja, numa sucessiva abertura universal que nada deve excluir ou afirmar dogmaticamente como singularidade. Mais tenebroso me parece - como contrário que sou às situações de inerência quando ombreiam com situações de eleição - que o mesmo eclesiástico tenha admitido, como refere a notícia, que, a existirem outras formas de vida inteligentes, "esses tais" possam estar isentos do designado "pecado original", e nós não.

O problema não é novo, deu larga discussão religiosa e filosófica, tem alimentado obras e obras de FC (ficção científica, ou SF para quem preferir as abreviaturas anglo-saxónicas) e, para além das exposições genéricas do "estado da arte" como por exemplo
deu motivo recente a vários desenvolvimentos teorizantes a que, graças à Wikipedia como texto de primeiro embate, o interessado pode aceder com facilidade (para facilitar a busca, colocam-se também os designativos em inglês). Destacam-se, entre estes:

a) A equação de Drake (Drake equation), também conhecida como "equação de Green Bank" e erroneamente designada como "equação de Sagan": É uma formulação probabilística estabelecida em 1960-1961 por Frank Drake para o encontro de Green Bank, Virgínia Ocidental, que estabeleceu o SETI (ver abaixo). Exprime o número N de civilizações com que seria possível estabelecer contacto na nossa galáxia, como produto:
- da frequência média de formação de novas estrelas na nossa galáxia;
- da probabilidade dessas estrelas terem planetas;
- do número médio de planetas que possam suportar vida numa estrela com planetas;
- da fracção destes que vão desenvolver vida;
- da fracção dos anteriores em que a vida desenvolvida é inteligente;
- da fracção de civilizações criadas que pode desenvolver tecnologias que permitam saber da sua existência por sinais detectáveis no espaço;
- do tempo durante o qual essas civilizações emitem sinais detectáveis no espaço.
Pode prever-se a dificuldade de definir cada termo desta equação, numa discussão que une astrónomos, biólogos e sociológos, mas a verdade é que Drake, bem como outros cientistas, propuseram e discutiram valores (em 1961, a apresentação original de Drake conduzia a N=2,3) - para além dos críticos que, liminarmente, rejeitaram a validade e o significado desta proposta. A estimativa de valores superiores a 1 permitiu defender o programa SETI (vd. infra) mas o confronto entre valores elevados nos primeiros termos, como defendia Carl Sagan, e os nulos resultados obtidos até agora traduz o designado paradoxo de Fermi (vd. também infra). Ref.
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b) O paradoxo de Fermi (Fermi paradox), ou de Fermi-Hart: Pode enunciar-se como segue: "Se a vastidão e idade do Universo sugerem a existência de muitas civilizações tecnologicamente evoluídas que pudessem ser reconhecidas pelos sinais a elas associáveis, a falta de dados de observação que o confirmem não é consistente com esta hipótese." O detalhado artigo http://en.wikipedia.org/wiki/Fermi_paradox analisa os diversos aspectos da questão em dois planos essenciais: (1) o que se entende como prova; e (2) explicações teóricas do paradoxo. Pela sua curiosidade, presente em muitas obras de FC, desenvolve-se seguidamente o segundo destes aspectos, na sistemática observada na fonte referida.
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Assim (e tenha-se em conta o problema posto pelas grandes distâncias astronómicas) pode considerar-se (1) que actualmente não existem outras civilizações (ou porque não surgiram mesmo, ou porque a auto-destruição está na natureza da vida inteligente, ou porque a destruição de outros está na natureza da vida inteligente, ou porque apenas o Homem foi criado), ou (2) que actualmente existem outras civilizações, sem que tenhamos obtido prova disso (ou porque a comunicação é impossível por problemas de escala, ou porque a comunicação é impossível por razões técnicas, ou porque "eles" estão deliberadamente calados, ou porque "eles" deliberadamente decidiram não interferir connosco, ou porque "eles" já cá andam sem serem observados). Saborosa panóplia de alternativas - em que não falta a gloriosa Criação da Capela Sixtina ao lado da infernal auto-destruição da vida inteligente. Vale a pena ler... e verificar, olhando a prateleira de FC, como nada de novo existe na imaginação dos imagináveis (a menos que alguns deles sejam encapotados imaginados).
