sábado, 30 de setembro de 2006

Augustin Hirschvogel (1503 - 1553)

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A morte de Cleópatra

Posted by Picasa O Autor foi essencialmente um gravador

sexta-feira, 29 de setembro de 2006

Lucas Cranach o Novo (1515 - 1586)

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Retrato de uma Senhora
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quinta-feira, 28 de setembro de 2006

Barthel Bruyn (1493 - 1555)


Retrato de uma jovem
(Bruyn - que nasceu e morreu em Colónia - foi um retratista emérito; note-se a aproximação dos mestres flamengos da época)
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quarta-feira, 27 de setembro de 2006

Duas personagens do nosso tempo, em Pierre Bourdieu: o doxósofo e o tuttólogo

Deixo a palavra ao mestre:

Doxósofo:
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"A reacção de pânico retrospectivo determinada pela crise de 68, revolução simbólica que abalou todos os pequenos detentores de capital cultural, criou (tendo tido como reforço a derrocada - inesperada! - dos regimes de tipo soviético) as condições favoráveis à restauração cultural em cujos termos "o pensamento Ciências Políticas" substituiu o "pensamento de Mao". O mundo intelectual é hoje palco de uma luta que visa produzir e impor "novos intelectuais", e portanto uma nova definição do intelectual e do seu papel político, uma nova definição da filosofia e do filósofo, doravante cometido aos vagos debates de uma filosofia política sem tecnicidade, de uma ciência social reduzida a uma politologia de noite eleitoral e a um comentário sem vigilância de sondagens comerciais sem mérito. Platão tinha uma palavra magnífica para designar toda essa gente, a palavra doxósofo: esse técnico-da-opinião-que-se-julga-cientista (traduzo assim o triplo sentido do termo) põe os problemas da política nos mesmos termos em que os põem os homens de negócios, os políticos e os jornalistas políticos (quer dizer, muito exactamente, aqueles que podem encomendar sondagens...)"
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Pierre Bourdieu, "A mão esquerda e a mão direita do Estado",
in "Contrafogos", 1998, Oeiras, Celta Editª. : pag. 10
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(Comentário rápido do "bloguista": Já os gregos...)
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Tuttólogo:
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"Para compreendermos realmente o que se diz e sobretudo o que não se pode dizer nestas trocas de ideias fictícias, seria preciso analisar em pormenor as condições de selecção daqueles que nos Estados Unidos são designados como panelists: estarem sempre sisponíveis, quer dizer sempre prontos a participar, mas também a jogar o jogo, aceitando falar de tudo (definição exacta daquele que, em Itália, se chama tuttologo) e responder a todas as questões, incluindo as mais bizarras e as mais chocantes, que os jornalistas se ponham; estarem dispostos a tudo, quer dizer a todas as concessões (sobre o tema, sobre os outros participantes, etc.), a todos os compromissos e a todos os arranjos para fazerem parte do grupo e para se garantirem assim todos os ganhos directos e indirectos da notoriedade "mediática", prestígio nos órgãos de imprensa, convites para apresentação de conferências lucrativas, etc.; cuidarem, sobretudo nas entrevistas prévias que certos produtores realizam, nos Estados Unidos, e cada vez mais na Europa também, para seleccionar os panelists, de formular tomadas de posição simples, em termos claros e brilhantes e evitando enredar-se em saberes complexos (de acordo com a máxima: "The lesser you know, the better off you are").
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Pierre Bourdieu, "A televisão, o jornalismo e a política",
in "Contrafogos", 1998, Oeiras, Celta Editª. : pag. 89-90
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(Comentário rápido do "bloguista": Proponho a tradução "tudólogo" - eles existem!)

terça-feira, 26 de setembro de 2006

Um gargalhar com 7000 anos!

Da última página do JN de ontem, 25:
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Comentário: 7000 anos talvez seja um exagero, mas o gargalhar longínquo não!

segunda-feira, 25 de setembro de 2006

Hans Sebald Beham (1500-1550), irmão do anterior

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Fugindo um pouco à disposição que geralmente adopto, não posso deixar de juntar as duas gravuras do Autor referido, prolífico gravador alemão, cuja obra se distribui por museus e colecções diversas e que, como gravuras que são, se encontram por vezes repetidas aqui e ali. Curioso é que, num grafismo que se diria inspirado por Dürer, Beham tenha escolhido duas figuras femininas para caracterizar a Fortuna (com a sua conhecida roda e os sinais de prosperidade próprios da época: a cidade, o navio, o mundo - num chão limpo e pavimentado) e o Infortúnio (com a montanha agreste, a lagosta como símbolo de agressividade e mudança, um súcubo e um pavimento desértico e cru). Como nota um analista desta obra de um artista dado também à temática religiosa e, ele próprio, perseguido pelas suas convicções religiosas numa Alemanha dividida e em guerra, trata-se de um implícito reconhecimento do poder feminino, embora numa perspectiva de duplicidade - que poderá pretender representar sob forma de mulher o que de bom ou mau pode vir à Humanidade, numa visão clássica que contrasta com a representação redentora da Virgem.

domingo, 24 de setembro de 2006

Barthel Beham (1502-1540)

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Retrato de Ursula Rudolph, mulher de Ruprecht Stupf
(também retratado pelo Artista)
ambos estão em Madrid, no Museu Thyssen-Bornemisza
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sábado, 23 de setembro de 2006

Regressando à Renascença Alemã: Cristoph Amberger (~1505 - 1562)

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Retrato de Felicitas Seiler (1537)

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sexta-feira, 22 de setembro de 2006

COMPRO MISS

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quinta-feira, 21 de setembro de 2006

Crítica ao comentário de Chávez sobre Bush no discurso ontem proferido na Assembleia Geral das Nações Unidas em NY




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O enxofre não merecia isso!


