quarta-feira, 31 de outubro de 2007

Teatro rápido e sem sentido

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Guarda-chuva (aqui em baixo chama-se-lhe "chapéu") : - Só se lembram de mim quando faz chuva!
Mangueira: - E de mim só se lembram quando faz calor...
Guarda-chuva: - Pois é, mas ao menos tu podes ter a chuva dentro!
Torneira: - Mesmo para isso é preciso que eu deixe. O que é ela sem mim?
Cano (em aparte): - O que tu és sem mim, claro está! Mas que grande chatice, ter de ser um cabide desta m.... toda!
Rosácea multicolor: - Ai que me enganei outra vez! Ó senhor motorista, abra lá a porta de trás para eu sair! Eu não sou desta peça! Desculpe! Obrigada!

Damas e cavalheiros, com fatos de banho muito antigos, de riscas horizontais, percorrem diligentemente o corredor central da plateia vazia, espalhando lixo suburbano.
Mas ninguém mais abre a boca!

Os espectadores, repartidos entre lavabos e paragens de autocarro aplaudem em silêncio, agitando apenas bandeirinhas brancas e emborcando ginja por minicopos de shot em plástico, bandeirinhas e minicopos com a marca dos patrocinadores (de preferência ligados à imobiliária).

Toca o pano. Cai o órgão.
(deve cair mesmo, fragorosamente, estremecendo o silêncio)

Seis culturistas femininas, disfarçadas de polícias de choque em posturas pro-râmbicas, mas com grissinos em vez de bastões, fazem evacuar (n)as galerias. Alguns casais deixam-se ficar e não são incomodados, porque simulam brincar às escutas telefónicas com protuberâncias recíprocas.


terça-feira, 30 de outubro de 2007

Vazio e só...

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segunda-feira, 29 de outubro de 2007

Flor de árvore de um quarteirão mais adiante

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Narcissus serotinus

Ver a actualização acrescentada à postagem de 13 de Outubro.

domingo, 28 de outubro de 2007

O oráculo da palmeira:

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"Só uma adequada preparação das bases poderá suster a pressão das raízes."

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sábado, 27 de outubro de 2007

Um cartaz do Parlamento Europeu

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sexta-feira, 26 de outubro de 2007

A equação do dia: "B1"+ "B2" = "B1 e B2" ou "B1 y B2"?


Um dos problemas que a decantada questão do cavalo de Troia levanta é o de determinar a extensão da responsabilidade dos troianos no sucesso dos gregos.

Cassandra tinha ideias sobre o assunto.

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quinta-feira, 25 de outubro de 2007

De emboscada...

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quarta-feira, 24 de outubro de 2007

A um aniversário - soneto de Augusto Gil


Se eu fosse rei, Senhora, neste dia
o pagem mais gentil da minha corte,
como tributo d'amizade, iria
a esses pés miniaturais depor-te

um brinde sem rival, d'alta valia;
Mas sabes bem que não sou rei. De sorte
que não pode ir, como eu desejaria,
o pagem mais gentil da minha corte

oferendar-te joias de valia.
Em vez de brinde, mando todavia,
um ramo de lilazes e cecéns

E pelo pagem loiro, alvinitente,
mando, senhora minha, unicamente,
este soneto a dar-te os parabens.

Augusto Gil

terça-feira, 23 de outubro de 2007

Passando o cruzamento de Silveiras, a caminho de Regoufe

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Santa Bárbara na fraga [a]


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[a] A ~100 m do cruzamento de Silveiras, passado este e do lado direito de quem vai para Regoufe, frente ao extremo da protecção que está do lado esquerdo da estrada.

segunda-feira, 22 de outubro de 2007

Fim do dia

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domingo, 21 de outubro de 2007

Francisco Sá de Miranda (~1481-1558?) [1]

Soneto
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O sol é grande: caem coa calma as aves,
Do tempo em tal sazão, que sói ser fria.
Esta água que de alto cai acordar-me-ia,
Do sono não, mas de cuidados graves.

Ó cousas, todas vãs, todas mudaves,
Qual é tal coração que em vós confia?
Passam os tempos, vai dia trás dia,
Incertos muito mais que ao vento as naves.

Eu vira já aqui sombras, vira flores,
Vi tantas águas, vi tanta verdura,
As aves todas cantavam de amores.

Tudo é seco e mudo; e, de mistura,
Também mudando-me eu fiz doutras cores.
E tudo o mais renova: isto é sem cura!
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[1] Após uma demorada viagem a Itália (1521-?), foi introdutor em Portugal das formas poéticas do Renascimento, nomeadamente do soneto de que se dá acima um conhecido exemplo de sua autoria.

sábado, 20 de outubro de 2007

LAH-1954

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2007.10.20: O encontro e almoço dos antigos alunos (finalistas 1954) do Liceu de Alexandre Herculano, do Porto. No Novotel, em Vila Nova de Gaia. Ir-se-á gradualmente dando notícias no respectivo "blog"(http://www.lah-1954.blogspot.com/).
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sexta-feira, 19 de outubro de 2007

Dois pequenos lapsos

Acabei de ler o mais recente livro de um escritor barreirense. Lê-se até ao fim com gosto e, muito embora se possam adivinhar algumas perpectivas do entrecho, o Autor sabe dosear o respectivo desenvolvimento por forma a dar ao drama final uma componente inesperada e intensa, como exactamente convém à condução dos ritmos.
A cronologia necessária à representação dos factos, nos respectivos locais, é também rigorosamente observada - demonstrando que foi feito um verdadeiro planeamento da obra, fixando calendários e medindo tempos. Debrucei-me sobre isso, tal a preocupação do rigor manifestada (que por vezes até afecta o estilo) e encontrei um desenvolvimento temporal verdadeiramente inoxidável.

