quinta-feira, 26 de agosto de 2010

O copyright do p***o.

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Desde já aviso que - a fechar - vou ser malcriado, inconveniente, tudo o que queiram. No momento em que se assiste a uma verdadeira devassa dos dados pessoais, com a característica singular de ver multidões a euforicamente oferecerem a sua cabeça e o íntimo de toda uma roupagem, informática ou não, a uma exagerada transparência através das denominadas "redes sociais", apareceu nos jornais e revistas portugueses, em robe de página inteira, um anuncio amarelo que nunca tinha visto fora da bicolor e que, com passinhos de lã, insinua uma carimbagem genérica na informação que se recebe, que se paga e que frequentemente não prima pela qualidade e independência da recolha e da interpretação. Sem discordar de uma razoável defesa de direitos autorais, numa extensão e objecto "atendíveis" para usar uma qualificação tão afecta a actuais escrevedores de textos legais ou maxime constitucionais, entendo que - sem limites - estamos no caminho de possíveis abusos e inicial sugestões de instrumentos que, quiçá, possam coagir ou limitar reacções de uma plateia de sujeitos passivos e pagantes aos excessos dos activos (desculpem, ativos) que se empoleirem em tribuna (ou púlpito). Sacam-se, por exemplo, informações ao pagode para que o pagode, pós-processamento, tenha que pagar por elas, n´'é?, dentro da mesma filosofia da banca que tanto se sacrifica a usar o nosso dinheiro para recolher vantagens dos serviços que com ele presta, reservando-lhe porém uma retribuição mixuruca quando guarda, taxações sortidas pelo que diz guardar e pelo uso que nos faculta dos "produtos" que cria (terminologia industrial porreira, para dar a ideia de que neste país subsiste afinal alguma indústria) e, finalmente, aplicando uma TAEBCDEF ou quejandra taxa, tremendamente elevada quando empresta. Não participando militantemente em qualquer rede social e até estando pronto a apoiar todo e qualquer movimento contrário, pensei de imediato em diversas retaliações quanto ao amarelo e inédito anúncio: a primeira, a mais óbvia e de momento até a mais rentável, foi a de, imediatamente, prescindir de revistas; a segunda, a médio prazo, será limitar a 50 % a compra de jornais, numa perspectiva tendencialmente gratuita de acabar por ir ler os outros 50% onde estejam disponíveis; a terceira é de passar a atender todas as chamadas que me apareçam de "número privado", a tudo respondendo mas com as mais mirabolantes informações (até que uma lei surja obrigando-me a responder corretamente a todos esses intrometidos institucionais); a quarta para já (que não a última) é estudar o estatuto e propósito daquele singular partido político sueco que se reclama como "dos piratas" e que até começo a entender. Tudo isto para evitar que, qualquer dia, fazendo-nos, por hábil questionário, informar da análise química dos mesmos, nos venham finalmente opor a prévia criação dum qualquer "copyright" ao bufar, sibilar ou ribombar de privativos peidos.
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terça-feira, 24 de agosto de 2010

Maria Dulce (11/10/1936 - 24/08/2010)

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Sem palavras.

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[1] Imagem: Maria Dulce, com 13 anos, como D.Maria de Noronha, contracenando com Raul de Carvalho (Manuel de Sousa Coutinho) no "Frei Luís de Sousa", de António Lopes Ribeiro e ... Almeida Garrett (1950).Esta imagem foi a usada para o cartaz do filme e o desempenho da jovem artista, apreciado nos meus 12 anos, levou-me a colocar uma tal "Dorothy" no armário das recordações. Nos 60 anos decorridos os factos viriam a demonstrar como cá e lá podem ser diferentes os caminhos das gentes, e não pela qualidade destas mas pela qualidade do meio que teimosamente deixamos manter-se.
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domingo, 22 de agosto de 2010

Efeméride (22 de Agosto de 1942)

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Em "O Primeiro de Janeiro", do Porto, de 23 de Agosto de 1942, dando notícia da morte (em Sintra, no dia anterior):


Decorridos 68 anos, no Barreiro e em duas localizações significativas (respectivamente mausoléu e monumento), a efeméride não esteve esquecida:



sábado, 14 de agosto de 2010

Sopas de "yak" cansado

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Yak [1]

