Um balanço: este "blogue"
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Este "blogue" começou sem grandes aspirações, nenhuma inspiração, alguma transpiração (era tempo quente) em 28 de Julho de 2005. Estava eu no Porto, em casa duma Filha convalescente e o seu nascimento acompanhou a iniciativa bloguista de uma colega (pena foi que se tivesse perdido toda a excelente produção por esta criada, a ponto de ter sido usurpado o próprio título para um objecto muito diverso daquele que criara e que, entretanto, também foi interrompido). Se, na sua génese, este blogue "macaqueou" aquele, foi por sua vez tecnicamente amparado, no laborioso parto e no computador que lhe foi inicial suporte, pelas experientes "sages-mains" informáticas de meu Neto e, praticamente quatro anos e meio decorridos, é interessante revisitar os primeiros quatro dias da criação: 28/7 - Centáureas , 29/7 - Brecht, 30/7 - Lowry e a sua "Cidade Industrial", ou melhor, uma das muitas paisagens industriais por ele deixadas e 31/7 - "Alicante", um poema de Prévert na sua versão corrigida, que tanto significou para mim durante décadas. De certa forma, esses quatro dias fizeram e fazem uma súmula biográfica do Autor. Combinam-se com o nascimento, o local e o tempo. Traduzem a frágil modalidade que o "blogue" é, informaticamente expressa, gravada em sinais e códigos de essência electromagnética e, por isso, perecivelmente expostos, constituindo a primeira grande parcela do muito que nesse campo existe e do que nada dele ficaria, se um fogo virtual arrasasse a biblioteca virtual do bloguismo.
Desde aí o "blogue" foi diária e teimosamente mantido até tempos recentes. Sem entrar no detalhe da prática individual da auto-descrição permanente, que abomino e considero prática de confessionário ou de divan freudiano, sem concessões ao "eu vou ali fazer xi-xi e venho já" dos twitter e sem as auto-exposições e encontrões popularuchos das chamadas "redes sociais" que de vez em quanto me trazem um "Elma Johnson solicita a sua amizade" (para quem, como eu e por muita simpatia que tal me possa merecer, nunca viu, abordou, pensou uma Elma Johnson mais gorda ou mais magra que fosse), foi sendo de facto uma via de expressão pessoal que me foi definindo perante uma audiência crescente e com a qual me sinto solidário, que me transmitiu comentários utilíssimos, mesmo quando insultuosos, que me trouxe o reconhecimento de caminhos próximos e de amizades e que me levou a um exercício regular, mesmo quando "corado artificialmente", como se limitavam a dizer muitos produtos alimentares doutros tempos.
Já aqui disse que recorri com frequência a "enlatados" e isso quando não havia tempo ou disposição de fazer mais - passando para "séries temáticas" de postagens sucessivas que garantiam dias e semanas de preenchimento sem grande esforço e que assim poupavam limitações por solicitações urgentes ou substituiam lamentos piegas por meras mas profundas desilusões humanas como sejam sentimentais sessilifoliados , vicissitudes do nosso itinerário político, destruição das nossas indústrias e derrotas do Futebol Clube do Porto. Mas mesmo nessas escolhas, mesmo em trabalhos de geometria variável que ou ficaram incompletos ou atingiram mesmo algum grau de desenvolvimento ou que impunham mesmo uma sequência futura, a selecção temática obedeceu ou a interesses vindos da infância (a temática da "Fuga para o Egipto" e, nela, a consideração especial que me merece a figura transcendente do jerico, o veículo familiar que fora já estacionado sub-colmo junto do presépio), a campos que eu próprio pretendia aprofundar (o caso da "Renascença Alemã", a que ainda posso voltar), a projectos ainda a concluir e em que cada postagem foi a construção de uma página mais (como os motivos da fauna e flora na heráldica municipal portuguesa, interrompidos no "episódio nº 40", referente a "Boticas", a 3 de Abril, último publicado), a revisitações que me pareciam necessárias e em que até encontrei deficiências imprevistas (os discursos do "Porto Pireu"), a anotações de viagem ou de registo de dados que de outra forma se perderiam nos meus próprios canhenhos. Não foram, por isso, momentos perdidos. Se se tornaram chatos para o exterior, dada a sua monotonia, lamento; para minha utilidade foram, como Monsieur de LaPalisse tal diria, certamente úteis.