Assinalei, não obstante, dois pequenos lapsos:

O primeiro é, certamente de esquecimento, quando se diz - com relevância no contexto - que em 1939 Hitler invadiu a Polónia. O caso é que, quando aquele Adolfo fez invadir a Polónia, o exército alemão não estava só - porque o vizinho "do outro lado", escudado pelo famigerado Pacto Molotof-Ribbentrop, também "molhou a sopa" e fez correr sangue. Que o diga a floresta de Katin, se falar. Ou que o digam os Polacos, que o não esquecem.

O segundo é quando se refere que os Esperantistas foram perseguidos em Portugal porque eram tidos como comunistas. Que eu saiba, eram tidos como anarquistas e essa era uma acusação que classicamente lhes era feita pelas mundofonias hegemónicas desde Zamenhof, ainda que grandes figuras da nobreza britânica, antes da I GG, tenham financeiramente apoiado o movimento da "Verda Stelo" [Estrela Verde]! Aliás o que eu tenho como certo - e já aqui o disse - é que os mesmos esperantistas, perseguidos pelos regimes ocidentais de doutrina e prática fascista, eram também fervorosamente perseguidos "do outro lado". Ou seja: não era nesses tempos muito pacífico ser Esperantista, e igualmente no Barreiro, em que os havia - muitos deles ligados a uma tradição ferroviária - e em que gradualmente foram desaparecendo, sem se entender bem porquê.

E havia, então também, um anúncio, muito divulgado na rádio quanto a uma marca de sabão, que aliás ainda existe, e que dizia "Com Clarim toca a lavar!"
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quinta-feira, 18 de outubro de 2007

Uma crónica da Urda que deveria ter postado a 9 de Outubro e não postei...


Da já muito justamente transcrita historiadora e escritora santacatarinense Urda Alice Klueger tenho prazer de inserir "aqui e agora", com a devida vénia, o seguinte e excelente texto que deveria ter sido divulgado a 9 e acaba por o ser a 9x2=18:

"A FILHA DELE

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O ano, já não sei.

Foi no ano em que foi fundado o Jornal Brasil de Fato [Facto], e o lançamento do mesmo aconteceu no Auditório Araújo Viana, lá em Porto Alegre, durante o Fórum Social Mundial, e o mesmo estava totalmente lotado, três ou quatro mil pessoas ocupando cada espacinho possível, e o palco iluminado lá na frente, com uma longa mesa repleta de celebridades que, cada uma por sua vez, levantou-se e, de pé, diante de um microfone suspenso, falou da importância daquele jornal estar nascendo e da importância de tantas coisas neste mundo que todos nós acreditávamos que poderia ser melhor. Íamos de emoção em emoção, aplaudindo cada celebridade daquelas, sem estarmos, de fato, preparados, para o que viria abalar com a maior força de todas os nossos corações – e já não lembro quem tudo ali levantou e falou, mas lá estavam Sebastião Salgado, e Eduardo Galeano, e a Madre Hebe de Bonafini, vinda diretamente da sua Plaza de Mayo com a carga dos seus filhos mortos pela ditadura argentina, e todos tinham sua história de lutas e de resistência, e todos da longa mesa falaram o que iriam falar ... até que, lá na mesa, restaram apenas duas pessoas, uma mulher e um homem.

Até hoje não sei quem era aquele homem, pois ele foi o último a falar, e quando o fez, a emoção apaixonada que tomara conta de todas aquelas milhares de pessoas um pouco antes fez com que nenhum de nós prestasse atenção a ele – e não há que se dizer que havia ali tantos milhares de mal-educados, por terem feito tal coisa com aquele homem que ficara para o final, mas já conto o que aconteceu, e penso que não haverá quem não nos absolverá.

A penúltima pessoa a falar, portanto, era uma mulher. Teria cerca de 40 anos, era clara, um pouco loira, muito bonita, com um jeito de doçura e amplidão que a gente costuma imaginar nas mães, um pouco cheinha dentro de um simples vestido florido que lhe dava um jeito de primavera, e como eu, penso que quase a totalidade daquele grande público não fazia idéia de quem ela poderia ser. No seu jeito bonito e seguro, suave e doce, ela caminhou até o microfone suspenso, e com grande simplicidade, falou para todos nós:

- A última vez em que eu vi o meu pai, eu tinha cinco anos...”

