1. De acordo com uma antiga representação em Ravena, Itália (ver acima), os Reis Magos eram mesmo três, chamavam-se Gaspar, Melchior e Baltazar e o da frente era quem levava o ouro. Nunca se soube precisamente se ele o entregou todinho ao Menino ou se reteve 23% a título de IVA.
2.
Chicago boys? Primeiro faz-se um aumento ENORME dos impostos e depois diz-se ao Contribuinte: se queres baixar isso escolhe menos Estado e melhor Estado, prescinde de certas coisas que o Estado te está a dar e logo o Estado entrará menos nos teus bolsos. É só escolheres!!! Ora, parafraseando outro economista, este insuspeito, "não há almoços grátis". Põe-te pois a pau quando qualquer fera se parece preocupar com o melhor-estar da atual presa!
3.
Há bastantes anos encontrei em Birmingham um entusiasta da Mrs.Thatcher, no seu (dela) começo governativo. Discutíamos bastante e quando a dita "Iron Lady" (curioso = Iron Man leva a Stalin através de Stahl = aço) ganhou a maioria e entrou no seu hoje reconhecido "apoio" à Indústria Britânica, eu senti o impulso ingénuo de o cumprimentar. Supunha-o contente e, por isso, telefonei-lhe. E disse-me o dito meu amigo de lá: "Não me cumprimentes por uma maioria absoluta: eu gosto da PM mas não gosto de maiorias absolutas." Tinha alguma razão, como se viu. Um dia destes farei aqui a cronologia das "maiorias absolutas" neste País, pós 25A, para que se repensem algumas das suas "conquistas económicas".
4.
Se um indivíduo cumpre mal no emprego, é corrido. Se um Governo mente ao que prometeu e cumpre mal na prática do poder, o exercício democrático criou a moção de censura para que possa ser corrido (e também, entre nós, a "bomba atómica" presidencial). Mas se o Governo dispõe de uma maioria absoluta parlamentar, seja sueco ou montenegrino, e se a ameaça da "bomba atómica" for remota, lá vai esse poder de censura, em termos práticos, para o cano de esgoto durante o mandato estabelecido - que pode ser longo e criar mudanças irreversíveis. Qual a solução, sem beliscar a democracia? Uma solução prática é a adoptada nos EUA: a renovação de uns significativos tantos por cento do poder legislativo a meio do mandato. Não só se garante alguma continuidade através dos que ficam como se estabelece um controle mais frequente dos que governam (e um maior cuidado com o que fazem) através das alterações de maioria que os que mudam podem trazer.
5.
"Roubo" passou a ser uma palavra parlamentarmente censurada mas cuja prática já se encontra difundida na boca do povo que todos somos e cada um de nós é. Já aqui referi que tratadistas famosos em termos de direito fiscal recusaram a tese contratual e defenderam desassombradamente o conceito de "esbulho" i.e., de acordo com um dicionário muito difundido, "ato ou efeito de esbulhar; privação da posse de uma coisa por meio da fraude ou de violência; espoliação; despojo". Não tenho tempo nem paciência de verificar, no Diário das Sessões, se alguma vez algum dos actualmente preocupados censores teria usado a palavra "roubo" no sentido amplo que agora censura. Pergunto-me pois se "esbulho" satisfará alguns desses virginais ofendidos que no Parlamento se sentam?
6.
Evito usar o Facebook. Não gosto do Facebook, mas tenho-lhe acesso. O encanecido TiMarcos, de um qualquer Feijós-de-Cima onde há tempos houvera crianças, não tem acesso ao Facebook. Mas tem e ouve rádio. Para ele o silêncio-escrito do Facebook não traz qualquer outro sentido: continua a ser apenas silêncio.
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Imagem: agradecimento a http://marianaplorenzo.com