Ora essa continuidade imposta e mantida como duro regimento conventual foi de certo modo violada durante o ano que hoje finda. 2009 mostrou lacunas. Algo de muito grave teria para tal sucedido, ultrapassando mesmo as barreiras de arame farpado que atrás se enumeraram e que, salvo eventuais desaires do Futebol Clube do Porto, tinham sido geral e vitoriosamente ultrapassadas. E, de facto, houve. Falar-se-á disso a tempo oportuno, para não "liquidificar os sedimentos", como desastrosamente pode suceder nos grandes sismos. Para já listem-se os danos:
Postagens em falta
Maio 2009: 12 a 16, 25 a 30;
Junho 2009 : 25 a 30;
Julho 2009: 11 a 19, 21 e 22, 24 e 25, 31;
Agosto 2009: 1, 13 a 31;
Setembro 2009: 10 a 26;
Outubro 2009: 1 a 8, 11 a 18, 24 a 28;
Novembro 2009: 4 a 23, 29 e 30;
Dezembro 2009: 2 e 3, 5 a 17, 19, 21 a 30.
Que fazer perante este descalabro? A resposta mais positiva que se pode encontrar é, paradoxalmente, "Nada!" . De facto nada obriga o bloguista a manter uma diária presença no "blogue" e há até, bem mais alto, o precedente de heróicos factos históricos que, sendo narrados em contínuo, efectivamente o não foram. Por isso têm-se como ressalvadas as omissões que perdurem e tem-se como não essencial e não necessariamente repristinável o vínclulo à continuidade. Mas o interessante da situação é que, em muitos casos, em mesmo muitos casos, existe trabalho feito e em que, como num gigantesco "puzzle", havia apenas que proceder à junção de peças. Procurar-se-á que tal esforço se não perca mas então, à moda dos famosos "Suplementos" do Diário da República, que sempre me perturbaram, inserir-se-á em cada nova postagem que seja realizada uma pequena Nota de rodapé referindo que "foi hoje colocado na data tal um enlatado que andava por aí perdido" - nota que se repetirá nessa própria recuperação, mantendo assim a sequência informativa e a informação geral sem a tal sensação estranha de "totobola à segunda feira".
Em 2010 não sei se serão mantidas referências capitulares em cada mês. Se encontrar até lá um calendário antigo, nem que seja o precedente strip-teasíco da "hospedeira" que, original ou forjado, tantos protestos sindicais gerou nos EUA dos anos 60-70 mas que parece ter sido recentemente recuperado por outra transportadora (e sem protestos, até talvez com manifesto agrado!), usá-lo-ei. Se não encontrar, dispenso-me disso!
São estes os propósitos do Fim do Ano 2009, que se aproxima!
BOM ANO NOVO 2010 A TODOS!!!
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Este "blogue" começou sem grandes aspirações, nenhuma inspiração, alguma transpiração (era tempo quente) em 28 de Julho de 2005. Estava eu no Porto, em casa duma Filha convalescente e o seu nascimento acompanhou a iniciativa bloguista de uma colega (pena foi que se tivesse perdido toda a excelente produção por esta criada, a ponto de ter sido usurpado o próprio título para um objecto muito diverso daquele que criara e que, entretanto, também foi interrompido). Se, na sua génese, este blogue "macaqueou" aquele, foi por sua vez tecnicamente amparado, no laborioso parto e no computador que lhe foi inicial suporte, pelas experientes "sages-mains" informáticas de meu Neto e, praticamente quatro anos e meio decorridos, é interessante revisitar os primeiros quatro dias da criação: 28/7 - Centáureas , 29/7 - Brecht, 30/7 - Lowry e a sua "Cidade Industrial", ou melhor, uma das muitas paisagens industriais por ele deixadas e 31/7 - "Alicante", um poema de Prévert na sua versão corrigida, que tanto significou para mim durante décadas. De certa forma, esses quatro dias fizeram e fazem uma súmula biográfica do Autor. Combinam-se com o nascimento, o local e o tempo. Traduzem a frágil modalidade que o "blogue" é, informaticamente expressa, gravada em sinais e códigos de essência electromagnética e, por isso, perecivelmente expostos, constituindo a primeira grande parcela do muito que nesse campo existe e do que nada dele ficaria, se um fogo virtual arrasasse a biblioteca virtual do bloguismo.
Desde aí o "blogue" foi diária e teimosamente mantido até tempos recentes. Sem entrar no detalhe da prática individual da auto-descrição permanente, que abomino e considero prática de confessionário ou de divan freudiano, sem concessões ao "eu vou ali fazer xi-xi e venho já" dos twitter e sem as auto-exposições e encontrões popularuchos das chamadas "redes sociais" que de vez em quanto me trazem um "Elma Johnson solicita a sua amizade" (para quem, como eu e por muita simpatia que tal me possa merecer, nunca viu, abordou, pensou uma Elma Johnson mais gorda ou mais magra que fosse), foi sendo de facto uma via de expressão pessoal que me foi definindo perante uma audiência crescente e com a qual me sinto solidário, que me transmitiu comentários utilíssimos, mesmo quando insultuosos, que me trouxe o reconhecimento de caminhos próximos e de amizades e que me levou a um exercício regular, mesmo quando "corado artificialmente", como se limitavam a dizer muitos produtos alimentares doutros tempos.