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quarta-feira, 20 de setembro de 2006

Um intervalo pitagórico

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terça-feira, 19 de setembro de 2006

Israel van Meckenem, o Novo (1440/5 - 1503)

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Muitas obras (de pintura ou de desenho/gravação) deste período têm pretendidos objectivos morais, ilustrando quer o que deve, quer o que não deve ser feito. Neste último caso temos a cena de violência conjugal (ou equivalente) que, com gáudio gargalhante do diabinho também presente no cenário, Israel van Meckenen gravou entre 1490 e 1500 e intitulou de "A mulher irada" ou "A mulher má (no sentido de malvada)" pois a palavra alemã "böse" dá para as duas coisas. Notem-se os pormenores do vestuário da agressora e constate-se que no início do sec. XVI na Alemanha, tal como agora, o conceito de "sexo fraco" podia mostrar-se muito relativo!

segunda-feira, 18 de setembro de 2006

Albrecht Altdorfer (~1480-1538)



Começa-se pelo "Retrato de Uma Jovem", embiocada e gorducha, verdadeira camponesa alemã.

E, embora este pintor (nascido e falecido em Regensburg... nada sucede por acaso! e já agora a não confundir com o irmão) possa levar a outros caminhos, pietistas e não só, com filhas de Lot, banhos de Vénus, partidas para o Sabat, etc., são de fixar as duas características singulares do fresco seguinte, "Os Namorados", que Altdorfer pintou para o "Banho Real" (Kaiserbad) de Regensburg. A primeira é porque é "o fresco" já que parece ser o único fresco completo que ficou da designada "escola do Reno". A segunda é porque "é fresco": também aqui, numa visão realista e até actual (noutros campos, é certo)"há uma mão no jogo".

domingo, 17 de setembro de 2006

Jörg Breu, o Velho (1475/6 - 1537)

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Retrato de uma jovem

sábado, 16 de setembro de 2006

Hans Burgkmair, o Velho (1473 - 1531)

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Hans Burgkmair, o Velho, com os seus bons quadros de motivo religioso e as suas pasmosas gravuras em madeira (vale a pena ver!), levou-me à dificuldade de encontrar um retrato feminino que não fosse um detalhe da Virgem, ou de Maria Madalena ou até de uma assombrosa Santa Bárbara que só peca pelo seu ar deveras enfastiado - para não recorrer ao quadro em que o artista se representou, já de meia-idade, ao lado de sua Mulher Anna. Ficavam certamente bem algumas gravuras da série "Pecados Mortais", mas os que obtive (dois) não eram seguramente os mais interessantes do elenco. Sobrou o presente retrato, parte do quadro em que Barbara Schellenberger é representada com o seu marido Hans. Como não fui eu que digitalmente "cortei" a obra sinto-me à vontade para dar a parte correspondente a Barbara como pormenos do mesmo, inserida que está num local da rede em que a Proprietária faz o estudo do traje feminino [1].
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Sobre Burgkmair deixo mais dois apontamentos, antes de ir de abalada: o primeiro é o retorno ao tema do Amor e da Morte de que já aqui falei e que está impressionantemente descrito na gravura"A Morte surpreende dois amantes" [por vezes atribuída a "um discípulo de Burgkmair", apesar da assinatura que parece afirmar a autoria]:
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Uma leitura demasiadamente confessional deste quadro, e que por isso me levanta reservas mas que devo admitir poder estar aproximada - dados os sentimentos prevalentes na época - dos objectivos éticos do Pintor, foi dada por Scott Lamb no jornal "The SaintLouis MetroVoice" com data de 23/10/2005 e pode encontrar-se em [2].

Finalmente uma surpresa: a cataplana! Esta é uma das minhas favoritas prendas em casamentos, por diversas razões: é original, útil e económica [3]. Mas não a esperava encontrar nesta excursão ao "renascimento nórdico", numa gravura atribuída a Burgkmair e inserida num interessantíssimo estudo sobre os processos e utensílios culinários europeus de Roma ao Renascimento [4] (a "net" tem estas coisas, e desculpem-me se sou chato ao referi-las, feito menino encantado na loja de brinquedos!)

Não escondo que esta gravura traz consigo um problema: vem datada de 1542 i.e. de quando o Autor a que é atribuída estaria já há longo tempo "a fazer tijolo" na sua Augsburg natal e final. Deve pois referir-se ao filho, Hans Burgkmair, o Novo, também pintor e gravador, que viveu entre ca. 1500 e 1559.

Uma nota final, que nada tem a ver com Burgkmair:

Um "Cónego Remédios" da nossa praça, e ainda por cima do estilo "Vícios Privados, Públicas Virtudes", entende que exagerei na postagem de ontem, sobre Hans Baldung. Prometo-lhe apenas duas coisas: (a) não lhe descobrir a careca; e (b) fazer sempre o que entender (sem sequer cair nos qualificativos de "melhor" ou "pior", pois isso é uma parte do jogo dele, que não do meu).

Quanto aos que disserem que este comentário é forjado e visa apenas animar o blogue, direi somente - para manutenção de coerência quanto à alínea (a) e para gaúdio de todos, eu incluído - que "talvez".

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Referências do texto:
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[1] myra.hem.nu/costume/DressDairies/DressDairies.htm

[2] gilford.textdrive.com/~winston/?p=29

[3] Uma outra alternativa de oferta a noivos, aliás mais filosófica, é a balança, que pretende deixar-lhes a mensagem de que, na sua vida futura, deverão sempre ponderar nas suas inevitáveis questões.

[4] www.katjaorlova.com/MedievalKitchenEquipment.htm

sexta-feira, 15 de setembro de 2006

Hans Baldung, dito Grien [Verde] (1484/5 - 1545)



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Este passeio pelo designado "Renascimento Alemão" tem-me trazido alguns encontros conhecidos e outras tantas surpresas. Começou por ter uma ideia mestra: buscar retratos femininos, evitando (tanto quanto possível) cenas religiosas. É assim que para Hans Baldung, também designado "o Grien" (ou "o Verde", pelo emprego ousado dessa cor)se reproduz o "Retrato de uma Dama", cujo original se pode apreciar aqui bem perto, no Museu Thyssen-Bornemisza, em Madrid. Contendo uma colecção riquíssima e variada, é uma visita certamente a fazer quando se possa e que até nem longe fica do Museu do Prado e do Museu Rainha Sofia. .

