terça-feira, 28 de fevereiro de 2006

IC21 ou a solução é baixar o nível!

IC21 é a simpática estrada que vai da portagem de Coina ao Barreiro, vulgo "via rápida do Barreiro". Pois, a propósito da dita IC21, na generalidade, e, na especialidade, do carcomido estado entre a saída de Santo António da Charneca e o cruzamento de Santo André / Estrada da Amizade (cruzamento aliás em território da Moita!), eu quero mesmo deixar um aviso ao Instituto das Estradas de Portugal e aos seus distintos responsáveis!
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O aviso é que já lhes topei a estratégia! Olaré se topei! E é brilhante: entre reparar a estrada, enchendo o que vai faltando, ou deixá-la deteriorar-se um pouco mais, crevassar-se só um pouquinho mais, e então, numa atitude economicamente melhorada, rebarbar o que reste do pavimento actual e aplainá-lo de molde a colocar a superfície de rodagem ao nível do fundo do buraco, a vantagem vai pendendo dia após dia para a segunda solução! É apenas uma questão de paciência e de entretantíssima (in)segurança (para os barreirenses, claro)!

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2006

Está ainda aí alguém do Fisco?

"Ptolomeu" no seu melhor (2003)
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domingo, 26 de fevereiro de 2006

Alberto Vargas (2)

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Alberto Vargas (1896-1982)
"Libélula", aguarela,1922

sábado, 25 de fevereiro de 2006

Alberto Vargas (1)

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Alberto Vargas (1896-1982)

"Art Deco", 1924

Posted by Picasa

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2006

Canções da 2ª GG (3): We'll meet again

A última canção que, nesta série, selecciono é a que me guarda na memória a voz já muito longínqua de Vera Lynn, a sua inolvidável intérprete. Data de 1939 (certamente que a minha memória data de algo cronologicamente mais para cá), com poema de Ross Parker e música da Hughin Charles e ainda hoje está colocada entre os "hinos" ingleses da época.
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We'll meet again
Don't know where
Don't know when
But I know we'll meet again some sunny day

Keep smilin' through
Just like you always do
Till the blue skies drive the dark clouds far away

So will you please say hello
To the folks that I know?
Tell them I won't be long
They'll be happy to know
That as you saw me go
I was singing this song

We'll meet again
Don't know where
Don't know when
But I know we'll meet again some sunny day
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É, novamente, uma canção de adeus com esperança de regresso. Esta, e outras canções inglesas da 2ª GG (incluindo o também famoso "Run rabbit run!") encontram-se na página:

http://www.fordham.edu/halsall/mod/ww2-music-uk.html

Aí também se encontra o poema em inglês da "Lili Marléne", incluindo a variante com que Dietrich gravounessa língua para os exércitos aliados. Seja dito que, apenas canção por canção e esquecendo as audiências à época, eu prefiro a interpretação da Dietrich em alemão. Está-lhe muito mais na pele!

(postado em 28/2 a partir de "draft")


quinta-feira, 23 de fevereiro de 2006

Canções da 2ª GG (2): J'attendrai

Voltando ao tema, encontrei agora uma outra recordação. O "J'attendrai", lançado em 1937/1938 por Rina Ketty, nome artístico de uma italiana de facto chamada Cesarina Pichetto, nascida em Turim em 1911 e que, no início dos anos '30, decidiu ir até Paris. Encantada com o local e sobretudo com o convívio de Montmartre, começou a frequentar o "Le Lapin Agile" onde conviveu com a boémia intelectual (excelente mistura esta, em Paris) da época. Mas, como há que ganhar para comer, a Cesarina descobriu as suas capacidades e começou a cantar. Na sua Itália natal, aí em 1933, um senhor de nome Dino Olivieri tinha musicado, e bem, as palavras de um outro senhor de nome Nino Rastelli criando uma canção romântica denominada "Tornerai" ( = Voltarás). Tendo encontrado quem escrevesse uma versão francesa, Louis Poterat (e não Louise Poterat, como se encontra em certas páginas da net), o "J'attendrai" tornou-se rapidamente um sucesso e lançou Rina Ketty, juntamente com outra canção de título afrancesado em "Sombreros et Mantilles", mas cujo original era "Sombreros y Mantillas" e que não necessita de explicações sobre donde veio! Desta diferença no tempo entre o original italiano (1933) e o lançamento francês (1937/1938) é que provavelmente resulta a aparente discordância de datas que se encontra na "net". Após a 2ªGG Rina Ketty emigrou para o Canada, onde permaneceu algum tempo até regressar a França já nos anos 60. Morreu em Cannes em 1996.
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Aí vão as palavras da versão francesa:
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J'attendrai le jour et la nuit
J'attendrai toujours ton retour
J'attendrai car l'oiseau qui s'enfuit
Vient chercher l'oubli dans son nid ¶

Le temps passe et court
En battant tristement
Dans mon coeur plus lourd
Et pourtant j'attendrai ton retour

Les fleurs pâlissent, le feu s'éteint,
L'ombre se glisse dans le jardin,
L'horloge tisse des sons très las,
Je crois entendre ton pas.
Le vent m'apporte des bruits lointains,
Et dans ma porte, j'écoute en vain.Hélas!
Plus rien,Plus rien ne vient.

J'attendrai le jour et la nuit
J'attendrai toujours ton retour
J'attendrai car l'oiseau qui s'enfuit
Vient chercher l'oubli dans son nid
Le temps passe et court
En battant tristement
Dans mon coeur plus lourd
Et pourtant j'attendrai ton retour
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Outra versão:
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1.Les fleurs palissent,
Le feu s'éteint,
L'ombre se glisse
Dans le jardin.
L'horloge tisse
Des sons très las,
Je crois entendre ton pas.
Le vent m'apporte
Des bruits lointains.
Guettant ma porte,
J'écoute en vain.
Hélas plus rien,
Plus rien ne vient.

2. Reviens bien vite,
Les jours sont froids,
Et sans limite
Les nuits sans toi.
Quand on se quitte
On oublie tout,
Mais revenir est si doux.
Si ma tristesse
Peut t'émouvoir
Avec tendresse
Reviens un soir.
Et dans tes bras
Tout renaîtra.

Refrain:
J'attendrai le jour et la nuit,
J'attendrai toujours
Ton retour.
J'attendrai,
car l'oiseau qui s'en fuit
Vient chercher l'oubli
Dans son nid.
Le temps passe et court
En battant tristement
Dans mon coeur plus lourd:
Et pourtant j'attendrai ton retour
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Esta canção foi também cantada por Tino Rossi, Jean Sablon, Dalida (em 1975/6) e Anny Gould.
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Locais a visitar ( a propósito)
a) sobre a canção (versão francesa):
b)sobre a versão francesa, italiana original e castelhana:
c)sobre a intérprete Rina Ketty
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Notas a (des)propósito:
Nota 1: Não confundir com o "J'attendrai", de Claude François
Nota 2: Não tirar quaisquer ilações desta transcrição.
Nota 3: Por avaria de computador, retomada de "draft" em 28/2. E há lá mais!