Já aqui disse que recorri com frequência a "enlatados" e isso quando não havia tempo ou disposição de fazer mais - passando para "séries temáticas" de postagens sucessivas que garantiam dias e semanas de preenchimento sem grande esforço e que assim poupavam limitações por solicitações urgentes ou substituiam lamentos piegas por meras mas profundas desilusões humanas como sejam sentimentais sessilifoliados , vicissitudes do nosso itinerário político, destruição das nossas indústrias e derrotas do Futebol Clube do Porto. Mas mesmo nessas escolhas, mesmo em trabalhos de geometria variável que ou ficaram incompletos ou atingiram mesmo algum grau de desenvolvimento ou que impunham mesmo uma sequência futura, a selecção temática obedeceu ou a interesses vindos da infância (a temática da "Fuga para o Egipto" e, nela, a consideração especial que me merece a figura transcendente do jerico, o veículo familiar que fora já estacionado sub-colmo junto do presépio), a campos que eu próprio pretendia aprofundar (o caso da "Renascença Alemã", a que ainda posso voltar), a projectos ainda a concluir e em que cada postagem foi a construção de uma página mais (como os motivos da fauna e flora na heráldica municipal portuguesa, interrompidos no "episódio nº 40", referente a "Boticas", a 3 de Abril, último publicado), a revisitações que me pareciam necessárias e em que até encontrei deficiências imprevistas (os discursos do "Porto Pireu"), a anotações de viagem ou de registo de dados que de outra forma se perderiam nos meus próprios canhenhos. Não foram, por isso, momentos perdidos. Se se tornaram chatos para o exterior, dada a sua monotonia, lamento; para minha utilidade foram, como Monsieur de LaPalisse tal diria, certamente úteis.
Ora essa continuidade imposta e mantida como duro regimento conventual foi de certo modo violada durante o ano que hoje finda. 2009 mostrou lacunas. Algo de muito grave teria para tal sucedido, ultrapassando mesmo as barreiras de arame farpado que atrás se enumeraram e que, salvo eventuais desaires do Futebol Clube do Porto, tinham sido geral e vitoriosamente ultrapassadas. E, de facto, houve. Falar-se-á disso a tempo oportuno, para não "liquidificar os sedimentos", como desastrosamente pode suceder nos grandes sismos. Para já listem-se os danos:
Postagens em falta
Maio 2009: 12 a 16, 25 a 30;
Junho 2009 : 25 a 30;
Julho 2009: 11 a 19, 21 e 22, 24 e 25, 31;
Agosto 2009: 1, 13 a 31;
Setembro 2009: 10 a 26;
Outubro 2009: 1 a 8, 11 a 18, 24 a 28;
Novembro 2009: 4 a 23, 29 e 30;
Dezembro 2009: 2 e 3, 5 a 17, 19, 21 a 30.
Que fazer perante este descalabro? A resposta mais positiva que se pode encontrar é, paradoxalmente, "Nada!" . De facto nada obriga o bloguista a manter uma diária presença no "blogue" e há até, bem mais alto, o precedente de heróicos factos históricos que, sendo narrados em contínuo, efectivamente o não foram. Por isso têm-se como ressalvadas as omissões que perdurem e tem-se como não essencial e não necessariamente repristinável o vínclulo à continuidade. Mas o interessante da situação é que, em muitos casos, em mesmo muitos casos, existe trabalho feito e em que, como num gigantesco "puzzle", havia apenas que proceder à junção de peças. Procurar-se-á que tal esforço se não perca mas então, à moda dos famosos "Suplementos" do Diário da República, que sempre me perturbaram, inserir-se-á em cada nova postagem que seja realizada uma pequena Nota de rodapé referindo que "foi hoje colocado na data tal um enlatado que andava por aí perdido" - nota que se repetirá nessa própria recuperação, mantendo assim a sequência informativa e a informação geral sem a tal sensação estranha de "totobola à segunda feira".
Em 2010 não sei se serão mantidas referências capitulares em cada mês. Se encontrar até lá um calendário antigo, nem que seja o precedente strip-teasíco da "hospedeira" que, original ou forjado, tantos protestos sindicais gerou nos EUA dos anos 60-70 mas que parece ter sido recentemente recuperado por outra transportadora (e sem protestos, até talvez com manifesto agrado!), usá-lo-ei. Se não encontrar, dispenso-me disso!
São estes os propósitos do Fim do Ano 2009, que se aproxima!
BOM ANO NOVO 2010 A TODOS!!!
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