segunda-feira, 31 de dezembro de 2007
domingo, 30 de dezembro de 2007
Novamente António Gedeão
.
Resolvi andar na rua
com os olhos postos no chão.
Quem me quiser que me chame
ou que me toque com a mão.
Quando a angústia embaciar
de tédio os olhos vidrados,
olharei para os prédios altos,
para as telhas dos telhados.
Amador sem coisa amada,
aprendiz colegial.
Sou amador da existência,
não chego a profissional"
sábado, 29 de dezembro de 2007
Uma grande editora portuguesa?
Bem haja essa iniciativa e, para ela e para todos nós, os tais que insistimos em ler e falar Português, os melhores votos de sucesso.
Seja-me lícito referir quão, nesta notícia, estranhei referir-se a "Caminho" entre as já adquiridas. Imperdoável distracção minha, certamente, em não ter dado por isso - já que essa aquisição revela um indiscutível e inusitado pragmatismo por parte dos seus antigos detentores, numa nova e surpreendente versão de "a verdade a que temos direito". Parafraseando o Pai Natal dir-se-á "Ho! Ho! Ho!"
- - - - - - - - - - - - - - - - - - - -
[1] Como vai já tão longe o tempo em que uma auto-denominada elite deste "western coast of Europe" (puro "western"?) se qualificava como "conta no BCP, telemóvel da Telecel, filho mais velho na Católica" (enquanto se aceitava que o filho mais novo, como salvaguarda dos ventos da História, fosse transitoriamente militando em quaisquer "pinta-paredes")!!!
.
2007, de´próxima abalada...
.
quinta-feira, 27 de dezembro de 2007
A Exposição, em Lisboa, dos tesouros históricos do Hermitage
quarta-feira, 26 de dezembro de 2007
"Dia de Natal", de António Gedeão
.
Hoje é dia de ser bom.
É dia de passar a mão pelo rosto das crianças,
de falar e de ouvir com mavioso tom,
de abraçar toda a gente e de oferecer lembranças.
É dia de pensar nos outros, coitadinhos, nos que padecem,
de lhes darmos coragem para poderem continuar a aceitar a sua miséria,
de perdoar aos nossos inimigos, mesmo aos que não merecem,
de meditar sobre a nossa existência, tão efémera e tão séria.
Comove tanta fraternidade universal.
É só abrir o rádio e logo um coro de anjos,
como se de anjos fosse,
numa toada doce,
de violas e banjos,
Entoa gravemente um hino ao Criador.
E mal se extinguem os clamores plangentes,
a voz do locutor
anuncia o melhor dos detergentes.
De novo a melopeia inunda a Terra e o Céu
e as vozes crescem num fervor patético.
(Vossa Excelência verificou a hora exacta em que o Menino Jesus nasceu?
Não seja estúpido! Compre imediatamente um relógio de pulso antimagnético.)
Torna-se difícil caminhar nas preciosas ruas.
Toda a gente se acotovela, se multiplica em gestos, esfuziante.
Todos participam nas alegrias dos outros como se fossem suas
e fazem adeuses enluvados aos bons amigos que passam mais distante.
Nas lojas, na luxúria das montras e dos escaparates,
com subtis requintes de bom gosto e de engenhosa dinâmica,
cintilam, sob o intenso fluxo de milhares de quilovates,
as belas coisas inúteis de plástico, de metal, de vidro e de cerâmica.
Os olhos acorrem, num alvoroço liquefeito,
ao chamamento voluptuoso dos brilhos e das cores.
É como se tudo aquilo nos dissesse directamente respeito,
como se o Céu olhasse para nós e nos cobrisse de bênçãos e favores.
A Oratória de Bach embruxa a atmosfera do arruamento.
Adivinha-se uma roupagem diáfana a desembrulhar-se no ar.
E a gente, mesmo sem querer, entra no estabelecimento
e compra, louvado seja o Senhor!, o que nunca tinha pensado comprar.
Mas a maior felicidade é a da gente pequena.
Naquela véspera santa
a sua comoção é tanta, tanta, tanta,
que nem dorme serena.
Cada menino
abre um olhinho
na noite incerta
para ver se a aurora
já está desperta.
De manhãzinha,
salta da cama,
corre à cozinha
mesmo em pijama.
Ah!!!!!!!!!!