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c) O Grande Filtro (The Great Filter):
Consiste numa tentativa de explicação do Paradoxo de Fermi pelo estabelecimento de 8 etapes (escalões de Hansen) de criação e evolução da vida:
  1. sistema estelar adequado (incluindo possível química)
  2. algo reprodutível (ex. RNA)
  3. vida unicelular simples (procariótica)
  4. vida unicelular complexa (archaeota e eucariótica)
  5. reprodução sexual
  6. vida multi-celular
  7. animais de grande cérebro usando instrumentos (onde estamos nós)
  8. colonização intensa
Traduz-se seguidamente o texto de
"[Para a explicação do Paradoxo de Fermi] pelo menos uma destas etapes deve mostrar-se improvável. Se não for uma das escalonadas de 1 a 7, então o nosso futuro é sombrio porque, de todas as civilizações que terão [facilmente] chegado ao escalão 7, nenhuma passou ao escalão 8 (ou então a galáxia estaria cheia de colónias), e a única coisa que nos pode afastar do escalão 8 é um qualquer tipo de catástrofe. Usando este argumento, um achamento de vida multi-celular em Marte (desde que tenha evoluído independentemente) traria más notícias, porque mostraria ser fácil a evolução de 1 a 6 - e assim só os escalões 7 e 8 seriam o grande problema."
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d) A Escala de Kardashev (Kardashev scale): É um método geral de classificação do grau de avanço tecnológico de uma civilização, proposto em 1964 pelo astrónomo russo Nikolai Kardashev. Define 3 tipos de civilização, em relação à energia utilizável: Tipo I: a energia de um planeta (é onde nos situávamos quando da proposta da escala); Tipo II: a energia de uma estrela simples; e Tipo III: a energia de uma galáxia simples. A discussão da escala levou mesmo à definição de um Tipo IV (para a energia de um super-cúmulo estelar) e, numa outra interpretação, Carl Sagan propôs que se tomasse ainda em consideração a extensão de informação disponível. É interessante verificar como os "clássicos" de FC se podem escalonar segundo as categorias definidas, como se encontra em
Os contactos entre as propostas de metodologia científica e a FC tornam-se aqui evidentes.
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e) SETI ( = Search for Extra Terrestrial Intelligence) ou Pesquisa de Inteligência Extra-Terrestre: É a designação genérica de um número de actividades científicas que persistem na procura de sinais de actividade inteligente no Universo. A primeira conferência SETI teve lugar em Geen Bank em 1961, como já referido, e desde aí numerosos projectos parcelares se têm articulado numa estrutura de dimensão mundial que igualmente inclui o por vezes criticado "SETI activo" ou "METI" (Messages for extra terrestrial intelligence") que é o "Estamos aqui!" em contraposição ao "Estão vocês aí?" do SETI passivo. Envolvendo organizações, publicações, instalações internacionais e nacionais de grande investimento e suportes de governos nacionais, o programa SETI prossegue e vai prescrutando o espaço à espera de respostas que, até ao momento, ainda não chegaram. Ou chegaram i.e. ou é que há algo, para interpretar de forma algo especulativa a entrevista do padre jesuíta argentino Dr. José Manuel Funes, director do Observatório Vaticano. Para mais detalhes sobre SETI vd.
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Após esta longa divulgação sobre um tema apaixonante e controverso, que se procurou manter afastado da análise ligada a OVNI's e outros acontecimentos relacionados, resta concluir com a frase lapidar do Calvin e Hobbes, contemplando o céu estrelado numa noite de Verão: "A prova provada de que existe vida inteligente no Universo é que nunca alguém procurou contactar connosco!"
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sábado, 17 de maio de 2008

No autocarro 2 ou diálogo sobre "nós", "eles" e a dependência energética

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"Dom Quixote 450 anos depois" [1]

X1: Pois é, nós temos urânio e "verdes" e "eles" [os vizinhos ibéricos] têm "verdes" e centrais nucleares...

X2: Mas olhe que aquilo também já não vai lá muito bem, agora...

X1: Certo! Mas ouça os noticiários nas TV's "deles" e nas nossas! Que diferença!

