Não entendo!
.
Li ontem, num jornal diário (JN, pag 8) que o cartão de cidadão não incluirá o número de eleitor. E o senhor Ministro da Presidência argumenta: "A resolução do problema, porém, não passará pela inclusão do número de eleitor no cartão de cidadão porque isso obrigaria à renovação do documento sempre que ocorresse mudança de residência", explicou." Ou a ministerial explicação está mal transcrita ou aqui há qualquer coisa que não bate certo e que requer mais explicação. Quando um cidadão muda de residência tem certas diligências a cumprir e, precisamente, uma delas é a mudança de residência no cartão do cidadão. Do cartão não consta visivelmente a residência: essa está no "chip", tem até dois códigos (o de desbloqueio e o "pin" de morada) e, portanto, a menos que existam limitações técnicas de capacidade de inscrição (e esse então, a existir, será um pecado original e como tal deveria ser referido i.e. confessado), não se vê dificuldade em que, dentro dessas diligências, fosse inserida a exigência de introdução informática desse mesmo registo. Por outro lado cabe ao cidadão, em princípio, conhecer e mesmo verificar em sede de recenseamento a sua situação eleitoral e cabe às autoridades intervenientes no processo elucidá-lo completa ou atempadamente sobre as mudanças que neste possam surgir. De uma forma ou de outra, há aqui uma falta. - pois o rigor da inscrição do eleitor é tão essencial, em Democracia, como qualquer outro processo ligado à identidade. Aliás , em termos de faltas, existiram várias, a avaliar pelas anomalias no lufa-lufa da votação, com as "broncas" que deu (e das quais não se deve retirar a quota parte da responsabilidade do cidadão que teve tempo de ouvir os avisos e ir à "net" ou de fazer alguém ir à "net" ou aos vários locais e formas de acesso e retirar o papelinho ou a informação, possível sem qualquer dificuldade ou demora ainda dois ou três dias antes!) e nas anomalias da contagem, estas de facto graves e aparentemente sem atenuantes. Gostarei de ler as declarações de voto dos membros da CNE quanto ao apuramento - mas, não esqueçamos, o problema poderia ser bem mais sério noutra contingentação dos votos. E ter a seu favor a situação excepcional é sempre uma razão pobre para o que deveria assistir (e resistir) a todo o espectro de situações possíveis.
.
.