segunda-feira, 27 de abril de 2020

Isto agora está assim...

Um dos flagelos que a inundação trágica de crise nos trouxe , desde 2008 e que 'inda por aí perdura, chama-se desemprego.  Mas com curiosos e estranhos episódios. Contarei um.

Precisando de encomendar  uma pequena obra de serralharia (arranjo de dois velhos portões e reparação de um sistema de redes e suportes) e baseado em referências de quem há anos teve uma obra idêntica  contactei um PME local que comigo verificou o que seria de fazer, não levantou qualquer reserva e prometeu-me rapidamente entregar uma estimativa orçamental. Muito bem. Pasaram-se bem dois meses e nem uma palavra, e nem uma notícia de imposibilidade, ou uma notícia de desistência, ou uma dúvida. Nada...

Como tal comportamento igualmente poderia ser um índice de qualidade ou de falta dela, contribuindo para eu poder  orientar a minha opção, não insisti. Mas, na oportunidade dum encontro rotineiro, não omiti referir o comportamento estranho e pouco curial desse empresário a quem m'o tinha indicado. E deste recebi um outro estranho comentário. "V. sabe - disse-me ele - a minha referência, como lhe disse,  veio de um trabalho que para mim esse Fulano fez há algum tempo e que me satisfez. Agora, mais que um ano depois, as coisas, segundo sei, já não estarão na mesma. Eu próprio, em algumas obras, já depois da referência que lhe fiz, tenho encontrado cada vez mais  casos desses. O que se quer hoje são obras grandes e com preços à "alemã" ou então os potenciais fornecedores apresentam-se assim mesmo e saem pela porta dos fundos, sem deixar rasto. Alguns ainda dizem que estão cheios de trabalho, outros que não têm gente, e outros , como no seu caso, não dizem nada e assim mostram que não estão para se ralar com o que antes lhe disseram. Terão vindo ao cheiro para ver se podiam "esfolar um cabrito" [termo proveniente de outros ambientes, mas que hoje é merecido ser posto na boca de  certos protagonistas em certos meios, nomeadamente financeiros, em que antes se não esperariam] e como o bicho não estaria suficientemente gordo para o apetite deles, deram na balda e vai-te lixar. Obrigado pelo aviso, já que eu, quando lho referi, não contava com isso, mas estamos sempre a aprender! E olhe, em certos mesteres (marceneiros, molduras, restauros, pintores fingidores, canalizações menos convencionais, etc ) nem pense mesmo encontrar e, se encontrar, prepare a carteira.

Por um lado isso animou-me, na medida em que poderia representar emprego crescente, animação da economia, etc. etc.  Mas "mirando el tendido", fico na dúvida se será essa a verdade, se os cuidadosos  e atentos (e atenciosos)<artífices de qualidade, que estão a tornar-se raros, serão retribuídos na justa qualidade  e apreço pelo que produzem  - ou seja se ser um bom artista, hoje em dia, paga.

































do que produzem ou se não estaremos frequentemente a topar desconcertos e desconcertados  como os que aplicaç de tintas pasticas estou na  como um fornecedor que eu tinha de capotes e samarras alentejanas

EM DESTAQUE NA “NATURE BRIEFING” DE ABR23 [1]

“No one in the field of infectious disease or public health can say they are surprised about a pandemic…. What surprised me is just how quickly we gave up on the standard shoe-leather epidemiology approach to fighting epidemics that has been in place for hundreds of years.”  [3]


Jim Yong Kim [2], referindo-se à atual  pandemia,  


[1] Folha noticiosa emitida em Londres e disponível em briefing@nature.com. Recomenda-se  a  subscrição gratuita desta "Newsletter", totalmente devotada a temas científicos..
[2] médico e antropólogo nascido em Seul. Chefiou o departamento da OMS para o combate ao AIDS/HIV,  antes de assumir a presidêncja do Banco Mundial, que exerceu de 2012 a 2019.
[3] Tradução:"Ninguém  do campo das doenças infecciosas ou da saúde pública,  poderá  dizer-se surpreendido por  uma pandemia.... O que de facto me surpreendeu foi  a rapidez com que  se desistiu da abordagem epidemiológica clássica que há séculos se vem mantendo para combater epidemias."