[Caladinho no meu lugar, mas de orelha ligada, eu só acrescentaria ao primeiro falar: "E tivemos/temos(?) minério de cobre em Castro Verde e "eles" têm/terão uma metalurgia de cobre em Huelva!". Mas, continuando caladinho, segui para casa para preparar a Bandeira das Quinas, a arvorar durante o Europeu: ao menos que nos safemos no "ból-ó-pé"! Pobretes mas alegretes!]

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[1] gravura, com a devida vénia, de

http://usuarios.lycos.es/terrados/tema6/CTMA_06_4.html
e http://www.kaosenlared.net/img2/2006a/15108_donquijote.jpg

sexta-feira, 16 de maio de 2008

Um romântico: Théodore Chassériau (1819-1856)

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Théodore Chassériau
(S.Domingos, 1819 - Paris, 1856)
As duas irmãs

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Discípulo de Ingres. Nascido na Ilha de S.Domingos, hoje República Dominicana, de pai francês e mãe crioula - cedo se fixou em Paris, onde - após uma breve estadia em Itália - realizou a maior parte da sua obra e acabaria por morrer novo. Retratista, pintor e desenhador de temas mitológicos, religiosos e magrebinos, está bem representado em museus franceses (incluindo o Louvre, onde se encontra a obra que se mostra e que representa as suas duas irmãs Adéle e Aline) e americanos, tendo o Metropolitan Museum de Nova Iorque montado (em 2002-2003) uma retrospectiva da sua obra, numa exposição considerada como a mais completa desde 1933 e que foi a primeira realizada fora de França. "As duas irmãs" (1854) foi precisamente a obra escolhida para ilustrar a capa do catálogo dessa marcante exposição, em que Chassériau é cognominado de "um romântico desconhecido".
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quinta-feira, 15 de maio de 2008

Uma frase poética num caixote de lixo...

"Luas coloridas
Por trás das folhas dos plátanos
Espreitam o Sol"

Quiçá código? Quiçá publicidade?
Mas mesmo assim surpreendentemente poética...
no seu insólito suporte! [1]

achada e lida no Porto e na Avenida de Rodrigues de Freitas, na tarde de 13 de Maio de 2008

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[1] A tempo... Nem uma coisa nem outra, ou talvez ambas e na realidade poesia! Procurada a "net", conclui-se ser o "haiku" Enfeites que JAM publicou a 25 de Fevereiro de 2005 no blogue
http://mundohaiku.blogspot.com. Feliz a cidade que... que... mas não seria por acaso? E só ali?

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quarta-feira, 14 de maio de 2008

O verecundo colapso do "Zmail.pt" - 1


No dia 5 do corrente, os fornecedores de serviço ("service provider") "Zmail.pt", i.e. http://www.zmail.pt indiferentes aos "assinantes" que nele mantinham diálogo electrónico activo, incluindo contactos, estudos, negócios e relações com entidades oficiais, ou que - acreditando na publicidade do serviço [ver acima o que ainda se mostra ao visitante] - aí faziam caixa de correspondência electrónica, alheios aos direitos inerentes a pagamentos já realizados para períodos vindouros (incluindo pagamentos anuais 2008), decidiram "fechar a loja" ou viram-na fechada por inépcia ou insegurança sem o mínimo aviso prévio (ou explicação posterior) aos seus utilizadores - que nem tão poucos são.

O assunto, que já se encontra referido na "net" e que é matéria abundantemente tratada em vários portais, como por exemplo em forum aberto em http://www.techzonept.com/showthread.php?t=277143 , priva os subscritores de acesso ao seu correio actual e anterior, enviado e recebido, com respectivos anexos, e também às respectivas listas de contactos, assumindo foros de escândalo, suscitando questões de responsabilidade, desacreditando completamente (e desde já) um serviço de há muito existente (o Zmail.pt) e levando a pensar, com preocupação, nas questões de segurança e fiabilidade dos designados meios de comunicação electrónica.

Nesta pluralidade de aspectos, a evolução de tão triste ocorrência (que em nada enobrece a extensão .pt que exibe) e do ainda mais triste comportamento dos responsáveis pela súbita e injustificada interrupção de serviço merece ser seguida. Sê-lo-á.