Em Baldung há uma interessante mistura do sagrado com o profano (são notáveis as suas Bruxas), a descoberta do corpo com a mensagem da efemeridade da beleza e da inevitabilidade da morte, a aproximação do simbólico e do mitológico, o transporte do Renascimento soalheiro e exuberante de Itália para os sombrios bosques da Europa Central e a época conturbada das lutas religiosas em plena Reforma. Dir-se-ia melhor "em Baldung também há", porque essas mesmas posições e contraposições estão mais ou menos presentes nos restantes já representados e, certamente, nos que virão a seguir. Com um aspecto profundamente ético de mostrar quão transiente é a beleza e a vida, Baldung - como muitos outros artistas ao tempo - toma o tema "das três idades" - lembrando a venha mensagem do "tu és pó e em pó te hás-de tornar", tão querida tanto da ética católica como da protestante. Assim "As três idades da Mulher e a Morte", esta uma realidade final, sempre presente:

Mas Baldung, também como outros da mesma época e área, quer lembrar que a morte não surge necessariamente ao fim de uma longa vida, que o seu "Triunfo" pode levar na mesma carroça ricos e pobres, jovens e velhos, piedosos e devassos. O contributo da peste marcou vários séculos, quer na Arte, quer na literatura e, neste ultimo aspecto, recordo a longa trajectória que leva do início do "Decameron" ao "Diário da Peste de Londres" (para não falar no seu reviver mais recente na inesquecível obra de Camus). Neste deambular pela "net" o tema deu a conhecer os seus frutos e permite recomendar uma visita ao artigo de Sardis Medrano-Cabral denominado "The influence of plague on Art from the late 14th to the 17th Century" [A influência da peste na Arte, do final do sec XIV até ao Século XVII"], que se encontra em:
http://scarab.msu.montana.edu/historybug/YersiniaEssays/Medrano.htm.

Igualmente marcada por essa ideia surge, entre outras, a impressionante e simultaneamente quase caricatural gravura de "A Jovem e a Morte". que dá uma ideia da capacidade de desenho e gravação de Baldung:
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Para finalizar, e porque se articula com a lembrança já feita neste blogue a "A Elegia de Marienbad", surge a atenção crítica do Autor (bem como de outros Autores da época) pela desventura dos amores serôdios. Baldung centrou-se, pelo menos duas vezes (uma aqui reproduzida) no episódio de Aristóteles, preceptor de Alexandre, e Filis, referida como mulher deste real pupilo.
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Em http://www2.latech.edu/~bmagee/201/phyllis/phyllis.htm narrada, entre outras fontes, a história é ligeira, pícara e conta-se depressa. Filis, que pelos vistos não apreciava o famoso preceptor por este aconselhar o seu marido a não se entregar tanto ao convívio amoroso, provocou o velho filósofo com a sua sensualidade, ao ponto de suscitar, da parte deste, aquilo que na moderna terminologia adaptada ao cinema se poderia chamar de "uma proposta indecente". Filis disse que sim, mas com uma prévia condição: teria que, primeiro, dar uma prova do seu amor deixando-se por ela montar, de chibata e rédea, como se cavalgadura fosse. Entretanto, mandou avisar secretamente o seu ilustre marido, sem revelar o quê, para que fosse olhar o pátio onde iria decorrer tão desbragada cena. Alexandre, claro, ao ver aqueles preparos espumou de raiva e tentou logo ali acabar com o professor. Mas este, enchendo-se da presença de espírito que na circunstância pôde encontrar, conseguiu dizer-lhe mais ou menos isto: "Tomai o que vistes como uma lição: se o velho respeitável e sábio que sou foi a isto levado por uma bela mulher, podereis concluir, jovem e inexperiente como sois, quão mais longe podereis ser pela mesma conduzido". Parece que o rei se mostrou muito receptivo a este inesperado ensinamento e que, a partir daí, viveram todos muito felizes, pelo menos nos dias imediatos. O assunto mereceu também um aprofundado ensaio da autoria de Ayers Bagley, da Universidade de Minnesota, sob o título "Study and Love: Aristotle Fall" disponível em:

http://www.education.umn.edu/EdPA/iconics/reading%20room/ZIP/Aristotle.doc.

Finalmente, demonstrando que nos referidos amores serôdios, nem tudo pode ser desventura e que alguma aventura pode existir, vem ainda a gravura seguinte, "O velho atrevido", que se enquadra numa vertente licenciosa (e crítica) também própria da época:

Baldung era, por certo, um sabedor, além de um Autor diversificado e excelente, demonstrando sobejamente, numa extensa obra, que "nem só de retábulos vive o Artista".

quinta-feira, 14 de setembro de 2006

Matthias Grünewald alias Mathis Gothardt - Neithardt (1470/80 - 1528)

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Pormenor de uma Santa (Santa Luzia?) num retábulo

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quarta-feira, 13 de setembro de 2006

Lucas Cranach, o Velho (1472 - 1553)

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A Vitória de Judite



Melancolia
(Tema que, à época, só pensava haver em Dürer!)
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Hans Holbein, o Novo (1497/8-1543)

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Laís de Corinto

(período de Basileia)

A crónica desta obra anotou o nome do modelo, Magdalena Offenburg, que teria também posado para a Vénus, do mesmo Pintor. Dada essa preocupação da História (grande ou pequena), esse registo aqui fica.

terça-feira, 12 de setembro de 2006

Albrecht Dürer (1471-1528)


Retrato de uma jovem veneziana
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segunda-feira, 11 de setembro de 2006

