segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Da página 284 do "Dicionário de Sinónimos", Porto Editora, 2ª Edição (1995)

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Agastamento; arrufo; atenção; caló; cavaca; cavaqueira; conversa; conversação; enfado; estilha; estilhaço; guisso; lena; palestra; resposta; zanga.
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domingo, 23 de janeiro de 2011

Vai votar, porra! Ou queres que os outros decidam por ti o que possa influenciar o teu futuro?

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Eu sei que o indicador apontado por Lord Kitchener era algo mais atractivo, mas o celebrado Sir Horatio Herbert, de Kartum e do chamativo cartaz, afundou-se a 5 de Junho de 1916 quando, em rota para a Rússia, o HMS Hampshire , em que seguia, embateu numa mina alemã. Aliás qualquer apelo neste estilo, tão copiado que depois disso foi, acaba sempre por encontrar sempre o indicador que merece.

A tempo e a posteriori: apenas 46,67% de votantes, dos quais o ganhador teve 52,94% de votos, não representam também um naufrágio do poder-dever democrático que é o voto? Contesto para isso a valorização oportuna (quiçá também oportunista?) de razões técnicas que só abrangeram uma minoria e que constituem uma desculpa para os que tratam destes assuntos importantes "à última hora", atolando as vias de contacto que deveriam apenas ser de uso supletivo, de excepção, e que ignoram procedimentos constantes quer da lei quer, de multiplos informes. O que sucedeu, aliás, insere-se comprovadamente na infeliz tendência que os sucesivos actos eleitorais vêm mostrando - e surpreende que dias antes da eleição um causídico apresentado como membro da CNE (ou pelo menos eu assim entendi) tenha vindo à TV justificar a deserção ao voto como expressão válida e compreensível de opção política. E, para concluir, reportando-me ao que também li num forum algures, não venham agora alcunhar de "chicos-espertos" os que apenas avisadamente se comportaram.

Errado (para alguns) ou não (para outros em que começo a incluir-me) quanto à respectiva leitura política, estou cada vez mais próximo dos que defendem a obrigatoriedade do exercício do voto e dos que propugnam pela maior facilidade, publicidade e formação quanto à prática desse poder-dever.

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Imagem com a devida vénia a
monicasannabocadotrombone.blogspot.com,
de Rio Preto, SP, Brasil

sábado, 22 de janeiro de 2011

Dia de reflexão

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Tapada das Necessidades, Lisboa

Porque me cabe o poder-dever de escolher, amanhã vou votar.
Sei certamente em quem voto
mas, mais convictamente, sei em quem não votarei
e, em ambos os casos, sei o porquê.
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sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

A campanha eleitoral em 30"

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Parafraseando um dos parlantes mas não pretendente, "disseram-me os meus informadores" que, na falta de melhor fórmula para precisar aquele "colectivo" e o que dele saiu e não saiu, poderia recorrer a um trava-línguas conhecido:

Disse você ou não disse
o que eu disse que você disse?
Porque se você disse
o que eu não disse que você disse,
que disse afinal você?

e... pouco mais adiantar que isso!.
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segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Replicante, um texto de Alberto Lisboa Cohen


Do Amigo Alberto Lisboa Cohen, que, do Brasil, é também assiduo leitor deste blogue e nele já esteve várias vezes presente, recebi um texto que tem a delicadeza e o conteúdo poético de uma miniatura pictórica. Agradecendo esse contributo, só lamento que a sua publicação possa ter decorrido hoje, e não logo após recepção e composição, por inesperadqa dificuldade técnica.


"Replicante"

Alberto Cohen


Olhou o rio pela janela e, subitamente, percebeu que, doravante, nada mudaria. Não mais risos de crianças, abraços de amigos, a surpresa de um café recente perfumando a madrugada. Dias iguais, versos iguais e a ironia de uma borboleta pousada na parede a anunciar felicidade.


Precisava de óculos novos ou era apenas uma lágrima o que lhe embaçava a visão? Nem se deu ao trabalho de limpar as lentes. Sabia qual era a resposta, tantas já havia chorado.


Papéis em branco, papéis riscados, papéis com as esperanças de antes. Seu mundo era de papel e o sonho se diluía na medida em que letras deixavam de habitar as folhas avulsas. Veio o consolo: Por que escrever, afinal, se não serei lido?