Sou uma verdadeira nulidade em matéria de cozinha e até nem sou um grande adepto de estar à mesa (o que nada tem a ver com a afeição à boa comida feita por outros e com bebida a condizer). Quanto a cozinha uma das minhas efemérides foi ter assistido ao nascimento das "francesinhas" no fim dos anos 50 (e logicamente início dos 60) da noite do Porto, quando o Mestre Daniel Silva (o verdadeiro criador do acepipe) atendia por detrás do balcão de acalma-buchos da pré-madrugada n' "A Regaleira", conhecido restaurante sito naquele troço da Rua do Bonjardim que vai da Rua de Sá da Bandeira à Praça D.João I. Acedo a ter apreciado, anos depois e já num outro plano de requinte gustativo, a qualidade e a verdadeira arte de alguns colegas que muito continuo a admirar e que me desculparão se um dia trouxer aqui algumas histórias exemplares. Mas se quanto a uma intervenção pessoal na cozinha persisti em jogo de nulos, já quanto à copa e ao bar os meus amigos costumam dizer que as minhas propostas (a que recusam a atribuição do grau de receitas) deveriam ser no mínimo denunciadas e preferivelmente proibidas. Facto é que, para irritação deles, eu persisto na busca de soluções pouco convencionais como seja adicionar um pacote de nescafé a uma sopa de legumes, fazer um batido de banana com "drinking chocolate" da Cadbury + duas gotas de xarope de hortelã + uma colher de chá de "Southern Confort" e, agora, como vos proponho para estes tempos (também dá para quando o verão passar), o meu ultimo achamento, que são as "sopas de "yak" cansado" (ou de "rena-kus-kopos", como já alguém lhe chamou). Nem laxante é, na opinião de alguns, e não passa de simplesmente abominável, na opinião de muitos. Eu ligeiramente discordo e, por isso, aí vai a minha oferta:

1 yoghurt líquido e magro de "aloe vera", ~183 ml, com edulcorante
4 bolachas torradas ou mesmo Maria partidas aos bocados
1 cálice de "shot"de vodka polaco (Zubrowka)

Deixar tudo no frigorífico a macerar durante duas horas. Bater a seguir. (Pode-se adicionar depois mais meia bolacha partida aos bocadinhos e com levíssima batimenta sucessiva, para fazer "croquant")

Servir bem frio, com colher (facultativa). Na versão "St.Petersburgo" (onde não há poejo nem yaks) colocar uma pequena ilha de "Rapsódia de Amoras Silvestres Saint Dalfour" ou equivalente a sobrenadar a massa; na versão "Alcagoitas de Baixo" (onde não há yaks) substituem-se as ditas por um pequeno raminho de poejo enfiado na mistela e nada mais.

Não há livro de reclamações. "A cavalo d'ente não se olha o dado". Boa degustação! [Pensando melhor, não é mesmo mau de todo!]
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[1] Imagem: com vénia a http://www.aazoopark.gov.in/a-z.html . A verdadeira definição de "yak" encontrei-a no comentário infantil inserto num dos saites consultados sobre este animal dos cimos asiáticos, que já também deu nome a um avião de fabrico russo: "Mamã! Aquela vaca precisa mesmo de cortar o cabelo!"

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Nestes dias tropicais é preciso encontrar soluções de fundo para refrescar o dito!

... e é por isso que aqui me encontram!
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Festas do Barreiro 2010

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Atenção! Alerta, Blogueiros!

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Constatei hoje uma coisa curiosa: estava a verificar as minhas "ausências" no blogue quando, repentinamente, dei com duas situações inteiramente novas (para mim):

Utilizo um sistema de arquivamento mensal.

Neste sistema - e porque não foi anunciada qualquer limitação de postagem mensal - era de esperar que ao clicar no correspondente mês pudesse aceder a todas as mensagens nesse mês postadas.

Sempre sucedeu assim e nos meses de JAN, FEV, ABR, MAI e JUL do corrente ano assim pareceu também suceder!

Mas em MAR e JUN já se não pode dizer o mesmo: em MAR o arquivo mensal ignora as postagens de 1 a 16 e em JUN de 1 a 4.

Se se for lá pela edição de postagens, estas "faltosas" encontram-se; por busca temática também... mas por arquivo deixaram de estar - e note-se que são sempre as primeiras do mês afectado!

O assunto não é original nem embirração da Google para comigo (embora eu seja do "contra" quanto às redes sociais em que "eles" já investiram tanto!), pois foi já denunciado e debatido no "forum" do Blogger. Tudo parece ter começado por uma mudança de estrutura do Blogger que a Google introduziu creio que em Março. Parece ainda que o "incidente" poderá ter cura e propor-me-ei estudar o assunto e a automedicar-me, se o remédio existir e pelo menos parecer idóneo. Mas tende atenção: uma mudança de orientação da Google, sem dar conta dos seus efeitos e sem propor soluções para eventuais alterações, foi unilateralmente posta em marcha em Março último.