Na branda macieza
da matutina luz
aguarda-o a surpresa
do Menino Jesus.
Jesus
o doce Jesus,
o mesmo que nasceu na manjedoura,
veio pôr no sapatinho
do Pedrinho
uma metralhadora.
Que alegria
reinou naquela casa em todo o santo dia!
O Pedrinho, estrategicamente escondido atrás das portas,
fuzilava tudo com devastadoras rajadas
e obrigava as criadas
a caírem no chão como se fossem mortas:
Tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá.
Já está!
E fazia-as erguer para de novo matá-las.
E até mesmo a mamã e o sisudo papá
fingiam
que caíam
crivados de balas.
Dia de Confraternização Universal,
Dia de Amor, de Paz, de Felicidade,
de Sonhos e Venturas.
É dia de Natal.
Paz na Terra aos Homens de Boa Vontade.
Glória a Deus nas Alturas. "
terça-feira, 25 de dezembro de 2007
Fernando Pessoa; "É Dia de Natal"
Chove. É dia de Natal.
Lá para o Norte é melhor:
Há a neve que faz mal,
E o frio que ainda é pior.
E toda a gente é contente
Porque é dia de o ficar.
Chove no Natal presente.
Antes isso que nevar.
Pois apesar de ser esse
O Natal da convenção,
Quando o corpo me arrefece
Tenho o frio e Natal não.
Deixo sentir a quem quadra
E o Natal a quem o fez,
Pois se escrevo ainda outra quadra
Fico gelado dos pés.
segunda-feira, 24 de dezembro de 2007
Natal e não Dezembro
.
numa gruta, no bojo de um navio,
num presépio, num prédio, num presídio,
no prédio que amanhã for demolido...
Entremos, inseguros, mas entremos.
Entremos, e depressa, em qualquer sitio,
porque esta noite chama-se Dezembro,
porque sofremos, porque temos frio.
Entremos, dois a dois : somos duzentos,
duzentos mil, doze milhões de nada.
Procuremos o rastro de uma casa,
a cave, a gruta, o sulco de uma nave...
Entremos, despojados, mas entremos.
Das mãos dadas talvez o fogo nasça,
talvez seja Natal e não Dezembro,
talvez universal a consoada.
[1] Fresco da capela Scrovegni, em Pádua - com a particularidade de Giotto, impressionado pela passagem do cometa Halley em 1301, de que foi testemunha, ter por este substituído a Estrela de Natal. Esta curiosa substituição é abordada no site www.lesia.obspm.fr/~provisionner/promenade/pro_comete_dessin.html sobre a representação dos cometas na Arte.
domingo, 23 de dezembro de 2007
O solstício de Inverno
em http://www.books-about-california.com/Pages/Denby_Children_at_the_Fair/Denby_Children.html
Foi ontem, 22, pelas 6 horas e qualquer coisa da manhã. O Sol parou no seu sobe e desce nos céus, algures na noite mais longa do ano e anunciou que os dias vão começar a crescer... Vem aí o Verão, é o que é... o Sol de Junho, o S. João quente que será o termo da subida do Astro-Rei, muito para lá do Ano Novo que se aproxima. Agora, "midwinter", são as numerosas celebrações do solstício... as "festas dos loucos", os dias de transgressão, que, na tradição de tantos países, no andar dos caretos e máscaras do nosso interior Norte, nos lembram a transcendência da época e pagam tributo ancestral à Mãe Natureza, às sementes e bolbos que dormem no útero sombrio mas fértil da mãe-terra, prontos a brotar, na espera do começo...
Não é por acaso que o Solstício de Inverno acolhe também diversas celebrações formais ou informais, repartidas pelo Mundo e fundadas no calendário solar. Na Wikipedia, item
recolhem-se várias. Que não todas, claro... Falam de vida e de morte, dos que partiram e dormem, dos que venceram mais um ano, dos que esperam e dos que nascem, das celebrações que marcam o despertar de velhos Deuses adormecidos - e o que é o ciclo anual que não seja eternamente isso?
sábado, 22 de dezembro de 2007
"Hamlet" 1.1 i.e. Cena I do Acto I :
.