Enquanto ela tomava fôlego para continuar a sua fala, um silêncio de pedra caiu no grande auditório, e penso que, como eu, cada um de nós fazia uma rápida conferência das suas memórias, olhando incredulamente para aquela linda mulher e comparando a sua imagem com outras imagens conhecidas, fotos famosas em todo o mundo, de um homem tão lindo por fora quanto por dentro, imortalizado pelas lentes de Alberto Korda e de outros, e penso que, como aconteceu em mim, ao mesmo tempo aconteceu com todo o mundo, e houve aquele instante em que “caiu a ficha”, e antes que a mulher pudesse continuar a sua fala, o silêncio de pedra espocou nos mais vibrantes aplausos que já ouvi em minha vida, como fogos de artifício na beira do mar em noites de Ano Novo, e aquele imenso público foi tomado por tal intensidade de amor por aquela mulher que ficara ali sentada um tempão, incógnita e bonita no seu vestido simples e florido, que já nada mais se ouviu do que ela tentou falar.

Diante de nós, em carne e osso, estava Aleida Guevara, a filha do Che, e penso que muita gente fez o que eu fiz: obedecendo ao coração, sem pensar em mais nada, saí às cegas, descendo as altas arquibancadas em direção ao palco, disparando o flash da minha pobre máquina fotográfica até o fim, tentando fixar de alguma forma aquele momento para sempre.

Havia um fosso de segurança, separando o palco das enormes arquibancadas, e com centenas de outras pessoas, eu encalhei ali, e os guardas que eram encarregados de manter a ordem naquele lugar sorriam-nos com simpatia e nos entendiam, porque também eles estavam encantados e apaixonados, pois um dia houvera um homem que nos dava o direito de sermos todos irmãos, e havia tal fraternidade ali, por conta daquela mulher de vestido florido que nos trazia, muito próxima, a presença do Che, que em nenhum outro momento da minha vida eu me lembro de ter vivido coisa igual.

Foi por conta de Aleida Guevara que não ficamos sabendo quem era o último homem que falou, mas penso que não faz mal – ele deve ter entendido que há forças que são maiores que todas as outras.

Então, o evento acabou, e milhares de pessoas foram saindo dali, mas algumas centenas ficaram, e os guardas não podiam nos liberar para irmos até ela, mas, irmãos como agora éramos, entregávamos a eles nossas máquinas fotográficas para que a fotografassem mais de perto para nós – e então fez ela sinal para que nós nos aproximássemos, e os seguranças ajudaram a nos organizar em fila..

Aleida Guevara, linda, serena e doce, aconchegante como uma mãe dentro do seu vestido colorido, ficou ali naquele lugar até que o último de nós pudesse trocar uma palavra com ela, pegar seu autógrafo, pousar para uma foto ao seu lado. Ela tinha a compreensão das coisas incompreensíveis – ela nos entendia. Foi uma noite para nunca mais esquecer. Tenho a foto daquele dia pendurada na parede da sala da minha casa.

Vi-a, de novo, dois ou três anos depois, em Caracas, no Fórum Social Mundial, e o amor que ela suscitava era o mesmo. Hoje faz 40 anos que assassinaram o seu pai. Não podia deixar de contar esta história.

Blumenau, 09 de Outubro de 2007.

Urda Alice Klueger

Escritora e historiadora "


Só acrescento: efeméride que assim passou (também) discreta.


quarta-feira, 17 de outubro de 2007

Lagartear

imagem de http://www.educared.org.ar/imaginaria/biblioteca/?p=338

Segundo o dicionário português "expor-se ao sol (como os lagartos)". Em castelhano parece não existir mas o dicionário da Real Academia Española remete para a acepção chilena de "coger los lagartos a uno con instrumento adecuado o con ambas manos, y apretárselos para impedirle el uso de los brazos" - o que é um sentido muito diferente e muito mais desagradável (e passivo) para qualquer lagarto que se preze. Em francês "lézarder = faire le lezard" ou seja "aquecer-se preguiçosamente ao sol", sentido bem próximo do nosso... mas também sinónimo de "crevasser" ou seja "fazer fendas na superfície de um corpo ou do solo, fendas num glaciar ou fendas pouco profundas na pele" ("crevasses"), o que já implica um certo desempenho activo (i.e. trabalho) por parte do lagarto. "Lizarding" não foi encontrado, como significado de qualquer comportamento activo ou passivo no vocabulário anglosaxónico. Em esperanto "lacerti" poderá dizer tudo isso... Donde...
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... resumindo e concluindo e pondo de parte tanta erudição balofa: nos dois primeiros dias desta semana (domingo e segunda) não fiz a ponta dum chavelho. Amen.

terça-feira, 16 de outubro de 2007

Adriano

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Porto, 9 Abril 1942 - Avintes (V.N.Gaia), 16 Outubro 1982

25 anos já passaram.
A quem serviu ou serve o silêncio?


segunda-feira, 15 de outubro de 2007

Quatro livros diferentes

Sem pretenções de alguma espécie a macaquear quaisquer comentadores mediáticos, até porque em contraste com o tempo que estes parecem ter em demasia o meu tempo, certamente por falta minha que ainda não soube corrigir, humanamente me escasseia,vou dar notícia de quatro livros bem distintos mas que considero de interesse citar no meu momento:

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O primeiro foi o que me levou a Barrancos, ao respectivo lançamento. Sob a autoria da minha estimada Colega Maria Dulce Simões, prefaciada pelo Professor Jorge Crespo e editada pela Câmara Municipal de Barrancos e pela Colibri, a obra intitula-se "Barrancos na encruzilhada da Guerra Civil de Espanha - Memórias e Testemunhos, 1936" a ele se refere, na contra-capa, o Presidente da edilidade local, António Pica Tereno, nos seguintes termos:

"O espaço e o tempo marcam a história do conhecimento trágico que varreu toda a Espanha e mudou sentimentos, relações familiares, comportamentos pessoais e toda uma sociedade de valores. O espaço situa-se na vila de Barrancos, município rural cujas gentes fazem alarde de uma autonomia moral singular, fruto talvez do isolamento de séculos a que foi votada pelo país a que pertence, Portugal. O tempo é o da Guerra Civil de Espanha e dos seus inícios em 1936, com todas as suas consequ~encias no cenário barranquenho. Sabemos que a memória histórica não é una, há várias memórias históricas dependendo de uma série de factores e condicionantes: o campo político, as mentalidades, o meio... Recuperar a memória é algo que esta obra se propõe de uma forma crítica e apaixonada onde a antropóloga Maria Dulce Simões e o historiador Francisco Espinosa Maestre nos dão o resumo das suas investigações; duas visões do mesmo tema, a portuguesa e a espanhola junto às memórias de uma testemunha ocular dos acontecimentos, Gentil de Valadares, filho do tenente Seixas, o verdadeiro protagonista desta história."


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O segundo está, ao que sei e vi, pronto - mas ainda não teve a apresentação de lançamento, que me disseram prever-se para breve. Da autoria de Olindina Quaresma Pereira Miller aborda "A Geologia da região de Arouca e Paiva" e é edição da Associação de Defesa do Património Arouquense. Tratando um tema marcante numa região complexa, tratado em extensão e em forma excelentemente documentada, ao que me pude aperceber, constituirá mais um marco editorial da ADPA no registo e revelação de conhecimentos multiplices sobre o seu assumido encargo. Inscrevi-me de imediato para a sua aquisição e tenciono brevemente "devorá-lo", logo que às mãos me chegue.


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O terceiro pode constituir uma obra exemplar e de interesse notável para a história da Química. Creio que já em tempos referi, não sei se neste blogue se algures, a abordagem importante que tem sido dada em Inglaterra pela Open University ao estabelecer uma base de dados de químicos ingleses dos secs. XIX e XX e da sua actuação teórica e prática dentro e fora do Reino Unido. A preocupação biográfica i.e. dos contributos individuais para o desenvolvimento da Química tal como hoje a conhecemos, sem excluir a componente aplicada, tem-se sucessivamente salientado e vários países encaram com interesse aquilo que, até ao momento, consideraram secundário - i.e. as suas realizações. Outros, verdade seja dita, não actuaram assim e não creio ser injusto ao dizer que enfileiramos neste segundo pelotão. É curioso ouvir, em convénios internacionais, referir pelos seus nomes os cientistas X ou Y ou os técnicos W ou Z que levaram em frente uma determinada tecnologia ou obtiveram sucesso num determinado processo quando, no nosso caso, escondemos em colectivos difusos realizações individuais importantes e que assim ficam parvamente (modestamente é igual a parvamente, neste caso) ignoradas. Por esse facto as iniciativas francesa e russa que foram anunciadas em Lovaina de estabelecerem bases de dados sobre a história dos seus químicos (sem esquecer a vertente aplicada) são a todos os títulos de louvar. Como primeiro passo da primeira citada, a celebração dos 150 anos da Sociedade Francesa de Química com o estabelecimento do seu percurso histórico através da biografia dos sucessivos presidentes em "Itinéraires de Chimistes 1857-2007", a sair em Novembro p.f. é certamente de registar.


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"The last but not the least" vem o "Descascando a Cebola", a polémica autobiografia de Günter Grass, de quem sou leitor e admirador fiel desde há muito. Será o meu livro de cabeceira (e de público transporte) nos próximos tempos. Na entrada do século XXI, quando se discutia entre 2000 e 2001, se bem se recordam, o meu amigo Luciano referia sabiamente que íamos entrar num século para nós muito mau, porque seria o século em que iríamos morrer. E, a menos que qualquer Ponce de Léon descubra entretanto a fonte da eterna juventude e o faça a preços verdadeiramente democráticos, evitando assim um acalorado debate parlamentar sobre se essa água vivificante deveria ser ou não inscrita no esquema nacional de saúde e permitindo materializar a utopia saramaguiana da greve da morte que poria o Prado em acesa confusão com toda aquela malta a dar porrada nos esqueletos do quadro de Bruegel , certamente sê-lo-á assim. Mas, adiante... O que essa frase tem de interessante é chamar a atenção para o que cada um de nós carrega às costas para o sec. XXI como um fardo, uma pesada herança do século XX. Repare-se que o primeiro livro que aqui citei corresponde a esse fardo, este último o mesmo (aliás fardo que marca toda a obra de Günter Grass), e o terceiro... em grande parte também. Sobra a geologia. Essa, nascida que foi com Gaia e a menos de episódios muito mais intensos que todos os outros mas felizmente compassados na sua idade, tão sublimados que até na sua agressividade receberam a qualificação de "actos de Deus", desloca-se ou representa-se com uma expectativa (ou uma esperança) de estabilidade - deixando no entanto à contemplação dos séculos o testemunho das forças ciclópicas que a moldam.


domingo, 14 de outubro de 2007

Reguengos de dia, na ida - e Aparis, à noite, na volta...

