sexta-feira, 5 de outubro de 2018

STARA ZAGORA

A história das geminações do Barreiro (com Stara Zagora, na Bulgaria, e Lodz, na Polónia) ainda está por fazer e pergunto a mim mesmo quantos barreirenses sabem o que significa uma geminação, quais as  geminações  com o Barreiro existem e qual o uso e prática  que delas tem sido feito. Começo por lançar a questão hoje mesmo, 5 de Outubro  [embora este texto tenha ficado no frigorífico por mais de um mês por incúria do mau blogueiro - ou blogueador - em que me transformei] porque, ao que me dizem, é precisamente a 5 de outubro que se celebra em Stara Zagora o dia dessa  cidade e cabeça de homónima província.

Stara Zagora (ou Nova Zagora em alguns mapas) tem uma longa, rica e trágica história. Para os interessados na sua localização dir-se-á que é uma cidade interior, situada no paralelo da cidade-porto de Burgas, no Mar Negro, e a nor-nordeste de Plovdiv. A narrativa da cidade vem desde a pre-historia, ao domínio romano, às presenças góticas e bizantinas, à ocupação turca, à libertação na guerra turco-russa, que restaurou, como reino, a nacionalidade búlgara (e por isso, em reconhecimento, foi nesse ressuscitado país adoptada a escrita cirílica [1]). A história dos conflitos balcânicoss do sec. XIX é muito confusa e muito episodicamente conhecida na restante Europa - o que os povos locais têm forte razão de ressentir. . E, no entanto, Stara Zagora foi local de um dos mais execrandos genocídios do sec XIX cometidos pelos turcos, apoiados, neste horrendo caso, por contingentes de diversas origens balcânicas e, inclusive, por alegadas minorias búlgaras (1877). As duas guerras balcânicas já do início do sec XX (1912-1913, ou "todos contra a Turquia", logo seguida pela de 1913, ou "todos contra a Bulgária") também são discretamente conhecidas e poucos saberão mesmo que a Bulgária teve também uma saída para o Mar Egeu, perdida para a Grécia nos anos de 1913 (com a 2ª Guerra Balcânica)  e 1919 (como consequência da desastrosa participação búlgara na 1ª Grande Guerra, aio lado dos Impérios Centrais)[2] [3]

Mas voltemos ao princípio: que fazemos nós das nossas geminações barreirenses? Elas existem, e há que as prezar para além do facto, que não chega,  de termos uma artéria principal denominada de Stara Zagora. Outra ou outras geminações poderiam ter existido, e cite-se o caso de Huelva - mais próxima do Barreiro em diversos asopectos. Mas há que pensar nas já existentes. Com a mudança de ventos que transformou a Europa de Leste no Leste da Europa ter-se-á ou não fanado a flor vermelha dessas amizades? Ou as geminações já passaram (ou não) definitivamente de moda? E, se a resposta.for não, a uma destas duas questões, ou a ambas,  que os responsaveis municipais o ress o demonstrem ou propiciem a sua demonstração - até para fazerem diferente [4].


Procure-se Stara Zagora na "rede": há muito que ler e aprender. No portal  dessa cidade o Barreiro não foi esquecido.

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[1] A guerra russo-turca de 1877-1878, pela sua violência, pela heroicidade demonstrada em alguns combates [como a defesa pelos russos da passagem entre-montanhas da Chipka], pelos massacres de populações civis que desencadeou, de ambos os lados, incluindo o próprio massacre de Stara Zagora empolgou a Europa do seu tempo. Eça de Queirós, nas suas "Cartas de Inglaterra e Crónicas de Londres" dedica-lhe especiais referências  e sobre a Chipka, em 1 de Setembro de 1877, precedendo uma análise mais pormenorizada, escreve "Há oito dias que dura a bataalha da Chipka. Pela tenacidade heroica é, creio, o maior duelo militar dos tempos modernos".

[2] A menos dos jogadores de Diplomacy (um jogo de mesa próximo, mas talvez mais creativo e diversificado do que  que o Risco o que  poderia levar a ser sugerido nas escolas para um melhor conhecimento ou mesmo recreação real ou ucrónica  da história da Europa)..
Veja-se https://en.wikipedia.org/wiki/Diplomacy
[3] É conhecida a complexidade típica das questões balcânicas que a implosão pós-Tito da Jugoslávia  veio dramaticamente reacender.A sua manifestação mais próxima no trmpo  passa pelo incompleto plebiscito quanto à denominação da República da Macedónia (um dos fragmentos menores dessa implosão), e tem a particularidade de constituir um dos modernos exemplos de intromissã política das redes ou plataformas abusivamente autodenominadas de "sociais".
[4] Oportunamente voltar---se-á aqui ao caso de Lodz - geminado esse que,  ao que me conste, nem reflexo toponímico ainda teve.