Spoken by Marcellus:
Some say that ever 'gainst that season comes
Wherein our Saviour's birth is celebrated,
The bird of dawning singeth all night long:
And then, they say, no spirit dares stir abroad;
The nights are wholesome; then no planets strike,
No fairy takes, nor witch hath power to charm,
So hallow'd and so gracious is the time
- - - - - - - - - - - -
Dizer de Marcelo:
Dizem que quando se acerca aquela época
Em que se celebra a natividade do nosso Salvador
Esse pássaro do amanhecer canta toda a noite,
E então, dizem, espírito nenhum se atreve ao ar,
As noites são como bálsamo, nenhum planeta é contrário,
Não há fada que encante, nem feiticeira que seduza,
De tão santificado e benévolo que é o tempo.
com
tradução de António M. Feijó
sexta-feira, 21 de dezembro de 2007
Na Tal (um poema de David Mourão Ferreira)
.
Na Tal
Na tal habitação volto a falar-te
Na tal que já eu próprio não conheço
Na tal que mais que tálamo era berço
Na tal em que de noite nunca é tarde
Na tal de que por fim ninguém se evade
Na tal a que sei bem que não regresso
Na tal que umbilical cabe num verso
Na tal sem universo que a iguale
Na tal habitação te vou falando
Na tal como quem joga às escondidas
Na tal a ver se tu me dizes qual
Na tal de que eu herdei só este canto
Na tal que para sempre está perdida
quinta-feira, 20 de dezembro de 2007
Ilustradores famosos dos EUA; 11. Harvey Dunn
Discípulo de Howard Pyle, Harvey Dunn (1884-1952), natural do Dakota do Sul, notabilizou-se por uma série de impressionantes expressões gráficas da 1ª Guerra Mundial. Mais tarde, numa longa série de ilustrações e de óleos, nuitos dos quais se encontram no Museu do Dakota do Sul, o artista descreveu a epopeia e a natureza do seu estado natal, alternando imagens-recordações com descrições pictóricas de aspectos actuais. De entre os óleos referidos destaca-se, seguidamente, "A Planície é o Meu Jardim":
Ambos se encontram no referido Museu.
.
quarta-feira, 19 de dezembro de 2007
O início da história da Somincor: o "monte" do Lombador
.
Recordei esses tempos ao passar pelo Lombador (povoação da freguesia de Santa Bárbara de Padrões, concelho de Castro Verde, 37.6°N, 8.0°W) ao procurar identificar o "monte" que foi a primeira base no terreno, onde existiu a primeira caroteca e se celebraram os primeiros contactos com a não muito distante descoberta. Teria sido o que aqui se mostra, hoje como arruinado testemunho?
terça-feira, 18 de dezembro de 2007
Igreja de Santa Bárbara de Padrões
segunda-feira, 17 de dezembro de 2007
"Memórias de Morte" no Baixo Alentejo
Na mesma EN267, à direita, logo após o cruzamento para Srª da Graça de Padrões no sentido para Almodôvar e já próximo desta vila
domingo, 16 de dezembro de 2007
O concerto de 15 de Dezembro em Mértola
Para próximos concertos deste Festival, ver postagem de 12 de Dezembro (o seguinte será já a 12 de Janeiro, em Almodôvar).
sábado, 15 de dezembro de 2007
Um soneto de António Sardinha
VELHO MOTIVO
Soneto de Jacob, pastor antigo,
– soneto de Raquel, serrana bela...
Oh! quantas vezes o relembro e digo,
pensando em ti, como se foras Ela!
O que eu servira para viver contigo,
– tão doce, tão airosa e tão singela!
Assim, distante do teu rosto amigo,
em torturar-me a ausência se desvela!
E vou sofrendo a minha pena amarga,
– pena que não me deixa nem me larga,
bem mais cruel que a de Jacob pastor!
Raquel não era dele, e sempre a via,
enquanto que eu não vejo, noite e dia,
sexta-feira, 14 de dezembro de 2007
quinta-feira, 13 de dezembro de 2007
quarta-feira, 12 de dezembro de 2007
terça-feira, 11 de dezembro de 2007
Ilustradores famosos dos EUA; 10. Al Parker
Nessa linha, recorri a três gravuras que ilustram a enorme versatilidade do Autor e a elegância da sua narração gráfica. O primeiro, adequado à época, é a propaganda a uma marca de camisas, realizada por um Pai Natal que leva o simbolismo do vermelho até à própria roupa interior:
O segundo, também apropriado à época natalícia (e não me perguntem porquê), é uma dama a tomar banho de uma forma que cada vez se usa menos. Como a maioria dos desenhadores americanos, Al Parker (1906-1947) mostrou-se sempre sensível à beleza feminina e os anúncios das linhas aéreas, com assistentes de voo glamorosas e não menos glamorosas passageiras transportadas para as praias do Caribe e com um picante muitas vezes apenas sugerido, mas com veemência adivinhado, poderiam ir um pouco mais longe.
