SOBRE "O NOSSO TEMPO E DO QUE DELE NOS CONTAM"
Desafio o Visitante para um pequeno jogo.
MATERIAL:
Uma folha pautada, A4, pousada num suporte rígido;
Uma régua;
Uma coisa que escreva;
Um relógio;
Um televisor ligado; e
Um cómodo assento frente a este, permitindo ver e escrever.
ACÇÃO:
1. O digno Visitante, agora "jogador", usando a régua e a coisa escrevente, traça 4 riscos verticais no papel pautado, por forma a estabelecer assim 5 colunas;
2. Da esquerda para a direita, sobre cada coluna, escreva "Assuntos"; "Tempos", "Faustos", "Infaustos" e "Neutros";
3. Espere a hora de qualquer noticiário nacional em QUALQUER estação televisiva e sente-se à frente do televisor para atentamente seguir o mesmo, do princípio ao fim.
4. Vá sucessivamente escrevendo na 1ª coluna, linha a linha e em não mais que duas palavras, cada assunto que é noticiado. Interrupções de publicidade serão inscritas apenas como "Publicidade".
5. Na 2ª coluna, e sempre na linha correspondente, escreva o tempo dedicado a esse assunto, em minutos. Se o noticiário regressar ao assunto, acrescente, após um sinal +, o novo ou novos tempos a ele dedicados. Os tempos de publicidade serão também anotados nessa 2ª coluna, mas para estes o registo fica por aí, ou seja, não entrarão no campo da avaliação de conteúdos (colunas 3,4 e 5).
6. Faça seguidamente a avaliação de conteúdo para cada notícia recebida, qualificando-a segundo o sentimento que o respectivo conteúdo lhe causa: se o considera positivo, motivo de júbilo, de alegria, de progresso real ou potencial tanto para si como para os seus semelhantes, relatando práticas dignas de apreço em qualquer parte do mundo, coloque uma cruz na 3ª coluna (acontecimentos faustos);
7. Se, pelo contrário, a notícia é negativa, fatal, prejudicial, calamitosa, relatando desastres, práticas censuráveis e/ou criando temor e sofrimento real ou potencial tanto a si como aos seus semelhantes, quer por processos naturais quer por actos de terceiros, e em qualquer parte do mundo, então a marcação vai para a 4ª coluna (acontecimentos infaustos);
8. Finalmente se a notícia nada lhe diz nem considera que pode beneficiar ou prejudicar a si ou a alguém, seja onde for, como "notícia que não lhe quenta, nem arrefenta", faça a marcação na última coluna, isto é, na 5ª (há sempre uma 5ª coluna para -não - entrar em Madrid).
9. Acabado o noticiário veja todo o tempo em que foi tele-espectador atento (se puder confronte com o tempo normal de noticiários equivalentes noutros países) e avalie o número de acontecimentos faustos, infaustos e neutros que lhe foram servidos (bem como a duração global de publicidade).
10. Pense em si e no que, para o resto do dia, esse noticiário lhe pode ter trazido.. Sinta-se "feliz", se puder.
MODALIDADE RAPIDA (aqui também pode haver "fast-food"):
Suprima o passo 4 da lista supra e adapte os outros, se lhe convier. Perde em rigor científico mas ganha em velocidade e em capacidade de registo,
MODALIDADE SUPER-RAPIDA:
Suprima os passos 4 e 5 mas mantenha os outros, ou seja os correspondentes às colunas 3ª, 4ª e 5ª Aconselhável para os que pensam que " a minha opinião é que interessa" ou "não vou perder mais tempo com esta trampa [1]"
Suprima os passos 4 e 5 mas mantenha os outros, ou seja os correspondentes às colunas 3ª, 4ª e 5ª Aconselhável para os que pensam que " a minha opinião é que interessa" ou "não vou perder mais tempo com esta trampa [1]"
MODALIDADE "TRUMPERY" [veja o significado num dicionário]:
Denomine as colunas em Americanês: Facts, Time, MyNews, FakeNews e Irrelevant. Coce o capachinho, ou implante ou trunfa. Evite adormecer e, para isso, recomenda-se-lhe a modalidade "super rápida", com disparos imediatos logo que se aperceba do assunto (o conteúdo pouco interessa, salvo se a iguaria for servida por uma carinha laroca e que, por isso, passe imediatamente à 3ª coluna para , nela ser assinalada com duas cruzes ou uma rodinha significando "under consideration"...).
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[1] Forma polida e até elegante de dizer o que disse Cambronne em Waterloo [Há uma frase algo diferente mas com idêntico alcance, dita pelo general americano McAuliffe na batalha das Ardenas (ultimos dias de 1944 - primeiros de 1945), que tem sofrido várias traduções "respeitáveis" mas que me parece muito mais explícita e direta quando vertida em puro "vernáculo portuense"]
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[1] Forma polida e até elegante de dizer o que disse Cambronne em Waterloo [Há uma frase algo diferente mas com idêntico alcance, dita pelo general americano McAuliffe na batalha das Ardenas (ultimos dias de 1944 - primeiros de 1945), que tem sofrido várias traduções "respeitáveis" mas que me parece muito mais explícita e direta quando vertida em puro "vernáculo portuense"]