Até pode ser que essa modificação esteja certa e repleta de benefícios para o utente, mas o simples facto de ter existido e de poder acarretar consequências deveria ter sido divulgado e explicado. Na circunstância, verifiquem os vossos blogues. Pode bem suceder que parte das preciosas reflexões que pensam estar a transmitir para uma audiência planetária (ou quase) tenham sido parcialmente truncadas no esquema de arquivamento e postas no limbo. Embora (felizmente e até ao momento) subsistam! Mas quem as procurar nos arquivos não chega lá por certo e dá por inexistentes as postagens obnubiladas.

Interessados neste e noutros assuntos procurem em "missing blogger posts in archives"; encontrarão várias considerações que tenho em estudo. Mas, adiantando serviço e ficando atento a estas coisas, mantenham-se em ligação com "The Real Blogger Status . What Blogger Won't Tell You" em
e nos frutíferos links que esta rede proporciona. Embora com o carácter macarrónico das traduções automáticas, este elo permite a tradução em Português. Sempre ajuda!

[Adicionalmente, e num estilo pessoa-a-pessoa que se não usa aqui muito, esta referência igualmente responde - com um pedido de desculpas - a solicitações que me fizeram e às quais, por situações de mero saltitar estival, não tenho conseguido responder com devida tranquilidade e satisfatório desenvolvimento. Todas as mais relevantes dúvidas sobre "blogagem" encontram ali, directa ou indirectamente, respostas válidas.]

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Atenção também a um artigo no "i" de ontem, dia 11, sobre os 10 sinais de contaminação do computador por qualquer raça desses entes maliciosos que andam por aí. Vale a pena ler, sem entrar em pânico - coisa que eu já não garanto. Há modalidades novas e maquiavélicas, nomeadamente um tal rogue, que conduzem àquele ditado antigo que publicita melhor as companhias de seguros que qualquer desaparecida e eufónica Marta e que apenas diz uma verdade pungente: "ninguém diga que está bem!".
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domingo, 8 de agosto de 2010

"A minha próxima vida", por Woody Allen

Entre os e-gramas que me mandam, com frequentes temas pessimistas e rebarbativos, não posso deixar de saudar os que alegremente encaram as coisas. E o que se segue é, certamente, um destes. Por isso, com a devida vénia, aguentem-se com ele tal como bateu à porta da minha caixa de correio electrónico:

"A minha próxima vida,
por Woody Allen

Na minha próxima vida, quero viver de trás p'rá frente. Começar morto, para despachar logo o assunto. Depois, acordar num lar de idosos e ir-me sentindo melhor a cada dia que passa. Ser expulso porque estou demasiado saudável, ir desistir da reforma e começar a trabalhar, recebendo logo um relógio de ouro no primeiro dia. Trabalhar seguidamente 40 anos, cada vez mais desenvolto e saudável, até ser jovem o suficiente para entrar na faculdade, embebedar-me diariamente e ser bastante promíscuo. E, depois, estar pronto para o secundário e para o primário, antes de me tornar criança e só brincar, sem responsabilidades. Aí torno-me um bébé inocente até nascer. Por fim, passo nove meses flutuando num "spa" de luxo, com aquecimento central, serviço de quarto à disposição e com um espaço maior por cada dia que passa, até que finalmente - "Voilá!" - desapareço num orgasmo!"

Woody Allen

sábado, 7 de agosto de 2010

Uma tarde de calor na Rússia de 1912

"Na varanda" (1912), de Ilya Efimovich Repin (1844-1930)

Nota: Vale a pena ver a vasta obra e conhecer a biografia deste pintor, que nasceu na actual Ucrânia (então Rússia), acompanhou ideias de progresso e evolução sem deixar de pintar bem e abundantemente a sociedade russa que o rodeava (antes e depois de 1917, tal como Goya no seu tempo) e que viria a morrer numa localidade da então Finlândia, mas que, com a fluência das fronteiras europeias a leste, hoje se situa em território russo.

Como retratista, entre a sua abundante produção, destaco um Mendleiev com o traje de catedrático de uma Universidade inglesa (retrato que aqui trarei um dia) e, num ambiente bem diferente, que sugere uma outra tarde de calor russo, o retrato de Madame Alisa Rivoir com o seu cão.

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Happy birthday!