Finalmente o terceiro, que foi capa do "Ladies Home's Journal" de Setembro de 1947, é um exemplo de candura em que igualmente se percebe o que mal se vê. Nesta elegância se sugestão, Al Parker era um mestre. Por isso figura entre os mestres da gravura norte-americana e deixou seguidores.
Espero que gostem. E, se de facto gostaram, recomendo uma visita à postagem:
do blog "Today's Inspiration, sob o título "A visit with Al Parker" e com gravuras a preto e branco do mesmo Autor.
.
segunda-feira, 10 de dezembro de 2007
domingo, 9 de dezembro de 2007
O marco jacente
.
sábado, 8 de dezembro de 2007
sexta-feira, 7 de dezembro de 2007
quinta-feira, 6 de dezembro de 2007
Ilustradores famosos dos EUA: 9. A. B. Frost
No primeiro, "A Família George Washington Jones regressa de Paris", publicada numa revista semanal (Harper's Weekly) o caricaturista representa o "desembarque" numa terreola eminentemente rural de um abastado proprietário local [1] que, tendo ido em viagem de prazer (e ostentação) à desejada capital da França, regressa daí com todas as afectações dessa especial vida urbana europeia, incluindo trajes exageradamente ridículos, amas e preceptoras, para espanto das forças vivas (e não-vivas) masculinas [2] da terra que o foram esperar à estação.
No segundo, "Retrato da Tia Jemima", o Autor dá uma outra visão da sua arte, sem perda da "personalidade americana" bem expressa na beleza e até ternura com que é reconhecida e representada a candura do modelo.
A versatilidade precursora deste Autor merece bem a sua inclusão na lista de honra do género "comics", naquilo que este tem de retrato do social - colaborando numa das primeiras glosas americanas de um mote já assente na Europa [3] e divulgando-a assim a futuros e também talentosos cultores. [4]
- - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - -
[1] O "Georges Washington Jones" traduz o posicionamento geográfico e o posicionamento social da família-alvo, "lastrando" o peso histórico do "Georges Washington" com a vulgaridade do "Jones". Ao olhar esta gravura não pude afastar a descrição queirosiana do regresso de Paris do Zé Fernandes, quando deita fora as revistas "frescotas" trazidas da capital da França e logo o Pimentinha, pressuroso chefe da estação de Tormes, corre a recolhê-las para seu privado gozo. Ou a cena final de abastança do "pilgrin's progress" do (inicialmente) pobre agricultor que enriqueceu as terras e se enriqueceu com "adubos CUF" na interessante série de calendários que na transição dos anos 20 esta Sociedade editou e que, mesmo constando já de um dos números relativamente recentes da sua revista, merece que um dia aqui dela se fale.
[2] Outra bicada na ruralidade da cena é que, com excepção de uma jovenzita que corre para a amiga chegada de Paris e que esta parece rejeitar..., toda a recepção é feita por homens, das mais variadas posições, mas sem que se vislumbre uma presença feminina, para além das que fazem parte da comitiva que chega.
[3] Recorda-se Daumier e os caricaturistas sociais ingleses (vg. escola do Punch), não sendo de estranhar a possível influência que estes terão exercido quando da visita de A. B. Frost em Inglaterra.