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2006

Canções da 2ª GG (1): Lili Marléne

Numa simples conversa de café, caímos a debater canções da 2ª GG. Esta, por vezes (erradamente) apontada como da 1ª GG, é uma das mais significativas e uma das minhas favoritas. Escrito de facto durante a 1ª Grande Guerra (1915), por um soldado a caminho da frente oriental (Hans Leip; 1893-1983), o poema só seria publicado em 1937, chamando a atenção de Norbert Schultze (1911-2002), que compôs a melodia em 1938. tornou-se na 2ª Grande Guerra aquilo que as lâminas Gilette tinham sido na 1ª, isto é, foi cantada e recantada dos dois lados. Parece que o Joseph Goebels a odiava, por a considerar "decadente" - o que a poderá ter tornado ainda mais popular. Interpretada inicialmente por Lale Andersen e, do lado inglês, por uma das "imortais" da época, Vera Lynn, é no entanto na interpretação de Marléne Dietrich que ganha aquele "toque especial" que tanto celebrizou ambas as Marlénes, canção e intérprete, que nela (e no imaginário que dela ressalta) ficaram indelevelmente associadas.
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A importância desta música mede-se pelo seu portal próprio. "The Official Lili Marlene Page", com todas as letras e interpretações relevantes (incluindo a da Maria Madalena Dietrich, a "tal") , para onde remeto todos os que por este tema se interessem:
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Tirei, naturalmente, a versão original...
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1.Vor der Kaserne
Vor dem großen Tor
Stand eine Laterne
Und steht sie noch davor
So woll'n wir uns da wieder seh'n
Bei der Laterne wollen wir steh'n:
Wie einst Lili Marleen.:

2. Unsere beide Schatten
Sah'n wie einer aus
Daß wir so lieb uns hatten
Das sah man gleich daraus
Und alle Leute soll'n es seh'n
Wenn wir bei der Laterne steh'n:
Wie einst Lili Marleen. :

3. Schon rief der Posten,
Sie blasen Zapfenstreich
Das kann drei Tage kosten
Kam'rad, ich komm sogleich
Da sagten wir auf Wiedersehen
Wie gerne wollt ich mit dir geh'n:
Mit dir Lili Marleen. :

4. Deine Schritte kennt sie,
Deinen zieren Gang
Alle Abend brennt sie,
Doch mich vergaß sie lang
Und sollte mir ein
Leids gescheh'n
Wer wird bei der Laterne stehen:
Mit dir Lili Marleen? :

5. Aus dem stillen Raume,
Aus der Erde Grund
Hebt mich wie im Traume
Dein verliebter Mund
Wenn sich die späten
Nebel drehn
Werd' ich bei der Laterne steh'n:
Wie einst Lili Marleen

Uma versão curiosa das muitas publicadas no referido portal (até uma em latim existe!) é a versão em castelhano, que pouco tem a ver com o original alemão mas que é certamente uma relíquia da "Divisão Azul", que Franco mandou combater ao lado do exército alemão na Frente Leste como retaliação pela Guerra Civil, depois da famosa tirada "Russia si,es culpable!" de Serrano Suñer:

Al salir de España
Sola se quedó,
llorando mi marcha
La niña de mi amor.
Cuando partía el tren de allí
Le dijo así mi corazón:
Me voy pensando en ti,
Adiós, Lili Marlen.

Aunque la distancia
Vive entre los dos,
Yo siempre estoy cerca
De tu claro sol,
Pues cuando tu carta llega a mí,
Se alegra así mi corazón,
Que sólo pienso en ti,
Soñando con tu amor.

Cuando vuelva a España
Con mi División
Llenará de flores
Mi niña su balcón.
Yo seré entonces tan feliz
Que no sabré mas que decir:
Mi amor, Lili Marlen,
Mi amor es para ti.

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(
postagem em 28/2 a partir do "draft", por avaria de computador)

terça-feira, 21 de fevereiro de 2006

Mina e poesia (1): Jales

As minas de Jales (Vila Pouca de Aguiar), já de ouro e prata no tempo dos romanos (que também deixaram trabalhos fabulosos em Três Minas), de há muito deixaram de produzir. Creio que desde 1992. O minério de Jales foi, durante muito tempo, tratado na metalurgia do Barreiro. Recorda as minas o blog "Catedral", em http://catedral@weblog.com.pt , um blog certamente a visitar - e não só por este tema. Atenção às preciosas fotografias do cavalete (cá para o sul diz-se também "malacate") e a dois poemas a guardar numa "antologia da poesia das minas", ao lado da auto-biografia do Borralha e de outros e outros. Com a devida vénia, aos Autores dos poemas e a esse blog, reproduzo-as aqui:
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Das minas de Jales
São de ouro e de prata
Os corações dos homens
São os metais frios
Que roubam e matam
O riso das gentes
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Das minas de Jales
Parte o rio imenso
Fundido na terra
Dos homens sem nome
Que tiram da terra
O ouro e a prata
E deixam o sangue
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Das minas de Jales
Do ouro e da prata
Ficou só o vento
E até dessa terra
Morta e esventrada
Tolhida e deserta
Mal se ouve o lamento.
Jorge Castro
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Vão descalços os homense
na alcofa levam pão endurecido
tal como as suas mãos
endurecidas e escuras..
através dos seus olhos
cegos de tanta escuridão
trazem o brilho aos outros homens
áqueles a quem não falta o pão.
Myryam
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(postagem retirada de "draft" em 26/2)

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2006

Um paradoxo: o barco de Teseu

Ano após ano, o barco de Teseu - a que chamaremos o "Primeiro" é mantido a navegar substituindo uma a uma as suas madeiras. Mas as madeiras retiradas do barco, são guardadas e, elas próprias, ao fim de muitos anos representam um outro barco, a que se chamará o "Segundo". Pergunta-se: nessa altura qual será o barco original de Teseu, o "Primeiro" ou o "Segundo"?
( em Michael Clark, "Paradoxes From A to Z", ed. Routledge, Londres e N.Iorque, 2002)

domingo, 19 de fevereiro de 2006

Tenho já passatempo para quando for velhote!

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(Que ainda não sou, mas lá chegarei!)

sábado, 18 de fevereiro de 2006

Cinco filmes clássicos sobre a "mineração" do carvão

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Alguns vieram cá, outros não me recordo. A selecção foi feita por um grupo de cicloturismo e cultura, ligado à indústria de bicicletas na Virgínia, EUA - zona onde aliás se situaram alguns dos maiores dramas e das maiores lutas dos mineiros do carvão americanos:

http://www.cccyclery.com/filmawards/award5.html

e, a avaliar pelos descritivos disponíveis, parece-me criteriosa.

O primeiro, que data de 1941, é verdadeiramente um "clássico" multipremiado: tendo como produtor Darryl E. Zanuch e director John Ford, com Maureen O'Hara e Walter Pidgeon nos principais papeis, conta "a desagregação de uma família mineira galesa em plena era vitoriana, causada pela rápida expansão e consequente concorrência que forçou muitos mineiros galeses e ingleses a emigrarem para [beneficiar das] oportunidades oferecidas pelos centros mineiros de carvão nos Estados Unidos, nos anos 80 do sec. XIX". "Passou" entre nós com o nome de "O Vale Era Verde" e teve um razoável sucesso. É um filme de memórias: o filho, embora lutando consigo próprio, seguiu a profissão do pai e regressa à mina e é ele, já na casa dos 60 anos (raio de casa!), embrulhado no chaile que fora da sua mãe (não, não é o homónimo fado...), que vai narrar a história da família que teve.

