Com a chegada das comemorações do termo da que foi de facto "a mãe de
todas as guerras" (ou seja a 1ª Grande Guerra), pareceu-me oportuno
trazer aqui dois recortes, aliás contíguos na fonte comum onde
foram encontrados - mas que, no seu tempo, antecederam por breves dias essa
grande tragédia que abriu a porta para uma segunda,
ainda pior - além de outras consequências que ainda hoje procuram cura, sem a encontrar..
A primeira peça, retirada do "Diário do
Governo" - Série III - nº 7, de uma sexta-feira, 9 de janeiro de 1914,
dá conta, a pag. 60, de que, a 24 de dezembro do ano anterior ( a ultima véspera de Natal vivida em Paz antes do quadriéno sangrento) uma sociedade
denominada GERMANIA LIMITADA, "com sede e fábrica de cervejas e
refrigerantes em Lisboa, Avenida Almirante Reis, letra G" pedira a
seguinte marca para refrigerantes e logo repetira o
pedido da mesmíssima-mesma marca com destinação a cervejas. Ei-la pois: :
Escusado será dizer que, com a guerra, esta marca iria durar pouco e o mesmo sucederia com a denominação da firma que, de molde morfologicamente compreensível, passaria a PORTUGALIA LIMITADA e assim se mantém ainda hoje com um trajeto curiioso que terá sempre a cerveja por perto.e que, mrecendo ser conhecido, está desenvolvido na "rede" em localizações diversas, das quais se retiram, como incompleto exemplo, dois endereços. :
http://miseriasdelisboa.blogspot.com/2015/08/fabrica-de-cerveja-portugalia.html
http://restosdecoleccao.blogspot.com/2015/12/fabrica-e-cervejaria-portugalia.html
Mas a observação da marca aqui representada sugere uma ideia curiosa: a designação do copo de cerveja passa de "fino" a Norte para "imperial" a sul., mais concretamenta do Porto para Lisboa. A origem da palavra "fino" sempre me pareceu resultar da esbelteza do copo quando confrontada com a "grossura" da caneca. E o "imperial"? Não estará mesmo relacionado, do vocábulo para o copo ou do copo para o vocábulo, com a palavrinha-aquela que, isolada. se encontra logo por debaixo da "águia imperial germânica" da marca registada em janeiro de 1914?
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Passando, para amenizar, à segunda figura: na página 59 do mesmo DG ficamos a saber que o cidadão Firmino Júlio de Miranda Saraiva Refóis, com estabelecimento e escritório em Lisboa, tudo isso identificado no pedido, requereu marca para a sua "Anunciadora Ideal". Se, para muitos, a 1ª Guerra iria por um definitivo ponto final na "Belle Époque", o Senhor Refóis ainda se encontrava nesta - e, na formulação requerida, manteve muito do espírito da época que desconhecia como cessante. Nela, o regulador de Watt, a roda dentada de 8 raios (ena!) que parecde a bandeira inglesa e a inseparável dupla bigorna e martelo trazem consigo uma aspiração industrial discreta num país agrícola e pobre. Apoiada nas tabuletas da Anunciadora, anunciando-a e anunciando-se, uma displicentev figura feminina vem levantar um só (um só?) reparo anatómico: a estranha, a mesmo difícil se não inverosimil, posição do delicado pé esquerdo. Bravo, Senhor Refóis!
E, se com esta me iria, com esta me vou!.