[4] Uma das vantagens desta excursão é. como creio já ter aqui referido, o muito de colateral valioso que com ela se vai aprendendo. Vem hoje, a propósito, o portal http://lambiek.net/ e particularmente a sua "the comiclopedia" que lista todos os muitos principais autores de banda desenhada ("comics") e "arte sequencial", com biografia, referências e exemplos. É muito, mas mesmo muito, de visitar.
quarta-feira, 5 de dezembro de 2007
Duas notas saídas de um jornal, deixado na alcatifa dum corredor
O primeiro é o anúncio, logo na 1ª página, do aumento de registo e guarda em base de dados de elementos biométricos de todos os estrangeiros que acedam aos Estados Unidos, passando a ser exigida a recolha de impressões digitais dos dez dedos das mãos [1,2], agravando assim em 500% a recolha e guarda actual limitada aos dois indicadores. Argumento principal para esta medida, que começará a ser gradualmente aplicada no próximo ano em diversos aeroportos e já neste ano num deles, a título de ensaio: aumento da luta contra o terrorismo. Curioso isto: num país em que, para os cidadãos nacionais, está interdita constitucionalmente a criação de um BI e em que já existiu (e pode subsistir) "terrorismo doméstico activo", é o reforço da recolha de impressões digitais de forasteiros que se considera essencial nesta fase de uma luta que levou já aos aspectos desviantes e gravosos que se conhecem. Dada a vertente coactiva do acto (Bertillon não faria melhor...) , penso que se deve prestar atenção ao comportamento recíproco (se algum) que, nas respectivas fronteiras, seja tomado pelos membros da UE+CH e os signatários da constituição do "Espaço Schengen" relativamente aos ingressantes estrangeiros, nomeadamente norte-americanos [3].
O segundo ponto é um oportuno [4] e desenvolvido artigo, assinado por David Domke e publicado na pag. 13A, sobre a utilização da religião como arma política. Extensamente voltado, como é natural, para a realidade norte-americana (uma segunda parte é constituída pelo exame das opções dos actuais "candidatos a candidatos"), dá conta do esforço de separação por parte dos "Fundadores" e da crescente intromissão de campos que se vem estabelecendo de há quase 30 anos a esta parte e que, segundo o articulista, terá sido iniciada com o sinal religioso ("religious signal") contido na famosa referência e no apelo à oração formulados por Ronald Reagan na convenção presidencial republicana de Julho de 1980. Apreciando os mecanismos estratégicos desenvolvidos pelos políticos em torno à religião, o Autor sublinha (a) os "sinais de simpatia" manifestados relativamente aos pontos de vista religiosos conservadores (como explorados por Bush na campanha de 1988), (b) o crescimento da frequência das referências e termos de conteúdo religioso inseridos em intervenções políticas gerais (analisado sob o ponto de vista estatístico que mostra um evidente "crescendo", que "pressiona" cada um dos actuais a não baixar o discurso perante os anteriores), (c) a técnica das chamadas "peregrinações" que leva as personagens políticas a falar a "audiências de fé". Mostrando como a prática actual está afastada da posição inicial dos Fundadores, muitos deles fervorosamente religiosos mas que sempre procuraram separar as águas nomeadamente pelo respeito às muitas religiões presentes na República, David Domke (professor de Comunicação na Universidade de Washington e co-autor do livro "The God Strategy: How Religion Became a Political Weapon in America") relembra o discurso do candidato presidencial John Kennedy (um católico romano) ao dirigir-se, numa dessas "peregrinações", ao clero conservador protestante em Setembro de 1960, e conclui o artigo da seguinte forma: "Ao contrário dos candidatos actuais, o católico Kennedy prometeu uma Casa Branca em que as decisões seriam tomadas "sem consideração de pressões ou determinações religiosas externas". Era essencial uma tal presidência porque - nas suas palavras - "hoje posso ser eu a vítima mas amanhã poderás ser tu - e assim [sucessivamente] até ao rasgar todo o tecido da nossa harmoniosa sociedade." Esta foi então uma mensagem vencedora. Hoje tornou-se uma [mensagem] desesperantemente necessária."
Segue-se, como já referido, o exame necessariamente breve da posição dos 8 "candidatos a candidatos". Choca verificar que as "definições religiosas" assinaladas se centram quase totalmente - e de uma forma que considero redutora - em temas como o comportamento sexual dos adolescentes, a IVG, os casamentos homossexuais, a utilização de embriões para investigação celular, com diversas piruetas discursivas e contradições relativamente a posições anteriormente assumidas por alguns figurantes. Arma selectiva, pois, ao ser invocada para uso e angariação de votos, esquece outros aspectos importantes (pobreza, solidariedade, etc.) que, a serem invocados valores religiosos (e o melhor era assumi-los sem isso) não poderiam passar despercebidos. [5]
- - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - -
[1] Alegadamente, ficarão fora desta medida os Canadianos, os Mexicanos de vai-e-vem fronteira que disponham de autorização para tais movimentos pendulares (p.ex. os que a atravessem diariamente para prestar trabalho nos EUA) os maiores de 79 anos e os menores de 14,.