No outro extremo temos um outro extremo: trata-se, de um filme ("October Sky" i.e. "O Céu de Outubro") que data de 1999, dirigido por Joe Johnson, também bastante premiado, que narra a história de uma família mineira (de carvão, claro) na Virgínia Ocidental, EUA, no ano de 1957 quando a actividade mineira, ali, era pujante e considerada. O lançamento do Sputnik entusiasma o filho que, ao contrário do anterior, decide "fugir à mina e à tradição familiar" e, contrariando o pai, estudar astrofísica. Arrastado pela crise do carvão, que vem a seguir e pela despersonalização da chefia da empresa mineira, que de local passa a ausente e distante, o pai tenta, não obstante, salvar a empresa em que trabalhava, a mina, a vila mineira sem nada conseguir. O filho faz uma carreira brilhante na NASA e o sucesso espera-o. É o contrário do do primeiro filme, que, como sublinha o comentador da associação ciclista, se ficou, como única e triste riqueza, com o chaile da mãe, alguns livros e bastantes recordações (e espera-se que com a segurança social i.e. a reforma) - o que fica relativamente longe do sucesso, pelo menos em termos actuais.

Os outros três filmes são histórias de movimentos sociais, em que os mineiros lutam pelo direito de se organizarem e terem uma retribuição justa para o seu trabalho, num combate violento num ambiente violento e de que aqui, na Europa, só nos chegam notícias por vezes dispersas e incompletas.

Dirigido por John Sayles e datando de 1987, "Matewan" é uma tragédia americana proposta para muitos galardões, que conta o designado "massacre de Matewan", resultante de um violento conflito laboral nas minas de carvão da Virgínia Ocidental, nos anos 20 do século passado. É considerado um dos melhores filmes sobre a história do trabalho nos EUA.

O "Harlan County USA", prémio da Academia para o "Melhor Documentário" em 1976, foi produzido e dirigido por Barbara Kopple e narra os aspectos de uma greve numa comunidade mineira-rural do Kentucky. Um "Matewan em menor escala, decorrido aquele 55 anos antes!"

O último filme "seleccionado", os "Molly Maguires" (dirigido por Martin Ritt e tendo como actores Richard Harris, Seam Connery, Samantha Eggar e Frank Finlay), conta, em 1969/70, a história de uma sociedade secreta de mineiros activistas, de raiz irlandesa, que combatem, pela violência, a toda-poderosa empresa mineira que persegue, intimida e inclusive mata os trabalhadores que se lhe opõe - no quadro das agitadas relações laborais nos Estados Unicos de 1870-1880. Como em "Matewan", a empresa mineira contrata e infiltra detectives, neste caso os conhecidos Pinkerton, para tentar vencer e "dobrar" os resistentes.

Seria interessante poder vê-los, não seria? Pena que seja tão longe, senão eu próprio iria -- nos intervalos entre dois filmes -- com muito gosto andar de bicicleta nas diversas trilhas temáticas que também são descritas, em plena Virgínia Ocidental. Fica para um dia...

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2006

... mas é meu, pá! 'tás a gozar ou quê?

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Gaita! E nem sequer um cantinho sobrou p'ra mim?

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2006

Não é meu...

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Sapato: 143

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2006

Respostas ao desafio vanessiano!

No dia 13 de fevereiro dei notícia do desafio que me foi remetido e cujo regulamento transcrevi. De acordo com a sugestão da "desafiante" eu teria que definir 5 características perfeitamente identificadoras de mim e de remeter o desafio a mais cinco "desafiados".

Comecemos por estes: dirijo o desafio a Leonor's Space, Manteiga Derretida, Salvietta, Menina Marota e Poesia Portuguesa. O regulamento está aqui, a 13 de fevereiro, à vossa disposição!

Falemos agora das minhas 5x2 características:

1. Beber café (a qualquer temperatura e sempre que haja) em chávena sem pires ou, quando fornecida com pires, deixando o pires vazio e pousando a chávena directamente na mesa.

2. Gostar de hamburgers, cachorros, pizzas, francesinhas e todo o tipo possível de "junk food" ( aliás, sem desprezar um bom prato, em qualquer acepção do termo, não gosto porém de permanecer à mesa)

3. Não comer frutas ou saladas. terminantemente! Peixe com reticências (a menos que cru).

4. Odiar ginástica e a prática de desportos de carácer atlético (prefiro bolas-de-Berlim, pasteis de Belém, problemas policiais e exercícios muito mais divertidos)

5. Pensar que ainda há pessoas que têm paciência para me aturar. Mas vão escasseando.

6. Tomar banho de chuveiro reflexivo, muito demorado e quente.

7. Fazer as continhas bem feitas todos os dias ao deitar e odiar que me obriguem a despesas quando ainda mal desperto.

8. Gostar de centáureas (de facto, e de há muito, a minha flor preferida).

9. Bloggar desde que me meti nisto (discípulo que sou do ditado brasileiro: "dou um boi para não entrar numa briga, mas dou uma boiada para não sair dela")

10. Tomar nota de tudo num caderninho quadriculado, para já e ainda "Clairefontaine"...
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... e ler ... e ver figuras ... e cinema quando possível ...e descobrir coisas... tudo entre os "intervais" e os "não" da desarrumação que é necessária para que exista alguma graça interna (diferente da da hiena) numa vida de quem, como eu, deveria já procurar um mínimo (ou máximo) de juízo ou desejar um máximo (ou mínimo) de descanso.