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Actualização: Agradeço que, para utilidade de todos os lesados, atingidos e interessados , acedam à postagem que, com o mesmo título, vai ser colocada neste blogue a 9 de Agosto.
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terça-feira, 13 de maio de 2008

Na marca de Nasoni

"Torre dos Clérigos" - ex-libris da Cidade do Porto (Oporto para alguns)
Construída entre 1754 e 1763
Arquitecto: Nicolau Nasoni (San Giovanni Valdarno, 1691-Porto, 1773)
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Para apreciar este monumento na visão do admirável aguarelista Enrique Casanova (1850-1913) vd., neste blogue, a postagem de 17 de Setembro de 2005

segunda-feira, 12 de maio de 2008

Oportunidades...

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Do Algarve, onde não fui ao sal das praias mas ao "sal da terra", trouxe este exemplar de publicidade distribuída que considero de muito interesse. Sei que em Lisboa existe a Feira da Ladra, que não é bem o que aqui se anuncia, e que começam a proliferar diversos tipos de "marchés aux puces" ou de "vendas de garagem" em que se obtém o tal "Alívio Rápido" para tantas coisas imprestáveis que vamos acumulando, acumulando, até que a acumulação, depois de comer o espaço, nos comece a comer a nós próprios.

Seria ideal que cada município, ou conjunto de municípios, ou o que queiram seja, pudesse realizar coisas deste género [1]. Tenho bastante para vender e outro tanto, já encaixotado ou a caminho disso, para dar.

Ficam por remover, nestas levadas, os imateriais perecíveis - que tais são as estórias (propositadamente sem h) e os trastes de alma abutriformes que se arrastam por cantos da memória não escrita. Quanto a esses que se não se vendam nem se dêem: mas que fiquem no terreno feitos nabos até que a Dorothy os esborrache, como fez à Bruxa Má do Leste. Ou então que se mandem "prò maneta", o que - neste comenos - assume foros de comemoração centenária [2].

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[1] A pessoa amiga, que entenderá certamente a mensagem: por que não reavivar com isto um "Marquês de Pombal" ou localização similar?
[2] Não se perca o "Ir prò Maneta - A Revolta contra os Franceses (1808)", ed. Aletheia, 2007, Lisboa, na dilúcida forma de narrar de Vasco Polido Valente.



domingo, 11 de maio de 2008

Um incontornável DVD

sábado, 10 de maio de 2008

Frida

Frida Kahlo: "As duas Fridas"

De Santiago do Chile, M., através do excelente blogue "Ao lado del camino" [1] de que é Autora, deu a conhecer os 6 seguintes "youtubes", que constituem um notável documentário televisivo sobre Frida Kahlo e que, com a devida vénia, informo:






http://www.youtube.com/watch?v=HoyARWiANkg

Agradeço o ensejo de os ter apreciado e de, por isso, os poder referir aqui.


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[1] http://delunaresazulinos.blogspot.com

sexta-feira, 9 de maio de 2008

A visita do dia

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quinta-feira, 8 de maio de 2008

Cinema na mina



Proporcionando cenário adequado ao enclaustramento como tema de fílme (cartaz - hoje já histórico - que recorda uma iniciativa recente e bem sucedida).

quarta-feira, 7 de maio de 2008

Ó sua descaradona...


Ó sua descaradora,

Tire a roupa da janela...


Tive, na manhã de ontem, a oportunidade de relembrar a quadra que João Villaret dizia e que ponho aqui, metade acima, metade abaixo da postagem. Como segunda observação direi que tendo andado em hoteis, pensões e hospedarias de quatro continentes em seis (ou de três e meio em cinco ou de um e dois meios em três, como queiram), nunca me havia sucedido tal coisa. E em terceiro apontamento refiro que não costumo personalizar muito o blogue com a narração das minhas aventuras, desventuras e descobertas, mas que esta merece mesmo referência... Depois de uma noite de trabalho insano no computador, para descortinar como se pode passar de um .docx que não abre para um .doc que se deseja abrir (há forma de o fazer com a descarga de um simples programa disponível na néte, depois de procurar em ".docx" - mas quando eu cheguei aí já tinha passado muito tempo às voltas, com muito sono perdido...), decidi meter o menino "Acer" na gaveta da cómoda e ir tomar o pequeno almoço. Enternecedora e ruborizante surpresa: alinhadinhas, na recatada gaveta, contei com assombro 3 tanguinhas bem proporcionadas, 2 cuecas de corte normal mais tipo sufragista e 3 "soutiens", dois em estado de novos e um com algumas características de prolongado uso - todos bem dobradinhos e de dimensão razoavelmente interessante. Antes de levar todo aquele equipamento para a portaria (os meus ilustres colegas de trabalho, quando os pus a par do achamento, opinaram sabiamente que foi pena eu não tirar uma fotografia... mas essa delicadeza atestante do "bom serviço" de quartos do hotel passou-me mesmo!), procurei cuidadosamente no fundo da gaveta, não fosse também estar lá a dona de tão inesperado enxoval. Não, não estava! Hélas (como diriam os franceses bem educados)! E por isso só me resta completar a tal quadra que o Villaret dizia...
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Que essa camisa sem dona
Lembra-me a dona sem ela.