[2] Os dedos dos pés ainda ficarão isentos, mas como as pessoas já se descalçam para que os sapatos sejam radiografados, pouco poderia faltar para isso - a menos dos aspectos insalubres, tóxicos e perigosos que dessa medida pudessem resultar).
[3] Ou seja: se permanecem ou não de cócoras ou se assobiam para o ar, mesmo quando (conceptualmente) pudessem invocar idênticas razões.
[4] Com a aproximação das eleições US, que substituirão o actual Presidente, e avizinhando-se já os seus preliminares convencionais, o problema torna-se candente.
[5] Para fechar: uma janela no jornal considera o assunto como momentoso, e remete para uma série semanal de artigos, que se encontram disponíveis no portal religion.usatoday.com (assinalo, porém, que não consegui qualquer resposta directa deste portal, com ou sem http://, com ou sem www, mas não deixo por isso de assinalar a indicação dada e de sugerir uma "busca objectivada" no portal do USA Today).
terça-feira, 4 de dezembro de 2007
Blaise Cendrars: "le Panama ou Les Aventures de Mes Sept Oncles" - 6/6
(conclusão)
Mon septième oncle
On n'a jamais su ce qu'il est devenu
On dit que je te ressemble
............................................................
Je vous dédie ce poème
Monsieur Bertrand
Vous m'avez offert des liqueurs fortes pour me prémunir contre les fièvres du canal
Vous vous êtes abonné à l'Argus de
Dernier Français de Panama (il n'y en a pas 20)
Je vous dédie ce poème
Barman du Matachine
Des milliers de Chinois sont morts où se dresse maintenant le Bar flamboyant
Vous distillez
Tous vous êtes enrichi en enterrant les cholériques
Envoyez-moi la photographie de la forêt de chênes-lièges qui pousse sur les 400 locomotives abandonnées par l'entreprise française
Cadavres-vivants
Le palmier greffé dans la banne d'une grue chargée d'orchidées
Les canon d'Aspinvall rongés par les toucans
La drague aux tortues
Les pumas qui nichent dans le gazomètre défoncé
Les écluses perforées par les poissons-scie
La tuyauterie des pompes bouchée par une colonie d'iguanes
Les trains arrêtés par l'invasion des chenilles
Et l'ancre gigantesque aux armoiries de Louis XV dont vous n'avez su m'exp!iquer la présence dans la forêt
Tous les ans vous changez les portes de votre établissement incrustées de signatures
Tous ceux qui passèrent chez vous
Ces 32 portes quel témoignage
Langues vivantes de ce sacré canal que vous chérissez tant
Ce matin est le premier jour du monde
lsthme
D'où l'on voit simultanément tous les astres du ciel
et toutes les formes de la végétation
Préexcellence des montagnes équatoriales
Zone unique
Il y a encore le vapeur de l'Amìdon Paterson
Les initiales en couleurs de l'Atlantic-Pacific Tea-Trust
Le Los Angeles limited qui part à 10 h 02 pour arriver
le troisième jour et qui est !e seul train au monde
avec wagon-coiffeur
Le Trunk les éclipses et les petites voitures d'enfants
Pour vous apprendre à épeler l’A B C de la vie sous la férule des sirénes en partance
Toyo Kisen Kaïsha
J’ai du pain et du fromage
Un col propre
La poésie date d'aujourd'hui
La voie lactée autour du cou
Les deux hémisphères sur les yeux
A toute vitesse
Il n'y a plus de pannes
Si j'avais ie temps de faire çuelques économies je prendrais part au rallye aérien
J’ai réservé ma place dans le premier train qui passera le tunnel sous
Je suis le premier aviateur qui traverse l'Atlantique en monocoque
900 millions
Terre Terre Eaux Océans Cieis
J'ai le mal du pays
Je suis tous les visages et j'ai peur des boîtes aux lettres
Les villes sont des ventres
Je ne suis plus les voies Lignes
Câbles
Canaux
Ni les ponts suspendus!