Tagetes patula

(com vénia a Wikicommons)

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Braços e abraços

A propósito da sequência de estatuária familiar que, em dúzia e com brinde, aqui se enfiou no fim do mês passado houve quem notasse que, afinal, o bracinho como hífen também estaria presente no casal mineiro de Rhondda. Certamente, mas há que afinar a leitura porquanto há braços e abraços. No estender de um braço, como noutras coisas da vida (inclusive no fisco, e aí com uma manifesta desigualdade), há sujeitos activos e passivos. Essa é a diferença relativamente à bela estatuária de Rhondda, que , como q.e.d., se mostra acima, em diversa perspectiva.

Quanto a um outro comentário, sobre a incompletude familiar na também belíssima estátua do porto de Odessa, dir-se-á que a presença do ausente está compreensiva e intensamente afirmada no ponto de fuga dos olhares dos que ficam.

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

A estátua de Lavoisier

"Lavoisier", estátua de Maillet
na Cour Napoleon, do Louvre

Dedico esta postagem ao irlandês
Jonathan Swift,
entre outras coisas deão e inventor literário,
magistral feitor de realidades duvidosas
mas delas oferecendo pretensões exemplares.


Entre 1871 e 1918 duas províncias francesas - a Alsácia e a Lorena - estiveram integradas no Império alemão. Tal facto, que estará numa das origens da grande hecatombe europeia que foi a 1ª Grande Guerra, marcou profundamente o sentimento europeu - que se dividiu entre os simpatizantes da França, que Bismarck manobrara para ser o agressor vencido na guerra franco-prussiana (transformada em franco-alemã) de 1870-1871, e os admiradores da nascente nação alemã, forte, disciplinada, metódica, combinando sabiamente o reencontrado Espírito (o procurado Geist) com o exuberante capitalismo industrial que até se podia dar ao luxo de ser ostensivamente paternalista e o infrene desenvolvimento cultural e científico que fazia a admiração e o receio dos povos mais próximos. O Império Alemão, nascido e aclamado na Galeria dos Espelhos de Versalhes, achava-se como um sol que iluminava o Mundo (e com tanta iluminação, acabou por queimar o Mundo e, com este, queimar-se). A bipolaridade que então se estabeleceu na Europa continental, enquanto a Inglaterra tratava dos seus negócios e impérios para lá do canal, a bicéfala Austria-Hungria (afastada em 1866 da liderança dos germânicos) arrastava a idade gotosa e desgostosa de Francisco-José, a Rússia ansiava por reformas que nunca mais chegavam, os Escandinavos exportavam emigrantes, os Balcânicos continuavam a entredevorar-se com ou sem Crescente, os Italianos em pleno processo unificador começavam a calçar a bota com sonhos romanos e os Ibéricos prosseguiam a sua vida de pantufas remendadas e meditavam nas "causas da decadência dos povos peninsulares", trazia reflexos e tensões. Já aqui se publicou (a 4 de Agosto de 2005) o revelador poema de Acácio Antunes "O Estudante Alsaciano" e até no tranquilo Barreiro de então, ainda nem arvorado mas já próximo da afirmação industrial hoje tão hostilizada por alguns mas que lhe vieram trazer aquilo que é, essa mudança teria repercussões, ao separar os Franceses dos Penicheiros, como ainda hoje separados continuam. Mas não é do Barreiro que se está a falar. Logo... adiante!

Num município duma das duas arrancadas províncias, poderia ser na então chamada Elsaß, os alsacianos - de facto todos eram alsacianos - estavam fortemente divididos. Uns olhavam para Leste, então dominante, outros - os que não tinham abandonado o torrão-natal ante a presença alemã - olhavam esperançados para Oeste, certos que as dominações, quaisquer que sejam, acabam sempre dominadas, e outros havia que pintavam o meio ou que se não tinham ainda decidido a fazer qualquer coisa para qualquer coisa. O burgomestre, com a confiança de Berlim, era certamente dos primeiros - e dava-se o caso de ser pessoa atenta ao fulgor da doutrina que seguia. Dentro de um discurso que se tornara repetitivo, o entusiasmo oficial pela indústria e, nesta, pela química provinha de se considerar a Química como uma ciência eminentemente alemã, apregoando-se os sucessivos avanços que os cientistas alemães iam fazendo (esquecendo que alguns deles tinham andado por Inglaterra e feito algumas coisas por aí), olhando-se as fábricas de corantes (e não só) que cresciam entre altos fornos ao longo do Reno e quejandros rios centroeuropeus, menosprezando o papel dos franceses naquele caminhar de progresso. Exactamente a mesma orientação que, nos anos da II Guerra (1939-1945), faria a propaganda alemã pagar a bom preço, sob as marcas da Merck Darmstadt e da IG Farben, enormes e frequentes anúncios nos jornais de Lisboa e do Porto, laureando os grandes nomes alemães nessa ciência e o valor das suas descobertas.