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De Reguengos a saudade de uma açorda no Café Central comida em boa companhia há 30 e tal anos, seguida de um bife "roda de carro" que era um dos melhores bifes do Alentejo e que permitia dividir por dois e mesmo assim ser sobejo! Voltei à açorda, como não poderia deixar de ser... [1]

Em homenagem aos anos em que tratei ou fiz tratar concentrados de cobre de Aparis [2], para extrair o metal, aceitei o convite da tabuleta de estrada e não tomei o caminho da Amareleja sem uma breve visita. Era já demasiado noite para descer até ali e muito demasiado noite para tirar fotografias. Ficou mediocremente visível o que me dizem ter sido um dos (três?) poços da exploração, mas já é inapresentável, porque imperceptível noutra chapa, o bairro mineiro e o edifício, também em ruínas, onde ainda se lê a palavra ESCOLA. Voltarei quando puder... e terei o cuidado de chegar mais cedo.

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[1] Pergunto a mim mesmo por que razão esta igreja de Reguengos de Monsaraz sempre me fez lembrar o edifício da câmara de Mukachevo, hoje na Ucrânia depois de ter pertencido a 5 países desde o início do sec. XX. Seria menos escondida no (meu) subconsciente uma ligação a algumas igrejas belgas do sec. XIX, mas a mim é a semelhança a Mukachevo, mesmo que remota, que me diz qualquer coisa!
[2] Mina de cobre no concelho de Barrancos. Os seus concentrados foram, durante anos, tratados na metalurgia de cobre (pequena mas omnívora) da CUF no Barreiro. Posso dizer que, mesmo chegando àquela hora, de barrete "à Fidel", "bolinhas" vermelho e com o meu aspecto mais que suspeito fui, no monte local, alentejanamente muito bem recebido. Bem hajam.
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sábado, 13 de outubro de 2007

Neve, hoje, em Barrancos

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Já na ida para Barrancos tinha notado o campo completamente branco. No regresso, a cerca de 4,5 km da vila, fim de dia com calor ainda intenso apesar de meados de Outubro e de já ser pôr do sol, tive mesmo que parar e de observar o fenómeno. Realmente... milhares de flores pequeninas, brancas, praticamente só expondo as suas corolas, cobriam o solo - de uma forma que eu nunca tinha visto e que só achei comparável às "flores do cobre" que apareciam no Barreiro durante escassos dias (já aqui faladas neste blogue) e aos campos amarelos de "azedas" em Janeiro, essas que continuam enganadas de hemisfério quanto à estação do ano .

Fotografei a área e, com uma ferramenta improvisada à moda do paleolítico, escavei o solo, aliás muito duro, e retirei uma das plantinhas - que resistiu até ao Barreiro e agora está ali viçosa, num copo de água. Uma bolbosa, como me parecia poder ser (notei alguma semelhança de apresentação, mas também flagrantes diferenças, relativamente aos crocus).



Em Aparis, alguns quilómetros mais adiante e onde ainda me aventurei apesar do escuro da quase-noite, não me souberam dar novas quanto ao nome mesmo local da referida planta. Fico-me, como temporário enigma, com a memória da beleza nevosa daqueles campos em tempo ainda quente e com uma pergunta: alguém me saberá esclarecer que flor é esta? Será uma liliácea?




A tempo: (actualização a 29/10): Devo a uma amável presença neste blogue, presença conexa a uma oportuna (e tão breve quanto possível) postagem mais ampla, a identificação da florinha que, como descrito acima, "pôs neve" em Barrancos. Trata-se de um narciso tardio, o Narcissus serotinus. Fica registado e agradeço!

sexta-feira, 12 de outubro de 2007

Como passar uma imagem .pdf para .jpg ou outra

" Caro Patrão:
Como sei que V. lê o que eu escrevo...
quero desde já dizer-lhe o seguinte:
DEIXE DE ME ESPIAR E TRATE
MAS
É DE FAZER O SEU TRABALHO!"
(cortesia de www.sangrea.net)

Desculpe-se ao blogador (ou bloguista) a introdução, de tempos a tempos, de devaneios informáticos recém aprendidos para ele mas certamente já com longuíssimas barbas para a comunidade experimentada, de que continua a ser um planeta minúsculo e periférico, do tipo Plutão. Mas o caso é que se me deparou uma situação que considero assaz desigual:

Encontram-se facilmente na "net" programas da mais generosa gratuidade para passar de .jpg para .pdf... mas, quando se trata de passar de .pdf para .jpg a coisa fia mais fino. Ou se entra num shareware limitado ou se compra um programa cheio de todods os requintes - tentação sedutora mas imediatamente indisponível para quem que, como eu no caso concreto, quisesse na circunstância desenrascar-se imediatamente à volta de uma imagem .pdf repleta de urgência! Ou seja: para lá vais de carrinho, para cá não é bem assim!