A minha visão

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A minha visão de TODOS os que se tem vindo a aproveitar (e continuarão a aproveitar) da data de hoje.
(O pior foi/será certamente dos injustiçados que, nisso ou à conta disso, já passaram/passarão à poeira da História) Posted by Picasa

domingo, 10 de setembro de 2006

Rio de Frades - Arouca

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Serra da Arada (Fonte: [3] infra)
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Ontem, sábado 9, tive de parar e, "deitando os bofes pela boca fora" desistir mesmo a meio da subida entre a aldeia de Rio de Frades e "o túnel", antiga galeria mineira que lá no cimo "fura a montanha". Sapatos menos adequados, dia quente, mas sobretudo cansaço da máquina, demasiado sedentarizada, demasiadamente "cu em cadeira", como vernaculamente se diria no "linguajar de fábrica", que não é muito distinto do "linguajar de mina". Percurso difícil, mas de extraordinária beleza.
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Certo é que fiquei a resmungar com os meus próprios joelhos, totalmente derrotados.
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Certo é também que, hoje de manhã, ao pequeno(?!)-almoço, a empregada do estabelecimento onde me alojei me veio apresentar desculpas pelo barulho que se estendeu noite dentro e que correspondia a duas festas distintas e, pelos vistos, fortemente animadas: uma de casamento e outra de baptizado-aniversário. "Barulho? - respondi eu - olhe: caí logo no sono e nem senti!" Pudera!
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Sugestões:
1) Portal da CMArouca dedicado a percursos
2) Percursos propostos este ano pela Universidade de Aveiro para a zona de Arouca dentro do aub-programa "Geologia no Verão" do programa Ciência Viva:
e, finalmente,
3) no que toca à Serra da Arada (e não só), um magnífico portal holandês sobre trajectos portugueses:

sábado, 9 de setembro de 2006

Um e-grama [1] a Urda e Elaine, duas informações e "âncoras" [2] para conhecer melhor o mundo [3], um texto da Elaine e, em nota, um desafio renovado!

O texto de e-grama que vem a seguir, enviado a 8/9, explica-se e autoexplica-se. E o texto da Elaine também.
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lds to urda
Urda e Elaine,
Sendo impossível publicar toda a vossa colaboração extraordinária - mereciam e encheriam um blog próprio aqui na Europa (por que razão não o fazem, insisto?) - agradeço-vos a vossa gentileza, confiança e a qualidade [e extensão] de informação [abrangendo temas] que, de outra forma, rodeados com os nossos próprios problemas, não nos apercebemos exactamente daqui. Irei publicando na medida do possível, claro.
Não sei se conhecem a "fototeca dos movimentos sociais", existente permanentemente em França mas aberta à informação de todo o mundo. Havendo que analisar com especial atenção o que serão conotações mais locais e o que tem significado geral e amplo (as mais das vezes, como é compreensível, as situações são simultâneas), parece-me conter sempre e também informação útil. Enviar-vos-ei a respectivo endereço ou âncora. Por outro lado, e para difusão da OLA, postarei este texto da Elaine já com data de amanhã, antes de sair (hoje) para o Norte do país.Infelizmente os blogues ainda não permitem que se possa prefixar a data/hora da afixação das postagens e embora eu tenha sempre textos mais ou menos preparados em minuta ou borrão [4] é mesmo preciso ir lá... ou publicar aberto e antedatado, como este... ou deixar "congelado em minuta" até conseguir aceder "a posteriori" ao blogue e então abrir mesmo com a data/hora em que foi congelado. Artifícios! Postarei também este e-grama, p'ra explicar e até dar conta da vossa extensa e qualificada produção.. Um abraço
LdS
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O texto da Elaine Tavares:
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Os excluídos da vida digna vão gritar!
Por elaine tavares/ jornalista no OLA

E lá vão as gentes outra vez, neste sete de setembro, marchar em protesto. Pelo décimo segundo ano consecutivo, o chamado “Dia da Independência” [do Brasil] vai ser palco do grito dos excluídos da vida digna. Neste dia, que deveria ser de festa, os que estão à margem, os desvalidos, os desgraçados, os desempregados, os discriminados, os que estão fora dos centros de poder, saem às ruas, ocupam praças, adentram pela parada militar, expressam sua indignação. Porque sabem que não há motivos para festa. Porque a independência ainda não veio, porque a liberdade ainda não deu as caras, porque as pessoas estão esmagadas pela lógica de um sistema em que: para que um viva, outro precise morrer.

E é porque as gentes não aceitam essa premissa que, desde 1995, elas buscam se manifestar no sete de setembro. A idéia nasceu aliada à Campanha da Fraternidade, realizada pela Igreja Católica, numa tentativa de dar concretude a essa palavra. Para que melhor demonstração de fraternidade do que o desvelamento das feridas deste país? E, na caminhada, junto com aqueles que sofrem a miséria e a opressão, foi-se construindo esse grito, que já virou tradição, incorporando os Movimentos Populares e todos aqueles que, ainda que desorganizados, lutam por uma vida melhor.

O Grito dos Excluídos, ao longo destes 12 anos, já testemunhou de tudo. Batalhas campais com a polícia, pancadarias, tensão, sangue. Tudo isso porque as pessoas apenas desejam desfilar nas ruas, junto com as forças militares. Em vários lugares esse clima de confronto já foi superado, mas em outros, tudo segue igual. Em Florianópolis, capital e Santa Catarina, o último Grito acabou em confusão. Tudo porque a polícia não honrou o acordo de permitir que os manifestantes passassem logo depois dos carros. Depois de muita conversa, os militares só permitiram que as gentes passassem depois dos cavalos. Ninguém quis passar sobre as bostas que tomavam conta da rua. Se o grito é por dignidade, como aceitar? Os manifestantes foram em direção à ponte que liga a ilha ao continente e, lá, foram impedidos de passar. Tudo acabou em pancadaria. Mais uma prova de que a exclusão segue sendo a marca na vida de quem quer vida plena.

Na verdade, quem sai de casa no sete de setembro para gritar por vida digna, quer apenas realizar um gesto poético, simbólico, profético. Quer denunciar o sistema político e econômico que torna “desiguais” as pessoas, condenando milhares de seres à fome, ao medo, à margem. Essa gente que marcha quer mostrar seu rosto sofrido, mas cheio de esperança. Quer propor novas canções, novos caminhos, onde caibam todos e não só alguns. Quer ser feliz e, para isso, aposta na caminhada em comunhão.