terça-feira, 14 de fevereiro de 2006

O 14 de Fevereiro, o "Prelúdio" e o mais que adiante se dirá

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Começo por afirmar, em dizer escarrapachado na minha própria cara, que me estou a comportar como um candidato foleiro em vésperas de eleições, tendo caído naquilo em que não costumo cair - isto é, fazer promessas - e tendo como certo descumpri-las, invocando "uma modificação das circunstâncias". O facto é que prometi responder ao desafio da postagem anterior a esta "dentro de escassas horas"; o facto é, também, que não vou responder, ou melhor, que vou atrasar a resposta e as "escassas" passarão até a ser "sobejas". O facto é, ainda, que, ao fazer ligeiramente a promessa, me esqueci da interposição dum S.Valentim, o tal santo recém chamado pelo consumo a abençoar feromonas e (quando possível) lençois lavados, ele que até parece ter tido a existência meritória em pleno sec. III - o que também significa que me encontrei só perante tal presbítero e mártir, pisando este ano a novidade. Assim sendo, esqueci-me que havia de facto mais coisas a contar, nos entretantos e com prioridade, do que resultaria, também consequentemente, uma verdadeira conversa adiada para a promessa feita! Vamos pois ao que para hoje estava intencionado.
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Andava eu por terras de Arouca, prospectando o fundo local da Biblioteca, quando encontrei a primeira referência a um assunto que me dizia algo. Tratava-se de um trecho da nota biográfica dedicada a um dos maiores poetas portugueses contemporâneos na pag. 152 do album "Ao Encontro de Aveiro", editado pelo Governo Civil daquele distrito no ano da Graça de 2002 e que, palavras a menos, palavras a mais, dizia o mesmo que - é já coincidência ou armadilha dos fados - viria dias depois encontrar na "net", nos apontamentos biográficos da Editorial Caminho e do Instituto Português da Biblioteca e do Livro (ou do Livro e da Biblioteca). Diziam todos assim:
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"Manuel Alegre nasceu a 12 de Maio de 1936, em Águeda, onde fez a instrução primária. Durante os estudos secundários, no liceu Alexandre Herculano, no Porto, fundou, com José Augusto Seabra, o jornal "Prelúdio"..
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Li aquele borbotar coerente de diversas fontes e disse cá para comigo que alguém se tinha enganado e, como veremos, por duas razões que importaria chamar um dia, para que a história não ficasse algo distorcida e isso sem vantagem para quem quer que fosse. Meteram-se depois as eleições e não ficava bem levantar dúvidas no meio das tantas dúvidas que se puseram. Tinha, por certo, que o Dr. Cavaco não escrevera no "Prelúdio" e isso, então, bastava-me![1] Mas, numa ou em duas das biografias oficiais então divulgadas, lá veio o mesmo e reincidente pormenor. Havia pois que carregar no botão do "rewind", pôr a bobine a rodar ao contrário e contar um bocadinho da história do "Prelúdio", jornal dos alunos do Liceu Alexandre Herculano, do Porto, criado certamente ao abrigo da legislação que então (1953) o punha - pelo menos in nomine - sob a cobertura-cinto-S da designada MP (= "Mocidade Portuguesa") mas que, mesmo assim e mais pela qualidade dos tutores apontados que pela letra da lei, gozou nos seus dois primeirois anos de uma relativa aceitação.
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E urgia não só falar de "O Prelúdio", porque no Porto existiam dois liceus, o "Alexandre Herculano", onde durante muito tempo foram discentes nos dois últimos anos os destinados às "ciências e técnicas", e o "D. Manuel II" (antigo Rodrigues de Freitas), onde se agrupavam os das chamadas "letras", tudo arrumado pelas alíneas da disposição legal que nos etiquetava assim [2]. A "separação das águas" tinha lugar no terceiro ciclo, que nessa altura reunia o 6º e o 7º ano, pelo que pre-científicos e pre-letrados podiam conviver nas mesmas turmas de qualquer dos dois liceus até ao exame do 5º ano, inclusive.
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Na turma A do 4º ano do período lectivo 1950-1951 (e o 4º ano era um ano nem carne nem peixe, mas de cabulice terrível) fomos todos atacados pela "brotoeja da escrita". O José Augusto Seabra, que já não está connosco, era o nº 16 e redigia muito bem, o 17, que era eu, passava pela Biblioteca Municipal do Porto para escrever uma história da Grécia antiga, epigrafada "A Hélade", que nunca ultrapassou as primeiras linhas (apaixonado que fiquei com a história de Frineia), o Magalhães abordava corajosamente a autoria de um "Tratado das Fintas e Driblings", cujo primeiro capítulo pós- introdução (em que o Autor dissertava sobre a questão prévia essencial da obra, que era saber distinguir uma "finta" de um "dribling") tinha, recordo-me, o bem sonante e prometedor nome de "Da Finta à Inglesa". E foi assim que, penso que com uma sugestão do Manuel de Oliveira (não, não é o do cinema), nasceu "O Patascrito".

O que era "O Patascrito"? Era um caderno de folhas inseridas, de papel costaneira, exemplar único escrito à mão (e daí o nome), chistoso em demasia, onde todos podiam deixar um bocadinho de si (hoje, para isso, há os "blogs"!) e que circulava com a condição de haver um pagamento prévio por cada interessado (já me não recordo se de uma c'roa ou duas [3]) para poder ser lido. E assim vivemos, e assim até fizemos uma "festa das rabanadas" que foi uma espécie não de jogos-florais (que também houve) mas de variedades com pretensiosos interlúdios poético-literários, improvisada numa aula de Português (et pour cause!) em que o Leopoldo fez de macaco e se leram cantigas de escárnio e mal-dizer sortido quer entre nós quer, até, "mui civilizadamente para cima".

No 5º ano (1951-1952) adoeci e tive de deixar a turma do Liceu passando ao "ensino particular doméstico" [4] para não perder o ano por faltas. Voltaria no 6º (1952-1953), já o meu colega de carteira, o José Seabra, tinha ido para o "D.Manuel". Mas "O Patascrito" lançara semente... e surgiu aí, como desejo de coisa mais séria, a "febre dos jornais". No "Alexandre", no "nosso", dois alunos do 6º ano - o Abrunhosa Vasconcelos e eu próprio, da turma A, a que se juntou o Manuel Carvalho e Cunha, da turma B - esboçaram um projecto e levaram-no ao Reitor, que era o Dr. Sena Esteves. Este acolheu com agrado a proposta, utilizou com a amplitude possível a condicionada abertura permitida pela legislação vigente (que, não obstante, subordinava qualquer publicação escolar à "tutela" de um Centro Escolar da M.P.), nomeou aqueles 3 mânfios "redactores" e entregou o cargo de professor-orientador ao saudoso Dr. Cruz Malpique, um verdadeiro filósofo de obra escrita e que levava fleugmaticamente a sua posição e a responsabilidade do cargo com compreensão, paciência e bonomia. [5,6]

A prova provada que a "doença" era transmissível foi que o Zé Seabra, chegando ao "D.Manuel II" com o Belmiro Guimarães logo ali "montou" também um jormal:"O Mensageiro", de que era professor orientador o Dr. Óscar Lopes. E é por isso que, logo aqui, há uma primeira correcção a fazer (para uma segunda correcção ver nota [8]) : o José Seabra nunca foi fundador de "O Prelúdio" porque, quando da fundação deste, já não estava connosco. Foi, sim, fundador de "O Mensageiro", jornal dos alunos do Liceu D. Manuel II, onde deixou uma notável marca da qualidade que bem lhe conhecíamos.

Com grande surpresa minha, andava eu nestas lucubrações, um "blog" ilustre da nossa praça, o http://www.purprazer.blogger.com.br publicou - a 14 de Dezembro de 2005 - a ficha técnica do primeiro "Prelúdio" (não houve "número zero") e fez mais: prometeu que dele iria divulgar mais coisas - e divulgou! Devo essa interessante iniciativa ao AEF, que suponho seja o Àngelo E. Ferreira, um dos bloguistas daquele título. Repetem-se seguidamente os dizeres da ficha técnica, então publicada (a repartição por linhas e o centrado é meu!):

PRELÚDIO

Ano I, Porto, 31 de Janeiro de 1953, N.º 1, Mensal, Preço 1$00

Gazeta dos Alunos do Liceu de Alexandre Herculano (ao abrigo do Art. 445 do Dec. 36.508) CENTRO ESCOLAR N.º 6 -- ALA DO DOURO LITORAL

Prof. Orientador: Dr. Cruz Malpique

Composto e impresso na: Esc. Tip. da Oficina de S. José

telefone 21 866

Rua Alexandre Herculano, 123 PORTO

Redactores: José Miguel Leal da Silva, Manuel Carvalho e Cunha, Rui Abrunhosa

E acrescentava AEF: "Esta preciosidade encontrou-a o Eng. Miguel Oliveira, pertença do seu pai. E este jornal vai trazer-nos novidades (antigas) e outras cousas de interesse. Ai se vai. Bom dia. *AEF"