Foi então que me bichanaram a seguinte prática, que experimentei e resulta! Certamente que, nesta sequência, poderão existir manipulações mais simples - mas limito-me aqui, a dar testemunho do que me foi dito e do que eu fiz.

1. Abrir a imagem .pdf com o Acrobat Reader (esse é gratuito e geralmente todos o têm);

2. Ampliar a imagem até uma dimensão trabalhável (eu enchi o écran!)

3. Clicar simultaneamente PrtScn (Print screen) + Alt. Embora não pareça, isto corresponde a fazer uma cópia de TUDO o que está no écran!

4.Abrir o "Paint" (foi o que eu usei pela sua flexibilidade de escolha quanto a extensões de saída) e descarregar no "Paint" com "colar" (ou "paste") o que foi copiado mesmo e está em memória (no fundo está a fazer-se um copy-paste); vai lá aparecer colado TUDO o que estava no écran (mas tudo mesmo, incluindo a moldura original do Acrobat que enquadra a imagem e, por sua vez, fica dentro da moldura do Paint);

5. Carregar em "Ficheiro" e seguidamente no "Guardar Como", escolher o tipo de saída desejado para a imagem transformada (p.ex. .jpg), escolher o nome com que se deseja guardar o ficheiro transformado (nome original, "teste", "bobby", "josefina", etc. "ad libitum") e escolher o directório onde se vai guardar o ficheiro transformado (não esquecer mesmo este "onde", para se evitar a figura triste e desesperante de quem se esqueceu de anotar o estacionamento do carro no parque de um "centro" em que, entretanto, todos os cinemas começaram...)

6.Ir ao local para onde se salvou, marcar clicando o ficheiro transformado e, no menu que aparece, escolher um "abrir com" adequado: eu abri com "Microsoft Office Picture Manager", que recomendo porque oferece as ferramentas suficientes para o que vem a seguir.

7.Abrir o ficheiro com o programa escolhido e ir a IMAGEM. Com a ferramenta de corte, desbastar todo o material estranho em torno da imagem que se transformou (pode também usar-se a seguir a ferramenta de redimensionamento, igualmente disponível, mas atenção às deformações); não esquecer, após acabamento, de SALVAR o ficheiro trabalhado!

& está fêto!!! Bom sucesso!
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ACTUALIZAÇÃO:
Denudado valorizou e bem esta postagem fornecendo uma alternativa de actuação mais prática e eficaz. Ver nos comentários.

quinta-feira, 11 de outubro de 2007

"A tecelã", poema de Mauro Mota [1]

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Tecelagem [2]


A tecelã

Toca a sereia na fábrica,

e o apito como um chicote

bate na manhã nascente

e bate na tua cama

no sono da madrugada.

Ternuras da áspera lona

pelo corpo adolescente.

É o trabalho que te chama.

Às pressas tomas o banho,

tomas teu café com pão,

tomas teu lugar no bote

no cais do Capibaribe.

Deixas chorando na esteira

teu filho de mãe solteira.

Levas ao lado a marmita,

Contendo a mesma ração

Do meio de todo o dia,

a carne-seca e o feijão.

De tudo quanto ele pede

Dás só bom-dia ao patrão,

e recomeças a luta

na engrenagem da fiação.

Ai, tecelã sem memória,

de onde veio esse algodão?

Lembras o avô semeador,

com as sementes na mão,

e os cultivadores pais?

Perdidos na plantação

Ficaram teus ancestrais.

Plantaram muito. O algodão

nasceu também na cabeça,

cresceu no peito e na cara.

Dispersiva tecelã,

esse algodão quem colheu?

Tuas pequenas irmãs.

Deixando a infância colhida

e o suor infantil e o tempo

na roda da bolandeira

para fazer-te fiandeira.

Ai, tecelã perdulária,

esse algodão quem colheu?

Muito embora nada tenhas,

estás tecendo o que é teu.

Teces tecendo a ti mesma

na imensa maquinaria,

como se entrasses inteira

na boca do tear e desses

a cor do rosto e dos olhos

e teu sangue à estamparia.

Os fios dos teus cabelos

entrelaças nesses fios

e outros fios dolorosos

dos nervos de fibra longa.

Ó tecelã perdulária,

enroscas-te em tanta gente

com os ademanes ofídicos

da serpente multifária.

A multidão dos tecidos

exige-te esse tributo.

Para ti, nem sobra ao menos

Um pano preto de luto.

Vestes as moças da tua

idade e dos teus anseios,

mas livres da maldição

do teu salário mensal,

com o desconto compulsório,

com os infalíveis cortes

de uma teórica assistência,

que não chega na doença,

nem chega na tua morte.

Com essa policromia

de fazendas, todo dia,

iluminas os passeios,

brilhas nos corpos alheios.

E essas moças desconhecem

o teu sofrimento têxtil,

teu desespero fabril.