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terça-feira, 6 de maio de 2008

Para meditar: uma nota de Manuel António Pina no JN de ontem, 5

Na habitual localização da sua secção "Por outras palavras", ou seja, na última página do "Jornal de Notícias", Manuel António Pina escreveu e o jornal publicou ontem, 5 de Maio, a crónica seguinte que, por cruel que possa parecer, tem muito de realismo e deve ser meditada - inclusive para que ajude na separação do trigo, onde há trigo, do joio, onde não há trigo... e há joio. Por isso se reproduz aqui, com a devida vénia::
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"Doutores ou ainda menos

O "Guia do Estudante" (e, já agora, também as notícias que dão conta de que 70% dos universitários de Ciências e 50% dos de Letras não lêem livros, para além dos que não sabem sequer quem é primeiro-ministro ou o presidente da República) é uma amostra "abissal" do país da "excelência" e das "novas oportunidades". Universidades e escolas superiores têm neste momento à venda algo como 1500 pós-graduações, mestrados e doutoramentos, o que, a ua média de 30 alunos por curso, promete cerca de 5000 novos mestres e doutores a pesar fruta nas caixas de permercado, nos próximos tempos. Há de tudo: pós-graduações, mestrados e doutoramentos em lazer, criatividade, revisão de texto, manutenção de campos de golfe, fiscalização de obras, aconselhamento pastoral, grandes catástrofes (o jeito que tinha dado em doutor em grandes catástrofes sábado no Dragão!), consentimento informado (?), legendagem, "design de jeans wear" (gosto particularmente daquele "de" perdido no meio de inglês técnico), e por aí fora. Depois do caso do telemóvel do Carolina Michaelis até já existe um mestrado em "mediação de conflitos em contexto escolar". Falta, como em "A Lição", de Ionesco, um Doutoramento Geral , ou em Tudologia. E em Sueca, e em Arrumação de Automóveis. Mas lá chegaremos."
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segunda-feira, 5 de maio de 2008