Aliás nem demorou muito tempo a passar do prometido ao feito, postando a 20 do mesmo mês de Dezembro, o "en-tête" do "Prelúdio" nº 1 e duas das obras poéticas nesse primeiro número publicadas. Aí vai tudo, incluindo comentários a itálico, tudo com a devida vénia, aos Autores de hoje e de ontem:
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Transcrevo:
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"Esta publicação do Liceu Alexandre Herculano, feitinha pelos alunos de então, é uma preciosidade. Eu, que sou um jovem, portanto insuspeito, posso bem dizer que antigamente havia coisas que já não há. Era bem diferente o ensino. Claro que houve a democratização e o país melhorou muito no acesso à educação, sem dúvida. Mas lá que agora já não se fazem coisas como o PRELÚDIO, lá isso não. Faltam professores como o Dr. Cruz Malpique, faltam exigência, rigor, seriedade. Será que não podemos ter isto com a democratização? Será que não podemos ter rigor e bons professores? Podia ir mais longe, mas fico-me por aqui. Ah, e convém dizer que não estou a dizer que todas as escolas são assim, claro que há muitas e honrosas excepções -- lá se ia o meu futuro político.

Julgo mesmo que foi neste número 1 do PRELÚDIO que o Manuel Alegre terá publicado pela primeira vez, a avaliar pela idade que teria na altura. O seu poema "AS ROSAS DA MOCIDADE" virá já a seguir, e muitos ensinamentos... Até mais.
Boa tarde.
*AEF

AS ROSAS DA MOCIDADE
(Coronemus nos rosis ante quam marcessant)
Ao Exmo. Sr. Dr. Cruz Malpique

Ó rosas em flor da doce Mocidade,
Hoje vicejais, amanhã murchais!
Ai botões de rosa da santa idade,
Em que se vive ainda ao sabor dos pais!
.
Gozemos,amigos,o feliz instante,
Destas rosas belas, a desabrochar!
Num dia futuro, não muito distante,
Vereis as florzinhas, tristes, a murchar...
.
Cantemos, cantemos, ao nosso esplendor!
Em taças de oiro, o furto da vida
Bebamos. A nossa alma pede amor,
Deixemo-la andar amando... perdida...
.
Andemos, que ela esvoaça depressa!
Ai rosas bonitas, que breves sois!
Chorarmos agora, ai, livrai-nos dessa,
Ó rosas viçosas que murchais depois!
.
Amigos, amigos, segui adeante,
Eu paro, que fico... que fico a chorar!
Gozai, que esta hora passa num instante,
É como uma noite de suave luar!
.
Vereis, depois, vir noites, noites infindas,
Que não passam nunca, que aborrecem sempre!
Olhai para estas rápidas e lindas,
Estas são assim, olhai... não duram sempre!
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Ai rosas benditas, breves, talvez...
Ai rosas bonitas, que lindas que sois!
Vós brilhais um dia, mas uma só vez,
Vós brilhais um dia e murchais depois!
.

M. Alegre Duarte (5.º ano)

Terá este sido o primeiro poema publicado por Manuel Alegre?
*AEF


BALADA DA HERA

A minha casa tem heras,
Tem heras, junto ao portão,
Onde aves fazem ninhos,
No tempo de S. João,
Onde canta um rouxinol
Durante todo o Verão.
Se as folhas das heras caem,
Cai também o meu coração...

Veio o vento, veio o frio,
Veio a chuva e o nevão.
Caem as folhas das heras
Que tenho junto ao portão,
Já não há aves nem ninhos,
Há silêncio e solidão.
Mas, com as flores das heras,
Já não cai meu coração,
Porque, quando elas caírem,
Já ele caíra então.

Não foi chuva, não foi frio,
Não foi o vento suão,
Não foi neve, nem geada,
Nem a força dum tufão,
Foram uns cabelos loiros,
Que passaram junto ao portão,
E, no dia em que os vi,
Perdi meu coração...

A minha casa tem heras,
Tem heras, junto ao portão,
Onde aves fazem ninhos,
No tempo de S. João,
Onde canta um rouxinol
Durante todo o Verão.
Se as folhas das heras caem,
Já não cais meu coração,
Porque tu já nem és meu,
És desses cabelos loiros
Que passam junto ao portão.

José Miguel Leal da Silva

in PRELÚDIO, Ano I, N.º 1, Liceu Alexandre Herculano, Porto, 1953".

: fim de transcrição.

Deixou-me verdadeiramente sem fala, este poemeto escrito há 53 anos. Eu, que dos meus escritos nunca guardei nada [7], que do "Prelúdio" não guardei um número sequer, vim encontrar aqui um bocado de mim, transportado no tempo. Foi interessante, logo no dia de hoje. Acrescento apenas que se chamava Célia, que tinha de facto cabelos loiros e olhos muito azuis.

E fico-me por aqui, algo comovido, como se de um mirante eu pudesse ver os passos todos, bons, maus e assim-assim (estes os piores) que desde aí percorri. Deixarei algumas notas para responder a questões pendentes [8,9,10]. Recordarei que o "Velho Alexandre" [11] está a comemorar o seu Centenário e direi, a fechar, por que razão não vou por lá os meus pés. O argumento pode residir no desconforto de ver por ali, avelhentadas como eu, tantas celebridades; a razão, essa, é uma única, que peço emprestada ao Pavese mas que faço muito minha, agora só neste momento: "Nada é mais insuportável do que o lugar em que se foi feliz."

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[1] O que não significa que, a contrario, escrever no "Prelúdio" fosse para mim critério decisivo de voto.

[2] Seja dito que, como sinal muito prévio de conturbação do regime, nos últimos anos da época destes episódios, começaram a aparecer alíneas de letras no Alexandre Herculano e... mulheres-alunas, o que se diria de todo impensável naquela casa. Ficavam clausuradas nos intervalos, coitaditas, não fosse a presença feminina excitar as hostes que se limitavam então, além muros e além rua, a soltar olhares langorosos para o vizinho "Rainha Santa" (salvo quando também para as profs, que as havia e de que, pelo menos um caso singular, com unanimidade da turma, levaria a que um aluno, numa paródia chamada "Asíada", tivesse mesmo escrito - suma ousadia, tocando a brejeirice - "que outras Vénus temos, mais ou menos bem").

[3] Qualquer dia poucos saberão o que era uma coroa (50 centavos), um cruzado (40 centavos), um tostão (10 centavos), um vintém (dois centavos, que já não conheci), etc. Por razões de peso e de proximidade temporal o conto de reis (1000 escudos) ainda se vai mantendo na memória das gentes para correlação verbal de preços, mas...

[4] Com enorme sacrifício de meus Pais e Tio, que me arranjaram professores (e bons) para todas as disciplinas necessárias.