Teces os vestidos, teces

agasalhos e camisas,

os lenços especialmente

para adeus, choro e coriza.

Teces toalhas de mesa

e a tua mesa vazia.

Toca a sereia da fábrica,

e o apito como um chicote

bate neste fim de tarde,

bate no rosto da lua.

Vais de novo para o bote.

Navegam fome e cansaço

nas águas negras do rio.

Há muita gente na rua

parada no meio fio.

Nem liga importância à tua

Blusa rota de operária.

Vestes o Recife, e voltas

para casa, quase nua.

Mauro Mota, 1957 [1,3]

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[1] Mauro Mota = Mauro Ramos da Mota Albuquerque, consagrado poeta brasileiro, 1912 (Recife) - 1984 (Recife).
[2] De João Aires (?); reprodução de um já histórico cartão de Boas-Festas da QUIMIGAL, S.A.
[3] Devo o conhecimento deste poeta, através deste poema, ao meu saudoso professor no Liceu de Alexandre Herculano, do Porto, Dr. Cruz Malpique, por
referência colhida num dos muitos escritos com que colaborou nos anos 60 e 70 no jornal "Defesa de Arouca". Por esse facto colocarei também esta mensagem no blogue LAH-1954.

quarta-feira, 10 de outubro de 2007

António Soares (1894-1978)

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Ilustração


terça-feira, 9 de outubro de 2007

Aforismo convencido (ou maquiavélico)


Ju
nta-te aos bons e eles tornar-se-ão como tu!


segunda-feira, 8 de outubro de 2007

Barrigana, Frederico (1922-2007) - 2

Quando concluí a nota anterior sobre a morte de Frederico Barrigana e a forma como o víamos na equipe do FCP, estava longe de esperar as diversas mensagens que, por e-grama, me foram chegando e que valorizaram notavelmente a homenagem intrínseca e simples que esta constituiu.

O primeiro contributo veio de Inglaterra e por intermédio de uma atenta e habitual leitora deste blog (e eu do/s dela) e que foram diversas fotos do saudoso "keeper" das quais destaco uma em acção. Repara-se, desta forma, o agreste comentário final da minha anterior postagem:


O segundo contributo veio de mais perto e consiste, nem mais nem menos, na letra da canção "Ó meu Porto" que fez sucesso em ~1949 na revista "Tarde Piaste" e que, em poema e música, leva a assinatura de Avelino Carneiro:

1ª Voz:
"Eu bem conheço
Que o próprio Correia Dias

Tem dias de sucesso
E tardes de folestrias,

E o Catolino

Quando vai numa avançada

Às vezes perde o tino

E não consegue nada.

Refrão
Ó meu Porto, ó meu coração,
Tens a c'roa do Norte em desporto

Não repares nas falas patetas
São tretas... são tretas...

Porque o PORTO é o Porto.


2ª Voz:
Já tenho visto
Do Barrigana a bravura,

Aguentar como um Cristo

Mas a bola não fura.

E esta malta

Se o caso fica bicudo

Avança, chuta e salta,
Nem que vá bola e tudo!


Estribilho:
Mas quando entra o Pinga
A bola é certa,
Fica o rival assim, de boca aberta,
Junta-se um eco...ah! à palmaria,
E a gente canta, salta e grita de alegria!"


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Um outro amigo de infância veio lembrar mais dois componentes e meio da nossa visão quanto aos putos homólogos mas rivais que, no nosso faccioso imaginário clubista, enxameavam as avenidas de Lisboa: frequentemente a família tinha carro (para percorrer as ditas avenidas), andavam quase sempre fardados de MP (como mostravam os livros das primeiras classes) e o képi deles (porque eram de Lisboa) até tinha o número 1.
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domingo, 7 de outubro de 2007

As trilobites de Canelas


Há muitos, muitos anos, muitíssimos anos mesmo, as montanhas que vão de Arouca a Alvarenga estavam debaixo de água (não com a configração actual, entendamo-nos!). Nessa água viviam uns bicharocos que poderiam ser vistos como um cruzamento estapafúrdio entre uma lagosta e um bicho da conta (enrolavam-se, os ditos) e que por ali andavam divertidos, mesmo em grupos, até que diversos cataclismos vieram pôr termo a essa saudável convivência... quase como se achata um mosquito importuno entre as folhas dum livro.

As terras emergiram, os continentes andaram a viajar e o que ficou desses bichinhos (quase num tal como a do mosquito entre as folhas do livro) foram impressões entre lâminas de xisto - e xisto útil, como é o que se encontra em Canelas. A Terra e as suas criaturas seguiram o seu natural processo evolutivo, espécies apareceram e desapareceram, o bicho-homem achou de utilidade explorar a rocha, para pavimentos, para tapamentos (telhados), para utensílios e até para instrumentos de escrita - e a exploração das lousas de Canelas já leva para quase dois séculos, justificando a importante pedreira aí existente.