Uma vez, há muito tempo, uma menina de vestido azul e laço nos cabelos disse: És um poeta. Acreditou e sua poesia tornou-se o que ele mesmo gostaria de ser: leve, viageiro, transcendental. A menina de vestido azul e laço nos cabelos, no entanto, jamais mereceu sequer um verso. Simplesmente não conseguia ir além de que ela era uma menina de vestido azul e laço nos cabelos. Seria um verso definitivo?


Olhou pela janela o céu e blasfemou: Ele não sabe o que é sofrer. Mandou o Filho. Imediatamente lembrou-se da borboleta. Não estava mais na parede. Voara ou fora carregada pelas formigas?


domingo, 9 de janeiro de 2011

Aritmética

Num país que odeia a própria língua, de tanto a maltratar (vide artigo de fundo do "i" de ontem ou anteontem) e que tem horror à matemática (ao ponto de subestimar e até proibir - houve um caso desses! - cadernos escolares em papel quadriculado), há noções que se vão aprendendo à força. É da mais elementar prudência que assim seja!

Um dos exemplos recentes foi dado pelo défice. O défice é um quociente ou melhor dizendo (porque numerador e denominador são grandezas da mesma espécie) uma razão. Esqueceu-se, até há pouco, que na expressão do défice, tendo assim dois termos, o dito quociente não depende apenas do numerador, mas também do denominador. Preocuparam-se muitos "pomposos" da nossa praça a verberar a dimensão do numerador - e prudentemente atenuaram a afirmação de que o défice igualmente depende - e muito- do denominador. Alguns saberão porquê esta prudente excursão pelo "fado do embuçado", para cujo cantar terão também conrtibuído quando, à guitarra e à viola, eram (ou já eram) no poleiro aves canoras. Hoje vai-se tomando essa noção e sentindo como a palavra PRODUÇÃO veio durante decénios (e não foi agora!) a ser colocada no copo da placa dentária do envelhecido Portugal e jogada fora, cada manhã, com a respectiva água.

Pois foi precisamente numa manhã, a de hoje, que o "Eixo do Mal" alargado com as gentes do "Expresso da Meia-Noite" e assim transformado transitoriamente em "Expresso do Mal" veio lembrar-me uma outra realidade aritmética com dois termos: o lucro. Deveríamos ter aprendido na Escola que, numa subtracção, existe um diminuendo, que convencionalmente se escreve por cima, e um diminuidor, que convencionalmente se escreve por baixo daquele, e que, antes de nos começarem a enfronhar em "desvios algébricos" que levaram aos números negativos, o diminuendo nos era sempre apresentado como maior que o diminuidor. Essa era, na aritmética da escola da menina de cinco olhos e do/a professor/a de guarda-pó, admirado/a e respeitado/a por todos e ai de quem mijasse fora do penico, uma verdadeira subtracção "em posição de missionário". Outra não existia por esse enquanto (existiria só depois, como muitas outras coisas). Ora o lucro é uma diferença, e só existe lucro quando o diminuendo é maior que o diminuidor. Muitos aferram-se hoje ao diminuendo e, numa expressão sadamizada, olham para este como se fosse "a mãe de todos os lucros". Mas, pensando assim, esquecem ou atenuam uma outra realidade: mesmo que se não mexa no diminuendo (e se se mexer para arriba no que ao lucro respeite, tanto melhor calha), o lucro cresce quanto mais modesto o diminuidor seja. Foi o que hoje - e bem - me vieram relembrar.


sábado, 8 de janeiro de 2011

Palavras de ordem contra uma empresa que que queria calar a expressão de uma reclamação (e disso já desistiu) e também aos que a tal a aconselharam

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"Assim se reflecte na força da Internet!!!"

E isto não vem subscrito por australiano hoje famoso e
utilmente
apresentado como "biolador".
Espera-se ansiosamente o livro deste.