Mancala

Quando, de Moçambique, trouxe duas tabuinhas com uma tira de couro a fazer de dobradiça, que - estando abertas - davam origem a duas séries de 6 cavidades, ou "casas", mais uma maior em cada topo, que se pode chamar "poço", mal sabia eu que tinha trazido comigo um mini-tabuleiro de um dos mais antigos jogos da Humanidade (representando aliás uma família de jogos). É um "jogo de estratégia a dois", como as damas, o xadrês, as damas, etc. Montar a "mesa de jogo" é tão simples que se pode fazer no chão, como as covinhas do "carolo", ou trabalhar na pedra, ou - mais prosaicamente - improvisar com uma caixa de cartão de duzia de ovos, que fornece as "casas", mais dois copos de plástico ou taças em cada topo, que serão os "poços"... Nada pois mais elementar! E se se disser que para iniciar o jogo são também necessárias 36 pedras... que podem ser pedrinhas, ou feijões, ou contas, ou conchas, ou qualquer coisa que caiba em grupo nas covinhas ou casas, também não virá daí mal ao mundo nem exigência difícil de cumprir. As cores não interessam minimamente ao jogo, mas há vantagem em que as pedras sejam geometricamente idênticas. Como se referiu, existe uma família de jogos deste tipo e com diferentes denominaações, chamados "jogos de semear" (e já vamos ver porquê) - mas o que vamos abordar aqui é mesmo o "Mancala básico", ou seja, o que mais vulgarmente se apresenta... e que, aparentemente com toda a simplicidade descrita, já chega para fazer coçar a cabeça quando no campo de operações.
O objectivo do jogo é evidente: partindo de uma posição de equilíbrio, ganhará o jogador que, no fim - ou seja, após se esgotarem todas as pedras nas casas de um dos lados do tabuleiro - fique com mais pedras no seu poço. Casas e poços definem-se em dois campos: cada jogador tem as seis casas de um dos lados do tabuleiro mais o correspondente poço, que é o que segue a última casa, no sentido contrário ao do movimento dos ponteiros do relógio (normal) - ou seja, o poço que está à sua direita. Mas passemos às doze regras, algumas já aqui referidas, traduzindo (algo livremente) o enunciado de Erik Ameson no "local" (há numerosos locais na "net" que, com ligeiras variantes meramente formais, desenvolvem estas regras do "Mancala básico"!):
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1. O tabuleiro do Mancala é constituído por duas fileiras de casas, com seis casas de cada lado. Uma embalagem de dúzia de ovos pode fazer essa função.
2. Em cada uma das doze casas assim definidas , colocam-se três pedras (pedras, sementes, contas, conchas, etc.). As cores são irrelevantes.
3. Cada jogador tem um "poço" ou "armazem" colocado à sua direita [i.e. no extremo do jogoaue fica à sua direita]. Pequenas taças, como as que se usam para os cereais, servem perfeitamente.
4. O jogador que começa o jogo levanta todas as peças de uma qualquer das casas da fileira do seu lado [i.e. da "sua fileira" ou do "seu lado"]
5. Seguidamente, e no sentido contrário ao movimento dos ponteiros do relógio, o jogador vai depositando as pedras que levantou, uma a uma, em casas sucessivas do tabuleiro [obrigatoriamente uma pedra em cada casa] - até que não tenha mais pedras para "semear" [i.e. uma e só uma peça em cada casa seguinte; daí o nome desta família de jogos]
6. Se, neste "semear", o jogador passa pelo seu próprio "poço", deixa também lá uma pedra [i.e. trata o poço como casa]; se passa pelo poço do adversário, não deixa lá nada [i.e. ignora-o... e passa adiante].
7. Se a ultima peça a "semear" cai no próprio "poço", esse jogador tem imediatamente direito a outra jogada.
8. Se a última peça que um jogador "semeia" cai numa casa vazia do seu lado do tabuleiro, então esse jogador "toma" essa pedra e "toma" também todas as pedras que estejam na casa simétrica do tabuleiro i.e. do lado do adversário [é a chamada "regra da captura"]
9. Todas as peças "tomadas" (ou "capturadas") por um jogador são imediatamente postas no "poço" respectivo.
10. O jogo termina quando as seis casas de um dos lados do tabuleiro estejam completamente vazias.
11. O jogador que, quando o jogo termina, tenha ainda tenha peças do seu lado do tabuleiro "captura" todas essas peças e junta-as ao seu "poço".
12. Passa-se à contagem das peças existentes em cada um dos "poços" . [A soma tem de dar 36, claro]. Ganha quem tiver o maior número de peças.
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Tudo continua aparentemente muito simples, mas envolve todas as subtilezas estratégicas que se escondem no denso bosque por detrás dessa (aparente) simplicidade. Para isso nada é melhor que fazer um ou dois joguinhos e tirar daí as necessárias conclusões. Como nem sempre será fácil, ao princípio, encontrar um/a parceiro/a disposto/a acompartilhar as alegrias de um jogo de Mancala [1] , recomenda-se treinar na "net", entrando num exercício "em linha" completamente gratuito, bastante rápido (leva-se uma "abada" em três tempos, quando o tempo normal de uma partida ronda os 15'!) e com vários graus de dificuldade. Nesse sentido, recomendo o portal seguidamente indicado ... e formulo votos para que se divirtam:
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[1] No caso de parceira, sendo lá em casa, jogado a diamantes e levando ela (inevitavelmente) os ovos = melhor que a colecção de borboletas, ou pelo menos mais intelectual.
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