[5] Seja dito que também não lhe demos muitos problemas... salvo dois incidentes: um artigo sobre (contra) a Lei do Cinema, que nos levou ao corredor da Reitoria e (eu comecei aí a aprender mais algumas coisas!) nos foi proporcionada a honra de receber uma "entrevista expontânea" que estava fora de qualquer previsão, programa e convite, e (b) também uma edição que saiu cheia de gralhas porque a revisão fora apressada "para poder ser distribuída no passeio anual do 5º ano". Mas os santos teriam caído todos do altar, logo à nascença, se tivéssemos avançado com o primeiro nome que tínhamos achado sonante e que era ... "O Avante!" [afinal dizia-se "Avante" no Hino da Restauração, sim ou não?]. Isto foi imediatamente antes de almoço, numa reunião que tivemos a preparar o primeiro encontro com o Reitor, nessa tarde. Eu fiquei a almoçar na Cantina (normalmente ia a casa, a Gaia, e tinha 15 a 20 minutos para almoçar...) e o Abrunhosa foi almoçar a casa, que não era longe dali. Estava eu a comer o macarrão e a dispensar a fruta, quando vi o Abrunhosa que me fazia grandes gestos à porta da cantina. Fui ver que desgraça havia e ele perguntou-me logo: disseste o nome a alguém. Eu disse que não e perguntei porquê. E o Abrunhosa disse eh, pá! se mencionamos o nome, disse-me o meu pai, há logo sarilho. E explicou... Como ninguém queria sarilho e muito menos usurpar o futuro de um título, discutimos logo o que havia de ser. Surgiu o "Prelúdio" não sei bem de quem, mas melómanos tínhamos por ali muitos, pelo que não admira o oportuno e significativo achamento!

[6] Menos sorte teria o "Clube de Cinema", que lançamos no 7º ano (1953-1954) com o apoio do Padre Alexandrino Brochado, que tinha assumido o difícil cargo de ser nosso professor de Moral, substituindo o Padre Domingos Pinho Brandão, que nos acompanhara até ao 6º e fora chamado a iniciar uma importante e desassombrada carreira eclesiástica. Tudo correu muito bem, a malta na 4ª feira, em vez de marchar no saibro do recreio, ia ilustrar-se na extraordinária sala de cinema do liceu (no destacado que se vê à direirta do corpo principal), onde passamos o "Milagre de Milão", o "Polícia e Ladrão" com o Tótó e o Fabrizzi, o "Ladrão de Bicicletas" (cortando lá uma passagem)... mas aí estragou-se tudo. Um zeloso papá escreveu uma carta ao Reitor a dizer que estávamos a pender muito para um certo tipo ideologicamente suspeito de filme italiano, etc. e tal. Acabaram logo os filmes e a "malta" voltou para as marchas de 4ª feira!

[7] Se alguma vez escrevi algo de que verdadeiramente gostasse foi já no Barreiro, muitos anos depois, por volta de 1965-1968, dois poemas que também deixei perderem-se: "Nichols-Herreschoff" e "O teu vestido vermelho". Poderia acrescentar um terceiro, da tal época anterior, a uma outra loira caixeirinha de uma papelaria onde eu ia mais vê-la que comprar sebentas de 20 folhas, que era o pretexto mais barato que eu podia encontrar. Mas esse, "Gouache azul", quem tiver os números seguintes do "Prelúdio" acaba por o descobrir.

[8] Das questões que ficaram abertas, sai uma segunda conclusão (e a resposta parcial a uma pergunta) relativa ao Manuel A. Duarte daquele tempo, que se pode chamar também de "fundador" porque, desde início, ele - que era do ano imediatamente seguinte ao nosso - acompanhou sempre a "operação Prelúdio" com interesse, iniciativa e colaboração. Se estes foram ou não os primeiros versos que publicou, não sei. Mas sei que foram, certamente, dos seus primeiros escritos pois, nesta altura, já tinha um razoável conjunto de poemas, com uma carta-prefácio do Dr. Cruz Malpique. Aliás todos os poemas ali publicados foram seleccionados pelo professor orientador de entre as muitas candidaturas então apresentadas.Colaboração, de facto, não faltava! Malta muito poética e prosadora, aquela!

[9] Um dos nossos erros quanto ao "Prelúdio" foi não deixar uma sucessão completa tipo-equipe, transmitindo a forma como tínhamos conseguido funcionar. Por isso o "Prelúdio" desapareceu algum tempo depois. Mas viria a reaparecer, anos volvidos, pela mão de uma outra equipe muito dinâmica, que deixou nome no liceu e no jornal, tendo à cabeça o José Pacheco Pereira e contando com a colaboração da irmã deste, Beatriz Pacheco Pereira e de Mário Dorminski - que aí também estrearam a sua escrita. Recomendo a leitura das dificuldades que o J.P.P. enfrentou com um reitor diferente do nosso professor-orientador e que relata, de forma saborosa, no seu blog "Abrupto", de 7 de Julho de 2003:
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[10] Uma questão que fica em aberto: no fim da transcrição do meu poemeto, no "José Miguel" do meu nome, deixaram um link que vinha ligar precisamente aqui, a este blog! Como descobriram? Deixo a pergunta ao AEF.
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[11] Agora designado "Escola Secundária "Alexandre Herculano", de cujo portal, com a devida vénia, tirei o alçado geral que inicia estas notas. Aconselho uma visita a esse portal, fotograficamente muito documentado (e com fotografias excelentes), pelo menos para matar saudades. O portal é:
http://www.esec-alexandre-herculano.rcts.pt/


segunda-feira, 13 de fevereiro de 2006

Um desafio vanessiano...

Do blog da Vanessa (o "rua da saudade") recebo e, com a devida vénia, republico o desafio seguinte:

"Já falta pouco para responder ao desafio lançado pelo Farpas. Vou deixá-lo ao LdS, ao Sertorius, à Sandra, à Lizzie e à Júlia. De qualquer modo, e para já, o regulamento:
Cada bloguista participante tem de enumerar cinco manias suas, hábitos muito pessoais que o diferenciem do comum dos mortais. E, além de dar ao público conhecimento dessas particularidades, tem de escolher cinco outros bloguistas para entrarem, igualmente, no jogo, não se esquecendo de deixar nos respectivos blogues aviso do "recrutamento". Ademais, cada participante deve reproduzir este "regulamento" no seu blogue."
Quanto a responder, hoje - ou seja, neste momento - estou "pantanoso" de todo. Nada me apetece fazer, escrever e, muito menos, promover a mínima acção que, sendo eu essencialmente um comum dos mortais esde o nascimento, me pretenda diferenciar dos restantes. Por este facto, publico o regulamento e adio por escassas horas quer a resposta, quer a lista dos cinco destinatários escolhidos. Mas deixo uma alternativa a estes: os "do's" e os "don'ts". Assim poderão avançar com 5 "singularidades" singelas ou, em alternativa, com um misto de 5 "singularidades positivas" i.e. de acção e "5 singularidades negativas" i.e. de voluntária recusa ou omissão. E nunca se esqueçam, como diz a ilustre desafiadora no seu "blog", que há sempre o risco - ou a emergência - de nem tudo se contar. O pior do jogo, porém, é que talvez (ou mesmo de certo?) as verdadeiras singularidades possam exactamente ficar por aí, pelo que, lusitanamente, continuaremos na aparente placidez das nossas vidas! "Saudades para D.Genciana", como contava o JRM!