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sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Piritologia

As secções de fornos (ustulação de pirite) e de purificação de gases do "Contacto 6" (1972-1989) [1]

Esta terra liderou, em Portugal, a queima de pirite para a produção de ácido sulfúrico. Muitos que isso viveram e que disso beneficiaram ou foram beneficiados, do facto se queixam. Muitos outros que não se queixam, antes de gabam da realidade que conseguiram fazer, em equipes de valores a todos nos níveis reconhecidos, e até ensinando a outros algumas coisas importantes e significativas, hoje entre nós "apagadinhas". Quem saberá que muitas novidades tecnológicas passaram "en première" por aqui? Quem saberá algo dessas realizações, frequentemente apontadas como "benefícios ao capital" e "ataques ao ambiente"? Num colóquio recente que interessava ao passado da terra, e esse já seguramente ninguém lho tira, as comunicações técnicas foram consideradas "chatas" quando se tratava de contrapor aos méritos de uma obra a demonstração de quanto o Capitalista -Promotor da mesma fora afinal "tão mau, tão mau que até era por mal todo o muito bem que fazia"[2]. Este país pode ser para velhos-relhos mas, aos técnicos, pouco suporta. O ataque dessas refracções dura geralmente duas gerações, como o dia tem duas marés. Depois vem uma reflexão e, geralmente, o balanço crítico do que entretanto se perdeu e que certamente foi enriquecer outros, os disfarçudos e intocáveis "pomposos" - que esses manter-se-ão nas tintas para a terra, para esta terra, e para as gentes que aqui habitam e que aqui antes encontravam mais trabalho.

A pirite é, aqui, um personagem indiferente na sua génese a todas estas correntes de pensamento. Nascida no fundo de mares, de fumos negros vindos do interior do planeta, esta mistura de sulfuretos variados, predominantemente de ferro, parece estar a retomar o rumo de "fonte de enxofre" e, acessoriamente, dos metais contidos. Quem entrar nos motores de pesquisa e colocar "Pyrite" reconhecerá animações recentes onde antes permanecera um longo silêncio alimentado pelas tão frequentes dessulfurações em nome do ambiente. Mas a realidade pesa e a política das matérias primas também. Os recursos voltam a ser computados, devagarinho, em passinhos de lã, de longe até. Não é por acaso que num trabalho, também não muito delongado no tempo, os recursos mineiros da Faixa Piritosa Ibérica, maxime de Aljustrel , voltaram a ser citados a nível mundial. Ainda poderá ser cedo para se olharem desenvolvimentos integrados e retentores de acrescida mais-valia no Alentejo profundo (aqui "profundo" porque também em profundidade), mas não é cedo para que deixemos a atalaia para observar "o que aí possa vir," não esquecendo que - como no passado - se mantém válido e avisador um ditado bem conhecido: "com papas e bolos se enganam os tolos". Desencantem-se porém os que esperem ver "Contactos" a fumegar por esta terra: primeiro, porque os Contactos hoje não fumegam e, principalmente, porque aqui, na cabecinha de muita gente, ainda não arribou para melhor a ideia de manter uma nova forma de poluição, mais insidiosa, mais terrível, mais agrilhoante, e que é a de associar o desenvolvimento à dominante feitura de casas, casinhas e casotas, dentro do que já mereceu a alcunha de "tsunami do betão" [3].

Esta reflexão sobre as riquezas naturais - e não apenas sobre os sulfuretos complexos do Alentejo e Andaluzia, porque os estrategas dos recursos (nós nesse capítulo, desde a adesão à então CEE, parecemos quase continuar de licença sem vencimento [4]) já verificaram que a posse de muitos potenciais valores expressos nesses e noutros recursos, e estou precisamente a pensar noutros (e não apenas minerais), vem a ser gradualmente desviada dos clássicos "mercados" para surpreendentes mas não adormecidas e potencialmente especuladoras alternativas - termina com uma notícia dos meados do sec. XVIII: aí um daqueles naturalistas alemães, que anteciparam os estudantes-viajantes-naturalistas-espiões norte-europeus que calcorrearam "a outra Europa" no sec. XIX, de nome Johann Friedrich Henckel (precursor dos Henkel sem c), conecto a Freiberg, escreveu um manual com a atractiva epígrafe de "Piritologia". Não o tenho... mas gostava de o ter, na sua tradução em Inglês (que existe), para dar companhia ao meu respeitável "De Re Metallica" (tradução Hoover) que há muito aguarda uma edição em Português.

