Desfabulando (1): O equídeo raro e o porcino solidário
.

.

.
Esta é a frente que se observa da estrada. No medalhão em cimento, já de muito difícil leitura (espera-se que com outra luz e de manhã se chegue lá...), pode entender-se ainda:
Vista lateral do lado Norte. Note-se a estrutura frontal com o guincho, o portão da vista anterior e o forte e alto muro que, deste lado, correndo de nascente a poente, delimitava os fornos (o muro paralelo do lado sul desapareceu já). As fotos mostram o estado destes restos de indústria no dia anterior à data da presente postagem.
.

Aqui assentava a torre que continha o catalisador de pentóxido de vanádio para a oxidação de SO2 a SO3 necessária para a produção de 500 toneladas diárias de ácido sulfúrico naquela unidade ... Mostra-se o plinto hexagonal, em betão, e o epitáfio que reza "ESTA ESTRUTURA SUPORTAVA A TORRE DO CONVERTIDOR, PEÇA ESSENCIAL DO PROCESSO PRODUTIVO DA FÁBRICA DE ÁCIDO SULFÚRICO "CONTACTO 5" CONSTRUÍDA PELA C.U.F. EM 1965 E ENCERRADA EM 1990". Juntar-se-á oportunamente uma fotografia de quando em vida..
.

Horloge! dieu sinistre, effrayant, impassible,
Dont le doigt nous menace et nous dit: "Souviens-toi!
Les vibrantes Douleurs dans ton coeur plein d'effroi
Se planteront bientôt comme dans une cible;
Le Plaisir vaporeux fuira vers l'horizon
Ainsi qu'une sylphide au fond de la coulisse;
Chaque instant te dévore un morceau du délice
A chaque homme accordé pour toute sa saison.
Trois mille six cents fois par heure, la Seconde
Chuchote: Souviens-toi! - Rapide, avec sa voix
D'insecte, Maintenant dit: Je suis Autrefois,
Et j'ai pompé ta vie avec ma trompe immonde!
Remember! Souviens-toi! prodigue! Esto memor!
(Mon gosier de métal parle toutes les langues.)
Les minutes, mortel folâtre, sont des gangues
Qu'il ne faut pas lâcher sans en extraire l'or!
Souviens-toi que le Temps est un joueur avide
Qui gagne sans tricher, à tout coup! c'est la loi.
Le jour décroît; la nuit augmente; souviens-toi!
Le gouffre a toujours soif; la clepsydre se vide.
Tantôt sonnera l'heure où le divin Hasard,
Où l'auguste Vertu, ton épouse encor vierge,
Où le Repentir même (oh! la dernière auberge!),
Où tout te dira Meurs, vieux lâche! il est trop tard!"
.
.
.
.
"Deslumbrei-me e comovi-me!
Em Novembro de 1946 cheguei de Africa, onde nasci. Mergulhei, tímido, nos frios, nevoeiros e neves de uma perdida Aldeia em Trás-os-Montes do pós guerra português.
Senhas de racionamento, às escuras, por greve do Sol, sem água *encanada*, nem saneamento, desprovida de electricidade. Candeias e candeeiros de vidro, com pé alto e chaminés periclitantes, de torcidas capilarizadoras de “pitrol”
Deslumbrei-me e comovi-me!
Maravilhado, passei, nessa época, horas de atenta observação, num, então, magnetizante mundo, para mim novo. As movimentações, as sabedorias, as gentilezas, as solidariedades, as conversações. Meu Avô – o materno – a Figura para mim Central, o dono do “estabelecimento”. Seus Clientes, suas Clientes. A algumas destas Pessoas ainda as encontro, sentadas nas mesmas escaleiras, quando frequentemente ali estou em férias. Têm adiantados noventas, muita elegância de modos e maneiras e fina "sagesse",
Deslumbrei-me e comovi-me, quando voltei a ter 10 anos, re-iluminados pela jóia publicitária em verso da “Casa Diva” nas Eiras. Curioso: o “estabelecimento” de meu Avô não é nas Eiras mas a sua Aldeia também tem o lugar das Eiras.
Venho para dizer que não é minuciosa verdade o enunciado de abertura «Ei-la a casa ideal , como não há outra igual…» Havia sim, Senhores!. Tal e qual! Igual! Igual! Igualzinha! Voltei a ter 10 anos. Que bom!…Valeu a pena!. Obrigado".
Rui
.
.
.
.
..
.

.
.