Ainda o Danúbio : Ottensheim (Austria)...

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No desenho a pena do Capitão B. Granville Smith,
em "The Danube with Pen and Pencil", op. cit., 1911

... e Ottensheim hoje!

Fora algumas diferenças de perspectiva e de
estrutura do "castelo", o sítio é mesmo... o mesmo!



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A tempo:
Respondendo a uma pergunta telefónica: Não, nunca estive em Ottensheim. Mas não me importava, de todo. Wollen Sie?

domingo, 12 de fevereiro de 2006

A linguagem do cartão de visita...

ou na Espanha de 1958 havia quem dissesse que era assim!



Aos 3 de setembro de 1958 este cidadão português, então estagiando em La Felguera, Astúrias, Espanha, entrou numa livraria (ou "na livraria") e fez um vultoso investimento: o "Diccionario Ilustrado de la Lengua Española", de Aristos (?), Ed. Ramón Sopena, Barcelona, 1957 e uma Gramática da mesma língua, que não anda por aqui perto. No vocábulo "tarjeta", a pag. 963, dava-se esta formalíssima gravura do formalíssimo uso do cartão de visita proposto para terras de Espanha, já que em Portugal as coisas, mesmo formais, não seriam bem assim. O dito Aristos, muito velhinho e de folhas amareladas, ainda anda por aqui e presta bom serviço. Merece, por isso, vir ao "blog" ... e veio!

Creio que as legendas todas se entendem, salvo talvez "cita". De acordo com o mesmo volume, e traduzindo, "cita" é a "fixação de dia, hora e lugar para tratar algo". Uma citação ou convocação, como queiram!

A tempo (acrescentado já a 13/2):

A presente postagem mereceu já dois inesperados telefonemas de outros tantos visitantes que não quizeram deixar mensagem escrita e preferiram recorrer ao "celular" para dizer coisas. Aí vai, com agradecimentos:

O primeiro visitante salientou o risco de confusão nos pares binários que nesta linguagem de cartão de visita se podem encontrar e que são: visita <---> despedida; pêsames <---> felicitações; baile <---> almoço (ou jantar); boda <---> funeral (!!!); desculpa <---> recomendação (e qualquer destas com "desafio") e citação/marcação <---> negativa. Em todos estes casos qualquer erro ou confusão pode de facto ser dramático!

O segundo visitante lembrou uma moda muito mais lusitana que se encontrava nas papelarias de bairro nos anos 50 e que era um cartão tipografado a azul (não sei se a cor teria alguma influência escondida) e que dizia, em impressão primorosa, uma baboseira directa do género: "Menina, gosto muito de si. Aceita o namoro?" E depois, mais abaixo, em letra mais pequena, acrescentava: "Se dobrar o canto da direita é SIM, se dobrar o canto da esquerda é NÃO, se devolver o cartão sem dobrar DÁ UMA ESPERANÇA!". De facto, não fosse a requestada donzela confundir os cantos, no da esquerda estava um grande N, no da direita um grande S e em qualquer deles uma linha de dobra. Para além de se fornecer uma solução para a abordagem por tímidos, já então se propunha um sentido político para o voto em branco! Fabuloso! Não é que o mundo hoje está muito mais propenso à "acção directa"?


sábado, 11 de fevereiro de 2006

E por aqui, mais perto do Guadiana...

Um achado...

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1. E aí vão dois provérbios na transcrição fonética do Autor:

Êm xubendu, tôdu nu' mulhêmu'

Barba' parelha' não guardam obelha'

o primeiro é democrático, entende-se bem, porque a chuva quando cai molha a todos (note-se a forma plural com o apóstrofo); o segundo é mais complicado e diz que Barbas iguais ou seja, duas pessoas da mesma idade, não podem deter-se a conversar (isto ainda segundo a explicação do Autor, Leite de Vasconcelos).

E já que estamos em Fevereiro...

Nã xubendu êm Febrêru, nêm bom pradu, nêm bom çilêru.

com a particularidade de "êm" ser um "e com til", necessariamente nasalado, coisa que este computador, neste programa, se recusou terminantemente a dar, mesmo com "copy / paste" (no entanto, vide quadra abaixo, "êm" não deve estar muito fora da realidade)!

2. Engraçada é também uma adivinha:

Quantu mái grande, menu péza!

Resposta: um buraco, numa peça de roupa (p.ex. fato).

Ou, uma "pergunta de algibeira"

Qu' é mai duma baca?

que leva logo de resposta: Sã' dua'!

3. E, para acabar, uma quadra!

Uma belha muntu belha
Mai' belha q'a çaragoça,
Le falarôm êm cazá,
De belha turnô-çi moça
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sexta-feira, 10 de fevereiro de 2006

As três nascentes do Danúbio

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Este desenho, feito no início do século XX pelo Capitão B. Granville Baker para ser a primeira impressão não colorida registada no seu livro "The Danube with Pen and Pencil", editado em 1911 [1,2], construiu um dos meus lugares míticos. Todos nós temos lugares míticos, onde queremos ir, chegar ou fruir em todos os sentidos da fantasia e da vida - vida essa que faz com que a muitos não cheguemos. Este, para mim, foi um deles: Donaueschingen. E, mesmo que me tivesse feito levantar às 4 da manhã de um hotel tranquilo, em Estugarda, o facto é que cheguei lá. Ficam por abrir alguns outros. Mas... nunca digas nunca. [3]

O pormenor interessante é que a fonte do Danúbio... é e não é a fonte do Danúbio. Como o Autor do livro já dizia em 1911, há aqui um verdadeiro "complot" aristocrático. 45 km acima, mais ou menos, nas sombras da Floresta Negra, existem duas nascentes que originam dois rios: o Brigach e o Breg. A fonte do que nasce mais longe, que é o Breg, está num local chamado de Martinskapelle. O Brigach e o Breg vêm por ali abaixo, percorrendo a dita floresta, entre lenhadores e camponeses (claro! claro!) e misturam as suas águas à entrada de um parque onde está um palácio e que palácio... pertencente à poderosa família dos Fürstenberg. Vide a gravura! Frente ao palácio, num prado do tal parque, havia uma nascente mixuruca que enviava a sua água para a mistura sem nome dos dois rios. Mas, lá diz o Capitão no livro, como "noblesse oblige" os (ou as, porque rios em alemão é no feminino!) Brigach e Breg cederam os seus nomes, as suas águas já de considerável caudal e as primícias de um dos grandes e míticos rios Europeus ao xixi de príncipe que caminhava por entre as ervinhas verdes e que, apossando-se de tudo o resto para colocar o conta-quilómetros a zero naquele ponto, passou, dali para diante, a chamar-se Donau: o Danúbio!

A coisa tem o seu quê de artístico: num grupo escultórico, duas mulheres jovens, "uma vestida e a outra nem tanto" (como diz o descritivo Capitão) seguram uma criança, rechonchuda, despidona e surpreendentemente masculina, que segura uma concha, tudo sobre uma taça onde entra a água da nascente e onde se encontra a seguinte legenda: "Brigach und Breg bringen die Donau zuweg" ["O Brigach e o Breg mostram o caminho ao Danúbio"], o que em alemão rima razoavelmente bem e ajuda a entender o que se passa. Um outro escrito acaba com as confusões que possam subsistir e, num alemão inteligível, precisa o que foi definido em 1584, ou seja, que o "Danúbio começa onde se misturam as águas da Fonte do Castelo", dizendo simplesmente: "Nascente do Danúbio. Altitude 678 m. 2840 km até ao mar".