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[1] Para quem não saiba, esta magnífica unidade produzia no Barreiro 625 toneladas diárias de ácido sulfúrico MHS (ou seja, na base de 100%) a partir de 500 t/dia de pirites portuguesas, numa ustulação desarsenificante em leito turbulento, a duas etapes (ou seja pirite -> pirrotite e pirrotite -> hematite), processo BASF. Antes desta, e em "formato industrial", existiu uma outra unidade do mesmo processo na Bayer - Uerdingen, mas que teve morte prematura. Ao sucesso desta instalação devem ligar-se os nomes de toda uma equipe, liderada pelo Eng. Francisco Montes. Existe a reportagem do arranque, que decorreu a 21 de Abril de 1972.
[2] Frase que, na altura e no debate, usou o escrevedor destas linhas para caricaturar tão porfiado esforço de auto-flagelação disfarçada e de procura, "après la lettre", do "orgulhosamente sós" (numa situação manifestada por alguns mas não compartilhada por todos).
[3]E é de ver a contradição doutrinal nele e aqui reinante entre o discurso de ataque e a prática de apego à propriedade! Venham pois os lucros e réditos que esta possa trazer e tanto e enquanto mais melhor, para os pluto-qualquer-coisa que por aí vão enchendo o bandulho. Querem uma poluição mais evidente? Querem uma mais evidente agressão ao ordenamento, ao ambiente e até ao convívio social? Percorram-se alguns bairros próximos, ditos sociais, até inaugurados com pompa e circunstância por políticos que ainda tentam marcar caminho. Esclareça-se que não sou CONTRA essa actividade; sou CONTRA o seu predomínio e quase exclusividade, em detrimento de outras aplicações possíveis, mais produtivas e menos tacita ou expressamente agressivas. Sou CONTRA a sua desordem e desadaptação à estrutura social das populações que dizem servir. Sou CONTRA os débitos familiares e a rigidez de fixações que originam, E, obviamente, CONTRA a hipocrisia bifronte dos Janus.

[4] Reforcei o quase porque há quem esteja a mexer no assunto. Veja-se a propósito, numa primeira aproximação, o meritório "Roteiro das Minas e Locais de Interesse Mineiro e Geológico de Portugal", em http://www.roteirodeminas.pt,e a exposição do Director Geral de Energia e Geologia, Eng. Carlos Caxarias, em http://www.youtube.com/watch?v=oyytT8ajCR0



quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Malangatana (1936-2011)

6 Junho 1936 (Matalana, Moçambique) - 5 Janeiro 2011 (Matosinhos, Portugal)

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Do burro presepial

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Há 15 dias ouvi o burro do presépio em entrevista. Reclamava ele a EFTA ou cousa similar (cousa-causa) e, pelos vistos, ouvidos e lidos, não era afinal burro de todo. Quinze dias depois encontramos, com a autoridade de um Economista que cá no domus muito se aprecia (há outros que nem um bocadinho...) uma entrevista no "i", e falo de João Ferreira do Amaral, que valia a pena ler+reflectir. É no de hoje.

Terá sido o entrevistado demasiado brando na leitura que faz sobre a estratégia alemã? Acho que sim, mas também só nisso. Acho que o RM ainda não está de todo esquecido daquelas mentes e que, de facto, as prioridades que se mantiveram até um antes recente (afastemos certamente o antes-antes, como quem recusa comprar num bric-à-brac a fotografia preberlusconiana que o Dinosáurio Excelentíssimo tinha na secretária, porque na do outro a dedicatória seria em Fraktur e o vidro da moldura esmagaria o bigode) deixaram de ser as prioridades de depois. Não vou com as frases corrosivas de Mauriac ou de Lord Ismay mas talvez se lhe aproprie "o demasiadamente grande para a Europa, demasiadamente curta para o Mundo" atribuído a um tal Henriquinho, ele mesmo alemão e de quem eu gosto tanto como ele de nós gostava ao querer-nos carneiros sacrificiais em 1975 e ao levar o Ford (não o do T, mas o Geraldo) a deixar temorizar Timor mais ou menos por essa data.

Talvez acordem. Que ainda seja a tempo, sem precisarem de colar os cacos com uma cola cianurada "made in China".
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sábado, 1 de janeiro de 2011

Um ditado para hu fim d'ano , um provérbio (ou uma adivinha) para o que começa

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"Quando o poço passa a fonte, a colina vê-se monte!"

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Kem-é-kem?