O lema deste ano é “Brasil: na força da indignação, sementes de transformação”, e busca justamente reacender o espírito de indignação que anda meio escondido nos últimos anos. Com a Central Única dos Trabalhadores, visivelmente atrelada ao governo, tem sido cada vez mais difícil fazer a luta por aqui. Grande parte dos sindicatos está apática. Mas, ainda assim, há que resista e insista. E, são estes resistentes, insistentes e renitentes que estarão nas ruas do Brasil neste pretenso dia de independência. Em alguns lugares passarão na paz ou serão tolerados com risos de mofa, em outros serão agredidos e impedidos. E assim é! Mas todos se expressarão!!! Porque a indignação está viva e vai se mostrar. Dela brotarão caminhos novos por onde se poderá andar em plenitude.

Nos demais países da América Latina o “Grito dos Excluídos” é celebrado em 12 de outubro, dia da ocupação de Abya Yala pelos aventureiros e soldados de Espanha. Assim como os brasileiros, eles também gritam por uma independência que ainda não vingou!

O OLA é um projeto de observação e análise das lutas populares na América Latina.
www.ola.cse.ufsc.br "
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Anotações
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[1] Usemos o Português sem preconceitos. Quando não houver palavras, inventem-se - que a nossa Língua é rica, aprendeu com outras, adquiriu delas o que mais a enriquecia e soube inventar palavras onde elas eram precisas. Que o digam Aquilino, Amado, Mia Couto, entre tantos e tantos outros no plano elevado da literatura. E que o digamos no plano de todos os dias. "e-mail" é, para os Franceses, "courriel", de "courrier électronique". E, se nós dizemos "telegrama", "fonograma, "aerograma" por que razão não dizer "e-grama" ["e" de electrónico} em lugar de "e-mail"? Fica o desafio!
[2] Na mesma linha, "âncora" dá para "link". Mas chamem-lhe "elo" ou "amarra" que eu não me importo. "link" é que é gringuês, no possível de evitar.
[3] São as âncoras de acesso à OLA, no texto acima, e à FOTOTECA, esta aqui inserida:
[4] Como atrás dito: "minuta" ou "borrão" em lugar de "draft". Vem a propósito referir a estranheza, raiando o escândalo, que em Portugal levantou há bastantes anos, num congresso de indústia química, a versão em Português proposta por dois Autores brasileiros para o título de uma comunicação: "Desgargalamento de uma Planta de Etileno" para "Debottlenecking of an Ethylen Plant". Tiro o chapéu à coragem dos Autores! Tiro mesmo, pois "desgargalamento" traduz exactamente a ideia do que se quer. Só objectaria "planta", já que temos "instalação" e "unidade" - sem necessidade de um seguidismo tão apertado e até distorcido ao "plant" anglo-saxónico. Ensinaram-me no Japão que os japoneses, quando não têm em Japonês palavra que se adapte ao caso, nomeadamente porque neologismo técnico, espetam-lhe uma terminação "-o" no fim, tornando-as substantivos (algo de parecido se faz em Esperanto, p.ex. "komputilo" para "computador"!) , escrevendo-a em "katakana" (o silabário mais adaptado a isso!) e tornando-a assim palavra japonesa. Por exemplo: "bipasso" em lugar de "by-pass". Não sei se isto é rigorosamente assim, mas a ideia parece interessante. A propósito cito MACHADO, José Pedro, "Estrangeirismos na Língua Portuguesa", 1994, Ed.Notícias, Lisboa - obra que a meu ver peca pela virtude do rigor, pois procura essencialmente a substituição de estrangeirismos por palavras vernáculas quando aqui, sobretudo no sentido técnico-científico, o que se procura é "lusitanizar" palavras que faltem, mesmo que daí resultem estrangeirismos (mas que substituam "palavras estrangeiras" e que acabem por ficar, ainda que alguns lhes troçam o nariz). Quem se opõe a testar um quimono por detrás de um biombo? Ou a provar uma compota de araçã e quivi? Ou a preferir um chocolate bem quente a uma chávena de chá - a menos que esse fosse mate? Ou a dizer "mercancia" em vez de "commodity"?

sexta-feira, 8 de setembro de 2006

Gaudi: Fragmento de fragmentos...

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No Park Güell - Barcelona

quinta-feira, 7 de setembro de 2006

O "Hino da Carta Constitucional"

E já que o site do David nos permite fazer história dos hinos nacionais e dos ex-hinos nacionais, não fica mal referir o "Hino da Carta", que foi o hino nacional português entre 1834 e 1910, com a particularidade singular de, letra e música, terem sido escritas por D.Pedro IV. Encontra-se em http://david.national-anthems.net/pt-10.htm.

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E antes disso? Que hino(s) havia ou que música(s) servia(m) de hino? Viu-se já que, aqui ao lado, a "Marcha Real" (nome usado em lugar do de "Marcha Granadera" como, sem indicação de Autor, figurava numa colectânea de músicas militares de 1761) foi adoptada como hino em 1770 por Carlos III. E nós não teríamos entretanto adoptado algo?

quarta-feira, 6 de setembro de 2006

O "Himno de Riego"

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Rafael Riego y Muñoz
(Santa Maria de Tuñas, Astúrias 1785 - Madrid 1823)
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Executado após a intervenção dos "100.000 Filhos de S.Luís"
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Consta que Fernando VII, no chamado "Trienio Liberal de 1820", chegou a cantar o hino que leva o nome desse militar liberal (e que foi composto para as tropas que este comandava), mas depressa se arrependeu e esqueceu disso, em palavras e obras! Hino oficial da II República Espanhola (1931-1939), banidíssimo por Francisco Franco Bahamontes e seguidores, excluidíssimo - como hino republicano que se tornou - pela actual monarquia constitucional espanhola, pode ouvir-se (bem como outros hinos, mas disso falaremos mais adiante) em
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Assinale-se que o actual hino espanhol, a "Marcha Real", foi adoptado por Carlos III em 1770, serviu como hino nacional até 1931, sendo retomado após o levantamento franquista (1936) e finalmente formalizado após a vitória deste (1939).