Soleils lunes étoiles
Mondes apocalyptiques
Vous avez encore tous un beau rôle à jouer
Un siphon éternue
Les cancans littéraires vont leur train
Tout bas
A
Comme tout au fond d'un verre
J'ATTENDS
Je voudrais être la cinquième roue du char
Orage
Midi à quatorze heures
Rien et partout
PARIS ET SA BANLIEUE
Saint-Claud, Sèvres, Montmorency, Courbevoie, Bougival, Rueil, Montrouge, Saint-
-Denis, Vincennes, Étampes, Melun, Saint-Martin, Méréville, Barbizon, Forges-en-Bière.
Juin 1913 - Juin 1914.
segunda-feira, 3 de dezembro de 2007
Blaise Cendrars: "le Panama ou Les Aventures de Mes Sept Oncles" - 5/6
(continuação)
C'est rigolo
Il y a des heures qui sonnent
Quai-d’Orsay-Saint-Nazaire!
On passe sous
Puis on continue
Les catapultes du soleil assiègent les tropiques irascibles
Riche Péruvien propriétaire de l’explotation du guano d'Angamos
On lance l'Acaraguan Bananan
A l'ombre
Les mulâtres hospitaliers
J'ai passé plus d'un hiver dans ces îles fortunées
L’oiseau-secrétaire est un éblouissement
Belles dames plantureuses
On boit des boissons glacées sur la terrasse
Un torpilleur brûle comme un cigare
Une partie de polo dans le champ d'ananas
Et les palétuviers éventent les jeunes filles studieuses
My gun
Coup de feu
Un observatoire au flanc du volcan
De gros serpents dans la rivière desséchée
Haie de cactus
Un âne claironne la queue en l'air
La petite Indienne qui louche veut se rendre à Buenos-Ayres
Le musicien allemand m'emprunte ma cravache à pommeau d'argent et une paire de gants de Suède
Ce gros Hollandais est géographe
On joue aux cartes en attendant le train
C'est l'aniversaire de
Je reçois un paquet à mon nom, 200.000 pésétas et une lettre de mon sixième oncle:
Attends-moi à la factorerie jusqu'au printemps prochain
Amuse-toi bien bois sec et n'épargne pas les femmes
Le meilleur électuaire
Mon neveu...
Et il y avait encore quelque chose
La tristesse
Et le mal du pays.
Oh mon oncle, je t’ai attendu un an et tu n’est pas venu
Tu étais parti avec une compagnie d'astronomes qui allait inspecter le ciel sur la côte occidentale de
Tu leur servais d'interprète et de guide
Tes conseils
Ton expérience
Il n'y en avait pas deux comme toi pour viser l'horizon au sextant
Les instruments en équilibre
Electro-magnétiques
Dans les fjords de
Aux confins du monde
Vous pêchiez des mousses protozoaires en dérive entre deux eaux à la lueur des poissons électriques
Vous collectionniez des aérolithes de peroxyde de fer
Un dimanche matin:
Tu vis un évêque mitré sortir des eaux
II avait une queue de poisson et t'aspergeait de signes de croix
Tu t'es enfui dans la montagne en hurlant comme un vari blessé
La nuit même
Un ouragan détruisit le campement
Tes compagnons durent renoncer à l'espoir de te retrouver vivant
Ils emportèrent soigneusement les documents scientifiques
Et au bout de trois mois,
Les pauvres intellectuels,
Ils arrivèrent un soir à un feu de gauchos où l'on causait justement de toi
J'étais venu à ta rencontre
Tupa
La belle nature
Les étalons s'enculent
200 taureaux noirs mugissent
Tango-argentin
Bien quoi
II n'y a donc plus de belles histoires
Das Nachtbüchlein von Schuman
Cymbalum mundi
Navigation de Jean Struys, Amsterdam, 1528
Shalom Aleïchem
Le Crocodile de Saint-Martin
Strindberg a démontré que la terre n'est pas ronde –
Déjà Gavarni avait aboli
Pampas
Disque
Les iroquoises du vent
Saupiquets
L'hélice des gemmes
Maggi
Byrrh
Daily Chronicle
La vague est une carrière où l'orage en sculpteur abat des blocs de taille
Quadriges d'écume qui prennent le mors aux dents
Éternellement
Depuis le commencement du monde
Je siffle
Un frissoulis de bris