Por isso se diz que... o Danúbio tem 3 nascentes! [4]

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[1] De acordo com uma indicação bibliográfica mais rigorosa, aí vai: [BAKER,1911] B. Granville Baker, "The Danube with Pen and Pencil", ed. Swan Sonnenschein & Co., Londres, 1911.
[2] O livro tem uma dedicatória: "Este livro é dedicado ao Meu Grande e Bom Amigo e Genial Hospedeiro Guido Elbogen, do Castelo de Thalheim, na Baixa Aústria". E é irónico pensar que, escassos 3 anos depois, o Capitão Baker poderia ver-se a combater o Grande e Bom Amigo nos campos de batalha da Europa, envolvidos ambos no que traduziu o início do desvairo secular de um continente... e de um Mundo!
[3] Os meus outros locais míticos e confessáveis, porque geográficos, foram estabelecidos sobre mapas, quando acamado num período de saúde frágil que também deixou as suas marcas, aí pelos meus 14 anos: o Balneário de Panticosa (nos Pirinéus), onde também já fui, Ventspils, na Estónia, e Munkachevo, que já foi checoeslovaco, húngaro, russo e hoje é ucraniano, mas que se situa na Ruténia Transcarpática, para quem queira saber - estes dois ainda inatingidos. Isto para não falar nas duas rotas... a da Seda... e a do Transsiberiano, que são voos bastante mais alargados, ou a de subir o Reno e descer o Danúbio, que é quase totalmente doméstica, porquanto quase totalmente CE! A questão é de tempo, de dinheiro e de companhia - podendo o terceiro factor, conforme seja, minimizar os restantes. E o Danúbio aqui tão perto!
[4] Mas, para que salivemos todos um pouco mais, tenciono traduzir um dia destes o índice da obra, já de si uma peça literária. Apenas recordo que esta foi publicada em 1911 e que o Capitão escrevia, desenhava e pintava bem e deixava-se prender tanto por monumentos como por tipos populares, apanhando e registando tudo em prosa e em imagem. É pois uma excelente reportagem de uma Europa que já não existe e não mais existirá, vinda do antes-do-Armagedão que foi a I Grande Guerra.


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quinta-feira, 9 de fevereiro de 2006

Travessa do Baluarte

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Fica em Alcântara, Lisboa, mas a freguesia é agora a dos Prazeres.
Aquela edifício à direita era a Fábrica Sol.
Era!
Naquela esquina, em 1910 (ou 11)
um grande fotógrafo que se chamava Joshua
fotografou um grupo de mulheres grevistas.
Até saiu na Ilustração Portuguesa!
Entre elas
um dos sorrisos mais bonitos que Joshua deixou sorrir
em compostos de prata
e que também já não existe mais,
nem o nomeque tinha,
nem o xaile que trazia
no trajar de operária de Lisboa.
Eram os tempos do viv'á República.
que já não era preciso escrever a sangue, como contou o Dantas.
no "Pátria Portuguesa", não foi?
Depois, continuaram a vir anos de fome e défice,
até que, no passeio em frente à esquina,
junto de muros e armazéns que também deixaram de existir
a polícia carregou sobre mulheres que davam força e fé
aos que teimavam então em fazer greve.
Era já 43 no relógio do mundo!
Até o disse "O Século" (mas sem fotografias!)!
e hoje esse passeio, onde elas não corriam,
com a travessa desapareceu também.
Pois parir-se-ão ali blocos & blocos.
(como até mostrou um apelo aos eleitores
mas claro, claro,
em ano de eleição!)
onde arquitectos vão deixar sonhos em cimento e ferro.
Mas, indiferentes ao aço e ao betão,
aos continuados défices,
insistidos rigores,
excelências perdidas,
lucros fabulosos dos financiadores,
opas que não são de procissão,
memórias deixadas do cheiro do sabão,
da luz da estearina,
os sonhos ali sonhados vão ficar ali mesmo
ali naquela esquina,
a sonharem também
e
a serem recordados
um dia, por ninguém.

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2006

Falaremos um dia deste livro...

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terça-feira, 7 de fevereiro de 2006

Disfarçada de garaveto, à espera dum incauto!

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É só esperar...

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segunda-feira, 6 de fevereiro de 2006

Junto à raia

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Duas janelas (Ouguela)
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domingo, 5 de fevereiro de 2006

Self - service

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sábado, 4 de fevereiro de 2006

Homenagem a Juvenal (o daqui)

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Perguntava o de Roma:
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"- Que irei eu fazer em Roma - eu, que não sei mentir?"
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Deve ser mesmo do nome! Só pode!

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2006

"The second winner is the first looser"

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Há porém circunstâncias, terras, memórias e futuros que permitem uma outra leitura:

"The first winner may become the second looser",
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sobretudo quando não entende os segredos e delicadezas da glória e condescende em atribuí-la exclusivamente a mérito próprio. Não era por acaso - mas por adquirida sabedoria política - que, nos triunfos romanos, quem segurava a coroa do triunfador também lhe murmurava ao ouvido, de tempos a tempos "Lembra-te que és mortal!"

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2006

Carlos de Bragança [1]

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"Certo é que D.Carlos, com o seu feitio tão portuguez, o amôr e gosto tão pronunciados pelas coisas. habitos e costumes da nossa terra, ficou sempre na sua estrutura intima um desconhecido para o seu paiz, fóra da região alemtejana das suas propriedades, onde as estadas repetidas que elle tanto apreciava, e a convivencia com individuos de todas as classes sociaes, o tornaram familiar e estimado"
João Franco Castello-Branco [2]
na introdução "El-Rei" a "Cartas d'El-Rei D.Carlos I",
Livrarias Aillaud e Bertrand, Lisboa, 1924
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[1] Não se trata de trazer aqui qualquer efeméride (essa seria adequada ontem ou anteontem), mas apenas de extrair uma citação de uma das minhas actuais leituras. Penso deixar, brevemente, um outro apontamento sobre D.Carlos e um episódio que lhe é atribuído e que, tendo alegadamente ocorrido no decurso duma sua visita às cortes europeias [na que foi a sua primeira viagem oficial e política na hipertensa Europa de então (1895)], revela, no fundo, a convivialidade própria, expontânea e oportuna que nesta referência se lhe confere.
[2] Ultimo presidente do conselho de D.Carlos, investido de poderes ditatoriais entre 1906 e 1908, que não escapam a uma frequente inclusão entre as motivações mais directas do regicídio (1908). Jaime Nogueira Pinto, no artigo "Golpe de Estado" em "Polis - Enciclopédia VERBO da Sociedade e do Estado", Volume 3.º, Edit. Verbo, Lisboa, 1985, refere-se a esse mandato como "ditadura real" e, por ser um caso de "alteração brusca e sem respeito pelas normas constitucionais do processo governativo", qualifica-o sem hesitação como "golpe de Estado".

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2006

Fevereiro

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Missal de Lorvão (Portugal) - Sec. XV
2ºmês
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