terça-feira, 5 de setembro de 2006

Goëthe e a "Elegia de Marienbad" - 2/2

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Goëthe com 76 anos
7 de Setembro 1826, (quase) precisamente há 180 anos
Retrato do natural por J. Ludwig Sebbers
(continuação)
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Um dos mais lídimos representantes da literatura e poesia de língua alemã, com importantes contributos na ciência, arte e filosofia, Johann Wolfgang von Goëthe (Frankfurt am Main, 28 de Agosto de 1749 — Weimar, 22 de Março de 1832) soube ganhar em vida o reconhecimento do seu mérito e manter uma extraordinária capacidade de realização da sua obra até praticamente à sua morte. Amou a beleza e, de natureza marcadamente romântica, prezou sempre a presença feminina, conhecendo-se-lhe diversas paixões que, nomeadamente, motivaram notáveis obras suas e moldaram personagens como Werther e Fausto.
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Atingido por uma grave doença no início de 1822, cuja causa nunca foi bem conhecida mas cujo prognóstico chegou a ser deveras preocupante, Goëthe vê dissiparem-se os mal compreendidos sintomas do seu mal com a chegada do verão e, manifestando recuperado vigor, retira-se em Junho para a estância termal de Marienbad [1], onde tenciona passar a época estival, em aristocrático convívio - antes de regressar a Weimar e à corte do grão-duque de Saxe-Weimar, Carlos Augusto, de quem era conselheiro, e voltar a Marienbad no verão seguinte. Tem 73 anos e restam-lhe ainda (mas ele não sabe, ninguém sabe!) mais 10 anos até pronunciar as suas famosas últimas palavras "Mehr Licht!" ("Mais luz!").
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Sucede que a Marienbad, acompanhada por sua mãe, vai igualmente a jovem baronesa Ulrike von Levetzow, no esplendor dos seus 19 anos. Goëthe, que 15 anos antes cortejara a mãe, sente-se tocado pelo frescura e beleza da filha e esquece tudo, a sua própria descrição de "Fausto", para viver uma ultima paixão. Entregue-se a Stefan Zweig (op.cit.) a narração dos factos que decorreram um ano depois:
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"Aquele homem de 74 anos delira como um mancebo; mal ouve o riso daquela voz alegre, corre sem chapéu, sem bengala, para junto da criança descuidada. A sua corte é a de um homem viril; começa o mais grotesco dos espectáculos, levemente satírico, a resvalar para a tragédia. Depois de intimo conciliábulo com o médico, Goëthe abre-se com o mais velho dos seus companheiros, o Grão-Duque, e pede-lhe que interceda por ele e solicite de Frau von Levetzow a mão de sua filha Ulrike. E o Grão-Duque - que recorda as loucas noitadas de há cinquenta anos, de si para si com um sorriso de comiseração pelo homem que a Alemanha e a Europa consideram e honram como sábio entre os sábios, o mais maduro e o mais claro espírito do seu século - o Grão-Duque, ostentando todas as condecorações, vai pedir a mão de uma rapariga de 19 anos para um homem de 74. Não se conhecem os pormenores da resposta - parece ter sido aleatória." [2]
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Ulrike von Levetsow
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Goëthe persegue-a de Marienbad para Karlsbad, outras termas aristocráticas [3], e com a chegada da hora do regresso final e irreversível, após a cerimónia da despedida de todos em geral e de Ulrike em especial, a 5 de Setembro de 1823 faz a sua "caleche" percorrer o trajecto para Weimar, por Eger e Zwickau. E escreve, sobre tudo escreve. Da noção da inviabilidade de um sonho, do achar-se com a idade que tem, Goëthe, nesse Setembro de 1823, conclui um dos seus últimos poemas, grito de paixão e de revolta incontidas, dirigido à bem-amada e a si próprio, "testemunho da estranha evolução da sua existência", aceitação e recusa do acumular de tempo que nele habita, aceitação e recusa da irreversível separação e de um mundo que foi seu e de que se vai apartando dia após dia: a "Elegia de Marienbad" [4].
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Tendo sentido o valor do seu poema, Goëthe reservou-o como uma relíquia, mantendo-o rigorosamente num círculo privado e promovendo um ritual das suas (raras) leituras. E preparou-se para a fase final da sua vida, que Stefan Zweig assim descreve, com o reaparecimento da doença, "a derrocada física que sucede ao período de bem estar e de rejuvenescimento", o abandono dos familiares, a companhia da mágua e da solidão, a chamada de um velho amigo e confidente (Karl Friederich Zelter) que vem de Berlim fazer-lhe visita e que, reconhecendo surpreso a angústia de um amor impossível de viver, acalma Goëthe lendo-lhe repetidamente aquela poesia de que ele tanto gosta:
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"Sabe que não voltará nem a Marienbad nem a Karlsbad; não participará nunca mais da experiência alegre dos despreocupados; para o futuro, a sua vida só ao trabalho pertencerá. O homem que soubera vencer a tentação do destino, renuncia a recomeçar nova vida; em troca, uma grande palavra surge no horizonte: concluir. Grave, o seu olhar fixa-se na sua obra de sessenta anos,vê-a dispersa, desconexa e resolve coordenar, já que lhe não é dado construir; conclui um contrato para a publicação das «Obras Completas», adquire todos os direitos de reprodução. O seu amor, que ainda há pouco se transviara por uma rapariga de 19 anos, de novo se volve para os dois companheiros mais velhos da sua mocidade, Wilhelm Meister e Fausto. Deita mãos à obra com toda a energia; nas páginas amarelecidas encontra o plano, seguido nesse século que terminara, e o Poeta refaz esse plano - tudo renova com intenso ardor. Antes de completar 80 anos, acaba os "Anos de Peregrinação"; com uma coragem heróica, contando 81 anos, dedica-se inteiramente à «obra principal» da sua vida, o "Fausto", que termina sete anos após os dias fatídicos da "Elegia"; com a mesma devoção respeitosa com que escondera do mundo a sua "Elegia", também agora guarda o "Fausto".
Estre estas duas esferas opostas do sentimento, entre o último desejo e a última renúncia, entre começar e acabar, ergue-se um momento máximo, a inolvidável altura onde se deu a sua íntima evolução, o dia 5 de Setembro, dia da despedida de Karlsbad, despedida do amor a que o seu lamento emocionante trouxera a eternidade.
Bem podemos chamar memorável a este dia, pois nunca depois dele a poesia alemã atingiu acume mais grandioso do que o alcançado com esta torrente de sentimento primordial, violento, contido todo numa poesia poderosa, forte e emocionante." [5]
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[1] Hoje Marianské Làzné, na República Checa.
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[2] A resposta "aleatória" deverá ser aqui entendida no sentido de "evasiva", aliás como referem outras fontes, para não a chamar expressamente de "recusa", como também é citada.
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[3] Hoje Karlovy Vary, na República Checa.
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[4] "Marienbader Elegie", no seu título original. O seu texto completo, em Alemão, pode ler-se no "local":
Para além duma apresentação parcial bilingue, na versão portuguesa da citada obra de Stefan Zweig, existe uma tradução completa do texto, em Português, em:
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[5] Como referido na 1ª parte desta postagem, os excertos apresentados fazem parte do capítulo/narração "A Elegia de Marienbad - Goëthe Entre Karlsbad e Weimar - 5 de Setembro de 1823", pp.41 a 61 do 1º volume da obra de Stefan Zweig "Os Grandes Momentos da Humanidade", 1959 (5ª Edição), publicada no Porto pela Livraria Civilizaçao, Lda., em traduçãode Maria Henriques Osswald. A postagem hoje realizada, 5 de Setembro de 2006, comemora os 183 anos volvidos sobre o início da desiludida mas produtiva viagem de Goëthe, no seu regresso de Karlsbad a Weimar.
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segunda-feira, 4 de setembro de 2006