Dava-se o caso de haver, numa das praças da terra, cerca do mercado, um monumento a Lavoisier (aliás de discutível qualidade estatuária) que anos atrás, quando o Francês ainda ali era a língua oficial, um então "maire", de faixa tricolor à cinta, inaugurara com aparato e que , num granítico pedestal, neste deixava ler algumas frases evocativas da homenagem, do papel transcendente daquela singular figura e até da própria terra que lhe dera honras. Escapara por certo à germanização, embora tivessem deixado o espaço sem conservação ou asseio durante longo tempo e até tivessem importado um urbanista magiar, com languidez tzigane, para dizer que, retirado o aparato, o plinto e as frases, reduzindo a estátua ao plano do terreiro e implantando neste uma espécie de quiosque, aquele recanto assim é que ficaria bem. Anónimo ficou o bronze, embora todos soubessem, pró-prussianos, francófilos e semis, quem o senhor era e o que significava.

Mas nova tensão iria nascer naquele "Clochemerle" avant la lettre (neste caso avant le film ou avant Fernandel). Em 1893, ao celebrarem-se os 150 anos do nascimento de Lavoisier, a pressão dos que continuavam resistentemente a olhar a Oeste, dos d' "A França está aqui", mesmo que afastados do poder, tornou insustentável o anonimato do monumento, como já insustentável tornara a ideia da sua pura e simples remoção. Era, para o burgomeste e o seu comprometido círculo uma situação complicada! Identificar um Químico francês? Por-lhe o nome, mesmo numa placa? Realçar-lhe o mérito que ultrapassara fronteiras? Osso difícil de roer! Por isso reuniram-se longamente baixo o retrato inspirador do Kaiser com o seu bigode revirado de gato, a estudarem alternativas. Até que, por fim, como num escrito de Liebig, numa síntese de Hoffmann ou numa ideia de Haber (antes de propor os gases asfixiantes, claro), a chispa brotou. Afastando a posição truculenta dos próceres que pensam matar a realidade de um valor universalmente reconhecido, gostem ou não dele, pela recusa da devida homenagem, aceitariam a placa identificadora. Até aqui, tudo bem! Mas...

... o sacolejo do poder, conjugado com a mais acirrada clientela que a esse poder se apegava exigiriam um preço por esse devido acto. Preço que residiria numa questão de escala: em afirmar algo que, não sendo mentira, fosse apenas "um mal menor" - sem entenderem que "o mal" que tanto os preocupava estava na obra, e que a obra se não apaga, e sem se aperceberem que, no limite, essa vocação igualitária conduzia a uma lógica pergunta: qual, pois, a razão de estar ali aquele senhor sozinho, sem a companhia dos implícitos "outros como ele." Por isso, admitindo que essa lógica ficasse encandeada na sua (deles) fulgurante centelha, deliberaram aqueles fazer constar da placa os seguintes e simples dizeres:

"Antoine Laurent Lavoisier (1743 - 1796)
Recebedor de impostos quando da Revolução Francesa".

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A TEMPO: Perguntaram-me se isto era facto verdadeiro ou se era parábola.
Em verdade, em verdade vos digo que de parábola se trata.
Mas que muitas destas coisas ainda sucedem por aí!
Isto das cónicas... ou das crónicas!!!

terça-feira, 3 de agosto de 2010

A morte de Mário Bettencourt Resendes


Era um jornalista e comentador que eu apreciava, figura digna numa comunicação social que, em tempos recentes, vem reincidindo em razões de muito deixar a desejar.

Como penso ter aqui já escrito um dia - e hoje voltei a escrever num outro comentário - com tais desaparecimentos vamos ficando, neste País, certamente mais pobres. De facto isso é evidente; de jure nem é bom falar.

Sentimentos pois, também a nós próprios!
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segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Nada há como ver de perto...

Posted by Picasa

Isto de gajos que andam de armadura... é medieval que se farta!

domingo, 1 de agosto de 2010

2010: Agosto



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Imagem: De http://www.lifeway.com/clipart/downloads/mon_august.jpg, referindo e agradecendo.