Sucede porém que os concessionários da pedreira [1] se aperceberam exemplarmente que o valor da exploração ultrapassava a simples extracção de ardósia e que, mesmo que isso envolvesse uma componente onerosa, havia que preservar esses ricos testemunhos geológicos à medida que fosse aparecendo (trilobites gigantes mas não só!). De há 16 anos a esta parte instruiram os seus operadores nesse sentido e, a partir daí, construiram uma colecção de fosseis verdadeiramente surpreendente. O Centro de Interpretação Geológica de Canelas dispõe de um museu acolhedor, ainda que já limitado relativamente ao espólio que, recolhido e preservado, me dizem existir e que já foi motivo de diversas exposições e de reconhecimento internacional.

Recomendo uma visita. Ou, para já, o acesso através de www.progeo.pt/cigc. E deixo em cima a vista de uma colónia...

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[1] Ardósias "Valério & Figueiredo. Lda", explorando o que localmente é designado por "a pedreira do Valério". A primeira notícia sobre o reconhecimento do valor paleontológico das ardósias de Canelas data de 1959 e deve-se ao Professor Décio Thadeu.


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Actualização em 2007.10.12: Quem se interessar por estes assuntos, dê s.f.f. uma pequena volta pelos comentários, sobretudo o primeiro. Refere uma outra incidência de preocupação idêntica, no panorama português - e também a registar e a visitar!

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sábado, 6 de outubro de 2007

Memória de Indústria -11 Empresa Fabril do Norte - Senhora da Hora

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sexta-feira, 5 de outubro de 2007

Barrigana, Frederico (1922-2007)

Morreu no sábado, 30. Foi um dos craques do FCP e um daqueles que olhávamos, quando em putos, nunca passávamos do 3º quando não do 4º lugar dos Campeonatos Nacionais e, fartos de levar porrada, pensávamos como os putos de Lisboa, vivendo sempre em grandes Avenidas (sonhávamos sempre Lisboa como uma cidade de Sol aberto e grandes avenidas), regressavam gloriosos cada domingo a casa enquanto nós remoíamos em cada jogo os campeonatos perdidos. Barrigana era, naquele enquadramento, uma noção de garantia, uma confiança (mas não exagerada, diga-se) na baliza e lá à frente o Araújo ou o Vieira comboio-eléctrico que se desenrascassem. No jogo éramos sem dúvida os melhores, tínhamos sempre vitórias morais, árbitros estapafúrdios... e os tais putos trocistas de Lisboa, que caçoavam ao longe todos os domingos - bem como alguns "vendidos" locais que não se sabe bem porquê faziam "pendant" com aqueles, mesmo sem terem sempre Sol e grandes avenidas. Foram anos muito difíceis, esses anos remelosos de "primária", num rapar de tacho prolongado e injusto. Mas continuávamos a ter fé naqueles tipos, no campo da Constituição (quando fomos para as Antas levamos uma abada dos encarnados que só a deles com o Corunha, e isto é para não gozarem, 'tá bem?!!!), no Barrigana e os seus, ele a topar as miúdas que passavam, encostado às grades da Drogaria ou à parede da delegação da CUF no Porto, frente à Brasileira do sr. Teles, com um distintivo do glorioso FCP em pedrarias, quase maior que a aba do casaco. E a gente dizia: boa tarde, sr. Barrigana. E, porque sempre nos respondia, tínhamos em parte o dia ganho e jurávamos que um dia aqueles gajinhos de Lisboa, com Sol, avenidas grandes e troçadelas, ainda haviam de as pagar, de engolir o gozo e a ranheta... e os campeonatos passariam enfim a ser nossos, gloriosa e ufanamente nossos e ganhos domingo após domingo.
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E esses dias vieram. Pena foi que eu já não seja puto, para os viver como sonhava, e que já tenham levado consigo tantos amigos e memórias. E que tenham agora levado também o sr. Barrigana, nascido que foi em Alcochete, aqui mesmo ao lado, para continuar a guardar, duplamente " lá em cima", as balizas eternas do meu clube, com o branco das núvens num céu azul de Verão.

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Demorei esta nota para ver se encontrava na net uma foto do "mãos de ferro" nos seus bons velhos tempos. Curiosamente não encontrei. É pena - e é significativo. Quando terá o "site" do FCP uma galeria de craques?
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quinta-feira, 4 de outubro de 2007

Sputnik (o primeiro satélite artificial da Terra, que a gente tenha dado por isso...)


Quem entrou no Google já viu a alusão à efeméride. Pois foi há 50 anos. O regime que cá andava engoliu em seco, diminuiu o evento, até houve quem, do alto da cátedra, afirmasse a impossibilidade do feito. E, "contudo ela move-se", o "bip" "bip" mantinha-se lá fora. . . com as iniciais da Casa Custódio Cardoso Pereira (uma respeitável empresa de Lisboa, mas como então se dizia!) pintadas na "casca" do foguete lançador.
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quarta-feira, 3 de outubro de 2007

Na corda do pau ou... sempre faz falta uma certa dignidade!

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Responsabilidade agravada se num edifício público!

terça-feira, 2 de outubro de 2007

Seduzidos e abandonados...

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Bairro Alto, Lisboa, manhã cedo de 1 de Outubro

segunda-feira, 1 de outubro de 2007

Outubro: amaryllis belladonna


(foto de de http://www.nccpg.com/gloucestershire/Amaryllis.jpg)