Goëthe e a "Elegia de Marienbad" - 1/2 (com referência a Stefan Zweig)

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Stefan Zweig

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Stefan Zweig foi um escritor prolífico. O resumo biográfico que se encontra na Wikipédia [1] dá uma pequena ideia do seu génio e da sua obra - obra essa que, entre nós, teve naquela altura que me recordo, um grande sucesso. Como muitos outros, que encheram montras e tabuleiros de livrarias e que tiveram edições esgotadas, hoje já não é considerado "um escritor de referência" - forma eufemística de se dizer que está, de momento, praticamente esquecido. Não obstante, tem-se feito algumas traduções e edições recentes de obras representativas de Zweig . Mas ainda há muito para (re)ler [2]...
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Nos "Grandes Momentos da Humanidade", um Zweig historiador, reconstitui, a traços largos e acessíveis [3], precisamente pequenos-grandes momentos que alteraram o mundo e que poderiam ser base de ensaios ucrónicos - admitindo que pudessem não ter existido, ou que pudessem ter existido de outra forma. Mas não é disso que o Autor trata: procura colocar uma descrição breve desses momentos e suas implicações efectivas ao alcance de todos. A escolha é a dele. E, assim como na sua obra "O Combate com o Demónio" escolheu, para biografar, as figuras singulares de Hölderlin, Kleist e Nietzsche, nos Grandes Momentos da Humanidade", editado em 2 volumes pela Livraria Civilização, do Porto (5ª Edição em 1959), seleccionou "O Minuto Mundial de Waterloo: Napoleão, 18 de Junho de 1815", "A Elegia de Marienbad: Goëthe entre Karlsbad e Weimar, 5 de Setembro de 1823", "A Descoberta do Eldorado: J. A. Suter, Califórnia - Janeiro de 1848" [o drama da "corrida ao ouro" na Califórnia][4], "A Luta em Torno do Polo Sul: Capitão Scott, 90 Graus de Latitude - 16 de janeiro de 1912", "A Conquista de Bizâncio", "A Ressurreição de Jorge Frederico Haendel" [e a composição de "O Messias"], estes no 1º volume, e "A Primeira Palavra Que Atravessou o Oceano" [a saga do Primeiro cabo telegráfico submarino transatlântico] , "A Morte de Cícero", "A Fuga ao Encontro da Imortalidade" [A procura da mítica "fonte da eterna juventude" pelos desbravadores espanhois no Novo Mundo], "O Milagre de Uma Noite Genial" [A criação da "Marselhesa"] e "Momento Heróico - Dostoievski, Petersburgo, Praça Semenov, 22 de Dezembro de 1849" [A comutação da eminente pena de morte de Dostoievski, já sobre o cadafalso] completando a obra. Tempos houve que professores recomendavam aos alunos estas (e outras) obras; tempos houve também que os alunos as liam de um fôlego, esquecendo até horas de sono.
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Mas, falando do Autor, perdi-me da obra. Ou melhor, da parte da obra que queria referir e que é exactamente o segundo "Momento" do 1º volume, que o Autor intitulou como "A Elegia de Marienbad: Goëthe entre Karlsbad e Weimar, 5 de Setembro de 1823". Mas a ele voltarei tão depressa quanto possível...
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(continua)

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[1] Esse resumo da Wikipedia em Português, que trago aqui com a devida vénia, reza asim: "Stefan Zweig (Viena, 28 de Novembro de 1881— Petrópolis, 23 de Fevereiro de 1942) foi um importante escritor austríaco de ascendência judaica. Stefan Zweig dedicou-se a quase todas as atividades literárias: foi poeta, ensaísta, dramaturgo, novelista, contista, historiador e biógrafo. Entre os romances, merecem destaque: "Carta de uma Desconhecida", "A novela de xadrez" ["O Jogador de Xadrez"], "Amok", "Vinte quatro horas da vida de uma mulher". Escreveu várias biografias como "Maria Antonieta", "Fouché", "Maria Stuart", etc. Na história escreveu "Momentos decisivos da Humanidade" [entre nós editado como "Os Grandes Momentos da Humanidade"]. Escreveu "Brasil, país do futuro", que constitui não só um retrato do Brasil, como também uma interpretação do espírito brasileiro. Zweig escreveu também uma espécie de auto-biografia, intitulada "O Mundo Que Eu Vi" (Die Welt von Gestern)[Idem, como "O Mundo de Ontem" ], na qual relata episódios de sua vida tendo como base os contextos históricos do período em que viveu (como por exemplo a Monarquia Austro-Hungara e a Primeira e a Segunda Guerras Mundiais). Suicidou-se no Brasil, durante o exílio."
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[2] Obra publicada de Stefan Zweig, pela Livraria Civilização (como consta da lista publicada na edição referida supra de "Os Grandes Momentos da Humanidade"), isto é, 1959, com indicação da edição entre parêntesis: "Vinte e Quatro Horas da Vida de Uma Mulher" (12ª) [uma das obras de Zweig levada ao cinema], "Amok e Carta de Uma Desconhecida" (11ª) [idem], "O Medo" (9ª) [idem], "Um Coração Destroçado" (8ª), "Confusão de Sentimentos" (8ª), "Noite Fantástica" (7ª), "Um Segredo Ardente (8ª), "O Candelabro Sagrado" (5ª), "Os Grandes Momentos da Humanidade" - 2 vols (5ª), "Caleidoscópio" (4ª), "Erasmo de Roterdão" (6ª), "Encontros - Escritores e Artistas" (3ª), "Encontros - Impressões e Viagens" (3ª), "Encontros - Impressões Sobre Livros e Escritores" (3ª), "Três Mestres" (5ª), "O Combate com o Demónio" (5ª), "Américo vespúcio" (4ª), "Jeremias" (4ª), "Castélio Contra Calvino" (4ª), "Três Paixões" (4ª), "Brasil, País do Futuro" (6ª), "A Marcha do tempo" (3ª), "Três Poetas da Própria Existência" (3ª), "A Cura pelo Espírito" (5ª), "José Fouché" (7ª), "Maria Antonieta" (9ª), "Maria Stuart" (8ª), "Fernão de Magalhães" (8ª), "Coração Impaciente" (7ª), "Balzac" (2ª), "O Mundo de Ontem" (3ª). Não se avança com indicação de obras em edições mais actuais com receio de erros de omissão, mas podem procurar-se ma "net".
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[3] O prefácio do Autor é bem exemplificativo do objectivo desta sua obra: "A História, espelho espiritual da Natureza, cria em formas infinitas e imprevistas: para ela não há métodos; despreza todas as leis. O acontecimento, ora, como a água, parece correr para o seu destino, ora mostra ser mero acaso do vento. Muitas vezes gradiua épocas com a grande paciência dos lentos aglomerados de cristais, e, de repente, num único dramático relâmpago, precipita as esferas umas contra as outras.
Sempre construtora, em tais segundos de síntese genial revela-se grande artista: a despeito dos milhões de energias que impulsionam o mundo, sempre marca unicamente os poucos momentos explosivos, esses momentos em que o drama reveste formas inauditas, imensas. Tentei ir buscar ao espaço de um século alguns destes momentos sem, por meio da invenção, lhes desbotar a verdade anímica. Quando a História compõe com mestria absoluta, não necessita da mão que ajuda, mas somente da palavra respeitosa, da palavra que conta."
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[4]Termina a trágica biografia de João Augusto Sutter do seguinte modo: "Ergue-se sobre solo alheio S.Francisco - um país inteiro. Em tal caso, a justiça não se pronunciou; somente um artista, Blaise Cendrars, conferiu a João Augusto Sutter, há tanto tempo olvidado, a homenagem devida aos grandes eleitos do destino: o direito à lembrança e à admiração da posteridade."

domingo, 3 de setembro de 2006

Madona, de Edvard Munch

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Madona,
de Evard Munch (Löten,1863 - Ekely, prox. Oslo, 1944)

Tinha desaparecido, juntamente com "O Grito" - obra essa bem mais conhecida. Felizmente ambas foram recuperadas.

sábado, 2 de setembro de 2006

Aos "ascensorados" do quotidiano

Devo a um colega de trabalho esta reflexão oportuna:
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"É preciso subir as escadas para conhecer os inquilinos.!"
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o que é rigorosamente válido numa santa terrinha em que todos gostam exclusivamente de subir de ascensor, exibindo o chapéu emplumado, enquanto teorizam a fundo sobre o conceito abstracto de "escada" e o efectivo e original contributo que lhes cabe para a descoberta do "degrau". E o efeito vê-se:
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"Chi vo non po,
chi po non vo,
chi sa non fa,
e chi fa non sa,
et così el mundo mal va!"
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Não é preciso saber muito para compreender esta inscrição que, nesta mesma grafia, se refere como presente sobre a porta de uma casa de Ascoli, datada de 1529. [1]!
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[1] " [...] Altra cosa che colpisce sono le iscrizioni poste sui portali delle case ascolane del Cinquecento. Alcune impressionano per acutezza, profondità di pensiero e disincanto. Come quella che mi ha davvero fulminato in rua Lunga numero 19. È del 1529 e recita un antico detto che trovo ancora oggi attualissimo: «Chi po non vo, chi vo non po, chi sa non fa e chi fa non sa, et così el mundo mal va» [...]".
Em www.palazzoguiderocchi.com/stampa/Ascoli%20Piceno.pdf, hoje acedido. Creio que já falei desta inscrição, ou neste blog ou - citando-a - num comentário aposto a um blog amigo.

sexta-feira, 1 de setembro de 2006

Setembro


Setembro, no missal antigo de Lorvão